Zakiel’ 60 (1967)

Nesta semana eu vou tentar facilitar a minha vida e de quebra alegrar a de vocês com uma série variada de compactos que já havia digitalizado recentemente. Curiosidades que caem como uma luva em nossa proposta de ouvir com outros olhos.
Aqui temos Zakiel’ 60. Um disquinho compacto que chama atenção. Psicodelia pura, pelo menos na capa. Curiosidade que não pode faltar na discoteca de todo amante da Jovem Guarda. Zakiel’ 60 é um grupo um tanto obscuro. Não consegui achar nenhuma informação sobre eles. A expectativa é grande, mas a realidade não vai além do comum, entre tantos grupos jovens que se aventuraram naqueles anos 60. Tudo se espelhando em Beatles, inclusive temos até uma versão para “Eleanor Rigby”. A outra faixa/face, autoral, peca pela caricatura vocal, que não chamaria muita atenção se não fosse tão desafinada. Mas, está valendo, faz parte e dentro de um contexto, a gente escuta mesmo com outros olhos 😉
 
eleanor rigby
eu, viver só, não sei
 
PS: Agradecemos ao nosso amigo culto Rafael Moreira que nos enviou as informações que ele encontrou em um antigo blog (Mopho Discos)…
Este compacto foi gravado e lançado por volta de abril/maio de 1967, pelo Selo Rozemblit – Mocambo, com capa elaborada pelo publicitário Paulo Orlando (Polé), e sob a direção do José Mauro Filho.
O conjunto, formado na Vila Mariana, executava em sua grande maioria músicas de sua autoria e repertório com músicas dos Beatles e Hollies, como era comum na época”.
A banda tinha a seguinte formação, Luís Antonio Peçanha nas guitarras de seis e de doze cordas (construída pelo próprio conjunto) e vocal, Persio Dario Reale no contra-baixo acústico e elétrico, violino eletrificado e xilofone (no solo de ‘Eu Viver Só Não Sei’, versão de ‘Walk Away Renée’, original dos americanos The Left Bank), Francisco Heraldo Turra Vieira, no pandeiro, pratos e vocal e Ronaldo Miranda Borges no bongo e vocal.
Essa formação era derivada de um grupo anterior, dos idos de 1962/63, de nome Les Aigles, que tocava músicas dos Ventures e dos Shadows, do qual participou inicialmente Carlos Bogossian (Bogô, ex-The Hits) na guitarra-base, e que, posteriormente, fundou os Beatniks, José Henrique Serra Russo, guitarra-solo, que também tocou com o Zakiel’60, Nei Martins Gaspar na bateria e Persio Dario Reale no contra-baixo elétrico”.
Já com o nome de Zakiel’60, e durante e após o período de gravação do disco, o conjunto apresentou-se em uma das mais importantes casas de show da época, a Boate Cheetah, localizada na antiga praça Roosevelt. Um desses shows, segundo Persio, foi assistido pelo empresário Marcos Lázaro, que convidou a banda para participar do programa Jovem Guarda, em sua edição carioca. Eles foram apresentados pelo Rei como um conjunto com “uma roupagem nova para o iê-iê-iê, com violino e outras coisas mais”. O grupo também apresentou-se no programa de Ronnie Von e no programa dos Incríveis, na época dirigido por Brancato Júnior.
Com a nova formação, o grupo fez uma temporada na Boate Playboy, localizada na rua Augusta, em São Paulo, de propriedade de Luís Vassalo, também dono da Boate Cave, na rua da Consolação. A Boate Cave, lembra Persio, “reunia o pessoal da Jovem Guarda, principalmente aos sábados, véspera do programa, quando promoviam as famosas ‘canjas’, após fechar as portas, depois das quatro horas da manhã”. Assim como a maioria das bandas de garagem dos anos sessenta, Zakiel’60 também teve vida curta, com alguns de seus membros passando a integrar o grupo Heritage, em 1969.
 
 
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