Os Tremendões – Yesterday (1967)

Há tempos não postamos nada do selo Paladium. Creio que muito por conta de um projeto que eu pensava criar sobre MGL/Paladium/Bemol, mas esse nunca foi para frente e acabou parado. Assim sendo, o melhor é mesmo continuar publicando por aqui, até porque (realmente) não existe lugar mais adquado que este nosso sítio, o Toque Musical.
Temos então mais um ‘fake’ artístico, uma convencional produção fonográfica dos anos 60 lançada pela Paladium, possivelmente em 1967. Este disco faz parte de um pacote, um box com outros tantos lps que a gravadora vendia a domicílio. Era uma caixa com gêneros sortidos trazendo boleros, tangos, orquestras, instrumental pop e outras coisas possíveis de editar sem muito problema com os direitos autorais. Aliás, naqueles tempos o controle era quase inexistente, a coisa ia da cópia descarada ao plágio sem pudor. Fonogramas como esses eram intercambiados entre pequenas gravadoras/editoras, lançavam lá suas coletâneas, contratando músicos diversos para executarem, com outros arranjos, músicas de sucessos, já bem conhecidas do público. E pra fechar o pacote com uma cara original, criavam nomes de artistas fictícios, como é o caso aqui dos Tremendões, um nome bem sugestivo para um repertório de música jovem da época.
 
eu te darei bem mais
la playa
yesterday
una casa in cima al mondo
aline
la ultima telefonata
sono nato con te
michelle
se fa sera
quero que tudo vá pro inferno
les cornichons
stranges in the night
 
 
.

Conjunto Bembossa – Bembossa Samba (1964)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Aqui vamos nós com mais uma bela curiosidade musical. Hoje temos para vocês este lp, provavelmente de 1964, do provavelmente Conjunto Bembossa. Ironia a parte, este é mais um daqueles discos feitos para vender. Tipo de disco muito comum nos anos 60 e até antes, quando se montava um lp, as vezes, usando fonogramas de outros discos. Pequenos e obscuros selos/editoras criavam seus discos a partir de fonogramas, possivelmente comprados de gravadoras. Parece ser uma prática comum, pois a esses, pouco importava autores e intérpretes, o que contava mesmo era um produto, fazer um disco de um determinado gênero e tudo isso pensando exclusivamente em questões comerciais. Aqui temos um bom exemplo disso. O tal Conjunto Bembossa, cujas as informações na contracapa são irrisórias, apenas para ‘encher linguiça’, foi lançado também (com a mesma capa) pelo selo Diamond, talvez alguns anos depois, ou antes, quem sabe… Em nenhuma das edições consta a data do lançamento, oque nos deixa na dúvida, quem veio primeiro? Mas o que nos chama mais atenção é que alguns desses fonogramas são os mesmo do lp “Céu e Mar”, lançado pela Paladium para um fictício conjunto, o “Raul Ferreira e Seus Ritmistas” (já postado aqui), que na verdade nada mais é que “Rubens Bassini e Os 11 Magníficos”, no álbum “Ritmo Fantástico”, lançado originalmente em 1961 pelo selo Pawal (também já postado aqui). Então, resumindo, temos aqui, “Bembossa/Samba”, um disco onde boa parte do repertório e gravações são originalmente do conjunto do ritmista carioca Rubens Bassini. E certamente, outras gravações que constam neste disco são também dele. Coisas da nossa indústria fonográfica…

influência do jazz
o barquinho
mensagem
nós e o mar
maria conga
quem quiser encontrar o amor
só danço samba
canoinha
céu e mar
você é eu



.

Johnny Heyman And Orchestra – Dancing In The Dark (1967)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Há tempos não trazemos aqui as produções do lendário selo mineiro Paladium. Houve um tempo em que eu até pensei em criar um blog exclusivo só para publicarmos os discos dos selos MGL, Paladium e Bemol, que na verdade era tudo a mesma coisa, ou por outra, foi a sequencia de nomes da gravadora do engenheiro de som Dirceu Cheib. Nem vou entrar no mérito histórico da coisa, pois quem procurar aqui por discos desses selos vai encontrar toda a história. O fato é que a Paladium era um selo especializado em vendas diretas, a domicílio, de suas caixas/box trazendo um variado cardápio musical, como diferentes artistas e gêneros. Tudo de forma genérica, ou seja, músicas conhecidas e consagradas interpretadas por orquestras, grupos e artistas obscuros, em geral, músicos mineiros até então desconhecidos ou que viriam num futuro se tornarem famosos, como Wagner Tiso, Célio Balona, Nivaldo Ornellas e muitos outros… A Paladium também intercambiava fonogramas com outras editoras nacionais e dava a esses nomes fantasiosos para comporem assim um ‘cast’, comum a época. Por isso é comum encontrarmos discos dessas pequenas editoras/gravadoras com títulos diferentes para um mesmo fonograma. Coisas do tempo em que se amarrava cachorro com linguiça, quando não havia aqui no Brasil um controle mais rígido dos direitos autorais. Em resumo, aqui temos um exemplar que certamente fazia parte de uma desses box/coleção e o nome do artista é Johnny Heyman And Orchestra. Nome pomposo, que remete de imediato a algum possível maestro gringo famoso. Aliás, pela capa, tem-se a ideia de que se trata de um cantor acompanhado de orquestra, mas não é nada disso. Aqui é somente uma orquestra, que pela ficha técnica na contracapa nos informa que o disco foi gravado pela Bemol, com arranjos do maestro José Vicente, tendo como técnico de som Haroldo Mauro. A capa, uma criação que também já foi usada em outros discos do mesmo selo. Já o repertório, trata-se, como se pode ver ‘standards’ da música internacional, vigente naqueles tempos. Mais uma curiosidade para compor aqui o nosso toque musical. Confiram no GTM.

poinciana
midnightlace
love letters
dancing in the dark
speak low
exodus
vera cruz
you stopped out ot my dreams
i’ve got you under my skin
serenata
i’m gettin sentimental over you
the apartement



.

P. Trio – Embalo (S/D)

Olás! Diante a tantos discos e a toda oculta história da Paladium, eu acho que ainda iremos render mais uma semana postando seus títulos. Eu ontem estive no Estúdio Bemol recolhendo um depoimento com o Dirceu Cheib e ele me esclareceu muitas coisas sobre o selo. Sem dúvidas, muito do que eu já supunha e escrevi em postagens anteriores foi confirmado. Deixarei para fazer o relato de tudo no final de semana, quando terei mais tempo para escrevinhar a verdadeira história da Paladium e o meu encontro com este senhor, que foi o pioneiro e é um dos mais respeitados profissionais da gravação no Brasil.
Para compor o nosso dia, estou trazendo hoje um disco, o qual eu não tenho a capa. Descobri que se tratava de um exemplar com erro. O selo do lado B não corresponde às músicas das faixas. Consta como sendo do ‘conjunto’ The Black Boys, um grupo ao estilo da Jovem Guarda. Mas ao ouvir percebemos o engano. O selo foi colado no disco errado. O que temos na verdade não é ‘êi êi êi’ e sim um belo disco de bossa e jazz. O lado B é a sequência do disco do ‘grupo” P. Trio, pura Bossa Nova. Como eu não tenho a capa, não achei informações sobre o disco. Quanto ao “P. Trio”, não deve ser mineiro, possivelmente deve ter sido formado por músicos paulistas ou ainda cariocas. Havia um certo ‘intercâmbio fonográfico’ entre a Bemol/Paladium e um grupo de empresários cariocas responsáveis pelo obscuro selo Coledisc, que seguia a mesma onda do selo mineiro. Algumas das faixas do lado trocado, eu não soube imediatamente identificar. Estou deixando essa missão para os amigos cultos e ocultos do blog. Quem adivinhar ganha um doce 🙂 O concurso termina assim que todas as faixas forem nomeadas 😉
A capa original eu não consegui localizar, nem como exemplo. Daí, criei essa frontal que nada mais é que uma derivação da capa do disco dOs Abutres, já postado aqui. Notaram a semelhança? Confiram o disco. muito bom!

meu refrão
love letters
the shadows of your smile
a rita
carinhoso
roda
mascarada
noite dos mascarados
velhos tempos
do jeito que a gente quer
spanih feea
prá dizer adeus