Anna Maria Kieffer – Marília De Dirceu (1989)

sucede, marilia bela
já já me vai, marilia branquejando
os mares, minha bela, não se movem
de que te queixas, lingua importuna
eu vejo, ó minha bela, aquele lúmem
a essas horas eu procurava
arde o velho barril
ah! marília, que tormento
alama digna de mil avós augustos
vejo, marília, que o nédio gado
por morto, marília, aqui me reputo
se o vasto mar se encapela
 
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Adélia Issa E Alexandre Pascoal – Modinhas Imperiais (1980)

acaso são estes
escuta formosa márcia
busco a campina serena
quando as glórias que gozei
se te adoro
vem a meus braços
róseas flores d’alvorada
o coração perdido
deixa dália flor mimosa
eu tenho no peito
dei um ai dei um suspiro
último adeus de amor
que noites eu passo
ei de amar-te até morrer
lundum
 
 

Roberto Sion – Happy Hour (1986)

Olá, amigos cultos e ocultos! Hoje vamos de música instrumental. Tenho para vocês Roberto Sion, saxofonista, flautista, clarinetista, arranjador, compositor, maestro e professor de música. Um músico talentoso cuja carreira se inicia nos anos 70, como arranjador para instrumentos e para grandes orquestras. Formado em Berklee, nos Estados Unidos, onde estudou saxofone. Esteve presente nos três primeiros álbuns do quinteto instrumental Pau Brasil. Aqui temos dele o lp Happy Hour, lançado em 1986, pelo selo Estúdio Eldorado. Como podemos ver pela contracapa, neste lp Roberto Sion nos apresenta dez temas, nacionais e internacionais, verdadeiros clássicos da música popular, entre jazz, samba e latin… Um repertório escolhido a dedo para o ‘uisquinho’ de fim de tarde, começo de noite…
 
yesterday / bridge over trouble water
the way we were
we’ll be to together again
just one of those things
coisa mais linda
besame mucho
the shadow of your smile
time after time
o dia que você gostar de mim
you do something to me
 
 
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Paulinho Nogueira – Água Branca (1983)

Olá, amigos cultos e ocultos! Mais uma vez, bate ponto em nosso Toque Musical o cantor, compositor e violonista Paulo Artur Mendes Pupo Nogueira, ou, como ficou para a posteridade, Paulinho Nogueira (Campinas, SP, 8/10/1929-São Paulo, 2/8/2003). Desta vez apresentamos “Água Branca”, lançado em 1983 pela gravadora Eldorado. Desde a infância, Paulinho manifestou tendência para as artes, principalmente desenho e música, através do violão, que começou a tocar aos dez anos de idade. Ao terminar o colegial, mudou-se de Campinas para São Paulo, onde iniciou sua carreira artística, tocando em boates e nas rádios Bandeirantes e Gazeta. Foi professor de violão (um de seus alunos foi Toquinho) e desenvolveu um método próprio de ensino do instrumento, além de ter inventado a craviola. Teve músicas gravadas por grandes nomes, como Jane Duboc, Jair Rodrigues, Yamandú Costa e Badi Assad. Entre seus sucessos, destacam-se “Menina”, “Menino, desce daí”, “Menino jogando bola” e “O jogo é hoje” (cujo título original era “Bola branca”). Em 1983, após quatro anos sem gravar, Paulinho Nogueira lançou justamente este “Água Branca”, que o TM apresenta hoje. O disco é formado por dez músicas cantadas, quase todas de sua autoria com parceiros, com arranjos e piano de Nélson Ayres, e violão, claro, do próprio Paulinho. Segundo ele, “de certa forma, Nélson Ayres pode ser considerado como um parceiro meu em todas as músicas, pelo muito que acrescentou, tanto na forma como no movimento. Seus arranjos me deixaram à vontade e me fizeram sentir ainda mais o instrumento”. Há ainda a participação de músicos como Heraldo do Monte no bandolim, Papete e Oswaldinho na percussão, Roberto Sion no sax-alto e Zeca Assumpção no contrabaixo. A faixa-título, “Água Branca”, é uma alusão ao Parque da Água Branca, de São Paulo (na contracapa há várias fotos do parque) e, ainda segundo o próprio Paulinho Nogueira, “caracteriza todo o clima do disco, ou seja, a natureza”. No mais, é um dos melhores trabalhos de Paulinho, e vale a pena conferir mais este disco seu.

dança das abelhas
violão de madeira
caminhantes
vida e mar
parque da água branca
o que eu trouxe pra te dar
coração de strass
boneca
uma nova vida
modinha



*Texto de Samuel Machado Filho

Paulo Autran – Poesias (198

Olá, amigos cultos e ocultos! Hoje, apresentamos mais um álbum com Paulo Autran (Rio de Janeiro, 7/9/1922-São Paulo, 12/10/2007), que foi sem dúvida um gigante da arte dramática brasileira. Lançado em 1981, o disco é uma seleção das melhores gravações que ele fez para o programa “Cinco minutos com Paulo Autran”, que possuía em meados da década de 1960 na Rádio Eldorado de São Paulo. São dez faixas, em que Paulo Autran interpreta textos de Rubem Braga, Fernando Sabino, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes e William Shakespeare. Como se vê, é mais um toque mais do que musical, e predominantemente literário, mais uma coleção de momentos sublimes do inesquecível Paulo Autran, mostrando as razões pelas quais ele foi um mestre indiscutível nessa arte tão complexa que é a da interpretação. É mais um produto de qualidade que o TM oferece com o prazer e a satisfação de sempre

a crônica aula de inglês – ruben braga
desespero da piedade – vinicius de moraes
resíduo – carlos drummond de andrade
essa velha angústia – álvaro de campos (fernando pessoa)
poema das sete faces – carlos drummond de andrade
também já fui brasileiro – carlos drummond de andrade
receita de mulher – vinícius de moraes
o homem nu – fernando sabino
entrevista de televisão – fernando sabino
mensagem a poesia – vinicius de moraes
se eu morresse amanhã – alvares de azevedo
cruz na porta da tabacaria – fernando pessoa
ao doge de veneza – w. shakespeare




*Texto de Samuel Machado Filho

Banda Paulistana – Luzes Da Noite (1981)

Olá, amigos cultos e ocultos! O Toque Musical está trazendo hoje para vocês mais um álbum de música instrumental brasileira da melhor qualidade. Desta vez, apresentamos a Banda Paulistana, com “Luzes da noite”, lançado pela Eldorado em 1984, fruto da união de dois amigos músicos: o guitarrista e compositor Cândido Serra (que assina todas as oito faixas do disco) e o baixista Nico Assumpção. Cândido começou a tocar em 1975, na noite paulistana. Entre 1976 e 1981, foi professor do CLAM, escola de música do Zimbo Trio. Alguns de seus alunos: André Christovam, Ulisses Rocha, Nuno Mindelis e Rui Saleme. Tocou ao lado de nomes importantes como Eliane Elias, Lô Borges, Cláudio Celso, Duda Neves e Michel Freidenson. No final da década de 1970 fundou, juntamente com André Gereissati e Rui Saleme, o lendário Grupo D’Alma, com quem grava seu primeiro álbum, “A quem interessar possa”, apontado pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) como o melhor disco instrumental de 1981. Durante sua trajetória musical, participou de importantes eventos, como os Festivais de Jazz de Montreux, São Paulo e Águas Claras. Passou uma temporada em Nova York, onde trabalhou com vários músicos, entre eles o pianista Robert Damper, e depois formou a Banda Paulistana, com quem gravou o presente álbum, do qual participam, além de Nico Assumpção, o baterista Carlos Bala, os saxofonistas Roberto Sion e Mané Silveira, e os tecladistas Paulo Calazans e Mário Bofa. Gente de primeiro time, como poderemos constatar ouvindo este trabalho que o TM nos oferece.

campo belo 
luzes da cidade
insinuante
olhos fechados
aguas claras
coração aberto
nonita
tempero bravo 



*Texto de Samuel Machado Filho