Eis aqui um disco que na época de seu lançamento pode ter passado batido para muita gente. E isso, penso eu, se deve a capa que ilustra uma cena muito ambígua. Num rápido passar de olhos, principalmente numa estante de loja, a capa nos faz imaginar que se trata de alguma coletânea romântica. Não há nenhuma evidência além das iniciais do artista. E se não parar e conferir direito, a taça quebrada, o vinho derramado e o que seria GC, não chega a levantar o disco da caixa e olhar curiosamente sua contracapa. E ainda, se não tomar o trabalho de ler e ficar apenas a observar o rapaz bonito estampado sem o reconhecer, ainda assim é capaz de achar que se trata de algum Julio Iglesias nacional. Certamente, não é nada disso, trata-se apenas da minha suposição. GC é Gerson Conrad, músico paulista que ganhou fama ao lado de João Ricardo e Ney Matogrosso, quando juntos formaram um dos mais importantes grupos da música popular brasileira, o sensacional Secos & Molhados. Depois que o grupo acabou, cada um seguiu seu caminho. GC foi o primeiro álbum solo, lançado em 1981 pelo selo Continental. Antes, ele já havia lançado um outro lp pela Som Livre com a cantora e atriz Zezé Motta. Neste lp de 81 todas as músicas são de sua autoria em parceria com o letrista Paulinho Mendonça. O que reforça minha ideia da capa ‘ambígua’ está também no fato de que este disco foi relançado em cd com uma outra capa e com o título de uma das canções, “Rosto Marcado”. Direto! Desta vez acertaram a coisa. Sem querer desfazer da arte da capa, acho que do cd ficou mais adequada. Ou não? 🙂 Independente da capa, o conteúdo é o que importa. Vamos a ele…
amor amor
rosto marcado
semente
precipício
ave maria
depois da sessão
o tempo
fundo do poço
a sede e a fonte
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