Waldemar Roberto – Hei De Amar-te Até Morrer (1963)

Olá, amigos cultos e ocultos! O Toque Musical apresenta hoje um álbum de Waldemar Roberto Colla Francisco, ou simplesmente Waldemar Roberto, cognominado “o cantor dos corações apaixonados”.  Quase nada encontrei na web a respeito dele. Sabido é que ele era irmão de Mário Colla Francisco, vice-prefeito de Campos do Jordão (SP) de 1959 a 1962, tanto é assim que existe no município a Rua Cantor Waldemar Roberto, além do mais ele era assíduo frequentador da “Suíça brasileira”. Sabe-se também que sua carreira discográfica se iniciou em maio de 1953, quando a Sinter lançou seus dois primeiros discos: o primeiro com a valsa “Não zombe da vida” e o samba “O tempo dirá”, e o segundo com os sambas “Nosso destino” e “Conselho de amigo”, todas composições de Oscar Gomes Cardim. Waldemar Roberto passou também pelas gravadoras Polydor, RGE, RCA e Chantecler, esta última a lançadora do presente LP, o terceiro dele para a “marca do galinho madrugador”. A curiosidade aqui fica por conta do bolero “Olhos mentirosos”, do próprio Waldemar em parceria com Dioguinho, que tem um início idêntico ao do samba “A flor e o espinho”, de Nélson Cavaquinho.  Na valsa que dá título ao disco, “Hei de amar-te até morrer”, do próprio Waldemar em parceria com Jandira Bertolotti, a declamação é de Moraes Sarmento, que era conhecido apresentador de programas de cunho saudosista no rádio de São Paulo (fez também o “Viola, minha viola”, na TV Cultura, antes de Inezita Barroso).  Destaque ainda para a valsa-rancheira “Bebendo e chorando”, de Milano e Serafim, também gravada pela dupla sertaneja Pedro Bento e Zé da Estrada. Com direito até a uma regravação de “Seresta”, antigo sucesso de Alvarenga e Ranchinho, e duas versões, “Maldita hora” e Ai! Zandunga”. Enfim, percebe-se que Waldemar Roberto era um bom cantor do gênero romântico, e que este é um trabalho popular, porém de qualidade.  Merecedor, portanto, desta postagem do Toque Musical.

hei de amar-te até morrer
seresta
proibido de amar
bebendo e chorando
maldita hora
filho sem mãe
fagulha
olhos mentirosos
noites de insonia
espera
ai zandunga
o amor que foi meu





*Texto de Samuel Machado Filho 

Rosa Passos – Recriação (1978)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Aproveitando a deixa, vamos colocar mais uma rosa em nosso jardim. E eu que pensava já ter apresentado aqui esta outra grande artista, também de renome internacional e também uma estrela do jazz. Estamos falando aqui da cantora, compositora e violonista Rosa Passos. Considerada por muitos a ‘João Gilberto de saias’. Uma artista que começou cedo, ainda adolescente tocava piano, trocando depois para o violão. Influenciada pela Bossa Nova, mas em especial pelos dois ícones, Antonio Carlos Jobim e João Gilberto, passou a compor e cantar. Demorou um pouquinho para ela então lançar este disco, “Recriação”, que foi seu primeiro disco. Este álbum, inicialmente, não teve muita repercussão, mas seria por certo seu cartão de visitas. Mas ela se afastou temporariamente e só voltou a atuar na careira nos anos 80. A partir dos anos 90 ela então deslancha, passando a lançar novos discos. Suas composições começam então a atrair outros músicos e artistas. Oscar Castro Neves foi quem, de uma certa forma, abriu as portas para ela, para uma carreira internacional que desde então só veio crescendo. Tocou e gravou com grandes nomes da música internacional, em especial os artistas do jazz. Hoje, Rosa Passos é uma das grandes damas brasileiras do cenário jazzístico internacional, aclamada por todos os cantos desse mundo, tendo uma dezena de outros discos gravados. Confiram aqui este discaço que mais uma vez é destaque, agora no Toque Musical.

recriação
bolero de esperar
procura-se um samba
estrela-cine-teatro
saudade da bahia
fassamba
formicida corda e flor
caminho de santana
noturno
aí o fantástico

Giane – Dominique (1976)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Me embalei na onda das cantoras, em especial as da Jovem Guarda, muito por conta de uns amigos que adoram relembrar seus tempos de ‘juventude transviada’. Achando um tempinho aqui, cá estou eu com essa leva de cantoras e hoje trazendo a Georgina Morozini dos Santos, mais conhecida como Giane. Ela já foi apresentada aqui no Toque Musical, através de outros discos, mas em especial, na postagem de um de seus compactos, através do amigo e colaborador Samuel Machado Filho. Conforme escreveu o Samuca, Giane foi uma das primeiras cantoras da Jovem Guarda, tendo antes iniciado sua carreira nos anos 50, ainda na época do 78 rpm. Sem dúvida, uma cantora cheia de sucessos e isso se deu na soma de seu talento com um repertório, geralmente de versões de músicas internacionais consagradas pelo público. Neste lp, lançado pela Chantecler e seu selo Alvorada, em 1976, temos uma coletânea de alguns de seus maiores sucessos, a começar pelo maior, a versão para “Dominique”, do francês Soeur Sourire. Neste lp, apenas uma música não é versão, “O homem do coração de ouro”, música de Alberto Calçada e Antonio Queiroz. Confiram esse toque no GTM, O prazo é limitado, heim!?

dominique
meu deus, como te amo
angelita
eu te darei bem mais
longe do mundo
esta é minha canção
não saberás
preste atenção
o homem do coração de ouro
olhos tristes
johnny guitar
não esqueço jamais
meu bem não vá
o caminho de são josé



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Perfume Azul Do Sol – Nascimento (1974)

Boa tarde, amigos cultos e ocultos! Hoje temos um disco que só viria a ser conhecido graças a internet e em especial aos blogs de compartilhamento musical. Por certo, muita coisa do mundo fonográfico só foi ressuscitado por conta desse resgate e talvez nos dias atuais sejam mais conhecidos do que em sua época. A banda Perfume Azul do Sol é um exemplo clássico do obscurantismo que agora vem a tona. Depois de bem divulgado nos blogs e sites de música nos últimos dez anos, ele finalmente recebeu uma segunda edição, também tímida, que creio eu, não chegou a 500 cópias. Segundo contam, “Nascimento”, embora bem produzido e lançado por uma grande gravadora, não passou de 120 cópias, as quais foram apenas distribuídas entre amigos. A banda também não durou muito, talvez somente o tempo de gravarem esse trabalho. O disco apresenta boas composições, passeando num misto de rock e mpb bem comum às bandas daquele período. Boas pitadas de guitarra para disfarçar um vocal que funcionaria melhor se fosse mpb. A banda ainda conta com a participação de Pedro Baldanza, do Som Nosso de Cada Dia e também Daniel Salinas, dando assistências musical nos metais e flauta. Taí, um disco que embora já bem rodado ainda faltava bater o ponto por aqui. Confira o cheiro no GTM. 😉

20.000 raios de sol
sopro
calça velha
deusa sombria
o abraço do baião
equilíbrio total
nascimento
pé de ingazeira
canto fundo
a ceia
 
 

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Kleber E Norma Suely – Compacto (1966)

Olá, amigos cultos e ocultos, bom dia! Temos para hoje um compacto, um disquinho promocional da cantora Norma Suely. Quando digo promocional é porque entendo que os discos compactos sempre tiveram essa função, promover um determinado artista antes do lançamento do lp. Por certo e por diversas razões muitos ficam só no compacto. Mas isso é uma outra história…
Norma Suely foi um nome consagrado, uma cantora lírica mineira que se destacou na música popular nos anos 50 e 60. Conforme texto em seu site, de 1951 a 67 reinou a cantora Norma Sueli. Desde a sua primeira aparição no programa “Pescando Estrelas”, da Radio Clube do Brasil. Contratada pela Rádio Nacional, viajou pelo Brasil em caravanas. Gravou vários discos, entre os quais, “A voz e o violão”, de Luiz Bonfá. Esteve ao lado de outros grandes astros do rádio. Nos anos 60 esteve também muito atuante. Gravou pela Odeon um disco cantando todas as músicas do Festival de San Remo 65. Arrendou a boate Samba Top, no posto 6, em Copacabana. Por lá se apresentavam grandes feras da mpb e ela também, ao lado do cantor Kleber com quem viria a gravar este compacto no qual se destaca “Juanita Banana”, um de seus maiores sucessos.

j’ai changé (por ti)
juanita banana


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Filó Machado – Filó (1978)

Filó é mais um desses grandes artistas brasileiros que tem passado batido, pouco falado, pouco ouvido. Pelo menos aqui no Brasil. Lá fora o cara é respeitado, com vários discos lançados e trabalhos ao lado de nomes como Kenny Barron, César Camargo Mariano, Romero Lubambo, Djavan, Michel Legrand, Jane Bunnet, Johnny Alf, Tetê Espíndola, Hermeto Pascoal e vai por aí a fora. Neste disco de 1978, o primeiro de sua carreira, já podemos ver o nível e a qualidade do cara. Me faz lembrar um pouco o Milton Nascimento. Bom disco!