Olá! Hoje e mais uma vez eu estou trazendo para um toque musical o aqui sempre festejado Waldir Calmon. Temos nesta postagem o álbum que deu origem à série “Feito para dançar”. Foi o primeiro ‘long play’ feito para se dançar, cujo o conceito não se limitava apenas ao estilo de música dançante, mas também à sua duração. Era a primeira vez que um álbum trazia em uma de suas faces uma única faixa longa, sem pausa, pensada exatamente para que se pudesse dançar mais. São quinze minutos num ‘pot pourri’ dançante que fazia a alegria do casal. A ideia pegou e logo todos os discos do gênero eram lançados dessa forma.
Este é mais um daqueles discos do Calmon que eu aprendi a gostar. Tem aqui duas músicas, as quais eu gostaria de destacar. A primeira, que faz parte da seleção de ‘pot pourri’ e abre o disco é a impagável “Sistema Nervoso”, de Wilson Batista, Roberto Roberti e Arlindo Marques Jr.. Este samba foi gravado originalmente por Orlando Correia, em 1953, tendo se tornado um sucesso radiofônico da época e é uma das músicas mais curiosas que conheço. A letra fala de um homem que teve o seu sistema nervoso abalado pelo fantasma de uma mulher. Me lembro de, ainda bem pequeno, ouvir ouvir essa música e a associá-la à Familia Adams, me parecia a coisa mais assombrosa do mundo. Na versão instrumental de Waldir Calmon ela deixa de ter um aspecto estranho e agrada bem aos ouvidos e pés. “Sistema Nervoso” foi também gravada por Wilson Simonal, numa versão de tirar o chapéu. Outros que gravaram a música foram a cantora Simone e Paulinho Boca de Cantor, dos Novos Baianos. Esta música foi também alvo de inspiração para o curta metragem (e ainda inédito) de mesmo nome, do um cineasta mineiro C. Falieri. A outra música que eu gostaria de destacar é o mambo “Luar”. Observem a introdução desta música, não parece coisa feita em 1954. Calmon conseguiu o que outros viram a fazer só dez anos depois. Acho isso surpreendente…
Waldir Calmon – Feito Para Dançar (1954)
sistema nervoso
a saudade mata a gente
cada noche un amor
cancion del mar
limelight
dancing in the dark
in the still of the night
fui longe
luar
barriquinha
esquecendo o tempo
sincopado