O TM oferece hoje aos seus amigos cultos e ocultos mais um disco apresentando a trilha sonora de uma novela produzida pela finada TV Tupi, em um tempo em que a emissora ainda respirava. O folhetim em questão é “Um dia, o amor”, escrito por Teixeira Filho, o mesmo que fizera sucesso pouco antes com “Ídolo de pano”, protagonizada por Tony Ramos. Estreada em 22 de setembro de 1975, “Um dia, o amor” ficou em cartaz até 29 de maio de 1976, perfazendo um total de 212 capítulos. No elenco, estavam Carlos Zara (então o principal galã da emissora, no papel de Ricardo), Maria Estela (falecida neste 2017, no papel de Marília), Henrique Martins (Amadeu), Rodolfo Mayer (Dr. Maciel), Lélia Abramo (Lucinha), Glauce Graieb (Maria Leonor), Lisa Vieira (Maria Cecília), Nádia Lippi (Maria Isabel), Felipe Carone (Zanata), Flávio Galvão (Valter)… Enfim, o melhor que a Emissora Associada então possuía em seus quadros. Com direito até à entrada de Cleide Yaconis no decorrer da novela, fazendo o papel de Maria Eunice (Fausto Rocha, que era Leonardo, saiu no meio para fazer “Anjo mau”, na Globo). Tudo isso numa trama envolvendo um viúvo (Ricardo) com três filhas (Maria Leonor, Maria Cecília e Maria Isabel) que teve um grande amor no passado (Marília), mas que se casou com outro (Amadeu). Após residir durante algum tempo na Itália, onde Amadeu fora dirigir a filial da empresa da família, ele e Marília voltaram ao Brasil, e passaram a residir em frente à casa de Ricardo. Ambos redescobrem o amor da juventude e passam a se cortejar da sacada de suas mansões. A volta de Amadeu tinha um propósito: tirar seu velho pai, o dr. Maciel, do comando de suas empresas. Maciel, porém, distribuiu as ações com Ricardo, alto executivo da companhia (Maciel depois faleceria em acidente de carro, forjado pela esposa, Lucinha, causado por violação dos freios). Um enredo com direito até mesmo a uma filha ilegítima, que, ao final, descobre-se que é Maria Leonor, criada por Ricardo, e cujos pais eram Amadeu e Maria Eunice. “Um dia, o amor” teve duas trilhas sonoras em disco: a nacional e a internacional, ambas lançadas pela Continental com o selo Teletema. E é justamente o álbum com a trilha nacional desse folhetim que o TM hoje nos apresenta. Com supervisão musical de Cayon Gadia, direção de produção de Sidney Morais (integrante do Conjunto Farroupilha e, anos depois, dos Três Morais), Alberto Ferreira na coordenação de produção, e seleção musical do sonoplasta Pedro Jacinto, é um trabalho até muito bem concebido. Carlos Zara, o galã da novela, abre o disco interpretando “Tanto amor (Aurora)”, de Massimo Guantini em versão de Alexandre Cirus, em dueto com Maria Odette. Esta mesma música aparece também encerrando o álbum, na execução orquestral do sempre eficiente Luiz Arruda Paes, também presente na faixa “Tema triste”, exatamente o tema de Ricardo (Carlos Zara). Há músicas que, percebe-se, foram compostas para a novela: “Maria Isabel”, “Tema de Cecília”, “Leonor”. E também está aqui um grande sucesso da época: o samba “Nada na cuca”, composto e interpretado pelo paulistano Flávio Carvalho. Este, aliás, foi o único hit conhecido dele, que depois nada mais conseguiu emplacar, embora continuasse ligado aos meios musicais como produtor, inclusive do “Especial sertanejo”, que Marcelo Costa apresentou por bastante tempo na Record. Em suma, este álbum com a trilha de “Um dia, um amor” é uma relíquia que merece ser conhecida e guardada pelos amigos do TM, digna de merecer nossa postagem de hoje. É ir direto para o GTM e conferir…
tanto amor – maria odete e carlos zara
solo pleno de sogni – flavio carvalho
é sempre o mesmo amor – os 3 morais
maria isabel – cleston teixeira
te quero amor – marcio prado
tudo bem – antonio carlos de carvalho
nada na cuca – flávio carvalho
tema triste – luiz arruda paes
brinquei de querer você – angelo antonio
leonor – os 3 morais
aurora (tanto amor) – luiz arruda paes
*Texto de Samuel Machado Filho