Conforme o prometido, o TM coloca seus amigos cultos, ocultos e associados em contato, mais uma vez, com o talento, a competência e a versatilidade de Tânia Maria, esta notável cantora, compositora e pianista brasileira de prestígio mais que merecido internacionalmente. Com o nome completo de Tânia Maria Corrêa Reis, essa extraordinária jazzista veio ao mundo na cidade de São Luís, capital do Maranhão, em 9 de maio de 1948. Aos sete anos de idade, ela começou a estudar piano, e, aos treze, ganhou o primeiro prêmio em um concurso de música local como líder de um conjunto que seu pai havia começado. Em 1963, aos quinze anos, fez sua estreia em disco, lançando, pelo obscuro selo Pedestal, um 78 rpm com a valsa “Papaizinho”, de Francisco de Paula, e a marcha “Serão do papai”, de Amâncio Cardoso. Aos dezesseis anos, casou-se e começou a estudar Direito, mas, em 1966, abandonou os estudos para gravar seu primeiro LP, exatamente o que o TM já ofereceu a vocês, “Apresentamos Tânia Maria”, mostrando, logo de saída, um estilo todo peculiar, combinando jazz e ritmos brasileiros, que ela iria desenvolver posteriormente. O segundo álbum viria em 1971, pela Odeon, “Olha quem chega”. Em meados da década de 70, Tânia Maria decide fixar residência no exterior, mais precisamente em Paris, capital da França, onde voltou a morar com sua família após alguns anos de permanência em Nova York, EUA. Desde então, desenvolveu uma sólida carreira internacional, com mais de 25 álbuns gravados, além de turnês e apresentações em praticamente todos os festivais de jazz do mundo. Em 1980, seu álbum “Piquant” venceu o Golden Leonard Feather Award. As principais 07influências de nossa Tânia Maria são Oscar Peterson, Bill Evans, Luiz Eça, Sarah Vaughan, Tom Jobim e Mílton Nascimento, e sua música abrange desde melodias pop às harmonias complexas do jazz, passando pelo soul, samba e funk. Usa sua voz para executar complicadas improvisações de “scat”, em uníssono com o piano, sendo uma das expoentes nessa técnica. Um estilo musical e uma voz inconfundíveis, que a tornaram, com justiça, um dos grandes talentos da cena contemporânea. A ponto de, em 2009, ser nomeada “officier” da Ordem de Artes e Letras da França. Segundo informa seu site oficial, Tânia Maria está preparando um novo álbum, a ser lançado ainda em 2017. Enquanto aguardamos este novo trabalho, o TM nos oferece um disco por ela gravado quando já havia se estabelecido na França. É “Via Brasil”, lançado naquele país pela Barclay (hoje subsidiária da Universal Music e denominada EmArcy Records) em 1974, e que chegou ao Brasil um ano depois, através da RCA, futura Sony Music. Aqui ela está acompanhada pelo baterista e percussionista Boto, e pelo contrabaixista Hélio, oferecendo um repertório, como não poderia deixar de ser, de primeiríssima qualidade, com sucessos já consagrados no Brasil (“Samba de Orly”, “Abre alas”, “Até quem sabe”, o clássico jobiniano “Águas de março”, “Fio maravilha”), dois pot-pourris, um com hits de Jorge (então) Ben e outro com sambas da velha guarda, denominado “Via Brasil”. Nessa época, o trio se apresentava no bar musical A Batida, então recém-inaugurado, que ficava no complexo Via Brasil, no centro comercial da “Torre” Maint-Montparnasse. Foi lá que Eddie Barclay, então proprietário da gravadora, ouviu Tânia, Boto e Hélio, e, entusiasmado, logo os contratou. O resultado aí está, como os amigos cultos, ocultos e associados do TM terão a grata satisfação de conferir. Um segundo volume de “Via Brasil”, ao que parece não editado por aqui, viria em seguida. E este primeiro é simplesmente espetacular!
* Texto de Samuel Machado Filho