“O melhor duo de violões existente, talvez em toda a história. Nenhuma antecipação poderia ter me preparado para o jeito deles de tocar: flexível, ousado, estranhamente unânime”. Assim escreveu, certa vez, um comentarista do jornal norte-americano “The Washington Post”, referindo-se aos protagonistas da postagem de hoje do TM: o Duo Assad, formado pelos irmãos Sérgio e Odair, cuja família é de origem libanesa. Vindos de escola tradicional do choro, e consagrados internacionalmente, ambos residem no exterior: Sérgio, em São Francisco, EUA, e Odair, em Bruxelas, capital da Bélgica. E têm uma irmã mais nova, também violonista e cantora, mundialmente consagrada, assim como eles, Badi Assad. O pai, relojoeiro de profissão, adorava tocar. Ganhou um cavaquinho em uma rifa e não sabia o que fazer com ele. Aí, comprou discos, ouviu e tirou de ouvido mais de quatrocentos choros! E foi nesse ambiente que os irmãos cresceram e começaram, bem cedo, a dedilhar seus violões. Mais tarde, Sérgio e Odair foram estudar violão clássico com a professora argentina Monina Távora. Além de estabelecer novos padrões de interpretação, os Assad influenciaram vastamente na criação e introdução de novas músicas para dois violões. E essa extraordinária virtuosidade inspirou vários compositores a escrever peças especialmente para os Assad, tais como Astor Piazzolla, Teddy Riley, Radamés Gnattali, Francisco Mignone, Marlos Nobre, Edino Krieger… Além disso, o repertório dos irmãos Assad é formado de arranjos para músicas folclóricas, jazz e música latina, e também de composições próprias. A carreira internacional começou em 1979, em Bratislava, hoje capital da Eslováquia, ao vencerem a Young Artists Competition. E até hoje ambos viajam pelo mundo, apresentando clássicos do violão, não só europeus mas também brasileiros, como as obras de Garoto, Villa-Lobos, Egberto Gismonti, Baden Powell, João Pernambuco e Dilermando Reis. Uma cativante mistura de estilos, períodos e culturas. Os Assad têm trabalhado extensivamente com artistas renomados, tais como Yo-Yo Ma, Paquito D’Rivera, Gidon Kremer, Nadja Salerno Sonnenberg e Dawn Upshaw. Todos os anos, no último final de semana do mês de julho, a cidade de São João da Boa Vista (SP), berço da família, realiza o Festival Assad, que, além de ser referência de música instrumental da mais alta qualidade, recebendo visitantes de várias partes do mundo, já se tornou tradição no calendário cultural do município. E, claro, contando com a participação dos irmãos Assad. Da vasta e extensa discografia de Sérgio e Odair Assad (mais de 30 álbuns), o TM oferece hoje a seus amigos cultos, ocultos e associados, “Alma brasileira”, selo Nonesuch /Warner. Gravado na Holanda, em 1987, e lançado no Brasil dois anos mais tarde, possui um repertório de primeiríssima qualidade, assinado por compositores do porte dos que já citamos aqui: Egberto Gismonti (“Baião malandro”, “Frevo”), Marlos Nobre (“Cantiga de cego”, “Capoeira” “Martelo”, “Praiana”, todas da série “Ciclos nordestinos”), Radamés Gnattali (“Tocata em ritmo de samba”, “Pixinguinha”, esta última da série “Retratos”), além de trabalhos próprios de Sérgio Assad (“Jobiniana número 1”e, da “Suíte brasileira”, “Baião” e “Canção”). Ainda batem ponto aqui Wagner Tiso (“Choro de mãe”) e Hermeto Paschoal (“Série de arco”). Um trabalho absolutamente impecável, que o TM orgulha-se em oferecer, e mostra por que Sérgio e Odair Assad tornaram-se referência unânime para os violonistas, criando um padrão de inovação para o violão com geniosidade e expressão.
marlos nobre: cantiga de cego
egberto gismonti; balão malandro
heitor villa-lobos: a lenda do caboclo
sérgio assad: jobiniana n. 1
marlos nobre: capoeira
wagner tiso: choro de mãe
hermeto pascoal: serie de arco
radamés gnattali: toccata em ritmo de samba
heitor villa-lobo: alma brasileira
marlos nobre: martelo
radamés gnattali – pixinguinha
sérgio assad: baião
marlos nobre: praiana
egberto gismonti: frevo
sérgio assad: canção
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*Texto de Samuel Machado Filho