Olá, amigos cultos e ocultos! Demorei, mas cheguei… Tenho certeza que com esta postagem vocês irão me desculpar o atraso. A começar por termos aqui mais um esperado disco da Sinter e ser este um outro raro exemplar que merece toda a nossa atenção.
Alguém aqui já ouviu falar em Aldemar Brandão? Possivelmente, poucos saberão responder quem foi este artista. Se me perguntassem isso algumas semanas atrás, eu também não saberia responder e acho que ainda continuo sem muitas respostas. Talvez, se tivessem me apresentado o disco apenas pelo som, eu diria desatento que era alguém cantando Dorival Caymmi. Digo desatento, no sentido de ignorar, momentaneamente, a obra do grande compositor baiano. Quando ouvi este disco pela primeira vez, uma dúvida me veio à mente, seriam músicas de Dorival Caymmi? Afinal aquilo eram músicas praieiras como as do velho baiano. Imediatamente puxei da capa e retomei a leitura completa de tudo que estava escrito no disco. Queria confirmar minha suspeita. Qual nada! Pelo jeito aqui, de Caymmi, só mesmo a inspiração, o estilo e o baiano… Nosso artista, Aldemar Brandão foi também um compositor baiano, da mesma safra do Aristeu Queiroz. Porém, através da rede ele é ainda mais obscuro, no máximo uma citação. Quem mais se aproximou e talvez é quem possa nos iluminar nessa hora é o Luiz Américo Lisboa Junior, quando ele cita em seu artigo, “Bahia, berço e tradição da música popular brasileira”, entre outros o nome de Aldemar Brandão, como um dos talentos baianos que se destacava no cenário musical dos anos 50. Me parece, não apenas por este disco, que Aldemar trilhava o caminho da música regional e de sua terra, a Bahia. Não deve ser por acaso que ele foi parceiro da Dilú Mello no jongo “Conceição da praia”, gravado pela cantora Marlene.
O certo é que Aldemar Brandão, neste disco de 56, encarna a mesma figura de Dorival Caymmi em 1935, quando estreou suas “Canções Praieiras”. Até mesmo o estilo Caymmi está presente na gravação, apenas voz e violão. Ao contrário do que possa parecer, a música de Aldemar Brandão não se prende à semelhança copiosa. Ela é autêntica e tem qualidade. Fala com a mesma inspiração das coisas da terra e do mar da Bahia. É Caymmi… 🙂
Aldemar Brandão – Nossa Terra… Nosso Mar… (1956)
é noite
a maré secou
doce de côco
adeus do jangadeiro
capitão de areia
lavagem do bonfim
eu não ligo a bahiana
dois de julho
amor de pescador
sacy pererê