Bom dia, amigos cultos e ocultos! Meu tempo para o blog continua curto, quando não picado, daí o que começa pela manhã pode, as vezes, encerrar só a noite. Nem sempre é fácil manter postagens diárias e selecionadas, mas enquanto eu tiver a pausa do cafezinho, as folgas do fim de semana para digitalização e o apoio e colaboração dos amigos, o ‘trem’ continua na linha.
Nosso encontro hoje é com o cantor Ataulfo Alves Júnior, filho do grande compositor da MPB. Ele fez a sua estréia musical em um programa no auditório do Teatro Record, o “Bossaudade”, apresentado pela cantora Elizeth Cardoso, em 1963. Nessa década, contou também com o apoio do pai, com quem trabalhou até sua morte, em 69. Durante os anos 60 ele gravou três discos. Um compacto, em 65, pela Continental; seu primeiro lp, “Eternamente samba”, em 1966, pela Polydor e este segundo, também Polydor, “O herdeiro sou eu”, lançado em 1969. Embora todos os três primeiros trabalhos sejam muito bons, Ataulfo Jr. Só conseguiu fazer sucesso mesmo a partir dos anos 70. Acredito que o peso da sombra do velho pai inibia um pouco o seu talento, que veio progressivamente se destacando, inclusive como compositor. Em 1964, Ataulfo Pai passa ao filho o seu famoso lenço branco, simbolizando a continuidade da sua música e do samba.
“O herdeiro sou eu” foi lançado logo após a morte do pai. É mais uma homenagem póstuma e afirmação de um legado, tendo como destaque dois ‘pot pourri’ de abertura para cada lado do lp. Um disco interessante, de bons sambas e boa interpretação, com arranjos ‘modernos’ do Maestro Pachequinho. A guitarra elétrica, ao estilo The Pop’s, sinaliza os novos tempos, mas a Amélia continua deixando saudades. Confiram aí mais um raro, que ainda nos dias de hoje espera a sua versão digital.
Ataulfo Junior – O Herdeiro Sou Eu (1969)
in memoriam nº 1
na cadência do samba
laranja madura
destino da madeira
samba de arrelia
eis aí
sim ou não
felicidade em mangueira
pela força da saudade
in memoriam nº 2
leva meu samba
atire a primeira pedra
ai que saudades da amélia
pra sempre adeus
chega de brigas
amor de outono
pequeno jornaleiro
amanhã será outro dia