O Toque Musical tem a grata satisfação de oferecer a seus amigos cultos, ocultos e associados o décimo-primeiro álbum-solo do inesquecível Jair Rodrigues (Igarapava, SP, 6/2/1939-Cotia, SP, 8/5/2014). O eterno “cachorrão” dispensa quaisquer apresentações. É impossível esquecer sua grande energia, sua alegria contagiante, sucessos como “Deixa isso pra lá”, “Disparada”, “Vou de samba com você”, “Majestade o sabiá”, “Festa para um rei negro”, “Na beira do Mangue”, “O importante é ser fevereiro”, “Orgulho de um sambista, “O conde”, “Bloco da solidão”, “Louvação” (em dueto com a não menos inesquecível Elis Regina, sua companheira no “Fino da bossa”, da antiga TV Record) e tantos mais. Seu extenso currículo inclui turnês vitoriosas pelos EUA, Europa e Japão. E, quando de sua morte repentina e inesperada, aos 75 anos, ainda estava com a agenda de shows lotada! Pois este álbum faz jus a seu título: quando foi lançado, em 1972, o grande Jair estava de fato com a corda toda. Além de possuir o padrão técnico apuradíssimo que então caracterizava as produções da gravadora Philips/Phonogram, hoje Universal Music, o disco tem um repertório excelente, essencialmente sambístico, a começar pela faixa-título, de autoria da dupla Beto Scala-São Beto. O álbum já começa com um sucesso inesquecível, “Se Deus quiser”, do próprio Jair em parceria com o não menos saudoso Wando, de quem o “cachorrão” já havia registrado, um ano antes, outro hit, “O importante é ser fevereiro” (parceria com Nilo Amaro), que projetou nacionalmente o compositor-cantor mineiro. Com “Se Deus quiser”, ele e Jair repetiram a dose… Outro sucesso de Jair neste disco é o samba “A dança do cafuné”, de autoria de Zuzuca (Adil de Paula), de nítida inspiração africana, e que também seria destaque no carnaval de 1973. Bidi, que então atuava no grupo Originais do Samba, demonstrando espantosa habilidade na cuíca, assina “Tenderepá”. A dupla Evaldo Gouveia-Jair Amorim, autênticos “hitmakers” dos anos 1960/70, aqui comparece com “O amor e a rosa”. O baiano (de Maragogipe) Edil Pacheco assina “Me achei de novo”. O belenense-paraense Gildo Moreno bate ponto neste álbum do grande Jair com “Eu também vou”. Outro hit desse disco é “Baby, sou brasileiro”, de autoria de Sinhozinho (Eliodório Pereira Oliveira, Barreiras, BA, 23/4/1932-Anápolis, GO, 6/3/1979), que por sinal era muito amigo de Jair, em parceria com Reginaldo Santos. Trabalhos das duplas Bedéo-Neno (“Toca direito, Olegário”), Luiz Carlos-Lelé (“Aniversário”), Marco César-Nílton Moreira (“Sapateia”) e Ozir Pimenta-Antônio Valentim (“Sete de setembro”) completam este primoroso trabalho discográfico que o TM oferece hoje a vocês. Ouçam e constatem: o grande Jair Rodrigues estava, de fato, “Com a corda toda”!
se deus quiser
me achei de novo
com a corda toda
eu também vou
sapateia
dança do cafuné
baby sou brasileiro
o amor e a rosa
toca direito olegário
aniversário
tenderepá
sete de setembro
* Texto de Samuel Machado Filho