Hoje, o Toque Musical tem a satisfação de oferecer a seus amigos cultos, ocultos e associados mais um álbum gravado por Wanderley Cardoso. Desta vez, é o LP que ele gravou em 1972, sem título, pela Copacabana, marca onde se consagrou e fez a maior parte de seus trabalhos em disco, muitos deles bem-sucedidos, como este. Mesmo com o término da Jovem Guarda, em 1968, Wanderley Cardoso conseguiu se manter num patamar de grande popularidade, sendo cadeira cativa em praticamente todos os programas de auditório da televisão nos anos 1970/80 (Sílvio Santos, Bolinha, Chacrinha, Raul Gil, “Almoço com as estrelas”, “Clube dos Artistas”…), além de ser maciçamente executado em programas das rádios populares de AM (o FM ainda engatinhava no Brasil). E ele estava em plena forma quando gravou o álbum que o TM apresenta hoje. Com produção e seleção musical de Reynaldo Rayol (irmão de Agnaldo Rayol), e a supervisão de outro “cobra”, Léo Peracchi, este trabalho foi gravado em São Paulo, nos Estúdios Reunidos, que ficavam no Edifício Casper Líbero, na Avenida Paulista. Abrindo o disco, uma composição de José Augusto, “Quem nega a luz na sombra vai morrer”, mais tarde regravada pelo próprio autor, que ainda é responsável por outras duas faixas, “A sombra do passado” e “Quero ver um rosto amigo”. Outro compositor de prestígio, Nenéo, assina “E vou dizer adeus mais uma vez” e “Chove solidão dentro de mim”. O lado compositor de “Wandeco” é mostrado em “Vai embora” e “Minha musa”, parcerias dele com Beto. O produtor, Reynaldo Rayol, assina em parceria com Rossini Pinto, fértil compositor e versionista da Jovem Guarda, “Meu erro”. Rossini ainda é responsável pelos dois maiores sucessos desse álbum de Wanderley Cardoso, “Vem ficar comigo” (parceria com Antônio Carlos) e a versão “Fale baixinho (Speak softly love)”, tema principal do filme norte-americano “O poderoso chefão (The godfather)”, de Francis Ford Coppola, estrelado por Marlon Brando e grande êxito de bilheteria na época. Roberto Corrêa (dos Golden Boys) e Jon Lemos contribuíram com a música “Haja o que houver”, e, completando este trabalho, temos “Enquanto houver saudade”, concebida por Bebeto e Solange Corrêa. E a curiosidade fica por conta da presença do maestro Zezinho, que durante anos pertenceu ao estafe de Sílvio Santos, como arranjador em quatro das doze faixas do disco, as oito restantes ficando por conta de Clélio de Britto Ribeiro. Tudo isso fazendo deste álbum de Wanderley Cardoso um dos melhores por ele gravados, fazendo nos voltar a um tempo em que certamente podíamos cantar mais e melhor. Quem viveu essa época terá por certo momentos de feliz reminiscência, e quem só chegou depois poderá conhecer e também desfrutar de momentos agradáveis. Divirtam-se!
quem nega luz na sombra vai morrer
vem ficar comigo
haja o que houver
a sombra do passado
meu erro
fale baixinho
chove solidão dentro de mim
enquanto houver saudade
minha musa
quero ver um rosto amigo
vai embora
e vou dizer adeus mais uma vez
* Texto de Samuel Machado Filho