Nesta edição do GRB, um pouco do preciosíssimo legado de Adoniran Barbosa, em dezesseis faixas extraídas de discos 78 rpm. Abrindo esta seleção, o samba “Agora pode chorar”, de Adoniran em parceria com José Nicolini, do carnaval de 1936, que o próprio autor interpreta em gravação lançada pela Columbia em cima dos festejos momescos, em fevereiro, disco 8171-B,matriz 3215. Na faixa seguinte, os Demônios da Garoa interpretam o antológico samba “As mariposa”, de Adoniran sem parceiro, que gravaram na Odeon em primeiro de agosto de 1955, sendo lançado em outubro do mesmo ano, disco 13904-B, matriz 10697. Déo, “o ditador de sucessos”, aqui comparece com o samba “Chega”, de Adoniran em parceria com José Marcílio. Saiu no terceiro disco do cantor, o Columbia 8212-B, em julho de 1936, matriz 3312, e o acompanhamento é do regional do flautista Atílio Grany. “Conselho de mulher”, parceria de Adoniran com Oswaldo Moles e João Belarmino dos Santos, é interpretado por ele mesmo, em gravação Continental de 23 de julho de 1952, só lançada em março-abril de 53, disco 16707-B, matriz 11414. A próxima faixa é justamente a primeira composição de Adoniran Barbosa, a marchinha “Dona Boa”, parceria com J, Aymberê, retumbante sucesso no carnaval paulistano de 1935. Raul Torres, um dos expoentes máximos da música sertaneja de raiz, a gravou pela Columbia, que lançou o registro em disco sob número 8129-A, matriz 3122. “Iracema” , de Adoniran sozinho, é outro clássico samba seu que os Demônios da Garoa imortalizaram,em gravação Odeon de 11 de janeiro de 1956, lançada em março do mesmo ano, disco 14001-A, matriz 10944. Eles ainda nos brindam justamente com o samba “Malvina”, outro só de Adoniran, sucesso do carnaval de 1952, lançado pelo efêmero selo Elite Special em janeiro desse ano, disco N-1065-A, matriz MIB-1081. E os Demônios ainda interpretam aqui “No Morro da Casa Verde”, em gravação Odeon de 5 de maio de 1959, lançada em junho do mesmo ano, disco 14472-A, matriz 50133, também integrando o LP “Pafunça”. Em seguida, temos uma faceta do Adoniran intérprete, com a marcha-rancho “Os mimoso colibri”, de Hervê Cordovil e Oswaldo Molles, gravação Continental de 27 de julho de 1951, lançada entre outubro e dezembro do mesmo ano, disco 16468-A, matriz 11334, visando por certo o carnaval de 52. “Quem bate sou eu”, samba de Adoniran e Artur Bernardo, é gravação Odeon dos Demônios da Garoa, feita em 5 de julho de1956 e lançada em novembro do mesmo ano, disco 14115-B, matriz 11251. Temos em seguida dois indiscutíveis clássicos do samba, nas gravações originais de Adoniran pela Continental, mas que só foram sucesso mais tarde com os Demônios da Garoa. Primeiro, “O samba do Arnesto”, parceria com Alocin (Nicola ao contrário), que Adoniran gravou em 23 de julho de 1952, mas só saiu em março-abril de 53, disco 16707-A, matriz 11415. “Saudade da maloca”, de Adoniran e mais ninguém, é o título original do clássico “Saudosa maloca”, gravado pelo autor em 27 de julho de 1951 e lançado entre outubro e dezembro do mesmo ano sob número 16468-B, matriz 11335. Ambos os sambas receberam várias regravações, e curiosamente, estes registros originais do autor seriam relançados pela Continental em 1955, sob número 17173,com “Saudosa maloca” no lado A e o “Arnesto” no verso. A seguir, uma rara incursão de Adoniran no gênero caipira ou sertanejo de raiz, o cateretê “Tô com a cara torta”, parceria com Ivo de Freitas. Raul Torres e Florêncio o gravaram na Victor em 19 de setembro de 1945, mas o lançamento só aconteceria em abril de 46, disco 80-0393-B, matriz S-078343. “Um amor que já passou”, samba de Adoniran em parceria com Eratóstenes Frazão, é do segundo disco do cantor Déo, o Columbia 8211-B, lançado em julho de 1936, matriz 3319. Em seguida, voltam os Demônios da Garoa com “Um samba no Bexiga”, de Adoniran sem parceria, gravação Odeon de 4 de abril de 1956, lançada em junho do mesmo ano, disco 14049-B, matriz 11110. Para encerrar, novo exemplo do Adoniran Barbosa apenas intérprete, com o samba “Pra que chorar?”, de Peteleco, lançado em janeiro de 1958 pela RGE sob número 10081-B, matriz RGO-497, por certo visando o carnaval desse ano. Enfim, é o que o GRB tem o prazer de oferecer a vocês, precioso legado deixado por Adoniran Barbosa, cujas músicas eram de fato a cara de São Paulo, e ficarão para sempre em nossa memória!
* Texto de Samuel Machado Filho