E aqui estamos mais uma vez com o meu, o seu, o nosso Grand Record Brazil. Esta semana concluímos a retrospectiva dedicada à cantora, atriz e acordeonista Adelaide Chiozzo, uma verdadeira estrela dos áureos tempos do rádio e dos filmes musicais. Durante os 25 anos em que permaneceu na Rádio Nacional, Adelaide era anunciada de diversas maneiras, conforme o programa: “A Que Tem Simpatia Para Dar e Vender” (César de Alencar), “A Bela e o Seu Acordeão” (Paulo Gracindo) e, aí já incluindo seu marido, o violonista Carlos Matos, “O Casal 20” (Manoel Barcelos). Desta feita, o GRB oferece mais dez preciosas gravações da notável Adelaide. Abrindo a seleção desta semana, a polca “Zé da Banda”, de autoria do acordeonista (e também professor de acordeão) Alencar Terra, em dueto com sua amiga e parceira de cinema Eliana Macedo. Saiu pela Star em maio-junho de 1952, sob número 345-A. Em seguida, o belo baião “Nós três”, de autoria de Garoto, Fafá Lemos e Chiquinho do Acordeão, cujo título, por certo, se refere a eles mesmos. A música surgiu pela primeira vez em disco, em versão apenas instrumental , em julho de 1955, na execução do acordeonista Ribamar. Logo em seguida, Adair Badaró, sem precisar mexer no título, escreve uma letra tendo em vista o nascimento de Creuza Maria, filha única de Adelaide Chiozzo e Carlos Mattos. Outros três… A versão cantada de Adelaide saiu pela Copacabana em outubro-novembro de 1955, sob número 5470-B, matriz M-1252. Temos depois a valsa junina “Casório lá do arraiá”, da conhecida dupla de autores Getúlio Macedo-Lourival Faissal, em que Adelaide é acompanhada por uma bandinha que parece ser a do mestre Altamiro Carrilho, à época (1954) também contratado da Copacabana, que lançou a composição sob n.o 5248-A, matriz M-808. A rancheira “Tempinho bom”, de autoria de outro grande mestre do acordeão, Mário Zan, em parceria com Sereno, é também gravação Copacabana de 1954, lançada pouco antes (disco 5201-B, matriz M-690), e Adelaide também a cantou no filme “O petróleo é nosso”, da Brasil Vita Filmes (em nosso volume anterior, está o lado A, a toada “Meu sabiá”, incluída no mesmo filme). Neste registro, o acompanhamento orquestral é de Alexandre Gnattali, irmão de Radamés. O baião junino “Vai comendo, Raimundo…”, nossa faixa seguinte, também de 54, vem a ser o lado B de “Casório lá do arraiá”, matriz M-809, e foi composto por Petrus Paulus e Ismael Augusto. Adelaide e Eliana voltam a se encontrar em nossa sexta faixa, “Vapô de Carangola”, um coco muito animado, de autoria de dois grandes expoentes da MPB, ambos pernambucanos, Manezinho Araújo, “O Rei da Embolada”, e Fernando Lobo, jornalista e produtor, pai do compositor-cantor Edu Lobo. É o lado B do disco de “Zé da Banda”, o Star 345, lançado em maio-junho de 1952. A rancheira “Tempo de criança”, de João de Souza e Ely Turquine, é o lado B do primeiríssimo disco de Adelaide Chiozzo, o Star 192,lançado em janeiro de 1950, e do qual já apresentamos o lado A, o clássico “Pedalando”. A rancheira foi também apresentada por Adelaide no filme “E o mundo se diverte”, da Atlântida”, onde sua amiga e parceira Eliana Macedo (antes uma professora primária em Itaocara, interior fluminense, descoberta por seu tio, Watson Macedo, durante uma visita à cidade) também fez sua estreia no cinema, como atriz. O baião “É noite, morena” é dos irmãos Hervê e Renê Cordovil, lançado pela Star em julho-agosto de 1952, sob número 367-A. Temos depois um outro baião, este junino, “Papel fino”, de autoria de Mirabeau, Cid Ney e Don Madrid, que a Copacabana leva para as lojas em 1956, disco 5590-A, matriz M-1544. Encerrando esta seleção, a valsa “Meu papai”, outra composição de Getúlio Macedo e Lourival Faissal, feita, como indica o título, para o Dia dos Pais, data que começou a ser comemorada entre nós em 1953, no Rio de Janeiro, e dois anos mais tarde em São Paulo. Cantada por Adelaide junto com o coro do programa “Clube do Guri”, então transmitido pela Rádio Tamoio do Rio de Janeiro, saiu pela Copacabana em 1956, sob número 5640-A, matriz M-1648. Portanto, aí está, para deleite de todos os que apreciam o que é bom e fica para sempre, a segunda e última parte do retrospecto dedicado pelo nosso GRB à notável Adelaide Chiozzo, estrela que deixou sua marca indelével na música e no cinema do Brasil.
* Texto de Samuel Machado Filho