Maria Creuza Silva Lima. Este é o nome de batismo da cantora de quem o Toque Musical oferece hoje, aos seus amigos cultos, ocultos e associados, o álbum por ela gravado na RCA em 1981, “Sedução”. Maria Creuza veio ao mundo na cidade de Esplanada, na Bahia, no dia 26 de fevereiro de 1944. Aos dois anos de idade mudou-se com a família para Salvador. Quando cursava o ginásio, no Colégio Ipiranga, passou a se interessar por música, nas aulas de canto orfeônico. Ainda na adolescência, destacou-se como “crooner” do grupo Les Girls, o que lhe valeu convites para apresentações em emissoras de rádio. Por quatro anos, apresentou na TV Itapoan (hoje Record Bahia) o programa “Encontro com Maria Creuza”, e começou em disco gravando músicas em inglês, contratada por uma gravadora local. Em 1965, conhece o compositor Antônio Carlos Pinto, da dupla Antônio Carlos e Jocafi,ainda iniciante como ela, com quem se casaria três anos mais tarde. Em 1966, participou do festival O Brasil Canta, da TV Excelsior, defendendo uma composição de Antônio Carlos Pinto, “Se não houvesse Maria”, incluída um ano depois em seu primeiro LP, “Apolo 11”. Em 1967, no festival de MPB da Record, defendeu outra composição do futuro cônjuge, “Festa no terreiro de Alaketu”. Em fins de 1969, através do compositor Chico ‘Fim-de-Noite” Feitosa, conheceu o Poetinha Vinícius de Moraes, com quem, um ano mais tarde, a convite dele, fez um show do qual também participou Dori Caymmi, em Punta Del Este, no Uruguai, gravado ao vivo e que marcou o início de uma feliz parceria com Vinícius. Sua discografia inclui quase 30 álbuns (em português e espanhol), entre LPs e CDs, e vários compactos, nela se destacando títulos como “Yo… Maria Creuza” (1972, considerado seu melhor trabalho em disco), “Eu disse adeus” (1973), “Sessão nostalgia” (1974), “Maria Creuza e os grandes mestres do samba”, “Meia-noite” (1977),“Poético” (homenagem a Vinícius de Moraes, 1982), “Todo sentimento” (2003) e “É melhor ser alegre que ser triste” (outra homenagem ao Poetinha, 2007). Entre seus sucessos destacam-se “Maria vai com as outras”, “Desmazelo”, “Diacho de dor”, “Patota de Ipanema”, “Chega pra lá”, “Dom de iludir” e “Feijãozinho com torresmo”. Seu respeitável currículo inclui shows dentro e fora do Brasil, e a cantora continua em franca atividade, alternando concertos no Vinícius Bar, do Rio de Janeiro, e apresentações pela Europa.
Este “Sedução”, de 1981, é dedicado por Maria Creuza a seus filhos e,por tabela, à família, e também à presença em seu coração do Poetinha Vinícius de Moraes, morto no ano anterior. Com produção de Dori Caymmi e Raymundo Bittencourt (que também assinam os arranjos,ao lado de Lincoln Olivetti e João Luiz Avelar),tem um repertório romântico de bom gosto, como de hábito nos trabalhos da cantora. Regravações de “Me deixa em paz” (Monsueto), “Frenesi”, “A felicidade”, “Alumbramento”, “Caminhos cruzados” e “Dejame ir”, alternam-se com outras páginas então inéditas em disco, inclusive uma composição da própria Maria Creuza, em parceria com Zé do Maranhão, “Regras de um jogo”. Curiosamente, no coro, está nada mais nada menos do que Jane Duboc! Enfim, um trabalho impecável e imperdível da notável Maria Creuza, que o TM hoje nos oferece.
me deixa em paz
tordesilhas
deixe
dejame ir
caminhos cruzados
frenesi
alumbramento
regras de um jogo
assovio
a felicidade
Texto de SAMUEL MACHADO FILHO.