O Grand Record Brazil, em sua edição de número 121, apresenta a segunda parte de sua retrospectiva dedicada aos Quatro Ases e um Coringa, grupo vocal e instrumental cearense que, de fato, deu as cartas durante sua carreira, tanto no rádio quanto no disco.
São mais catorze gravações históricas e indispensáveis para quem estuda , pesquisa e cultua a música popular brasileira dessa época, feitas pelo grupo cearense na Odeon e na RCA Victor. Abrindo esta seleção, o samba “Meu bairro canta”, de Waldemar Ressurreição, gravado na RCA Victor em 14 de abril de 1950 e lançado em julho do mesmo ano com o número 80-0663-B, matriz S-092658. A faixa seguinte é o clássico baião “Paraíba”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, lançado pouco antes por Emilinha Borba e regravado pelos Quatro Ases e um Coringa na marca do cachorrinho Nipper em 10 de agosto de 1950, com lançamento em outubro seguinte sob número 80-0698-B, matriz S-092732. Temos depois outro clássico, o samba “No Ceará é assim”, de Carlos Barroso, gravação Odeon de 14 de maio de 1942, lançada em agosto do mesmo ano, disco 12183-B, matriz 6565. O divertido samba “Coisas do carnaval”, de Ary Barroso (história de alguém que se apaixona por uma bela mulher e no fim… ) é gravação de 3 de março de 1942, que a “marca do templo” lança em abril seguinte com o número 12137-B, matriz 6909. Outro clássico que temos em seguida é a marchinha “Trem de ferro”, composta pelo cearense (e conterrâneo do grupo) Lauro Maia (1912-1950)e imortalizada na mesma Odeon em 3 de agosto de 1943 e lançado em setembro seguinte sob número 12355-A, matriz 7350. Foi regravada inclusive por João Gilberto, em seu terceiro LP, de 1961. Lauro Maia aqui comparece também com o batuque “Eu vi um leão”, sucesso inclusive na Argentina, onde os Quatro Ases e um Coringa se apresentaram durante uma excursão pelos países da região do Rio Prata. Foi por eles imortalizado na “marca do templo” em 16 de abril de 1942, e lançado em junho seguinte sob número 12160-A, matriz 6943. Voltando à RCA Victor, temos o samba “O dinheiro que ganho”, de Assis Valente, gravação de14 de abril de 1951, lançada em julho do mesmo ano, disco 80-0791-B, matriz S-092954. Traduz muito bem as dificuldades financeiras por que passava Assis, que o levariam ao suicidio, em 1958 (ele bebeu uma mistura de guaraná com formicida), depois de várias tentativas. “Garota dos discos”, de Wilson Batista e Afonso Teixeira, gravação de primeiro de julho de 1952 e lançado em setembro do mesmo ano, disco 80-0975-B, matriz SB-093343. A garota em questão trabalhava, logicamente, em uma loja de discos, tipo de estabelecimento comercial que praticamente perdeu força com o advento da internet e posterior surgimento de portais de aquisição de músicas, como o iTunes (hoje existem pouquíssimas lojas de discos no Brasil). A “Marcha do caracol”, de Peterpan e Afonso Teixeira, que os Quatro Ases e um Coringa também interpretaram no filme “Aviso aos navegantes”, da Atlântida, foi merecido sucesso no carnaval de 1951, mostrando que o problema da falta de moradia nas grandes cidades brasileiras vem de muito tempo. Gravação RCA Victor de 4 de outubro de 1950, lançada ainda em dezembro sob número 80-0728-A, matriz S-092771. O samba “Maria Luiza”, de Pedro Caetano e Hélio Ribeiro, foi gravado na Odeon pelo conjunto cearense em 13 de abril de 1945, e lançado em junho do mesmo ano, disco 12585-A, matriz 7800. Em seguida temos o lado A do disco de estreia oficial dos Quatro Ases e um Coringa, o Odeon 12066, gravado em 23 de setembro de 1941 e lançado em novembro do mesmo ano, matriz 6794: é a marchinha “Os dois errados”, de Estanislau Silva, Álvaro Nunes e Nélson Trigueiro. O samba “Rendeira”, outra composição de Carlos Barroso,é gravação Odeon de 14 de maio de 1942, lançada em outubro seguinte sob número 12204-B, matriz 6967. Evenor Pontes (líder e fundador do grupo) e Luiz Assunção assinam a rancheira “Sá Mariquinha”, gravado na “marca do templo” em 18 de abril de 1947 e lançado em julho do mesmo ano, disco 12784-A, matriz 8212. Encerrando esta seleção, temos o clássico “Baião de dois”, outro grande produto da parceria Luiz Gonzaga-Humberto Teixeira lançado por Emilinha Borba, em 1950, e que os Quatro Ases e um Coringa regravariam na RCA Victor logo em seguida, no lado A de “Paraíba”, matriz S-092731. Sem dúvida, uma merecida homenagem aos Quatro Ases e um Coringa, verdadeiro tributo ao legado de um dos mais expressivos conjuntos vocais e instrumentais que a música popular brasileira já teve!
*Texto de SAMUEL MACHADO FILHO.