Devaneio, como definem os dicionários,é o estado de espírito de quem se deixa levar por lembranças, sonhos e imagens. Como as dos filmes inesquecíveis a que se assistiu no cinema, na televisão, no home video ou até mesmo aqui na web, por sistemas tipo Netflix. Evidentemente, estamos falando de películas mais antigas, de cunho romântico, sentimental, musical, que às vezes fazem até chorarmos de emoção. E “Devaneio” vem justamente a ser o título do álbum que o Toque Musical oferece hoje a seus amigos cultos, ocultos e associados. Lançado em 1958 pela Todamérica, espécie de coligada da Continental, mais tarde desvinculada da mesma, o disco apresenta temas de filmes norte-americanos de grande sucesso a seu tempo,com execução a cargo de orquestra de cordas, sob a direção e com arranjos do recifense Guio de Morais (Guiomarino Rubens Duarte),também pianista, compositor (“No Ceará não tem disso não”, “Pau-de-arara”, etc.) e até mesmo cantor. Não se sabe ao certo a data de seu nascimento, algumas fontes grafam 30 de junho de 1916, e outras, o dia 20 de agosto de 1920. Antes de ir para o chamado Sul do Brasil, foi diretor artístico de várias rádios nordestinas, tendo organizado em Belo Horizonte sua primeira orquestra, Guio de Morais e seus Parentes, que acompanhou em gravações inúmeros cantores de seu tempo. Já no Rio de Janeiro, nos primeiros anos da década de 1950, foi diretor artístico da Boate Beguin, ocupando esta mesma função bem mais tarde, na TV Globo. Foi tudo que pude apurar a seu respeito, e não encontrei nem mesmo referências quanto a seu possível falecimento (informações para o TM a esse respeito serão bem vindas). A seleção deste disco irá enlouquecer os fãs de música de cinema, apresentando temas de grandes filmes de Hollywood, com destaque para “Love is a many splendored thing” (do filme de mesmo nome, rebatizado no Brasil como “Suplício de uma saudade”), “An affair to remember” (de “Tarde demais para esquecer”, também com o mesmo título no original), “Around the world’ (de “A volta ao mundo em oitenta dias”), Love letters in the sand” (interpretado por Pat Boone em “Bernardine”, no Brasil, “O sonho que vivi”) e o sempre lembrado fox natalino “White Christmas”, criação de Bing Crosby, lançado em 1942 no filme “Holiday Inn” (no Brasil, “Duas semanas de prazer”) e revivido pelo cantor em 1954, em outra produção cinematográfica com o mesmo título (evidentemente rebatizada aqui como “Natal branco”). “Um convite ao encantamento, ao sonho e ao devaneio”, como escreveu na contracapa o jornalista Mister Eco, mais tarde jurado de televisão. Ouça, sonhe e delicie-se…
to love you
dancing in the dark
friendly persuasion
the mountain
if you can dream
written on the wind
love is a many splendored thing
around the world
the lonely man
an affair to remember
love letters in the sand
white christmas
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* Texto de Samuel Machado Filho