Estamos de volta com o Grand Record Brazil, em sua edição de número 99, apresentando a segunda e última parte da retrospectiva que dedicamos ao “rei do ritmo”, Jackson do Pandeiro. Aqui encontraremos mais 14 gravações históricas deste que foi sem dúvida um dos mais expressivos intérpretes da música regional nordestina. Abrindo a seleção desta semana, temos “O desordeiro”, samba de autoria de Maruim (Ricardo Lima Tavares), lançado pela Philips em junho de 1962 com o número P61135H-B, sendo também faixa de abertura do LP “A alegria da casa!”. Em seguida, as músicas do 78 de estreia de Jackson na Philips, número P61021H, lançado em julho de 1960, ambas composições suas: o baião “Os cabelos de Maria”, que fez com Rosil Cavalcanti (lado B), e o rojão (tipo mais acelerado de baião) “O povo falou”, parceria com Elias Soares (lado A), ambas também incluídas no compacto duplo de 45 rpm “O sucesso do momento”. Da safra de Jackson do Pandeiro na Columbia são as faixas seguintes, ambas lançadas por volta de maio de 1959 sob número CB-11146: no lado A, o chamego ‘Forró na gafieira”, de Rosil Cavalcanti, matriz CBO-2025, e no verso, matriz CBO-2027, o baião “Cantiga do sapo”, do próprio Jackson em parceria com o misterioso Buco do Pandeiro. Ambas as músicas também integraram o primeiro LP do “rei do ritmo” na Columbia, sem título (LPCB-37056), e que abre justamente com “Forró na gafieira”. Depois temos um autêntico clássico: o batuque “O canto da ema”, de João do Valle, Ayres Viana e Alventino Cavalcanti, lançado pela Copacabana em 1956 com o número 5661-B, matriz M-1678, regravado inclusive por Gilberto Gil. E, na faixa seguinte, você tem o lado A, “Coco social”, de Rosil Cavalcanti (crônica interessante a respeito da aceitação dos ritmos nordestinos na chamada alta sociedade, citando até mesmo Jacinto de Thormes, colunista social muito lido na época), matriz M-1677, ambas também incluídas no LP de 10 polegadas “Os donos do ritmo” (isto é, Jackson do Pandeiro e Almira Castilho), que abre com “O canto da ema”. O rojão “Ele disse”, de Edgar Ferreira, é uma homenagem ao ex-presidente Getúlio Vargas, e foi lançado pela Copacabana em 1956, dois anos após o trágico suicídio do chefe da Nação, sob número 5579-A, matriz M-1503. A música cita inclusive uma frase da carta-testamento de Getúlio: “O povo de quem fui escravo jamais será escravo de ninguém”. Do Copacabana 5553, também de 1956, são as faixas seguintes, o coco “Falso toureiro”, do próprio Jackson com Heleno Clemente (lado B, matriz M-1415), e o baião “Rosa”, de Ruy de Moraes e Silva (lado A, matriz M-1416). Ambas as faixas, mais “Ele disse”, saíram também no LP de 10 polegadas “Forró do Jackson”, sendo “Falso toureiro” a faixa de abertura do mesmo. Nesse vinil também está nossa próxima faixa, “Coco do Norte”, composição de Rosil Cavalcanti lançada em agosto-setembro de 1955 no 78 número 5444-B, matriz M-1168. Depois temos as faixas do primeiríssimo disco de Jackson, o Copacabana 5155, lançado em outubro-novembro de 1953, ambas clássicos inesquecíveis: o rojão “Forró em Limoeiro”, de Edgar Ferreira, matriz M-578, e o divertido coco “Sebastiana”, de Rosil Cavalcanti, matriz M-579. E, encerrando com chave de ouro, e aproveitando o atual clima de Copa do Mundo, o rojão “Um a um”, de Edgar Ferreira, lançado em 1954 com o número 5234-A, matriz M-750, curiosamente às vésperas de uma outra Copa, que aconteceu na Suécia, e na qual o Brasil foi eliminado pelo então supertime da Hungria (apesar disso, os húngaros acabaram perdendo o título para a antiga Alemanha Ocidental). Enfim, uma impecável seleção com momentos inesquecíveis do legado de Jackson do Pandeiro, para colecionadores e apreciadores da melhor música nordestina e brasileira. Até a próxima, pessoal!
* Texto de Samuel Machado Filho