Olá amiguíssimos cultos e ocultos! Como já deu para perceber, nos últimos dias nós não tivemos postagens. O tempo anda curto para mim. Deixa esse abril passar, logo estarei mais presente. Disco é o que não falta 😉
Para manter acesa a chama, vai aqui um disquinho que deveria ter sido postado na Semana Santa, por ser um tipo de música mais apropriado para o momento, calma e tranquila. Mas eu realmente não achei um tempinho, por isso vai hoje e agora, nesses cinco minutinhos que me restam de folga.
Segue aqui um álbum do excelente selo Kuarup. Um disco realmente de primeira, trazendo “Os Choros de Câmara”, de Villa-Lobos em sua primeira gravação completa. Este álbum foi gravado em 1977, segundo consta na contracapa. Foi produzido originalmente para ser um brinde do Banco do Brasil no exterior, depois, mais tarde viria a ser lançado pela Kuarup.
Segundo nos contam os pesquisadores da música no Brasil, o Choro era um gênero de música instrumental urbano já bem popular, no fim do século XIX. Heitor Villa-Lobos em seus estudos musicais, ainda na infância, já mantinha contato com este tipo de música, contrariando, de uma certa forma, o rigor e formalidade da música chamada “erudita”, ou ainda, aquela na qual a sua classe social estava inserida. Villa-Lobos teve assim a oportunidade de vivenciar a música popular e dela absorver elementos fundamentais que o transformaria num dos nomes mais importante da música brasileira. Complementando um pouco mais, segue aqui um trecho de um artigo sobre Estilos Populares na Música de Câmara Brasileira, publicado no site Portal do Fagote, assinado por Janet Grice: A palavra choro significa, literalmente, chorar, e os intérpretes de choro são chamados “Chorões”. No entanto, a palavra se aplica às peças mais lentas e sentimentais, os choros-canções, mas muitas peças assim denominadas são rápidas e muito sincopadas, mais semelhantes a um samba do que a uma serenata. Em algumas fontes, pode-se encontrar que a origem da palavra “choro” derivaria de uma forma de música e dança africana chamada xolo, termo que, posteriormente, teria passado a ser escrito choro. Um conjunto tradicional de choro pode incluir instrumentos solistas de sopro, como a flauta, clarineta ou saxofone, acompanhados de violão ou outro instrumento de corda como o bandolim e o cavaquinho e o pandeiro. O termo “choro” também se refere ao repertório musical executado por esses conjuntos: danças e serenatas de origem européia que foram tocadas em festividades populares. Num choro, a linha do baixo é improvisada como um contraponto à melodia, que sofre variações a cada repetição. A improvisação típica toma a forma de variações melódicas e da criação de contrapontos entre os instrumentos do conjunto, ao contrário do jazz, onde existe a modificação da estrutura harmônica. A forma de um choro típico é uma estrutura simples de rondó consistindo em três seções de 16 compassos em tonalidades distintas, mas relacionadas. A estrutura harmônica é similar à da modinha, uma antiga canção portuguesa popular no Brasil desde a época colonial. Fagotistas familiarizados com as 16 Valsas para Fagote Solo de Francisco Mignone conhecem as melodias sentimentais e obsedantes que ele escreveu baseado em elementos da valsa, da modinha e do choro. Como Mignone, tanto Villa-Lobos como Lorenzo Fernandez captaram a essência do choro sem aderir à forma tradicional. No século XX, o choro se transformou num estilo de música e dança bem-comportado e popular, relacionado intimamente com as danças tipicamente urbanas, como o maxixe e o samba. Forma primitiva do samba, o maxixe era incrivelmente popular como uma dança e uma forma de canção no final do século XIX. Tendo recebido esse nome pela maneira de dançar a polca arrastando os pés e remexendo os quadris, tratava-se de uma dança vigorosa em compasso 2/4 que incorporava elementos africanos, hispano-americanos e europeus.
Heitor Villa-Lobos – Os Choros De Câmara (1977)
Ao que tudo indica, este disco (CD) pode ainda ser encontrado com facilidade em diversas lojas físicas ou virtuais.
choros n. 1
choros n. 2
choros n. 3 (picapau)
choros n. 4
choros n. 5 (alma brasileira)
choros n. 2 (primeira gravação da versão para piano)
choros n. 7 (settimino)
dois choros (bis)
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