E aí vai para todos os nossos amigos cultos, ocultos e associados, mais uma edição do Grand Record Brasil, a de número 97, apresentando a segunda e última parte da retrospectiva dedicada ao compositor Buci Moreira (1909-1982), oferecendo mais dez gravações históricas com suas músicas. Abrimos esta segunda parte com Carlos Galhardo, interpretando o samba “Loucura”, parceria de Buci com Oswaldo Lira e A. F. Conceição, gravado na RCA Victor em 17 de outubro de 1955 e lançado em janeiro de 56, destinando-se evidentemente ao carnaval, sob n.o 80-1539-B, matriz BE5VB-0896. “O cantor que dispensa adjetivos” também está na faixa 8, “Adoro o samba”, em que Buci Moreira tem como parceiro (aliás, um de seus mais constantes) Arnô Canegal, gravação Victor de 26 de agosto de 1941, lançada em novembro do mesmo ano sob n.o 34830-B, matriz S-052344. Prosseguindo, na faixa 2, temos o grande flautista Benedito Lacerda, à frente de seu grupo Gente do Morro, e também cantando, no samba “Preto d’alma branca”, só de Buci Moreira, que mostra a banalidade do preconceito racial. Foi lançado pela Brunswick (marca americana de curta duração no Brasil) em janeiro de 1931, por certo também visando o carnaval, com o n.o 10128-A, matriz 528. Em seguida vem o misterioso H. G. Americano, intérprete de curta carreira fonográfica (apenas seis discos com dez gravações, em 1929/30), com o samba “Mulher soberba”, em que Buci tem como parceiro Oswaldo Santiago, lançado pela Odeon em agosto de 1930 com o n.o 10657-B. Depois, Francisco Alves nos traz outro samba, “Em uma linda tarde”, parceria de Buci Moreira com Nasinho (apelido de Norival Reis), gravação Victor de 16 de abril de 1935, lançada em julho seguinte com o n.o 33946-A, matriz 79877, com acompanhamento da orquestra Diabos do Céu, do mestre Pixinguinha. O gaúcho Alcides Gerardi vem com “Protesto”, samba em que Buci tem como parceiro Felisberto Martins, então diretor artístico da Odeon, onde o cantor o gravou em 9 de junho de 1952, com lançamento em setembro do mesmo ano, disco 13318-B, matriz 9332. Henricão (Henrique Felipe da Costa, 1908-1984), também compositor de renome, aqui comparece com o samba “Pra que tanto ciúme?”, de Buci Moreira em parceria com Lacy Martins (irmão de Herivelto), gravado na mesma Odeon em 10 de dezembro de 1937 e lançado em janeiro de 38, com vistas ao carnaval, disco 11565-A, matriz 5731. Pioneiro da música country no Brasil, Bob Nélson (Nélson Roberto Perez, Campinas, SP, 1918-Rio de Janeiro, 2009), devidamente acompanhado de seus “rancheiros” (entre eles nada mais nada menos que Luiz Gonzaga à sanfona), apresenta a marchinha “Companheiro de caçada”, em que o parceiro de Buci Moreira é o ator Macedo Neto, que atuou no rádio e na televisão e foi inclusive marido de Dolores Duran. Foi gravada na RCA Victor em 26 de outubro de 1949, e lançada em janeiro de 50 (para o carnaval, claro) sob n.o 80-0634-A, matriz S-078961. O eterno “metralha do gogó de ouro”, Nélson Gonçalves (1919-1998) nos traz o samba “Perfeitamente”, do trio Buci Moreira-Arnô Canegal-Carlos de Souza, gravação Victor de 7 de abril de 1943, lançada em junho seguinte sob n.o 80-0086-B, matriz S-052749. Tem versos algo confusos, mas merece ser ouvido. E, para encerrar com chave de ouro, volta Francisco Alves, agora junto com o Trio de Ouro em sua primeira formação (Dalva de Oliveira, Herivelto Martins e Nilo Chagas), com o samba “Não é assim que se procede”, do quarteto Bucy Moreira-Arnô Canegal-Raul Marques-Henrique de Almeida, do carnaval de 1945, gravação Odeon de 13 de dezembro de 44 lançada bem em cima da folia, em fevereiro, disco 12550-B, matriz 7735. O próprio Herivelto comanda o acompanhamento, a cargo de sua escola de samba, e no final da gravação comete um erro crasso dizendo “Não é assim que se PORCEDE”! Isso, porém, é apenas é um detalhe. E assim apresentamos a segunda e última parte da retrospectiva do GRB dedicada a Buci Moreira. Até a próxima e muito obrigado pela atenção e carinho!
*Texto de Samuel Machado Filho