Olá amigos cultos e ocultos! Como já deu para perceber, nos últimos dias eu não postei nada. Depois do Natal me deu uma preguiça daquelas. Aliás, vou ser sincero, ando meio cansado de tudo isso aqui. As postagens diárias já não me despertam interesse. Embora eu tenha aqui uma infinidade de discos ainda para apresentar, ando meio desanimado. Deve ser o ano que vai chegando ao fim, assim como a minha energia. Sinceramente, os dias já não são mais os mesmos e essa onda de blog musical está ficando aborrecida e obsoleta. Parece que poucos são aqueles ainda interessados em música editada. Discos, naturalmente. Como os livros. Só mesmo os apaixonados… Tô meio cansado.
Eis aqui um álbum o qual eu há tempos venho querendo postar, bem antes de seu relançamento, em 2010, na versão digital. “Massafeira Livre” é um daqueles álbuns que todo bom amante-colecionador de MPB em discos tem que ter. Eu entendo que existem músicas, projetos e até mesmo artistas/bandas que foram feitos para existirem no mundo fonográfico, coisa de uma época que parece já não mais existir. “Massafeira” me passa essa ideia de uma verdadeira produção fonográfica. Talvez pela sua variedade e riqueza musical, felizmente apresentada em dois discos, um álbum duplo. “Massafeira Livre”, em disco, é uma produção de Ednardo. Uma síntese do que ocorreu no histórico evento cultural, em março de 1979. Ctrl+C, Ctrl V:
Durante quatro dias de março de 79, o Teatro José de Alencar foi envolvido por uma magia que despertou os habitantes da pacata cidade de Fortaleza. Artistas das mais variadas formas de expressão cultural se juntaram numa grande festa de interação. Um projeto comunitário de manifestações artísticas tomou corpo, vida, brilho próprio e registrou a energia criadora da sensibilidade humana numa feira livre de artes. Englobando música, cinema, teatro, literatura, dança, pintura, escultura, fotografia, artesanato, cultura popular, usos e costumes da terra, a massa, em massa, digeriu esse acontecimento como força atuante, geradora de impulso. E Fortaleza foi seduzida por esse movimento, por essa explosão de anos. E aconteceu a MassaFeira Livre.
Em julho de 79, mais de cem pessoas, entre músicos, instrumentistas, cantores e compositores cearenses foram levados ao Rio de Janeiro, para a gravação do álbum duplo Massafeira Livre. Uma verdadeira algazarra ocorria nos estúdios da CBS. Um fato inédito estava sendo prensado por aquela gravadora: a feira livre de manifestação artística, liderada pela música, que ocorreu na cidade de Fortaleza-Ce., nos dias 15, 16, 17, 18 de março / 79. A feira livre em massa. Quinze meses passaram e “por razões de força maior” * o álbum ficou retido nas gavetas da CBS. As razões não foram esclarecidas, cresciam as expectativas em torno deste lançamento, os artistas presentes no disco reivindicavam o acordo feito com a gravadora.
Ednardo, como produtor do álbum, como artista e como cabeça pensante que iniciou o projeto Massafeira, veio ao Rio; realizaram-se as conversações e o disco Massafeira Livre foi finalmente anistiado. De volta a Fortaleza, e aproveitando o lançamento de seu lp “Imã”, Ednardo impulsiona a II Massafeira, outra grande festa comunitária artística, que aconteceu de 16 à 19 de outubro de 1980, onde o álbum duplo é finalmente lançado.
Massafeira Livre (1980)
aurora – ednardo e belchior
como as primeira chuvas do caju – angela linhares
pé de espinho – rogério e regis
vira vento – vicente lopes
aviso aos navegantes – lucio ricardo
o que foi que você viu – chico pio
brejo – regis
atalaia – ferreirinha
frio da serra – lopes, ednardo e fagner
isopor – wagner costa
buenos aires (citroen) – sergio pinheiro
senhor doutor – patativa do assaré
o sol é que é quente – ednardo e aninha
em cada tela uma história – lucio ricardo
cor de sonho – mona gadelha
vento rei – cale
rei – teti e tania
jardim do olhar – coro massafeira
o sol acordou – ednardo
estradeiro – rogerio
pelos cantos – graco
não haverá mais um dia – pachelli jamacaru
último raio de sol – ednardo e teti
reizado – ednardo
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