O GRB apresenta esta semana a segunda parte da retrospectiva dedicada ao compositor Wilson Batista (1913-1968). Desta feita, apresentamos mais 15 gravações preciosas, com alguns dos seus maiores cartazes da época. Para começar, o delicioso samba “Teu riso tem”, parceria de Wilson Batista com Roberto Martins, do carnaval de 1938. Sílvio Caldas, o “caboclinho querido”, fez a gravação na Odeon, em 8 de junho de 37, com lançamento bem em cima da folia, em fevereiro, com o n.o 11574-B, matriz 5596. Sílvio também está presente neste volume em outras três gravações. “Olho nela” (faixa 5), samba da parceria Wilson Batista-Germano Augusto, agora para o carnaval de 1941, em gravação Victor de 26 de dezembro de 40, também lançada bem em cima da folia, em fevereiro, com o n.o 34716-A, matriz 52095. “Lenço no pescoço” (faixa 9) é o samba que iniciou a famosa “polêmica musical” com Noel Rosa, e Sílvio gravou-o na Victor em 18 de julho de 1933, com lançamento em outubro do mesmo ano sob n.o 33712-B, matriz 65805. No acompanhamento os Diabos do Céu, curiosamente dirigidos não por Pixinguinha, mas pelo bandolinista João Martins. Noel , como se sabe, contestaria Wilson com “Rapaz folgado” (“Deixa de arrastar o teu tamanco/ porque tamanco nunca foi sandália”…), só gravado um ano depois da morte do Poeta da Vila, em 1938, por Aracy de Almeida. “Eu vivo sem destino” (faixa 10), é um samba de Wilson em parceria com Oswaldo Santiago e o próprio Sílvio Caldas, que o gravou também na Victor em 17 de janeiro de 1933, com lançamento em agosto do mesmo ano sob n.o 33690-A, matriz 65649. E desta vez Pixinguinha acompanha Silvio com seu Grupo da Guarda Velha. Conhecido como “o ditador de sucessos”, Déo (Ferjallah Rizkallah, 1914-1971) aqui comparece com sete faixas. “Será” (faixa 2) é um samba da parceria Ataulfo Alves-Wilson Batista, gravado na Odeon em 10 de maio de 1939 com lançamento em novembro do mesmo ano, disco 11786-B, matriz 6085. O lado A, que está na faixa 11, é outro samba, agora de Wilson Batista com Claudionor Cruz, “Ela é…”, matriz 6086. Em seguida, outras quatro faixas gravadas por Déo na Columbia, futura Continental, todas de Wilson Batista sem parceiro. Do disco 8327, lançado em novembro de 1937, estão os dois lados, ambos sambas : “Perdi meu carinho” (faixa 4, matriz 3586) e “Meu último cigarro” (faixa 8, matriz 3586). Na mesma ocasião, saiu o disco 8326, do qual os dois lados também aqui estão: o samba “Canta” (faixa 13, matriz 3587) e o samba-canção “Cansei de chorar” (faixa 14, matriz 3588). E, da fase de Déo na Odeon, é a sétima faixa, “Não sei dar adeus” outro samba da parceria de Wilson Batista com Ataulfo Alves, gravado em 5 de maio de 1939 e lançado em julho do mesmo ano com o n.o 11736-A, matriz 6077. Presente em nosso volume anterior com “Vinte e cinco anos”, Newton Teixeira está de volta com dois sambas que gravou na Odeon. “N-A-O-til, não” (faixa 6) é da parceria Wilson Batista-Marino Pinto, gravado em 31 de maio de 1941 e lançado em julho do mesmo ano, disco 12013-A, matriz 6677. “A voz do sangue” (décima-quinta e última faixa deste volume) é uma parceria de Wilson Batista com Walfrido Silva, em gravação de 17 de outubro de 1941, lançada em dezembro seguinte com o n.o 12081-B, matriz 6810, por certo destinada ao carnaval de 42. O Bando da Lua, grupo liderado por Aloysio de Oliveira, que marcou época na MPB com suas vocalizações inovadoras, está aqui presente com o samba “Raiando” (faixa 3), parceria de Wilson Batista com Murilo Caldas, irmão de Sílvio, gravado na Victor em 29 de abril de 1935 e lançado em julho do mesmo ano, disco 33952-A, matriz 79894. Por fim temos outro antológico grupo vocal, os Anjos do Inferno, interpretando na faixa 12 a deliciosa marchinha “Cowboy do amor”, do carnaval de 1941, outro bem-sucedido produto da parceria Wilson Batista-Roberto Martins. Gravação Columbia de 7 de novembro de 1940, lançada ainda em dezembro com o n.o 55249-B, matriz 333, sendo que os Anjos do Inferno também a interpretaram no filme “Céu azul”, da Sonofilms. De certa forma, é precursora de um gênero que seria lançado mais tarde por Bob Nélson, o da chamada “música do velho Oeste”, nitidamente influenciado por astros do cinema americano, como Roy Rogers e Gene Autry. Na próxima semana, encerraremos esta retrospectiva sobre Wilson Batista. Até lá!
Texto de SAMUEL MACHADO FILHO