Carmen Costa & Henricão – Seleção 78 RPM do Toque Musical – Vol. 75 (2013)

Em sua edição de número 75, o Grand Record Brazil apresenta a segunda parte da retrospectiva dedicada à grande cantora Cármen Costa (1920-2007). Agora, apresentamos aqui sete gravações que ela fez com o cantor e compositor Henricão, pessoa importantíssima em sua carreira, e cuja história de vida conheceremos agora. Henrique Felipe da Costa nasceu em Itapira, interior de São Paulo, no dia 11 de janeiro de 1908, e, por conta da alta estatura (quase dois metros!), ganhou o apelido de Henricão. Em certa época, ganhava a vida como motorista de uma “socialite” que morava na Rua Augusta, e considerava sua a família da própria patroa, que muito o admirava. Cantou em circos, parques de diversões, rádios e festas populares do Nordeste, sozinho ou em dupla com algumas parceiras, a mais famosa, evidentemente, Cármen Costa, que obteve muito mais êxito de público e mídia do que ele, seu lançador. Além das adaptações de “Cielito lindo’ (“Está chegando a hora”) e “Caminito” (“Carmilito”), Henricão assina composições juntamente com Rubens Campos (o parceiro mais constante), Bucy Moreira, Caco Velho e Príncipe Pretinho, entre outros.  Entre suas várias parceiras de cantorias, antecessoras de Cármen Costa, destacam-se a paulistana Risoleta – que faria sucesso no teatro de revista, só e desacompanhada – e a carioca Sarita. Embora tenha composto inúmeras músicas de sucesso , tais como “Só vendo que beleza”, e sua sequência “Casinha da Marambaia” (até hoje muitos pensam que é esse o título da primeira música) e mesmo famoso, Henricão sempre enfrentou dificuldades financeiras, passando fome, mas era constantemente ajudado por amigos,  e levava a vida sempre com otimismo e esperança.  Trabalhou também como ator de cinema, em filmes como “Sinhá moça” (1953), “A estrada” (1956), “Uma certa Lucrécia” (1957), “Cidade ameaçada” (1960), “O puritano da Rua Augusta” (1965),  “Betão Ronca Ferro” (1970) e “Jeca e seu filho preto” (1978), os três últimos produzidos e estrelados pelo eterno jeca, Mazzaropi, com quem também contracenou em “O gato de madame” (1956). Na televisão, atuou na novela “Os imigrantes”  (1981), maior sucesso da Rede Bandeirantes no gênero, e na minissérie “O tronco do ipê” (1982), da TV Cultura de São Paulo, Já tinha feito também alguns episódios do “Vigilante rodoviário” (1961-62), primeiro seriado de TV produzido no Brasil. Seu último trabalho em disco foi o álbum “Recomeço”, lançado pela Eldorado em 1980, e no qual reencontrou a antiga parceira Cármen Costa. Em 1984, já no final de sua vida, foi eleito o primeiro Rei Momo negro da história do carnaval de São Paulo. Faleceu em 11 de junho do mesmo ano, também em São Paulo, de enfarte, aos 76 anos.
Neste volume do GRB,  apresentamos sete  gravações que Henricão fez em dueto com Cármen Costa. Abrindo a seleção, “Samba, meu nêgo”, de Bucy Moreira e Miguel Baúso, lançado pela Columbia em julho de 1941 com o n.o 55286-A, matriz 421. Depois tem “Onde está o dinheiro?”, samba de Henricão sem parceria, em gravação Odeon de 24 de maio de 1939, lançada em  agosto seguinte com o n.o 11749-A, matriz 6105. “Não quero conselho”, samba de Príncipe Pretinho e Constantino “Secundino” Silva, foi gravado na Columbia em 19 de julho de 1940 e lançado em agosto do mesmo ano com o n.o 55239-B, matriz 308. “Não posso viver sem você”, samba da parceria Henricão-Rubens Campos, é o lado B de “Samba, meu nêgo”, matriz 422. “Não dou motivo”, de Max Bulhões e Felisberto Martins, é outro  lado B, este  de “Onde está o dinheiro?”, matriz 6106. “Dance mais um bocado”, de Henricão e Príncipe Pretinho, é o  lado A de “Não quero conselho”, matriz 307. E, para encerrar, a marchinha “A festa é boa”, dos inseparáveis Henricão e Rubens Campos, gravação Victor de 19 de dezembro de 1942, lançada um mês antes do carnaval de 43, em janeiro, disco 80-0045-B, matriz S-052661. Esta é a homenagem do GRB a esses dois nomes importantíssimos na história de nossa música popular.  Até a próxima!
Texto de SAMUEL MACHADO FILHO

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