E eis aqui a terceira edição (no geral, a de número 25) que o meu, o seu, o nosso Grand Record Brazil dedica a este grande conjunto vocal-instrumental que foram os Vocalistas Tropicais. Mais doze fonogramas raros que certamente irão parar nos arquivos de muitos colecionadores. Continuando nossa retrospectiva, ainda com originais Odeon, abrimos esta terceira parte com o samba “Como é que vai ser?”, de Marino Pinto e Mário Rossi, dupla respeitável da MPB, gravado em 3 de setembro de 1948 com lançamento em novembro seguinte sob número 12883-B, matriz 8410 (o outro lado de “Ester”, de nossa edição anterior). Em seguida, uma versão bastante conhecida: “Trevo de quatro folhas (I’m looking over a four leaf clover)”, de Harry Woods e Mort Dixon, fox composto em 1927 e sucesso na voz de Al Jolson, cantor americano que costumava pintar o rosto de preto, interpretado por Larry Parks em dois filmes da Columbia: “Sonhos dourados” e “O trovador inolvidável”, sendo a música reapresentada neste último. Nilo Sérgio fez a letra brasileira e a gravou na Continental em 1949, com grande sucesso. Logo em seguida, em 13 de maio desse ano, os Vocalistas Tropicais fizeram nosso registro desta edição, lançado pela “marca do templo” em julho seguinte com o número 12934-A, matriz 8493. No verso, matriz 8492, a faixa seguinte, “Irmão do samba”, de Nestor de Holanda (também escritor e jornalista, pernambucano de Vitória de Santo Antão) e Jorge Tavares. Eles também foram parceiros, vale ressaltar, no samba-canção “Quem foi?”, gravado por Aracy de Almeida exatamente com os Vocalistas Tropicais junto. A quarta faixa, que até eu queria ter na coleção, é o samba “A maior Maria”, de Waldemar Ressurreição e Gerôncio Cardoso, lado B do disco de “Minha terra”, de nossa edição anterior, o Odeon 12952, gravado em primeiro de agosto de 1949 e lançado em outubro seguinte, matriz 8540. Temos depois outro samba, agora para o carnaval de 1950: “Supremo poder”, de Fernando Martins e Victor Simon (este último autor dos clássicos “Bom dia, café” e “O vagabundo”), gravado pelos Vocalistas em 4 de novembro de 1949 e lançado um mês antes da folia, em janeiro, com o número 12979-B, matriz 8580 (é o verso de “Ela é falsa”, de nossa edição anterior). A faixa seguinte é o maracatu “Maracatucá”, de Geraldo Medeiros e Jorge Tavares. É o lado B do disco em que saiu a versão “Bebê (Baby face)”, apresentada em nossa edição anterior, o Odeon 12989, gravado em 16 de dezembro de 1949 e lançado bem depois do carnaval de 50, em março, matriz 8608. Depois tem o samba “Não devemos mais brigar”, do cantor Gilberto Milfont em parceria com Mílton de Oliveira, lado B do disco de outra faixa de nossa edição anterior, “Ilha dos amores”, o Odeon 13005, gravado em 13 de junho de 1949 mas só lançado em março de 50, matriz 8519. Continuando a completar os discos de nossa edição anterior, vem o samba “Trinta dinheiro” (assim mesmo, sem “s”!), também de Waldemar Ressurreição, agora em parceria com Amaro Gonçalves. É o lado B do 78 de “Diamante Negro”, o Odeon 13024, gravado em 20 de março de 1950 e lançado em julho seguinte, matriz 8656. Em seguida completamos o 78 de “Desculpa”, o Odeon 13042, apresentando o lado A, “Quem é que não sente?”, samba assinado pelo mestre Ataulfo Alves. Gravação de 3 de julho de 1950, lançada em setembro seguinte, matriz 8718. A próxima faixa é simplesmente um clássico de nosso cancioneiro carnavalesco: a famosa marchinha “Tomara que chova”, de Paquito e Romeu Gentil, da folia de 1951. Foi criada pelos Vocalistas Tropicais na Odeon em 6 de setembro de 1950, com lançamento ainda em dezembro sob número 13066-A, matriz 8792 (como se sabe, Emilinha Borba fez outro registro desta composição na Continental, também com sucesso, e a cantou no filme “Aviso aos navegantes”, da Atlântida). Apresentamos também o lado B de “Tomara que chova”, o samba “Já é noite”, de Fernando Lobo, Paulo Soledade e Nestor de Holanda, gravado dias depois, em 12 de outubro de 1950, matriz 8823. E, para encerrar esta terceira parte, completamos o disco da “Marcha da vizinhança” (de nossa edição anterior), o Odeon 13081, oferecendo o lado B, outra composição de Waldemar Ressurreição: o samba “Mulher de carnaval”, gravação de 12 de outubro de 1950, lançada em janeiro de 51, matriz 8822, e obviamente também destinada à folia daquele ano. Como vêem os amigos cultos e ocultos do Toque Musical e do GRB, mais doze preciosas gravações dos Vocalistas Tropicais, para enriquecer os acervos de tantos quantos apreciem a boa música brasileira. Imperdível!
*TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO