Nesta segunda parte de nosso retrospecto, oferecemos vinte preciosos fonogramas de Linda. Abrindo-a, o bolero “Nossos caminhos”, de Ayrton Amorim e Nogueira Xavier, gravado na Continental em 10 de abril de 1952 e lançado em maio-junho seguintes, matriz C-2840, o lado B do disco 16559 (cujo lado A, o clássico “Lama”, encerrou nosso volume anterior). Na sequência, os dois lados do Continental 16742, lançado em maio-junho de 1953: os sambas-canções, ambos de Paulo Marques, “Fui amigo”(parceria de David Barcelos, matriz C-3065) e “Mesa de bar” (parceria da notável Dora Lopes, matriz C-3066). No Continental 16822, lançado em setembro-outubro de 1953, Linda interpreta o fox “O homem que eu amo”, matriz C-3178, versão de Mayu Atty (quem seria?) para o standard americano “The man I love”, dos irmãos Ira e George Gershwin, publicado em 1927 e desde então muito gravado, e o samba-canção “Flor do lodo”, de Ary Mesquita, matriz C-3179, cuja gravação original saiu em março do mesmo ano, na interpretação da já veterana Aracy Cortes. Em seguida, vêm duas músicas que Linda gravou na Sinter para o carnaval de 1953, e lançadas em janeiro desse ano com o número 00-00.182: o samba “Sombra e água fresca”, de Ruço do Pandeiro e Geraldo Mendonça, matriz S-391, e a marchinha “Bambeio mas não caio”, de seus inseparáveis amigos e parceiros Paulo Marques e Aylce Chaves, mais a vedete Elvira Pagã, que formou dupla de sucesso com a irmã Rosina (eram as famosas Irmãs Pagãs), matriz S-392. Vem mais carnaval em seguida, agora o de 1954, no Continental 16888, lançado em janeiro desse ano: o samba “Sereno cai”, de Raul Sampaio (cantor e compositor que integrou a terceira formação do Trio de Ouro, ao lado de seu fundador, Herivelto Martins, e de Lourdinha Bittencourt) em parceria com Ricardo Galeno, matriz C-3224, e a marchinha “Tá tão bom”, assinada por um trio chamado Os Três Amigos (quem seriam?), matriz C-3223. Do Continental 16944, lançado em abril de 1954, apresentamos o lado B, o samba-canção “Farrapo de calçada”, matriz C-3328, composição da própria Linda Rodrigues sem parceria, mais tarde regravado pelo cantor Roberto Muller. Em seguida, as duas faixas do Continental 17058, lançado em janeiro de 1955, ambas sambas-canções. Abrindo-o, “Ninguém me compreende”, matriz C-3456, de autoria de Peterpan (José Fernandes de Almeida, Maceió, AL, 1911-Rio de Janeiro, 1983). Autor de clássicos como “Última inspiração”, “Se queres saber” e “Fita meus olhos”, Peterpan era cunhado da cantora Emilinha Borba, que, curiosamente, regravaria “Ninguém me compreende” em 2003, em seu último disco, o CD independente “Emilinha pinta e Borba”. No verso, matriz C-3457, outro hit de Linda Rodrigues, por ela composto em parceria com José Braga, “Vício”, regravado em 1980 por Cármen Costa. Depois temos os dois lados do Continental 17158, gravado em 18 de março de 1955 e lançado em outubro do mesmo ano. Abrindo-o, matriz C-3604, o samba “Olha no espelho”, da dupla Zé e Zilda (José Gonçalves, o Zé da Zilda, havia falecido em outubro de 1954, de AVC). No verso, matriz C-3606, o fox “Aquilo que eu vejo”, de Vicente Paiva e Chianca de Garcia, amigos e colegas desde os tempos do Cassino da Urca. Para o carnaval de 1956, Linda Rodrigues grava na Todamérica, a 18 de outubro de 55, com lançamento ainda em novembro sob número TA-5591, a marchinha “Rico é gente bem”, de Ari Monteiro, A Rebelo e J. Rupp, matriz TA-889, e o samba ‘Folha de papel”, também de Ari Monteiro em parceria com Paulo Marques e Sávio Barcelos, matriz TA-890. Linda despediu-se de vez da Continental com o disco 17279, editado em abril-maio de 1956. De um lado, um samba-canção dela própria em parceria com Aylce Chaves, “Farrapo humano”, matriz C-3796, certamente inspirado no filme americano de mesmo nome (no original, “The lost weekend”), de 1945, produzido pela Paramount e estrelado por Ray Milland. No verso, matriz C-3797, um samba de Noel Rosa (1910-1937) em parceria com Henrique Brito, seu companheiro no Bando de Tangarás, “Queimei teu retrato”, até então inédito em disco e cujo ano de composição é ignorado. Para finalizar, apresentamos as faixas do disco de estreia da cantora na RCA Victor, número 80-1705, gravado em 13 de setembro de 1956 e lançado em novembro seguinte, visando o carnaval de 57, ambas marchinhas: “A dona da casa”, de Arnô Canegal (Rio de Janeiro, 1915-idem, 1986) e uma certa Dina, matriz BE6VB-1301, e “Barca da Cantareira”, de Arnaldo Ferreira e J. Rupp, matriz BE6VB-1302. A barca do título fazia na época o trajeto do Rio de Janeiro a Niterói, antes da construção da ponte fixa. Das duas faixas, “A dona da casa” foi a única a chegar também ao LP, no álbum coletivo “Carnaval RCA Victor”. Na próxima semana, encerraremos esta nossa retrospectiva dedicada a Linda Rodrigues. Até lá!
Linda Rodrigues 2 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 56 (2013)
Em sua quinquagésima-sexta edição, o meu, o seu, o nosso Grand Record Brazil apresenta a segunda de três partes que resgatam parcela substancial do legado da cantora Linda Rodrigues, uma personagem tão fascinante quanto misteriosa da história de nossa música popular. Ninguém sabe por que razão pouco ou nada se sabe a respeito desta talentosa cantora-compositora. Mas o GRB aqui está para oferecer tudo o que foi possível reunir das gravações de Linda em 78 rpm, por iniciativa do amigo e colaborador Alberto Oliveira.
*Texto de SAMUEL MACHADO FILHO