Este é o quinquagésimo-segundo volume do meu, do seu, do nosso Grand Record Brazil, e o quinto dedicado ao riquíssimo legado deixado por esse autêntico mestre das cordas que foi Jacob do Bandolim. E com ele, retomamos a apresentação de registros comerciais de Jacob, uma vez que, como os amigos cultos, ocultos e associados do TM se recordam, no volume anterior tivemos gravações domésticas extraídas dos “saraus” que o mago do bandolim promovia em sua casa no bairro carioca de Jacarepaguá.
São doze preciosas gravações, todas evidentemente feitas na RCA Victor. Abrindo nossa seleção desta semana, um choro do próprio Jacob, “Ciumento”, gravação de 14 de março de 1955, lançada em maio do mesmo ano, disco 80-1434-B, matriz BE5VB-0700. Em seguida, outra joia do choro concebida por ele mesmo, “Sempre teu”, gravada em 13 de junho de 1955 e lançada em agosto seguinte com o número 80-1476-A, matriz BE5VB-0769. Depois tem a música do verso desse disco, matriz BE5VB-0770, uma regravação do choro “Um a zero”. Ele foi composto por Pixinguinha em 1919, por ocasião da conquista do Campeonato Sul-Americano de Futebol pelo Brasil, que derrotou o Uruguai exatamente por essa contagem, gol de Arthur Friendenreich. A primeira gravação, no entanto, só saiu em 1946, com o próprio Pixinguinha ao saxofone em dueto com a flauta de Benedito Lacerda, que entrou como parceiro na música por acordo comercial que existia entre ambos. Jacob recorda logo depois o “tango brasileiro” “Amapá”, de Juca Storoni (João José da Costa Jr., Rio de Janeiro, 1868-idem, 1917), cujo primeiro registro deu-se em 1909, na Victor americana, pela Banda do Corpo de Marinheiros Nacionais. Jacob fez seu registro em 13 de janeiro de 1956, com lançamento em março seguinte sob n.o 80-1565-B, matriz BE6VB-0942, e voltaria a gravar “Amapá” em 1960, no LP “Na roda do choro”. O registro do “ponteado” “De Limoeiro a Mossoró”, do próprio executante, data de 13 de março de 1956, com lançamento em maio seguinte sob n.o 80-1596-A, matriz BE6VB-1015. Outra obra-prima do mestre é “Carícia”, choro que ele gravou em 13 de julho de 1956, com lançamento em setembro do mesmo ano, com o n.o 80-1667-B, matriz BE6VB-1214. Temos em seguida outra demonstração do apreço de Jacob ao carnaval pernambucano, com o frevo “Buscapé”, gravado em 14 de setembro de 1956 e lançado em novembro (certamente com vistas à folia recifense de 57) sob n.o 80-1706-A, matriz BE6VB-1305. Apresentamos também o verso desse disco, matriz BE6VB-1306, outro frevo, só que de Jonas Cordeiro, “Pimenta no salão”. Um clássico do mestre Pixinguinha, o choro “Sofres porque queres” foi por ele composto inspirado em uma briga conjugal! Ele próprio o gravou pela primeira vez com sua flauta, em 1917, e o regravaria ao saxofone junto com o flautista Benedito Lacerda (que recebeu co-autoria) em 1946. Onze anos depois, a 10 de julho de 1957, Jacob do Bandolim gravou esta sua versão, lançada em setembro seguinte com o n.o 80-1845-A, matriz 13-H2PB-0165. Do limiar de 1958, em 17 de janeiro, é a gravação de Jacob para seu choro “Implicante”, lançada em abril do mesmo ano com o n.o 80-1930-A, matriz 13-J2PB-0339. O maxixe “Fubá”, motivo folclórico adaptado por Romeu Silva, surgiu em 1925, em gravação do cantor Fernando Albuquerque, e é revivido por Jacob em registro de 26 de agosto de 1959, lançado em novembro seguinte com o n.o 80-2125-A, matriz 13-K2PB-0736. A voz que se ouve vocalizando o refrão junto com o coro é a do próprio Jacob! Para finalizar, o lado B desse disco, matriz 13-K2PB-0737: o choro “Velhos tempos”, outra composição própria do mestre com a qualidade habitual. E atenção: nas próximas duas semanas, teremos mais tesouros preciosos gravados pelo mestre Jacob do Bandolim. Aguardem!
TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO