Nelson Cavaquinho – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 46 (2012)

Em sua edição de número 46, o Grand Record Brazil reverencia um dos maiores sambistas que o Brasil já teve: o carioca e mangueirense Nélson Antônio da Silva, que ganhou a imortalidade com o pseudônimo de Nélson Cavaquinho (1911-2002). Filho de músico da Banda da Polícia Militar e sobrinho de violinista, Nélson deixou um acervo de mais de quatrocentas composições, com letras quase sempre remetendo a temas como o violão, mulheres, botequins e em especial a morte. Entre suas músicas mais conhecidas estão “Rugas”, “A flor e o espinho”, “Quando eu me chamar saudade”, “Juízo final”, “Luz negra”, “Pranto de poeta”, “Cuidado com a outra” e “Degraus da vida”.

A seleção aqui contida reúne 14 preciosas gravações, todas elas sambas, e foi feita pelo blog Coisa da Antiga, do grande Ary do Baralho. Ciro Monteiro aqui comparece com quatro gravações Victor: “Apresenta-me aquela mulher”, parceria de Nélson com Augusto Garcez e G. de Oliveira, de 25 de maio de 1943, lançada em setembro do mesmo ano (80-0107-B, matriz S-052779), “Não te dói a consciência”, em que Nélson Cavaquinho tem a parceria também de Augusto Garcez mais Ari Monteiro, também de 1943, gravada em 6 de julho daquele ano com lançamento em outubro (80-0119-B, matriz S-052799), “Aquele bilhetinho”, que Nélson e Garcez assinam com Arnô Canegal, de 13 de abril de 1945, lançada em maio seguinte (80-0282-A, matriz S-078154), e por fim o clássico “Rugas”, da mesma tríade de “Apresenta aquela mulher”, gravado pelo “Formigão” em 21 de março de 1946 e lançada em maio do mesmo ano (80-0406-A, matriz S-078450). “Rugas” tem vários registros posteriores, entre eles os de Roberto Silva, Jair Rodrigues e Luiz Cláudio. Em “O fruto da maldade”, Nélson Cavaquinho tem a parceria de César Brasil, e o lançamento deu-se pela Continental, na voz de Jorge Veiga, entre julho e setembro de 1951, disco 16434-B, matriz 2632. “Minha fama”, parceria de Nélson com Magno de Oliveira, foi gravado na Odeon por Risadinha, em 4 de setembro de 1952, mas só saiu em junho de 53 com o n.o 13455-B, matriz 9413. Do carnaval de 1954, “Amor que morreu”, parceria de Nélson Cavaquinho com Roldão Lima e Gilberto Teixeira, foi gravado por Elizeth Cardoso na Todamérica em 12 de novembro de 53 e lançado ainda em novembro (TA-5380-B, matriz TA-591). E Elizeth seria mais tarde uma das mais assíduas divulgadoras da obra de Nélson. Da parceria dele com César Brasil também é “Não brigo mais”, gravado também na Todamérica por Vítor Bacelar (Salvador, BA, 1911-Rio de Janeiro, 2005) em 23 de agosto de 1954, com lançamento em setembro seguinte (TA-5471-B, matriz TA-723), visando a folia de 55. Em seguida uma curiosa incursão de Nélson pelo samba-canção, em parceria com Guilherme de Brito: “Garça”, com Ruth Amaral (também compositora e intérprete de marchinhas carnavalescas), lançado pela Columbia em agosto de 1955, disco CB-10192-A, matriz CBO-547. Ruth também interpreta “Cinzas”, dos mesmos autores mais Renato Gaetani, que a mesma Columbia lançou em novembro de 55, sob n.o CB-10210-A, matriz CBO-584. Foi também incluída a gravação de Nerino Silva, que a Chantecler lançou em janeiro de 1963, disco 78-0677-B, matriz C8P-1354, e depois incluída no LP “Arroz de festa”. Em seguida, Nélson assina com seu inseparável parceiro Guilherme de Brito o samba “Palavras malditas”, gravado na Todamérica por Ary Cordovil em 6 de setembro de 1957, disco TA-5724-B, matriz TA-100091, visando o carnaval de 58, e que foi regravado por Beth Carvalho em 2011, no CD “Nosso samba tá na rua”. O mesmo Ary Cordovil canta “Cheiro de vela”, de Nélson com José Ribeiro, em gravação do extinto selo Vila, disco 10003-A, que o Instituto Memória Musical Brasileira diz ser de 1961. E o cantor Orlando Gil encerra nossa seleção com “Negaste um cigarro”, parceria de Nélson Cavaquinho com José Batista, gravação de 1962 para outro selo extinto, o Albatroz, disco A-121-B. É a homenagem do Coisa da Antiga e do Toque Musical, através do GRB, a este grande compositor e poeta que foi Nélson Cavaquinho!

Texto de SAMUEL MACHADO FILHO.

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