Dentro da semana dos eruditos, tenho para hoje a soprano brasileira mais famosa de todos os tempos, Bidú Sayão. Ela foi a primeira cantora brasileira a se apresentar no Metropolitan de Nova York, local onde trabalhou, entre 1937 e 52. Iniciou sua carreira na adolescência, indo estudar na França com Jean Reszke. Seguiu depois para Roma, onde teve contato e novas lições com La Corelli, Gemma Bellincioni, Marcel Journet, Titta Ruffo, entre outros nomes da ópera italiana. Nos anos trinta foi a passeio para os Estados Unidos e por lá acabou ficando, seguindo uma brilhante carreira. No Metropolitan ela participou de 155 apresentações, sendo que 31 delas interpretando Mimi, personagem de “La Bohème”, de Puccini, sendo seu papel mais frequente. Viveu na América por mais de meio século. Retirou-se do palco ainda jovem e sua última apresentação foi a mesma de estréia no Opera House, como Manon (de Massenet). Era a cantora favorita de Villa Lobos e foi por ele que ela cantou pela última vez em 1958, no Carnegie Hall, quando foi apresentada a suíte “A Floresta do Amazonas”, uma das últimas obras do compositor. Bidú voltou ao Brasil em 1995, já bem velhinha, quando participou do desfile da Escola de Samba Beija-Flor, que a homenageou em seu enredo. Disse ela na ocasião: “Fui a rainha da ópera. Agora, além de carioca, sou a rainha do samba.” Curioso lembrar que essa grande soprando, em seu país de origem, chegou a ser vaiada (trama criada pelos fãs da meio soprano gabriela Besanzoni) em uma de suas poucas apresentações por aqui. Só se apresentou num último instante de vida e em um desfile de carnaval. Só podia mesmo ser Brasil 🙂
O disco que aqui apresento nos traz como peça principal “As Bachianas N. 5” de Villa Lobos, regida pelo próprio autor. Seguem também outros trechos importantes de óperas que fizeram de Bidú Sayão a maior cantora lírica brasileira de todos os tempos.
Bidu Saião – Bachianas Brasileiras N. 5 (1973)
mozart – porgi amor (as bodas de fígaro)
mozart – deh vieni non tardar (as bodas de fígaro)
mozart – batti, batti (don giovanni)
bellini – ah, non credea mirarti (a sonâmbula)
verdi – ah, fors’ è lui-sempre libera (la traviata)
villa lobos – bachianas brasileiras n. 5
massenet – je suis encore (manon)
massenet – voyons manon (manon)
massenet – adieu, notre petite table (manon)
massenet – gavotte, obeissons quand leur voix appelle (manon)