A música indígena brasileira é parte do vasto universo cultural e dos povos indígenas que habitaram e sempre habitam o Brasil. Sendo uma das atividades culturais mais importantes na socialização das tribos, a música dos índios brasileiros é uniforme e de grande variedade. E é justamente um pouco dessa manifestação de grande importância histórica e cultural que o Toque Musical oferece hoje a seus amigos cultos e ocultos. Trata-se da edição italiana, sob o selo Albatros, de um álbum lançado em 1979 pela Folkways norte-americana, fruto do trabalho dos pesquisadores Harold Schultz e Vilma Chiara, de São Paulo. Ao que parece, este disco jamais foi lançado no Brasil. Mas é um documento importantíssimo, em que são apresentadas músicas de oito tribos indígenas brasileiras, que habitam as regiões Norte e Centro-Oeste de nosso território. Dentro da proposta do TM de oferecer o que é raro e curioso, este trabalho nos oferece uma preciosa amostra da música indígena brasileira, e torna-se obrigatório e indispensável para colecionadores e pesquisadores em geral.
Boa noite, amigos cultos e ocultos! Convenhamos. há discos que estarão sempre fadados ao obscurantismos, tanto por sua produção limitada quanto por seu conteúdo. Independente de suas qualidades ou não, serão sempre discos que poucos conhecem. É por essas e outras que existe o Toque Musical, um ponto de referência para aquilo que nem sempre se vê e se ouve por aí. Aqui temos um disco muito interessante, que merece o nosso ‘toque musical’. Como o título mesmo já anuncia, trata-se de um tributo ao nosso grande Ernesto Nazareth. Uma seleção de suas melhores e mais famosas composições, interpretadas pela excelente pianista mineira, a professora Tânia Mara Cançado, falecida em 2016. Tânia Mara foi professora na Escola de Música da UFMG, idealizadora do Centro de Musicalização Infantil e o Projeto Cariúnas, nesta Universidade. Dois projetos importantes de valorização da música e das artes no Estado de Minas Gerais e porque não dizer, no Brasil. Acredito que este tenha sido seu único registro musical em discos. Mais do que nunca, por suas qualidades como artista, professora e estudiosa da música, precisa ser recordada. E nada mais lindo que ouvi-la interpretando a obra de Ernesto Nazareth.
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Como sabem, a cada dia eu tenho espaçado ainda mais os nossos encontros e postagens. Sempre reclamei do tempo que tenho para me dedicar ao blog, principalmente quanto ainda tínhamos postagens diárias. Ainda me falta tempo e por conta disso, tenho buscado a ajuda de amigos que muito tem colaborado para a nossa sobrevivência. Hoje, aproveitando uns momentos de ócio, resolvi postar algumas coisas. Estava ouvindo até agora há pouco este disco da cantora Luiza Maria, um álbum realmente bacana, bem setentão e inesquecível. Creio que a primeira vez que pus a mão nesse disco, eu ainda estava na minha segunda década, por volta dos 17 anos. Na época, esse era mais um dos muitos discos bons que rolavam na vitrola lá de casa. Não sei que fim levou e por muito tempo eu nem mais me lembrava. Foi só a partir do ‘bum’ dos blogs musicais que ele voltou, cheio de críticas positivas e interesse, pois afinal tratava-se de um disco que teve uma edição pequena, que nunca voltou a cena, nunca foi relançado… Redescoberto, se tornou como muitos outros raridade, disputada a tapas e tiros por colecionadores. Hoje, mais que raro, virou objeto de ostentação de endinheirados, pretensos colecionadores, que chegam a pagar mil pratas num exemplar! Pena que o meu sumiu, pois se o ainda tivesse, teria passado no cobre. Acho absurdo essa jogada de preços de vinil, mas se tem gente para pagar, que seja… Como colecionador, eu jamais pagaria, Enfim, cada um faz com seu dinheiro o que quer. Bom, mas falando do disco em si, dessa artista pouco conhecida, achei melhor continuar na preguiça e colar aqui o texto bacana do jornalista Fernando Rosa (Senhor F), publicando originalmente na extinta revista Bizz: Mesmo que insista em não saber disso, o Brasil teve a sua Carole King, com direito até mesmo a beleza da cantora e compositora americana. A moça atende pelo nome de Luiza Maria e gravou um raro e clássico disco em 1975, pela Philips. Com ela, músicos como o ex-Traffic Jim Capaldi, os iniciantes Lulu Santos, Rick Ferreira e Antônio Adolfo e outros cobras. E um repertório moderno e carregado de um frescor pop, que incluia uma canção inédita da Raul Seixas. Com uma carreira tão promissora quanto meteórica, Luiza Maria registrou seu nome na história do rock nacional com o disco “Eu Queria Ser Um Anjo”, produzido pelo guitarrista Rick Ferreira, que tocou com Raul Seixas. Em dez músicas, a maior parte de sua autoria, ela mostra seus refinados atributos de compositora, desfilando canções, roques, blues e climas zeppelianos, produzindo um resultado sem similar na época. E com sua voz um pouca rouca – mas quente e afinada, e transitando entre o rock de Rita Lee e a MPB de Gal Costa, disputa o espaço entre as melhores cantoras de sua geração. Atualíssimo em todos os aspectos, o disco abre com o folk-rock “Na Casca do Ovo”, parceria com Rick Ferreira e Paulo Coelho, sinalizando o tom alegre e comovente da obra. “Você precisa entender que o seu charme já era/E se você fecha a porta/Eu entro pela janela/Te mostro o verso que eu fiz/Te ensino o rock de novo/E com um beijo bem dado/Eu quebro a casca do ovo …”, canta ela. “Maya”, só dela, com arranjos de Capaldi, traz a guitarra de Lulu Santos, com o Vímana, em um dos momentos mais inspirados de sua carreira. O blues “Tão Quente” destaca, além da jazzística interpretação vocal, o piano “feito em casa” de Antônio Adolfo. E o envolvente funk-latino “Miro Giro” paga tributo ao então – e sempre! – obrigatório Santana. “O Príncipe Valente” assinala a presença de Raul Seixas/Paulo Coelho (novamente) no disco, com acompanhamento de Rick, Dadi (A Cor do Som) e Gustavo (A Bolha). “Não Corra Atrás do Sol”, com um saltitante piano de Mu (também A Cor do Som) e fuzz-guitar de Rick tem a clássica pegada roqueira dos anos setenta. Mas, é em “Universo e Fantasia”, uma espécie de “Starway to Heaven” (Led Zeppelin) brazuca, que o clássico rock setentista deixa sua marca mais profunda. O disco é um desfile de cobras do rock e da música popular brasileira, como raras vezes se reuniu. Além dos já citados, acompanham Luiza Maria os músicos Arnaldo Brandão (baixo, d’A Bolha), Fernando Gama (baixo, do Veludo Elétrico e Vímana), Rui Motta (também Veludo Elétrico e, depois, Mutantes, na fase Serginho), Luiz Paulo (teclados, ex-Módulo 1000) e Chico Batera, entre outros. Na capa, a jovem e bela Luiza Maria com longos cabelos cacheados e vestindo uma clássica bata, formatando o tradicional visual hippie setentão. Após três décadas, “Eu Queria Ser Anjo” continua moderno, em nada devendo aos melhores discos gravados em sua época, e esperando que sua beleza desperte a sensibilidade (ainda resta uma esperança!) de algum homem- ou mulher, quem sabe – de gravadora. Enquanto isso, na falta de uma edição oficial caprichada, incluindo as letras e a ficha técnica, rolam CDrs Brasil a fora, suprindo a necessidade e a curiosidade dos ouvintes mais ligados.
Olá amiguíssimos, cultos e ocultos! Hoje temos o lp The Magnetic Sounds, disco lançado originalmente em 1972 e relançado novamente nos anos 80. Como todos já devem saber o The Magnetic Sounds era na verdade o grupo Carbono, especialista em covers. Aqui, eles adotam outro nome, talvez por questões contratuais. E ao que falam, eles gravaram também com outros nomes outros tantos discos. Como TMS, essa é a segunda vez que os apresentamos aqui no Toque Musical. Neste álbum , como todos podem ver, trazem um repertório totalmente internacional com temas de trilhas de filmes famosos. Um disco totalmente instrumental e que procura ser o mais carbono possível, mantendo os arranjos o mais próximo dos originais. Para quem gosta do gênero, taí… Confiram no GTM.
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Hoje resolvi fazer uma re-postagem deste disco do maestro André Penazzi.. Na verdade, comecei ela no engano, pois não havia percebido que já tinha postado este lp aqui. É que na postagem de 11 anos atrás eu o fiz usando o lançamento original, lançado pela Audio Fidelity, em 1963. Agora, refaço essa postagem com um relançamento, feito em 1965, através do selo Som Maior. Aproveito para também rever minha crítica, pois, confesso, naquela época eu não dei a devida atenção ao disco. Sem dúvida, algo diferente do convencional, mas nada de bizarro, como disse anteriormente. Um disco bem gravado e sem dúvida de qualidade, a começar pelo próprio maestro e organista André Penazzi, que selecionou um repertório inteiramente de sambas, clássicos da nossa música brasileira. Nesta edição temos um texto na contracapa que nos poupa aqui de maiores informações. Quer saber, que ouvir? Vai buscar o seu no GTM, poque o tempo é limitado.
Olá, amigos cultos e ocultos! Hoje apresentamos um álbum da cantora Sueli, que começou sua carreira depois da Jovem Guarda, no início dos anos 1970, mas com características do movimento que encantou os jovens nos anos 60. Seu primeiro grande sucesso foi “Férias na praia”, uma versão da música “Ring ring”, do grupo sueco Abba, gravado em 1973. Neste LP de 1976, Sueli (que mais tarde passaria a interpretar sucessos sertanejos) revive versões que fizeram sucesso nos anos 1960, tais como “Estúpido Cupido”, “Banho de lua”, “Dominique”, “Alguém é sempre bobo de alguém” e “Filme triste”. Curiosamente, o responsável pelos arranjos e regências é o maestro Waldemiro Lemke, o mesmo que fez as orquestrações do álbum “Brotinho encantador”, de Celly Campello, já oferecido a vocês pelo TM. É uma credencial que por si só recomenda este disco, mais uma joia rara que o TM apresenta, e que vale a pena conferir.
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Há tempos não trazemos aqui as produções do lendário selo mineiro Paladium. Houve um tempo em que eu até pensei em criar um blog exclusivo só para publicarmos os discos dos selos MGL, Paladium e Bemol, que na verdade era tudo a mesma coisa, ou por outra, foi a sequencia de nomes da gravadora do engenheiro de som Dirceu Cheib. Nem vou entrar no mérito histórico da coisa, pois quem procurar aqui por discos desses selos vai encontrar toda a história. O fato é que a Paladium era um selo especializado em vendas diretas, a domicílio, de suas caixas/box trazendo um variado cardápio musical, como diferentes artistas e gêneros. Tudo de forma genérica, ou seja, músicas conhecidas e consagradas interpretadas por orquestras, grupos e artistas obscuros, em geral, músicos mineiros até então desconhecidos ou que viriam num futuro se tornarem famosos, como Wagner Tiso, Célio Balona, Nivaldo Ornellas e muitos outros… A Paladium também intercambiava fonogramas com outras editoras nacionais e dava a esses nomes fantasiosos para comporem assim um ‘cast’, comum a época. Por isso é comum encontrarmos discos dessas pequenas editoras/gravadoras com títulos diferentes para um mesmo fonograma. Coisas do tempo em que se amarrava cachorro com linguiça, quando não havia aqui no Brasil um controle mais rígido dos direitos autorais. Em resumo, aqui temos um exemplar que certamente fazia parte de uma desses box/coleção e o nome do artista é Johnny Heyman And Orchestra. Nome pomposo, que remete de imediato a algum possível maestro gringo famoso. Aliás, pela capa, tem-se a ideia de que se trata de um cantor acompanhado de orquestra, mas não é nada disso. Aqui é somente uma orquestra, que pela ficha técnica na contracapa nos informa que o disco foi gravado pela Bemol, com arranjos do maestro José Vicente, tendo como técnico de som Haroldo Mauro. A capa, uma criação que também já foi usada em outros discos do mesmo selo. Já o repertório, trata-se, como se pode ver ‘standards’ da música internacional, vigente naqueles tempos. Mais uma curiosidade para compor aqui o nosso toque musical. Confiram no GTM.
Olá, amigos cultos e ocultos! Hoje o Toque Musical traz para vocês uma autêntica raridade da música sertaneja. É o álbum “Convite de casamento”, ao que parece o único LP da dupla mineira Pinga Fogo e Manda Brasa, lançado pelo selo Madrigal em 1971 (segundo algumas fontes, o disco é de 1974). Como poderemos constatar, ouvindo o disco, a maneira de cantar da dupla é parecida com a de outras que existiam na época, como, por exemplo, Belmonte e Amaraí, ou ainda Mococa e Moraci. Entre as doze faixas, está a guarânia “Amor com amor se paga”, que se tornaria sucesso nacional na voz de Cármen Silva. Outra curiosidade é que cinco músicas levam a assinatura do compositor, também mineiro, Hilário Barbosa, que até mereceu foto na contracapa. Em suma, uma joia rara do gênero sertanejo, que o TM tem a grata satisfação em oferecer.
“Todo blog que se preza precisa ter estampado em suas listas discos do Hermeto Pascoal”, já escreveu o amigo Augusto, administrador do Toque Musical. E, não por acaso, o TM já postou alguns trabalhos do chamado “bruxo dos sons”. Aí vai, portanto, mais um álbum do mestre Hermeto para nossos amigos cultos e ocultos: “Por diferentes caminhos”, lançado em 1989 pela Som da Gente em LP duplo. Trata-se do primeiro (e até agora único) disco de piano-solo do músico alagoano. E, em dezesseis faixas, Hermeto apresenta um repertório não apenas de composições próprias (“Bebê”, “Macia”, “Pixitotinha”) como também de outros autores, que executa à sua maneira (“Rosa”, “Amanhã”, “Eu e a brisa”, o tango “Nostalgias”). E tudo com excelente qualidade técnica (o disco foi gravado em sistema digital), mais a espantosa habilidade de Hermeto ao piano, que dispensa quaisquer comentários. Em suma, um trabalho primoroso em tudo, digno de ser conferido. Afinal de contas, Hermeto Pascoal é um músico nota mil!
Hoje, o Toque Musical oferece a seus amigos cultos e ocultos um disco de um autêntico embaixador da música portuguesa no Brasil. Estamos falando de Antônio Joaquim Fernandes, ou, como ficou para a posteridade, Roberto Leal, uma das grandes perdas deste 2019. Nascido no Vale da Porca, em Macedo de Cavaleiros, distrito de Bragança, Portugal, em 27 de novembro de 1951, nosso focalizado veio para o Brasil em 1962, com onze anos de idade, juntamente com os pais e nove irmãos, em cinco viagens. Na cidade de São Paulo, após trabalhar como sapateiro e comerciante de doces, iniciou a carreira de cantor de fados e músicas românticas. Em 1971, obteve seu primeiro sucesso com “Arrebita”, e ganhou grande popularidade apresentando-se em diversos programas de auditório da TV brasileira, como os de Chacrinha e Silvio Santos. Além do repertório romântico-popular, seu trabalho também se caracterizava por misturar ritmos lusitanos aos brasileiros, além de ter gravado em estilos tipicamente brasileiros, como o forró e o samba. Roberto Leal viveu entre o Brasil e Portugal, além de se apresentar em países da América do Sul, América Central e Europa divulgando a cultura portuguesa. Em toda a sua carreira, vendeu cerca de dezessete milhões de discos, e teve mais de trezentas músicas gravadas. Foi também apresentador de programas na Rádio Capital de São Paulo, e nas TVs brasileira e portuguesa. Casado durante 45 anos com Márcia Lúcia (também parceira dele em várias músicas), teve três filhos, nascidos no Brasil, e dois netos. Faleceu em 15 de setembro deste ano, aos 67 anos, em São Paulo, vítima de um melanoma maligno, contra o qual lutava havia dois anos, que evoluiu, atingindo o fígado, causando síndrome hepatorrenal. Em merecida homenagem póstuma a Roberto Leal, o TM oferece hoje o seu quarto álbum-solo, editado em 1976. Duas músicas deste disco foram grandes sucessos, “Bate o pé” e “Carimbó português”, com destaque ainda para a regravação de um clássico lusitano, “Só nós dois”. Aqui, Leal está no auge de sua carreira e este é um trabalho primoroso, que vale a pena ser ouvido de ponta a ponta. Não deixem de conferir no GTM.