Arquivo mensais:junho 2019
O Santo Sudário – TSO (1980)
O santo sudário é uma relíquia que, segundo alguns acreditam, foi o pano que envolveu Jesus Cristo quando ele morreu. Guardado em Turim, na Itália, o sudário tem a imagem de um corpo ensanguentado, com feridas parecidas com as de Jesus. Foi revelado no século XV e se tornou uma atração entre os fiéis cristãos. Algumas referências mais antigas sugerem que o sudário é mais antigo que isso ou que outros panos com imagens de Jesus já existiam. No entanto, não existe evidência sólida que foi o pano que envolveu o corpo de Jesus. O santo sudário foi tema de diversos documentários. Um deles foi feito em 1980, sob a direção de Paulino Brancato Jr., até então o único jornalista que teve permissão para entrar na Igreja de São João Batista, em Turim, e filmar o santo sudário. E é justamente a trilha sonora desse filme, com arranjos e regência de Eduardo Assad, que o Toque Musical oferece hoje a seus amigos cultos e ocultos. O lado A tem as músicas do filme acrescidas de narração, com atores interpretando Jesus Cristo, Maria, João Evangelista, Pôncio Pilatos e um jornalista e, no lado B, apenas a execução instrumental. Um trabalho interessante e curioso, que merece uma conferida.
*Texto de Samuel Machado Filho
Leny Andrade – No Inverno & Verão (1985)
Leny de Andrade Lima, ou simplesmente Leny Andrade, está presente mais uma vez no Toque Musical. Nasceu no Rio de Janeiro em 26 de janeiro de 1943, e aos seis anos de idade começou a estudar piano. Aos nove anos, participou do programa “Clube do Guri”, da PRG-3, Rádio Tupi (“o cacique do ar”), apresentando-se depois nos programas de Silveira Lima e César de Alencar. Ingressou, em seguida, no Conservatório Brasileiro de Música. Estreou profissionalmente em 1958, atuando como “crooner” da orquestra de Permínio Gonçalves, passando mais tarde a cantar nas boates Bacará (com o trio de Sérgio Mendes) e Bottle’s Bar, no Beco das Garrafas, reduto de boêmios e músicos da bossa nova. Gravou seu primeiro LP em 1961, “A sensação”, e daí por diante não parou mais. De 1966 a 1970, morou no México, apresentando-se várias vezes com Pery Ribeiro. Com ele, inclusive, fez um memorável show na boate carioca Porão 73, “Gemini V”, aliás o disco ao vivo está disponível aqui no TM, junto com outros trabalhos de Leny, todos excelentes. Este aqui, gravado em estúdio, foi lançado pelo selo Pointer, teve sua capa alterada para ser vendido no restaurante Inverno & Verão, de São Paulo, onde Leny se apresentou na época (1985), e como sempre, tem um repertório de ótima qualidade, assinado por compositores diversos. Como cantora, ela dispensa qualquer comentário, e este disco é mais um produto de qualidade que o TM orgulha-se em oferecer. Confiram.
*Texto de Samuel Machado Filho
Jair Rodrigues – Menino Rei Da Alegria (1968)
Olá, amigos cultos e ocultos! O Toque Musical apresenta hoje mais um disco desse notável cantor que foi Jair Rodrigues, por sinal dos mais raros. É “Menino rei da alegria”, lançado em 1968. O repertório mantém a qualidade habitual de Jair nessa época, apresentando músicas de Nonato Buzar, Roberto Menescal, Sílvio César, Rildo Hora, Luiz Vieira, Monsueto, Carlos Imperial, da dupla Edu Lobo-Ruy Guerra e dos irmãos Valle. A surpresa, aqui, fica por conta da inclusão de “Pra não dizer que não falei das flores (Caminhando)”, a então polêmica composição de Geraldo Vandré que tanto mal-estar causou nos militares que então governavam o Brasil, e acabou proibida pela censura, sendo liberada apenas onze anos depois, em 1979 (provavelmente este álbum de Jair também foi recolhido). Encerrando o álbum, um popurri de sambas antigos, no qual a música de encerramento é “Se é pecado sambar”, e não “É com esse que eu vou”, como erroneamente consta da contracapa. Enfim, mais um primoroso trabalho de Jair Rodrigues, para enriquecer os acervos de tantos quantos apreciem nossa música popular no que ela tem de melhor.
pra todo mundo riar
felicidade
festa
repente
dia da vitoria
samba da rosa
regra trÊs
maré morta
escrete do samba
pra não dizer que não falei de flores
nascimento vida e morte de um samba
timidez
partido alto
pot pourri
*Texto de Samuel Machado Filho
Vicente Barreto – Nação Brasileira (1985)
Vicente Barreto, cantor e compositor que o Toque Musical põe em foco no dia de hoje, é o legítimo “tabaréu”, caipira do Nordeste. Nasceu em Salgadália, distrito de Conceição do Coité, no interior da Bahia, em 5 de abril de 1950, mas foi criado no município de Serrinha. Autodidata na arte de tocar violão, é parceiro de diversos artistas da MPB, tais como Alceu Valença (“Morena tropicana”, “Cabelo no pente”, “Pelas ruas que andei”), Tom Zé (“Hein!”, “Esteticar”, “Vaia de bêbado não vale”), Vinícius de Moraes (“Eterno retorno”), Celso Viáfora (“A cara do Brasil”, “A notícia”, “Por um fio”) e Paulo César Pinheiro (“Na volta que o mundo dá”), e tem dez álbuns lançados, o mais recente, “Cambaco”, de 2015. Suas músicas também foram gravadas por intérpretes do porte de Elba Ramalho, Ney Matogrosso, Alaíde Costa e Mônica Salmaso, entre outros. “Nação brasileira”, que o TM oferece hoje a seus amigos cultos e ocultos, é o quarto disco de Vicente Barreto, e foi lançado em 1985. Aqui, o destaque fica por conta de “Amor de papel”, uma parceria com Raul Ellwanger, que foi tema da primeira versão da novela global “Sinhá Moça”. Ambos também assinam “Moça do Leblon” e “Cangaíba”. Há ainda parcerias com Jaguar (“Beijo de lua” e “Teias do coração”), Hermínio Bello de Carvalho (“Gaiola”), Alceu Valença (“Pirapora”) e Zé Rocha (“Mudança do tempo” e “Maracatu, nação brasileira”). Tudo resultando em mais um disco que vale a pena conferir.
*Texto de Samuel Machado Filho
Grupo Acaba – Cantadores do Pantanal (1979)
Bendengó – La Nave Va (1986)
Olá, amigos cultos e ocultos! Hoje apresentamos para vocês o quinto e último álbum do grupo Bendegó, lançado em 1986 pela extinta 3M. O Bendegó, que fazia uma mistura de rock com ritmos regionais, foi criado na Bahia pelo cantor, compositor e violonista Winston Geraldo Guimarães Barreto, o Gereba, e gravou seu primeiro LP em 1973. Além de Gereba, faziam parte do grupo o baixista Kapenga, o tecladista Vermelho, o baterista Hely Rodrigues e, curiosamente, João Santana, o Patinhas, mais tarde marqueteiro do PT e condenado pela Operação Lava Jato a oito anos e quatro meses de prisão, acusado de lavagem de dinheiro. Ele foi o principal letrista do Bendegó e teve músicas gravadas por Pepeu Gomes (“Voz do coração”) e Diana Pequeno (“Sinal de amor e de perigo”), além de ter sido parceiro de Moraes Moreira em “Forró do ABC”. Neste disco, João é parceiro de Kapenga em duas faixas: “A fonte é viver você” e “A hora H do agora”. Gereba, que também colaborou nos arranjos, assina outras dez faixas, algumas com letra de Capinam. Em suma, um disco agradável de ouvir, e que merece ser conferido.
*Texto de Samuel Machado Filho
Freelarmonica (1983)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Atendendo a pedidos (nesse sentido a gente ainda atende), estamos trazendo aqui o primeiro trabalho da banda instrumental ‘Freelarmonica’, lançado no início dos anos 80. A banda nasceu a partir de uma peça teatral, quando foram convidados a fazerem uma trilha musical. Músicos instrumentistas, de formação clássica, passaram ali a formatar uma nova proposta de grupo instrumental, se apresentando em vários teatros e casas de shows e parques da cidade de São Paulo. O projeto ganhou força ao lançarem o seu primeiro trabalho em disco pela produtora Lira Paulistana. Daí em diante, conquistaram seu espaço e respeito na excelência da música instrumental brasileira. Infelizmente, há poucas informações na rede sobre o grupo, inclusive ão encontrei referências de outros discos, mas ao que parece, a Freelarmonica ainda continua ativa, fazendo suas apresentações. Não deixem de conferir no GTM.
.