Olá, amigos cultos e ocultos! O Toque Musical traz para vocês hoje o primeiro (e ao que parece único) álbum-solo do baiano Jorge Alfredo, lançado pela Copacabana em 1979. Conforme o pouco que se sabe a seu respeito, ele foi um dos primeiros artistas brasileiros a misturar elementos do reggae jamaicano com os ritmos baianos. É o que transparece nas onze faixas deste disco, feito um ano antes de ele fazer parceria com Chico Evangelista, com muito de pegada rock e batidas sertanejas, trazendo também letras de poesia e sensibilidade extremas. Segundo comentário que li no YouTube, “é um disco tão raro que parece que nem foi lançado”. Portanto, é mais uma raridade que o TM tem a grata satisfação de oferecer. Confiram…
O Toque Musical oferece hoje a seus amigos cultos e ocultos um disco-solo de Otacílio Batista Patriota, cantador, violeiro e poeta repentista, lançado pela CBS em 1982. Otacílio nasceu na Vila Umburanas, em São José do Egito, sertão pernambucano do alto Pajeú, a 26 de setembro de 1923. Filho de Raimundo Joaquim Patriota e Severina Guedes Patriota, ambos paraibanos, Otacílio participou pela primeira vez de uma cantoria em 1940, durante uma festa de reis em sua cidade natal. Daquele dia em diante, nunca mais abandonaria a vida de poeta popular. Em mais de meio século de repentes, participou de cantorias com celebridades como o cego Aderaldo e outros. Conquistou vários festivais de cantadores realizados nos estados de Pernambuco, Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo. Uma de suas músicas de sucesso é “Mulher nova, bonita e carinhosa faz o homem gemer sem sentir dor”, composta em parceria com Zé Ramalho (não por acaso, o produtor deste disco), gravada pela cantora Amelinha para o álbum de mesmo nome e depois regravada pelo próprio Zé Ramalho. Conhecido nacionalmente por seus versos impressionantes – sempre feitos de improviso – e pelas inúmeras letras que compôs para vários intérpretes na MPB, Otacílio Batista também era conhecido como “A Voz do Uirapuru” e fez dupla com nomes lendários, como Pinto do Monteiro, Lourival Batista, Oliveira de Panelas e Pedro Bandeira. Publicou inúmeros folhetos de cordel e vários livros, entre os quais destacam-se “Poemas que o povo pede”, “Rir até cair de costas” e “Poema e canções”. Otacílio morreu a 5 de agosto de 2003, em João Pessoa, Paraíba, aos 79 anos de idade, e este disco é um verdadeiro documento da arte do repente. É ouvir e conferir.
Este é o terceiro álbum do cantor Jessé (Niterói, RJ, 25/4/1952-Ourinhos, SP, 29/3/1993) que o Toque Musical oferece a seus amigos cultos e ocultos. Desta vez, o disco é “Todos os palcos”, cronologicamente o sexto álbum de carreira do saudoso intérprete, lançado pela RGE de sempre em 1985. Aqui, Jessé mantém a qualidade e a competência que sempre caracterizaram seus trabalhos em disco, apresentando composições dele mesmo (“Colo de serpentes” e “Blues solidão”, ambas em parceria com Elifas Andreato), Renato Teixeira (“Lua, lua, lua”), Piska (“Gaivota dourada” e “Tempo de paz”), Accioly Neto (“Segredos”, “OVNI” e a ecológica “Amar… zônia”) e da dupla César Rossini-Gil Gerson (“Ravinas”). Temos ainda a faixa-título, “Todos os palcos”, de autoria de Miltinho e Magro, do MPB-4, com participação especial do grupo. Agora, é ouvir mais este trabalho de Jessé, e, mais uma vez, lamentar seu trágico e prematuro falecimento em desastre automobilístico.
Um pouco da mais autêntica música folclórica portuguesa. É o que o Toque Musical oferece hoje a seus amigos cultos e ocultos nesta postagem. Trata-se do álbum “Viras & bailaricos”, na interpretação do coral da Casa dos Poveiros, do Rio de Janeiro. O disco saiu originalmente em 1962, pela Philips, e foi reeditado em 1978. O vira é uma das danças mais antigas de Portugal, e seu nome deriva do verbo virar, uma referência a um de seus movimentos mais característicos. As origens do vira, que alguns situam no ternário da valsa oitocentista e outros buscam mais atrás, no fandango, parecem ser de remota idade, como defendeu o musicólogo e compositor, Sampayo Ribeiro, que as coloca antes do século XVI. Tomaz Ribas considera o vira uma das mais antigas danças populares portuguesas, salientando que o teatrólogo Gil Vicente já fazia referência a ele na peça “Nau d’amores” , onde o dava como uma dança do Minho. São vários os tipos de viras conhecidos, entre eles o “vira antigo”, o “vira das sortes”, o “vira poveiro”, o “vira batido” e o “vira valseado”. Neste disco, estão reunidos os números mais populares do Rancho Folclórico da Casa dos Poveiros, tais como “O mar enrola na areia”, “Póvoa de Varzim”, “Dá cá um beijo” e “Corridinho”. É uma bela amostra do folclore musical português, que o TM põe agora ao nosso alcance.
Pianista, compositor, arranjador e produtor musical, Eumir Deodato de Almeida nasceu no Rio de Janeiro em 22 de junho de 1943. Participou da bossa nova e da efervescência do samba jazz no início da década de 1960, estabelecendo-se como requisitado arranjador. Em 1964, reuniu vários nomes famosos do samba jazz, como Geraldo Vespar, Wilson das Neves, Dom Um Romão e Ivan Conti (o baterista Mamão) para formar o grupo Os Catedráticos, com quem lança quatro LPs, inclusive este que o Toque Musical traz para seus amigos cultos e ocultos, editado pela Equipe em 1966. Em 1967, radicou-se nos EUA, onde trabalharia com diversos nomes de relevo da música mundial, como Aretha Franklin, Wes Montgomery e Frank Sinatra. Na década seguinte, conseguiu gravar e lançar seus discos internacionalmente, obtendo sucesso também como intérprete, com uma versão da introdução do poema sinfônico “Also sprach Zarathustra”, de Richard Strauss. Trabalhou em quase 500 discos, escreveu trilhas sonoras para vários filmes e recebeu diversos prêmios, entre eles 16 discos de platina e um Grammy, sendo considerado uma personalidade internacional no mercado norte-americano de música. Neste quarto álbum dos Catedráticos, temos músicas bastante conhecidas em ritmo de samba jazz, tais como “Ai que saudade da Amélia”, “Samba de verão” e “Tristeza”, grande sucesso de carnaval em 1966. É mais uma raridade que o TM apresenta com a satisfação de sempre.
Sérgio Roberto Serafim, ou Serginho Meriti, que o Toque Musical põe hoje em foco, é sinônimo de samba. É carioca de Madureira, nascido em primeiro de outubro de 1958, mas foi criado em São João do Meriti, na Baixada Fluminense, onde tomou gosto pela música. O pai, gaúcho, era violonista e boêmio, e a mãe era cantora e compositora de hinos religiosos. Como compositor, tem mais de 370 músicas, gravadas por nomes do porte de Alcione, Bebeto, Neguinho da Beija-Flor, Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho. Este último é criador de inúmeras composições de Meriti, entre elas “Deixa a vida me levar”, que se tornou o hino do pentacampeonato mundial de futebol conquistado pelo Brasil, em 2002. Pois o TM apresenta hoje para seus amigos cultos e ocultos o primeiro LP de Serginho como intérprete, “Bons momentos”. Lançado pela Polygram em 1981, tem apenas oito faixas, e nessa ocasião ele estava incursionando pelo suingue à maneira de Jorge Ben Jor. Aliás duas músicas que fez em parceria com Bebeto, e também gravadas por ele, estão neste disco: “Mona Lisa” e “Batalha maravilhosa”. Em suma, um trabalho que documenta o início de uma carreira bastante promissora. Ouçam e confirmem.
O Toque Musical oferece hoje a seus amigos cultos e ocultos mais um álbum de Cauby Peixoto (Niterói, RJ, 10/2/1931-São Paulo, 15/5/2016), um dos maiores e mais versáteis cantores de nossa música popular. É “Só sucessos”, gravado ao vivo no extinto restaurante Inverno & Verão, de São Paulo, em janeiro de 1986. Falar das qualidades de Cauby é absolutamente desnecessário, e este disco o apresenta em sua melhor forma, em hits como “Força estranha”, “Sangrando”, “Nunca” e a inevitável “Conceição”. Sem sombra de dúvida, Cauby ficou para sempre na memória de todos aqueles que apreciam a arte de cantar no que ela tem de melhor e mais expressivo. É ouvir este disco e comprovar.