Fátima Guedes – Coração De Louca (1988)

Uma autêntica diva de nossa música popular volta a bater ponto em nosso TM. É Fátima Guedes, talentosíssima cantora e compositora. Ela veio ao mundo na cidade do Rio de Janeiro, mais precisamente no bairro da Tijuca, zona norte do município, a 6 de maio de 1958. Ali fez o curso primário, no Instituto de Educação e na Escola Abreu Sodré. Aos 8 anos, mudou-se para o Rio Comprido, onde passou a juventude lendo muito e, evidentemente, ouvindo música: clássicos, por influência do padrasto, hits românticos por influência da moda, e MPB por influência da mãe, professora de literatura, que a introduziu no mundo das palavras, e até lhe deu de presente o quarto LP de Chico Buarque, lançado em 1970. Foi aos 15 anos de idade que nossa Fátima começou a compor, e já em 1973 ela saía-se vencedora do Festival de Música da Faculdade Hélio Alonso, com sua música “Passional”. No júri, entre outros, estavam Maria Bethânia, o produtor Mariozinho Rocha, o poeta e letrista Paulo César Pinheiro, e o jornalista Roberto Moura, responsável pela apresentação de Fátima Guedes às pessoas do meio musical da época. Mais tarde, conheceu Elis Regina, que a apresentou num especial de fim de ano da TV Bandeirantes. Numa reunião na casa do músico João de Aquino, Fátima conheceu Renato Corrêa, cantor, compositor e então produtor da gravadora EMI-Odeon, que a convidou para gravar seu primeiro disco. Esse LP, lançado em 1979, é um trabalho totalmente autoral, e já foi oferecido a vocês pelo TM. Como compositora, Fátima Guedes tem músicas gravadas por grandes nomes de nossa música popular, tais como Ney Matogrosso, Jane Duboc, Simone, Alcione, Beth Carvalho, Wanderléa, Verônica Sabino, Emílio Santiago, Zizi Possi, Nana Caymmi, Vânia Bastos, Mônica Salmaso e outros mais. Seu currículo tem ainda apresentações em casas de jazz de Los Angeles, EUA, onde residiu por algum tempo. Casada com o baixista Zeca Winicki, tem com ele a filha Beatriz, e atualmente reside em Teresópolis, região serrana do estado do Rio, ela que é uma verdadeira amante da natureza. Entre suas músicas mais conhecidas, podemos citar: “Onze fitas”, “Flor de ir embora”, “Condenados”, “Cheiro de mato”, “Tanto que aprendi de amor”, “Mais uma boca”, “Arco-íris”, “Pelo cansaço”, “Muito intensa”, “Ar puro”, “Tanto que aprendi de amor” e “A bailarina”. Como intérprete, sua discografia abrange catorze álbuns, e seu mais recente trabalho  é “Transparente”, lançado em 2015. Em 2006, no disco “Outros tons”, resgatou canções esquecidas do mestre Tom Jobim. O TM oferece hoje, a seus amigos cultos e ocultos, o sexto álbum da vitoriosa carreira de Fátima Guedes. É “Coração de louca”, lançado em 1989, e por sinal um dos primeiros trabalhos editados pela gravadora Velas (hoje Galeão), pertencente à dupla de compositores Ivan Lins-Vítor Martins. São nove faixas, incluindo trabalhos autorais (“Saia rodada”, “Chora brasileira”, “O rouxinol e a rosa”, a versão “Lição de amor” e a faixa-título e de abertura, “Coração de louca”), e regravações que ela fez de músicas de Chico Buarque com parceiros: “Retrato em branco e preto” (que ele fez com Tom Jobim), “Beatriz” (com Edu Lobo) e “Bye bye Brasil’ (com Roberto Menescal. Além da então inédita “Itajara”, de Moacyr Luz e Aldir Blanc. Em suma, este é mais um trabalho irrepreensível de Fátima Guedes, que, para a alegria dos apreciadores da boa música, continua na ativa, em discos e shows, recebendo os aplausos que bem merece como autêntica diva da música popular brasileira!

coração de louca29
chora brasileira
saia rodada
retrato e branco e preto
itajara
lição de amor
o rouxinol e a rosa
beatriz
bye bye brasil

*Texto de Samuel Machado Filho

Guttemberg Guarabyra – So Tem Amor… (1973)

Boa tarde, amigos cultos e ocultos! Vejo que por conta das nossas postagens espaçadas, muitos acham que o barco aqui está a deriva. Me refiro especialmente ao nosso grupo, o GTM, onde por lá todos os inscritos podem usufruir dos links de postagens. Percebi que alguns do grupo andaram mudando a configuração para o recebimento automático dos links. Como é sabido e avisado, a participação neste grupo é de forma passiva, ou seja, ninguém pode postar nada, apenas ter acesso aos links de forma segura. Mas, infelizmente alguns não se dão por satisfeitos e acabam invadindo a área do administrador, alterando assim as configurações de participação. Eu já avisei aqui e volto a repetir, qualquer alteração nas configurações do grupo a pessoa pode ser banida e isso é feito automaticamente e sem o meu controle. Neste caso, para que a pessoa volte a fazer parte do grupo vai precisar de um novo e-mail, pois o que foi banido não volta mais. Peço que fiquem atentos e evitem essas alterações para que assim possamos manter o blog sempre funcionando direitinho, ok?
Hoje eu estou trazendo para vocês um compacto, um disquinho o qual já foi postado aqui anteriormente, mas sem a sua capa original. Agora, recentemente, consegui um exemplar completo e assim, volto novamente a postagem como manda o nosso figurino. Temos aqui o compacto promocional da Pepsi Cola cujo o jingle faz sucesso até hoje. Quem não se lembra dessa música? Ficou tão conhecida que acabou merecendo um disquinho, um compacto que tem também uma primeira versão para a música ‘Pássaro’. Embora o disquinho seja do Guttemberg Guarabyra, as duas faixas são da dupla Sá & Guarabyra. Disquinho raro e muito bom, vamos conferir?

só tem amor quem tem amor pra dar
pássaro

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O Grupo (1968)

Olá, amigos cultos e ocultos! O TM apresenta a vocês hoje o LP de um conjunto vocal-instrumental que infelizmente durou pouco tempo, aliás foi  o único álbum que registraram. O nome é o mais sintético possível: O Grupo. Formado por quatro rapazes pra lá de talentosos, Roberval, Raimundo, Jaime e Maurício, O Grupo ficou conhecido do público ao acompanhar Roberto Carlos no samba “Maria, carnaval e cinzas”, de Luiz Carlos Paraná, no Festival de MPB da TV Record, em 1967. Esta música, inclusive, foi o lado A do compacto simples de estreia do Grupo, lançado ainda em 67 pela Odeon, tendo no verso “Canto de perdão”, de Roberval, um dos integrantes, em parceria com Hedys Barroso Neto. “Maria, carnaval e cinzas” também está neste único LP do Grupo, como faixa de encerramento. E é um trabalho de primeira, concebido sob a batuta de Mílton Miranda, com direção musical de outro “cobra”, Lírio Panicalli, e assistência de produção de Orlando Silva (que, certamente, não era o “cantor das multidões”). Os competentísssimosrapazes do Grupo, literalmente, “botam pra quebrar” em um repertório basicamente composto de sucessos nacionais da ocasião. Nas orquestrações e regências, além do próprio Lírio Panicalli em “Passa por mim” e “Morrer de amor”, temos ainda Antônio Adolfo em “Sá Marina” (por sinal um de seus maiores hits autorais), “Januária”, “Eu e a brisa” (eterno clássico de Johnny Alf) e “Diane”, Carlos Monteiro de Souza no clássico “Travessia”, inesquecível obra-prima de Mílton Nascimento, Ugo Marotta em “O bonde”, e Nelsinho em “Maria, carnaval e cinzas”.  Tudo isso com a irrepreensível qualidade técnica então característica das produções da Odeon, e recomendado por um entusiasmado Paulo Sérgio Valle no texto de contracapa. Um resultado de fato magnífico, que merece mais esta postagem do TM e irá agradar muito. Após esse disco, eles ainda gravariam algumas faixas esparsas em álbuns mistos e desapareceriam de cena. De qualquer forma, este LP do Grupo vale como um documento musical precioso daquele que é conhecido como “o ano que não terminou”, 1968, para desfrute de todos aqueles que apreciam nossa música popular no que ela tem de melhor e mais expressivo. Aproveitem…

alegria de carnaval
januária
passa por mim
pelas ruas do recife
rosa branca
o bonde
sá marina
eu e a brisa
morrer de amor
travessia
diane
maria carnaval e cinzas

*Texto de Samuel Machado Filho

Francisco Mário – Terra (1979)

Olá, amigos cultos e ocultos! Trago hoje para vocês o violonista e compositor mineiro, Francisco Mário. Já tivemos aqui a oportunidade de apresentar alguns de seus trabalhos e agora ele volta neste belíssimo trabalho. Aliás, seu primeiro disco, lançado de forma independente, em 1979. Chico Mário, como era também conhecido foi irmão do cartunista Henfil e do sociólogo Betinho. Todos três hemofílicos, faleceram vítimas de transfusões de sangue contaminado com o vírus da aids. Chico começou a estudar música ainda na infância. Estudou arranjo e harmonia com Roberto Gnattali, responsável pelos arranjos de seu primeiro show, em 78. No ano seguinte lançaria este seu primeiro trabalho. Um disco totalmente autoral, com participações importantes como o Quarteto em Cy, Joyce, Antonio Adolfo e muitos outros… “Terra” foi, na época, lançado também no México. Um disco realmente muito bom e que merece ser relembrado aqui no nosso Toque Musical. Confiram no GTM!

ouro preto
terra
bateia
passarinho preto
quitute mineiro
exílio
moda do tio geraldo
bandeiras ao alto
maria leal
carro de boi
manto
bicho fantasiado
reses tensas
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Olivia Hime – Segredos Do Meu Coração (1982)

O Toque Musical começa 2018 em grande estilo, oferecendo hoje a seus amigos cultos e ocultos um dos melhores trabalhos de uma das mais respeitadas cantoras, letristas e produtoras de nossa música popular. Estamos falando de Olívia Hime, na pia batismal Maria Olívia Leuenroth, nascida no Rio de Janeiro em 25 de junho de 1943. É filha de Cícero Leuenroth e neta de Eugênio Leuenroth, ambos pioneiros da propaganda no Brasil, sendo ainda sobrinha-neta do militante anarquista Edgard Leuenroth. No início de sua carreira, Olívia integrou, com Miúcha e Telma Costa, um grupo vocal com o qual atuou em um show de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Ao se casar com o cantor-compositor Francis Hime, em 1969, relutou por alguns anos em abraçar a carreira profissional de cantora, pois temia esbarrar no rótulo de “mulher do Francis” ou de amiga de medalhões da MPB tipo Chico Buarque e Tom Jobim. Em 1977, ano em que produziu para o marido Francis o álbum “Passaredo” (logo passando também a compor e participar dos discos e shows dele), Olívia lançou seu primeiro disco-solo, pela Tapecar, um compacto simples com as músicas “Bela adormecida” e “Diana”, pouco divulgado e sem nenhumarepercussão. Em 1980, novo single, pela RGE, apresentando “Três Marias” e “Céu de estio”, músicas que, um ano mais tarde, fariam parte de seu primeiro LP, sem título, produzido por Dori Caymmi, reunindo músicas dela mesma em parceria com Francis, e de outros autores. O casal tem três filhas – Maria, Joana e Luiza – e três netas. Como produtora musical, seus mais notáveis trabalhos são os álbuns “A música em Pessoa”, em parceria com Elisa Byington, reunindo quinze poemas de Fernando Pessoa, musicados por grandes compositores brasileiros, lançado em 1985, por ocasião do cinquentenário da morte do poeta lusitano (e por sinal já oferecido a vocês pelo TM), e “Estrela da vida inteira”, com poemas musicados de Manuel Bandeira, editado em 1986 por ocasião do centenário do poeta. Em 2000, fundou, com Kati de Almeida Braga, a gravadora Biscoito Fino, da qual é diretora artística, responsável pelos melhores lançamentos de MPB dos últimos anos. Com sensibilidade e bom gosto, Olívia Hime vem conseguindo o respeito dos músicos e da crítica com seus trabalhos pessoais, burilados e originais, sempre procurando não ser associada a um único estilo musical. Seu mais recente álbum, em dupla com o marido Francis, é “Sem mais adeus – Uma homenagem a Vinícius”, lançado em 2017, verdadeiro tributo ao PoetinhaVinícius de Moraes.“Segredo do meu coração”, o disco que o TM nos oferece hoje, é o segundo álbum-solo de Olívia Hime, lançado em 1982 com o selo Opus/Columbia (ou seja, pela Som Livre, com distribuição da CBS, hoje Sony Music), e que hoje faz parte do catálogo da Biscoito Fino. Com produção executiva e direção de estúdio de Dori Caymmi e do marido Francis Hime, ela percorre, como de hábito, vários gêneros musicais, explorando as riquezas da alma brasileira, e mantendo um ambiente sonoro bem cuidado e variado. O disco é também o documento de uma época marcada pela esperança da abertura e pelo fim das interdições impostas pela censura federal. A faixa-título, na verdade, é o subtítulo de “Saiçú”, composição do gaúcho Kleyton Ramil, da dupla com o irmão Kledir. No total, são onze músicas de extraordinária qualidade, entre elas, “Mariposa”, “Cartão postal” (assinadas pelo casal Francis-Olívia), regravações de “Zabelê”, da dupla Gilberto Gil-Torquato Neto, “Canção da noiva (História de pescadores)”, do mestre Dorival Caymmi, e “Gongoba (Pra você que chora)”, da parceria Edu Lobo-Gianfrancesco Guarnieri, e ainda “Flor das estradas”, de Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro, também gravada pelo próprio Dori e mais tarde pela irmã, Nana. Enfim, um trabalho muito bem cuidado, em termos técnicos e até mesmo gráficos, digno de merecer a postagem de nosso TM e um dos pontos altos da carreira da notável Olívia Hime. É só conferir…

estrela guria

zabelê

cartão postal

deveria

a flor das estradas

próxima partida

saiçu (segredo do meu coração)

gongoba (pra você que chora)

amazônia

mariposa

canção da noiva

 

*Texto de Samuel Machado Filho

Grupo Queluz de Minas – Pra Vida (1982)

Muito bom dia, amigos cultos e ocultos! Depois de um merecido descanso, 20 dias de férias, retomamos nossas publicações para 2018. Neste ano pretendo ainda colocar funcionando plenamente o nosso canal no Youtube. Minha ideia é publicar em paralelo as postagens feitas aqui. Difícil vai ser postar por lá tudo o que já foi publicado aqui, muito embora outros canais já tenham feito isso. Certamente quase tudo que postamos aqui já está rodando direto no Youtube. Mas vamos direcionar isso. Está na hora de pegar de volta tudo que plantamos, não é certo?
Bom, recomeçando nosso toque musical para 2018, temos aqui uma produção independente, o grupo mineiro Queluz de Minas e seu único álbum “Prá Vida…”, lançado em 1982. Há algum tempo atrás nós chegamos a postar aqui um compacto do grupo, lançado no ano anterior, também produção independente, feito aqui em Belô.
Conforme já apresentamos, o Grupo Queluz de Minas foi formado no final dos anos 70, na cidade mineira de Conselheiro Lafaiete. Surgiram a partir de um show que fizeram em homenagem ao músico da cidade, João Salgado, que vem de uma das famílias de fabricantes da famosa ‘viola de queluz’. Queluz é uma região no município de Conselheiro Lafaiete,onde, entre o final do século XIX e inicio do XX eram fabricadas por duas famílias, Meirelles e Salgado, as violas de pinho que hoje se tornaram raríssimas e cobiçadas por todo bom violeiro. O grupo se dissolveu anos depois, porém alguns de seus integrantes seguiram em carreira individual e em outros grupos. Ao que parece, eventualmente eles se reúnem. Existe inclusive uma página no Facebook mantida por eles.
O disco é realmente muito bom. Música regional e autoral com um time de excelentes músicos. Vale a pena conferir… 😉

rumo ao sol
prá vida
veludo
quebrança
autofagia
to be
tema I
esse meu coração
espelho
pro nada, pra nada