Boa noite, amigos cultos e ocultos! Entre os tantos discos generosamente cedidos e doados pelo meu amigo Fáres, temos aqui um álbum o qual eu me apaixonei a primeira vista. E isso não é de hoje. Sempre corri atrás deste lp e agora tive o grande prazer de tê-lo na minha coleção. Digo isso porque não pode haver satisfação maior que uma deliciosa e coincidente surpresa. Claro que estamos falando aqui de uma questão de gosto pessoal, o meu gosto. Mas podem acreditar nele, afinal, sou virginiano, hehehe… um filtro crítico que despreza o banal e a mediocridade. Em outras palavras, quero dizer que este disco está acima da média.
Apresentando, esta é a banda paulista São Quixote, originária de outra, o Moto Perpétuo, banda de onde surgiu o cantor e compositor Guilherme Arantes. O Moto Perpétuo era uma banda com pitadas de rock progressivo, surgida em 1973, da qual faziam parte além de Guilherme, os músicos Egydio Conde, Diogenes Burani, Gerson Tatini e Cláudio Lucci. Guilherme Arantes partiu para uma muito boa carreira solo. Egydio seguiu para o Som Nosso de Cada Dia. Porém, no início da década de 80, três membros da banda, Claudio Lucci, Gerson Tatini e Diógenes Burani voltaram a se reunir, juntamente com a violonista e cantora Mônica Marsola para gravar este lp, o São Quixote, que para muitos é também considerado um disco do Moto Perpétuo. Até porque, neste trabalho há ainda a participação especial de Guilherme Arantes, presente em cinco faixas do disco. Em resumo, trata-se de um disco na mesma linha do primeiro e único do Moto Perpétuo. Uma produção independente, limitada e hoje ainda mais rara. Para mim, musicalmente perfeito. Compartilho com os amigos e espero que gostem 😉
Arquivo mensais:agosto 2016
Acidente – Guerra Civil (1981)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Ampliando nossos horizontes pop-brazuca-musicais, trago hoje o primeiro lp da banda carioca Acidente. Formada no final dos anos 70, sem grandes pretensões, por estudantes de Comunicação e Jornalismo, lançaram este lp, “Gerra Civil”, de maneira independente em 1981. Um momento ruim para o rock, principalmente sendo uma banda independente. Mas mesmo assim o Acidente conseguiu emplacar umas duas músicas em rádios do Rio de Janeiro. O trabalho, embora um tanto amador, traz uma característica bem pessoal, talvez porque todas as músicas sejam autorais. Ao que tudo indica, a banda continua na ativa e ao longo de todos esses anos gravaram mais de uma dezena de discos. Numa próxima oportunidade postaremos aqui mais alguma coisa desse quase obscuro grupo.
May East – Charites (1990)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Passamos agora a uma fase mais moderna, ou pelo menos mais contemporânea e por que não dizer, música pop e rock nacional. Estou aqui com uma pilha de coisas para postar, mas como sempre, o que me falta é tempo.
Hoje eu trago a cantora, compositora e ativista Maria Elisa Capparelli Pinheiro, mais conhecida como May East. Ela fez parte da banda Gang 90 e As Absurdettes nos anos 80. Depois seguiu em carreira solo lançando alguns discos em que misturava ritmos brasileiros com o technopop, depois passa para uma fase que lembra o new age, música eletrônica e outras experimentações. “Charites” foi lançado em 90 e segue a mesma linha experimental, num misto de música eletrônica, ritmos brasileiros, new age e mensagens ecológicas e místicas. Sem dúvida, um trabalho diferenciado e instigante. Confiram…
Fausto Fawcett – Imperio dos Sentidos (1989)
Jornalista, autor teatral, escritor de ficção-científica, compositor. Assim é Fausto Borel Cardoso, nascido no Rio de Janeiro em 10 de maio de 1957, e que escolheu o nome artístico de Fausto Fawcett, segundo consta, em homenagem à atriz norte-americana Farrah Fawcett, famosa na década de 1970 com o seriado de TV “As Panteras” e falecida em 2009. Este performático artista apareceu na noite carioca em meados da década de 1980, com esquetes misturando teatro, música e poesia, então muito em voga na Zona Sul do Rio de Janeiro. Suas músicas e livros frequentemente têm como cenário uma versão “cyberpunk” da “princesinha do mar”, Copacabana, onde foi criado. Ingressou no curso de comunicação da PUC-Rio em 1976, mas só se formou em 1983, uma vez que interrompeu seus estudos por dois anos. Foi na universidade que conheceu seu mais constante parceiro, Carlos Laufer, e começou a fazer suas performances, em 1981, na área do pilotis da PUC. De acordo com ele próprio, sua obra é profundamente marcada por quatro obsessões: Copacabana, louras, Rolling Stones e o Fluminense Futebol Clube. Outras influências foram o poeta pré-romântico inglês William Blake, o simbolista brasileiro Cruz e Souza, os Sex Pistols, a Jovem Guarda e até mesmo os Flintstones(!), tudo isso resultando em uma colagem de informações multifacetadas, misturando erudito e popular. Em 1987, devidamente acompanhado por seu grupo Robôs Efêmeros, fez sucesso em todo o Brasil com “Kátia Flávia, Godiva do Irajá”, inspirada numa personagem real, uma prostituta da boate Kiss Me. A música foi incluída na trilha sonora da novela “O outro”, da TV Globo, reaproveitada por Roman Polanski no filme “Lua de fel”, e regravada por Fernanda Abreu. Entre seus livros, todos baseados em suas performances, destacam-se “Santa Clara Poltergeist” (1990), não por acaso também título de uma das músicas do disco que comentamos a seguir, “Básico instinto” (1992), “Favelost” (2012) e “Cachorrada doentia” (2015). Fausto Fawcett tem três álbuns-solo gravados, além de participações em trilhas sonoras de filmes e álbuns de outros artistas, como a já citada Fernanda Abreu e Toni Platão, ex-vocalista da banda de rock Hojerizah. É justamente o segundo álbum-solo de Fausto, “O império dos sentidos” , lançado pela WEA/Warner em abril de 1989, que o TM prazerosamente disponibiliza hoje a seus amigos cultos, ocultos e associados, com produção assinada pelo “paralamas do sucesso” Herbert Vianna, que ainda atua na guitarra e nos teclados . São apenas sete faixas, que, segundo o jornalista Luiz Antônio Giron, estão “povoadas de recitativos obcecados pela técnica, simulacros simulados, figuras que se movem por um universo sem gravidade, em suspensão”. Entre elas, a já citada “Santa Clara Poltergeist”, a faixa-título, “O império dos sentidos” (por certo inspirada no filme japonês de Nagisa Oshima, clássico do cinema erótico), “Cicciolina, o cio eterno” (homenagem à atriz húngara naturalizada italiana, então diva do cinema pornô), “Shopping de vodus”, “Andróide nissei”, e “Judith Rachel” (uma falsa santa armamentista). A última faixa, “Sílvia Pfeiffer”, homenageia a atriz e manequim gaúcha, que, segundo o próprio Fausto, “encarna epicamente um certo sentimento de mundo, e tem uma beleza desumana que me faz produzir”. Não por acaso, é ela quem está na capa e na contracapa deste segundo álbum de Fausto Fawcett, o que a catapultou definitivamente para o estrelato, um ano mais tarde, ao estrelar a minissérie “Boca do lixo” e, em seguida, a novela “Meu bem, meu mal”, ambas na TV Globo. E ela continua em franca atividade, tanto na TV quanto no cinema. Enfim, este “Império dos sentidos” é um trabalho primoroso, com imagens que nos fazem pensar em mundos não-humanos, e universos paralelos. Para ouvir e pensar!
império dos sentidos
facada leite moça
androide nissei
mapas alemães
shopping de voodoos
santa clar poltergeist
cicciolina
judith raquel
silvia pfeiffer
*Texto de Samuel Machado Filho
Carlinhos Vergueiro – Contra Corrente (1978)
Boa noite, amigos cultos e ocultos! Primeiramente, fora Temer! E vamos em frente que atrás tem gente. Vamos de Carlinhos Vergueiro em seu álbum de 1978, lançado pelo selo Som Livre. Como se pode ver pela capa e contracapa, trata-se de um trabalho da melhor qualidade. Eu o considero como um de seus melhores discos. Carlinhos vem muito bem assessorado por um time de músicos de primeira. Não vou nem listá-los para não cometer a injustiça de esquecer de algum. Mas vale lembrar que além dos instrumentistas temos também um outro time (este de futebol de salão) de arranjadores: Zé Menezes. Edson Alves, Marcos de Castro, Waltel Branco e Edson Frederico. As doze faixas são todas autorais, em parceria com J. Petrolino, sendo a faixa “As duas margens do rio” de autoria também do violonista e compositor Toquinho. Embora este seja mais um disco já bem manjado entre caçadores e colecionadores de música digitalizada, vale a pena postar. Vale a pena relembrar 😉
Moreira Da Silva – Compacto (1964)
Boa tarde, amigos cultos e ocultos! Primeiramente, Fora Temer! Essa é uma abertura que eu já devia ter adotado. Desde que o golpista tomou o Poder, eu ainda não havia me pronunciado. Aliás, eu não estava querendo misturar o que nos uni, que é a música, com o que nos separa, que é a política. Infelizmente, neste (es)quisito não se pode esperar bom senso nem do amigo mais culto. A percepção política do brasileiro ainda se baseia na simpatia e na cumplicidade. Melhor deixarmos esse assunto de lado. Voltemos nossa atenção para a música, para os discos e coisas mais agradáveis…
Hoje eu trago, para variar, um disco de 7 polegadas. Temos aqui o grande Moreira da Silva em um disquinho raro, um compacto simples Odeon lançado em 1964, possivelmente para o Carnaval daquele ano. Aqui encontramos duas marchinhas de sua própria autoria, “Adão sem Eva” e “Cassa o mandato dele”, essa última é bem apropriada para os dias de hoje. Coincidentemente, no ano do Golpe Militar (e se caçava com dois S!)
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O Sonho De Alice – Trilha Sonora Original (1982)
Olá. amigos cultos, ocultos e associados! Após o disco de “Chapeuzinho Amarelo”, baseado no livro infantil homônimo de Chico Buarque, até hoje best-seller, e que virou bem-sucedido musical teatral, o TM apresenta hoje mais um álbum para crianças de todas as idades, com a trilha sonora de outro grande sucesso do teatro infantil brasileiro no início dos anos 1980. Trata-se de “O sonho de Alice”, concebido por Fred Pinheiro e Thanah Corrêa, adaptando os dois livros do escritor britânico Lewis Carroll protagonizados pela famosa personagem-título, “Alice no País das Maravilhas” e “Alice através do espelho”. No enredo, a menina Alice acorda em um estranho reino e sai à procura da sua gatinha Diná. E é no País das Maravilhas que ela encontra personagens diferentes, como o coelho branco, o Gato Quem, a Lebre de Março, o Chapeleiro Maluco (em uma festa de “desaniversário”), Tocatim e Tocatum, que lhes ensinam noções de amizade, respeito e liberdade. Estrelado por Myrian Rios (que afastou-se da vida artística e hoje é membro da comunidade católica Canção Nova), e produzido por ela juntamente com seu então marido, o “rei” Roberto Carlos, “O sonho de Alice” alcançou grande repercussão, tanto que, segundo depoimento da própria Myrian, “tinha até cambista na porta do teatro, e isso é raro numa peça infantil”. O espetáculo foi apresentado no Teatro Villa-Lobos, do Rio, e, em São Paulo, no antigo Teatro Zaccaro, encantando crianças e adultos. E, vez por outra, “O sonho de Alice” é remontado, com outros elencos. Agora, o TM apresenta o álbum com a trilha sonora de “O sonho de Alice”, com seu elenco original, tendo, claro, Myrian Rios à frente, lançado em 1982 pela CBS, a mesma gravadora de seu então cônjuge, Roberto Carlos. Evidentemente, como co-produtor do espetáculo, ele também compôs a maior parte das músicas, tendo a colaboração de nomes como o eterno amigo e parceiro Erasmo Carlos, Paulo Sérgio Valle, e o maestro Eduardo Lages, então figura de proa nos shows e discos de Roberto. O disco reproduz a magia e o encanto da versão teatral, e o encarte dá-se ao trabalho de incluir um roteiro da história, junto com a reprodução das letras das canções. Enfim, uma orientação e tanto para se apreciar melhor este álbum que o TM hoje nos oferece. É ouvir e sonhar…
reino encantado
alice
as flores
marcha soldado
tocatum e tocatim
lagarta oriental
parabéns pelos 364 dias
a ciranda do mosquito
o gordinho
o gato que ri
tema da rainha
professor sabe tudo
a tartaruga
o cavaleiro
oitava casa
valsa real
no reino da felicidade
.*Texto de Samuel Machado Filho
Orchester Kurt Edelhagen – Olympia Parede (1972)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Aproveitando o clima de olimpíadas, vou hoje postando este lp, a título de curiosidade. Trata-se de um lp lançado na Alemanha, em 1972 pelo selo Polydor, promovendo as Olimpíadas de Munique que aconteceu naquele ano. Por sinal uma das edições mais conturbada da história dos Jogos Olímpicos, quando então ocorreu a invasão do grupo terrorista ‘Setembro Negro’ n
Panorama Da Música Popular Brasileira (1967)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Se tem uma coisa que eu não dispenso aqui no blog são as coletâneas. Acho elas ótimas, pois nos permite uma visão mais panorâmica de um determinado tema ou artista. Não é atoa que aqui a gente também acabe produzindo nossas próprias coletâneas exclusivas, sempre fazendo muito sucesso.
Hoje temos uma coletânea oferecida pela Organização Philips Brasileira. Um disco não comercial, promocional, lançado pela gravadora e selo Philips, em 1967, provavelmente como cortesia de fim de ano. A empresa e sua marca chegou ao Brasil em 1924, mas só depois da Segunda Guerra Mundial foi que as atividades industriais se iniciaram por aqui. A Philips produzia lâmpadas e aparelhos eletrônicos e ao longo do tempo foi se tornando uma gigantesca organização, atuando em campos diversos da produção industrial de eletroeletrônicos. A sua indústria fonográfica e selo surgem no final dos anos 50. E ela investe pesado na música, principalmente como gravadora. Tem entre seus contratados artistas dos mais importantes, tanto nacionais quanto internacionais. É inegável a contribuição da gravadora para com a música brasileira. São muitos os títulos lançados por ela e aqui, nesta coletânea, vamos encontrar um leque especial com alguns dos melhores momentos de sua produção até o ano de 1967. Certamente, tudo isso já passou por aqui, mas vale a pena ouvir de novo 😉
Fernando Santos – Samba De Caboclo (1975)
O Toque Musical oferece hoje a seus amigos cultos, ocultos e associados parcela substancial e importantíssima da cultura musical afro-brasileira, através do álbum “Samba de caboclo”, gravado em 1975 por Fernando dos Santos, o Ilê de Egunajara, para a Continental (selo Musicolor). Houve uma reedição em 1978, com a marca Popular. O samba de caboclo, de acordo com o “Dicionário banto do Brasil”, é um cântico ritual dos candomblés de caboclo. Tais cânticos são entoados em festas que geralmente acontecem uma vez por ano, nas quais são oferecidas aos caboclos todas as iguarias alimentares de que eles gostam, inclusive frutas, e uma be
Arco Íris – Coração Coração (1982)
Olá amiguíssimos cultos e ocultos! Seguindo nossa jornada musical (ainda estou no embalo de julho) eu hoje trago uma das excelentes produções independentes lançadas na década de 80. Este foi um período onde muita coisas independente começou a pipocar por aí. Uma fase que precisamos passar um pente fino para resgatar trabalhos de altíssima qualidade, como é o caso deste aqui… Quem olha pela capa há de pensar que se trata de uma coletânea de músicas românticas, algo até meio infantil ou feminino, sei lá… Mas quem vê cara e não olha a bunda, perde a chance de um rebolado. E aqui, no caso há bem mais que rebolado. Temos o quarteto vocal Arco-Íris, formado por Marcos Dantas (voz e violão), Fernando Veloso (voz), Ophélio Walvy (voz e violão) e Nelson Wellington (voz e violão). No ano de 1982 eles lançaram este, “Coração, coração”, um lp muito bem produzido, com grande parte das composições autorais, ou em parcerias. Quem escuta pela primeira vez acredita ser este outro grupo vocal, o Boca Livre, ou ainda a dupla Burnier e Cartier. Mas quase não é um engano, a essência é a mesma. Inclusive há músicas e participação desses artistas (Cláudio Nucci e Cláudio Cartier) no disco. Outro destaque importante é também o Azimuth, presente aqui, com Alex Malheiros e Zé Roberto Bertrami. Duas músicas deste disco tiveram um relativo sucesso, chegando a tocar em rádios, “Maria Clara”, de Cláudio Cartier e Paulo Feital e “Porteira”, de Eduardo Souto Neto e Nelson Wellington. Vale muito a pena conferir…
Sivuca 73 (1974)
Boa tarde, prezados amigos cultos e ocultos! Entre os tantos discos do Sivuca que eu já postei aqui no nosso Toque Musical, este é mais que não podia faltar. Belíssimo trabalho de Sivuca gravado e lançado nos Estados Unidos, em 1973. Nesta época, Sivuca estava morando em Nova York, gravando muito e trabalhando com o ator e cantor Herry Belafonte. surgiu então a oportunidade de gravar este disco pelo selo Vanguard. No mesmo ano também lançaria outro, ao vivo, o ‘Live in from Village Gate”. Todos os dois lps vieram a ser lançados também no Brasil no ano seguinte, 1974. Neste disco Sivuca toca acompanhado por músicos americanos, o que dá ao trabalho uma atmosfera meio jazzística, ou ainda bem aos moldes de outro brasileiro, o Sérgio Mendes. O repertório é fino, com uma seleção que nos traz dez faixas com músicas, entre essas, também autorais e algumas até bem conhecida do público. Para o meu gosto pessoal, este é um dos discos do Sivuca que eu mais aprecio e que tive a felicidade de ganhar o lp do meu amigo Fáres. Mais que nunca, este é um que não podia mesmo faltar aqui 😉
Bimba – Morena (1980)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Hoje temos aqui um disco independente, álbum solo da cantora Bimba. Bimba? Este talvez seja o questionamento de muitos e foi também o meu no primeiro momento que vi a capa. Quem é essa cantora que atende pela alcunha de Bimba? De Bimba, que eu me lembrasse era apenas o mestre Manoel dos Reis, precursor da Capoeira. Chegou a me causar estranheza esse nome, que irremediavelmente me levou para um lado irônico e malicioso (ups! sem comentários). Mas não demorou muito para que eu caísse na real. Bastou por o disco para tocar e ler a ficha técnica no encarte. Claro, agora me lembrei… Bimba, na verdade é Semíramis, cantora que fez parte do grupo A Brazuka, de Antonio Adolfo e do quinteto Samba S.A., de Mário Castro Neves. Antes disso porém, em 1967, ela fez parte do Quarteto em Cy, passando a assinar Cymiramis. E com este grupo feminino ela excursionou pelos Estados Unidos. A partir da década de 80 ela volta em disco solo, já com o nome de Bimba. Até onde eu sei, ela gravou dois discos, um em 79 e este de 80, todos os dois sendo produção independente. Para este álbum que apresentamos, Bimba contou com a produção, arranjos e regências de Antonio Adolfo. Participam do discos instrumentista importantes, tais como Rick Ferreira, Márcio Montarroyos, Leo Gandelman, Luis Claudio Ramos, Claudio Stevenson e outros…
Mário Pereira – Na Praia (1965)
Boa noite, amigos cultos e ocultos! Trago hoje para vocês o clarinetista Mário Pereira, um músico capixaba, que atuou pela CBS nas décadas de 60 e 70. Fez parte do Regional de Canhoto, que foi quem o trouxe para a gravadora. Na CBS, gravou pelo menos uns seis discos, além de participação em discos de outros artistas. Formou na década de 80 seu próprio regional, sendo consagrado com um dos grandes músicos do choro. Também tinha um conjunto de baile e alegrou muita festa, principalmente nos subúrbios do Rio. Este lp foi o segundo disco gravado por ele. Seu último trabalho, pelo menos até onde eu sei, foi o cd independente “Gafierando”, com temas de sua própria autoria. Confiram…
Beth Carvalho – Beth (1986)
O TM oferece hoje a seus amigos cultos, ocultos e associados mais um álbum desta grande dama do samba que é Beth Carvalho. Com mais de 50 anos de carreira, ela já recebeu dezessete discos de ouro, nove de platina, e dois DVDs de platina, além de centenas de troféus e premiações. E, desta vez, o TM nos traz “Beth”, lançado em 1986 pela RCA (depois BMG, e hoje Sony Music). Produzido por Renato Corrêa, dos Golden Boys, foi dedicado pela própria Beth a Nara Leão, também sua amiga pessoal, a quem sempre admirou por ter buscado os compositores do povo, cantando suas tristezas e alegrias, e captar os anseios populares. Conforme assinala a jornalista Lena Frias no texto de apresentação, o disco traz uma Beth “ainda mais engajada político-ideologicamente, comprometida com o país e seus destinos”. O que comprova a faixa de maior sucesso do álbum, “Corda no pescoço”, de Almir Guineto e Adalto Magalha, a primeira desse trabalho a chamar a atenção das rádios e do público. E cuja letra, infelizmente, continua atualíssima. Há boas regravações de “Chega de saudade”, clássico da bossa nova, e “Coisa de pele”, originalmente sucesso na voz de seu co-autor, Jorge Aragão. De quebra, as participações especiais de Zeca Pagodinho em “Dor de amor”, e da cantora argentina Mercedes Sosa, então símbolo vivo da resistência na América Latina, em “Eu só peço a Deus”, num vigoroso “protesto da latinidade”. Com direito a um trabalho inédito de Cartola, falecido seis anos antes, “Espero por ti”, e uma composição do forrozeiro Jorge de Altinho, “Eu quero mais”. Em suas treze faixas, “Beth” é um trabalho impecável, muito bem produzido, de uma artista que sempre acreditou na arte gestada e nascida em terreiros, botecos e tendinhas, tanto que, quando este disco foi lançado, o chamado “pagode de mesa” estourou nas emissoras de rádio, tornando-se mania nacional. Há ainda composições de Arlindo Cruz, Sombrinha, Luiz Carlos da Vila, verdadeiros “cobras” do samba, enriquecendo ainda mais este LP, sem dúvida um ponto altíssimo na discografia de Beth Carvalho. Um verdadeiro manifesto de brasilidade e latinidade! Confiram…
nas veias do brasil
dor de amor
caxambu
partido alto mora no meu coração
padroeira
fogo de saudade
corda no pescoço
coisa de pele
falso reinado
chega de saudade
eu quero mais
espero por ti
eu só peço a deus
*Texto de Samuel Machado Filho
Expósito E Sua Orquestra – Motivo D’Amore (1965)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Ainda continuo no embalo que vim do mês de julho. É como se a festa de aniversário ainda não tivesse chegado ao fim. Ou por outra, no embalo final e etílico do fim de festa. Daí, a gente continua e parece que ainda mais inspirado, hehehe…
Pois é, e assim temos mais um disco do maestro Expósito em nossas fileiras. Depois de termos postado aqui, pelo menos uns quatro disco dessa maravilhosa orquestra, agora me aparece mais este, “Motivo D’Amore”, outro álbum com um sortido repertório contemplando temas nacionais e internacionais. Como em outros lançamentos da RCA Victor, este também não fica a desejar, exceto pelas informações a respeito de Expósito e Sua Orquestra. Este é um nome que só veio a ser desvendado depois que passamos a postar os seus discos. Foi graças aos amigos cultos que conseguimos desvendar o misterioso Expósito. Segundo informações colhidas nos próprios comentários de postagens, Expósito foi um maestro argentino que esteve no Brasil durante a década de 60 fazendo arranjos e regências para a Orquestra da RCA Victor. Gravou com ‘sua’ orquestra pelo menos uma meia dúzia de lps, todos geniais. Possivelmente, deve ter feito mais coisas para a gravadora, que naquela época produzia muito. Na contracapa deste lp podemos ver três lançamentos da gravadora, sendo que um deles é da Orquestra Namorados do Caribe (disco também já postado aqui no TM). Eu suponho que esta também foi outra contribuição de Expósito. Tudo leva a crer, pelo estilo, pelos arranjos, pela orquestra e pela gravadora. Enfim, estamos aos poucos mapeando todo o circuito musical desse maestro argentino pelo Brasil. Confiram mais este disco, que com certeza é um bom motivo para amar 🙂
Fagner – Manera Fru Fru Manera (1980)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Partido para os 10 anos, aqui vai o primeiro passo… Aliás, um passo muito especial. Hoje eu vou postar um dos discos que eu mais gosto. Embora já tenha prá lá de 40 anos, quando foi lançado, ainda hoje é um disco muito comercial. Na verdade um clássico que nunca deixou de ser sucesso. E muito por conta disso eu até então nunca pensei em postá-lo aqui. Por outro lado, trata-se de um lp bem manjado e que se pode encontrar em qualquer lugar. Mas, pensando agora aqui com os meus botões, acho que já está na hora dessa joinha’ figurar em nossa lista’. Assim, aqui temos “Manera Fru Fru Manera”, primeiro álbum do cantor, compositor e produtor cearense, Raimundo Fagner. O disco, originalmente, foi lançado em 1973. Produzido por Roberto Menescal, com coordenação de Paulinho Tapajós, arranjos de Ivan Lins e Luiz Cláudio e direção musical do próprio Fagner. Há participações especiais, de Nara Leão e Nana Vasconcellos. Na primeira edição o disco trazia a música “Canteiros”, que era na verdade um poema de Cecília Meirelles adaptado e musicado por Fagner e Belchior. Nesta edição não havia os créditos do parceiro e muito menos era citado o nome da poeta. Em 1976 o disco foi relançado e a música “Canteiros” se tornou um grande sucesso. Nesta segunda tiragem já constava o nome de Belchior e de Cecília Meirelles. Porém a família da poetisa entrou na justiça pedindo a exclusão da música, a qual foi substituída por “Cavalo ferro”, que ocupou o lugar da outra nesta edição de 1980. Para não ficarmos com a sensação de que está faltando alguma coisa, inclui no nosso arquivo a música original, “Canteiros”. Confiram lá no GTM, pois o tempo é limitado…