Olá, meus caríssimos amigos cultos e ocultos! Aqui estamos novamente. Depois de uma pausa forçada, encontro uma brecha para continuar o nosso toque musical. Fiquei alguns dias sem postar, mas em compensação, andei repondo alguns links vencidos, para a alegria dos retardatários.
Voltando em ritmo instrumental, tenho para vocês este lançamento independente, de 1992, do grande batera Rui Motta. Um disco totalmente autoral, com apenas seis músicas, provando que qualidade não é quantidade. A capa é bem instigante, lembrando algum disco de rock progressivo. Mas, o que temos é música instrumental, no sentido mais característico do termo. Mundos Paralelos foi indicado para o Prêmio Sharp, de 1992. Acompanham o nosso artista neste lp outros grandes nomes como Sérgio Dias, Luciano Alves, Leo Gandelman, Pedro Baldanza e outros músicos do mesmo naipe.
Apenas para esclarecer um pouco mais… Rui Motta é um baterista que já tocou com os mais diferentes artistas, nacionais e internacionais. Integrou a fase progressiva dos Mutantes (sem Rita Lee e Arnaldo), onde gravou três discos. Ingressou outras bandas nos anos 80, mas seu grande mérito está no trabalho de ensino e técnica de bateria. Ele criou métodos exclusivos e publicou já diversos livros sobre bateria. Possui, no Rio, uma escola de bateria, pela qual já passaram outros tantos grandes talentos. Vamos conferir este trabalho?
Arquivo mensais:fevereiro 2016
Blindagem (1981)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Na semana que antecedeu ao Carnaval eu andei postando aqui alguns discos de rock, porém havia na lista muitos outros que eu gostaria de postar. Um dos que ficou de fora foi este lp da banda paranaense Blindagem, que eu já nem me lembrava mais. Redescobri o disco no saldão do Acervos LP, lojinha bacana dos amigos Célio e Márcio, aqui em BH. Como já estávamos encima da folia carnavalesca, preferi deixá-lo para agora.
Segue então a banda Blindagem em seu primeiro e mais célebre vôo. A banda foi formada no final dos anos 70 e viria a ser a grande expressão do rock paranaense. Em 1981 eles lançaram pela Continental este disco, com direito a compacto, apresentando as duas músicas de destaque do lp: “Oraçao de um suicida” e “Marinheiro”. O tal disquinho de 7 polegadas era mesmo eficiente, pois foi muito graças a ele que a música do Blindagem ganhou divulgação em rádios, do sul e sudeste do Brasil, dando a banda, logo de início, um certo destaque. O grupo já atuava em festivais e shows nos anos 70, mas passa a ganhar força com a entrada do cantor e compositor Ivo Rodrigues, que tinha como parceiro o poeta Paulo Leminski. Neste lp, boa parte das músicas são assinadas por Ivo Rodrigues e Paulo Leminski. Um trabalho interessante e bem produzido, mas que não se repetiria em outros lançamentos posteriores da banda. O Blindagem seguiu seu caminho apostando mais na cena local. Ao longo dos anos começou a investir em outros estilos, indo do rock ao samba, passando por baladas românticas e sertanejo. Evidentemente, isso acabou levando a banda a uma descaracterização da proposta inicial, gerando uma discografia irregular e talvez por conta disso acabou não alcançando um merecido reconhecimento. Ao que consta, o Blindagem continua na ativa, mas sem seu principal capitão, Ivo Rodrigues que faleceu em 2010. Confiram este que foi o melhor e talvez o único nos primórdios do rock setentista do Paraná.
I Festival Internacional De Jazz – São Paulo-Montreux (1978)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Eu hoje estou trazendo um disco que em outros momentos, talvez não entrasse em nossa lista. Produção com mais de 20 anos, fora de catálogo, mas ainda assim um pouco fora do nosso contexto, não fosse o fato de ser um festival de jazz realizado em São Paulo e tendo entre os artistas presentes dois brasileiros, Airto Moreira e Hermeto Pascoal.
O I Festival Internacional de Jazz foi um evento, sem precedentes, que aconteceu simultaneamente nas cidades de São Paulo e Montreux, na Suiça. Um festival que reuniu músicos de vários países, apresentando diferentes estilos de jazz. Em São Paulo os shows foram vistos por quase 4 mil pessoas no Palácio de Convenções do Anhembi. Este álbum foi lançado no mesmo ano do festival. Um álbum duplo, que bem merecia triplo ou mais, trazendo além dos brasileiros já citados, grandes nomes como Bill Evans, George Benson, George Duke, Larry Coryell & Philip Catharine, Etta James e Al Jarreau.. Muito bom!
A Música De Getúlio Marinho (parte 2) – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 145 (2016)
O Grand Record Brazil oferece hoje, mui prazeirosamente, aos amigos cultos, ocultos e associados do TM, a segunda parte da retrospectiva dedicada a Getúlio “Amor” Marinho, compositor carioca intimamente ligado ao carnaval e ás escolas de samba, oferecendo mais dez preciosas gravações de obras suas. Para começar, a marcha-rancho “Gegê”, parceria de “Amor” com Eduardo Souto (compositor de belas páginas desse gênero), do carnaval de 1932. A gravação ficou por conta de Jayme Vogeler, na Odeon, acompanhado pela Orquestra Copacabana de Simon Bountman, em 24 de novembro de 31, disco 10876-A, matriz 4369. É a crônica musical de um episódio segundo o qual o então presidente Getúlio Vargas, assim que tomou posse, em 1930, começou a receber inúmeros pedidos de empregos públicos, e, para protelar e desacelerar essa avalanche (era um período de crise financeira, como agora), passou a exigir requerimento estampilhado, com foto e selos. Só que “Gegê”, aqui, não é o apelido de Getúlio, e sim um nome qualquer, ou seja, apenas uma coincidência. A música, por sinal, até venceu um concurso promovido pelo “Correio da Manhã”, através de votos impressos no próprio jornal, apontando a melhor música da folia momesca de 1932, deixando em segundo lugar o clássico “Teu cabelo não nega”, dos irmãos Valença e Lamartine Babo. Logo depois, o partido-alto “Tentação do samba”, que “Amor” fez com seu mais constante parceiro, João Bastos Filho. Foi gravado por Patrício Teixeira na Victor em 2 de fevereiro de 1933, com lançamento em março do mesmo ano, disco 33633-A, matriz 65660. Luiz Barbosa, sambista prematuramente desaparecido, mas cujo estilo deixou inúmeros seguidores , aqui comparece com a batucada “Bumba no caneco”, parceria de Getúlio “Amor” Marinho com Orlando Vieira. Destinada ao carnaval de 1933, foi gravada na Odeon em 24 de janeiro desse ano, com lançamento a toque de caixa sob número de disco 10974-A, matriz 4594. Patrício Teixeira retorna em seguida para interpretar “Quando me vejo num samba”, de “Amor” sem parceiro, gravação Victor de 17 de maio de 1933, somente lançada em setembro de 34 (!), disco 33818-B, matriz 65735. Castro Barbosa vem depois com “De que será?”, marchinha do carnaval de 1935, da parceria “Amor”-João Bastos Filho. Acompanhado pelos Diabos do Céu, de Pixinguinha, Barbosa gravou a música na Victor em 4 de dezembro de 34, com lançamento bem em cima da folia, em fevereiro, disco 33899-A, matriz 79795. Aurora Miranda, irmã de Cármen, comparece aqui com o samba “Molha o pano”, de “Amor” e Vasconcelos, do carnava de 1936. Gravação Odeon de 16 de dezembro de 35, lançada um mês antes da folia, em janeiro, disco 11320-A, matriz 5213. Ainda de “Amor” e João Bastos Filho é a valsa “Teu olhar”, executada por Luiz Americano à clarineta com a maestria habitual, em gravação Odeon de 3 de outubro de 1936, lançada em abril de 37, disco 11459-B, matriz 5390. Ídolo popular inesquecível, Orlando Silva aqui apresenta o samba “Vai cumprir o teu fado”, da parceria Getúlio “Amor” Marinho-João Bastos Filho, sucesso do carnaval de 1940. Gravação Victor de 26 de setembro de 39, lançada ainda em novembro, disco 34517-B, matriz 33165. Dessa parceria é também a marchinha “Oh! Mariana”, da mesma folia momesca, interpretada pelo irmão de Sílvio Caldas, Murilo. Gravação Victor de 22 de novembro de 1939, lançada em janeiro de 40, disco 34561-B, matriz 33286. Por fim, o grande Nélson Gonçalves, interpretando, também de “Amor” e João Bastos Filho, a valsa “Nadir”, gravação Victor de 30 de maio de 1944, lançada em agosto do memso ano, disco 80-0198-A, matriz S-052968. Um belo fecho para esta seleção que o GRB dedica a Getúlio “Amor” Marinho, com toda a certeza. Até a próxima!
Texto de SAMUEL MACHADO FILHO.
Manfredo Fest Trio (1965)
Sivuca E Seu Conjunto – Motivo Para Dançar N.2 (1957)
Orquestra E Coro Odeon – Carnaval Odeon (1955)
.
* Texto de Samuel Machado Filho
.
Vários – Carnaval 1972 (1972)
Olá, amigos cultos, ocultos e associados. Depois de oferecer a vocês o álbum que a Continental lançou com músicas para o carnaval de 1968, o TM apresenta mais um LP carnavalesco da mesma gravadora, editado com o selo Musicolor (braço dito “econômico” da empresa), agora dedicado à folia momesca de 1972. Na verdade, foram dois LPs, e este é o primeiro deles. Alguns dos intérpretes deste disco são conhecidos: Wilma Bentivegna (cantora de hits românticos, aqui presente com “Carnavais do passado”, marcha-rancho na linha saudosista), Leila Silva (“Falando comigo”, que tem co-autoria do músico Adilson Godoy), Miguel Ângelo, ex-integrante da Dupla Ouro e Prata (aqui com “A marcha do bebum”, explorando temática comum em músicas carnavalescas) e Durval de Souza, comediante e apresentador de TV, então integrante do cast da Record, interpretando aqui “A tonga da mironga”, marchinha que, de certa forma, repercutia o grande sucesso obtido por Toquinho e Vinícius de Moraes com “A tonga da mironga do kabuletê”. Entre os compositores, a curiosidade fica por conta de Nascim Filho, notório apresentador de programas sertanejos no rádio paulistano, parceiro em “É hoje”, faixa de encerramento deste disco, interpretada pelo Coro Musicolor. Temos ainda a presença de Nélson Silva, com “Dá de pinote” e “Vara verde”. Completam o programa, os obscuros Arthur Miranda, Dalva Pedrezani e os grupos Imperiais do Ritmo e As Damas. Se você que viveu nesse tempo não conseguir se lembrar de nenhuma das músicas deste disco, não se preocupe. Creio que muitos remanescentes dessa época não se lembram, uma vez que a canção carnavalesca já atravessava um período de grave crise, principalmente pela falta de divulgação, a tempo e hora, das composições então novas. Muitos estudiosos afirmam, inclusive, que o último grande sucesso do carnaval brasileiro foi “Bandeira branca”, lançado por Dalva de Oliveira em 1970. Portanto, dois anos antes deste nosso álbum. Como já registramos anteriormente, o carnaval de salão passou a ser dominado por sucessos antigos de outros tempos (tipo “Mamãe eu quero”, “Jardineira”, “Cabeleira do Zezé” etc.), e, nas ruas, os sambas-enredo das escolas passaram a dar as cartas. De maneira que este álbum da Continental para a folia de 1972 acaba se tornando um verdadeiro documento, de uma época em que a canção carnavalesca ainda respirava, ou tentava respirar. E esta é mais uma oportunidade que o TM nos dá, de ouvir músicas que possivelmente não foram bem-sucedidas na folia momesca, com toda a atenção da qual não desfrutaram quando de seu lançamento. Afinal, todo mundo merece uma segunda chance, não é mesmo?
carnavais do passado – wilma bentivegna
dá pinote – nelson silva
marcha do bebum – miguel angelo
a onda da cafonagem – as damas
doido varrido – arthur miranda
a marcha do corujão – dalva pedrezani
amor – as damas
a tonga da mironga – durval de souza
esquecendo o mal – imperiais do ritmo
falando comigo – leila silva
vara verde – nelson silva
é hoje – côro musicolor
.
- Texto de Samuel Machado Filho
Carnaval 68 (1968)
Está chegando mais um carnaval. É hora de esquecer as tristezas e as frustrações da vida e brincar, sambar, fazer tudo a que se tem direito. Mas sem cometer excessos, principalmente na bebida. Entrando nesse clima, o TM oferece hoje a seus amigos cultos, ocultos e associados um álbum lançado pela Continental, com músicas para o carnaval de 1968. Com o advento dos LPs no Brasil, na década de 1950, as gravadoras passaram a lançar, anualmente, álbuns com os contratados de seu cast interpretando músicas feitas para a folia de Momo. Era um tempo em que os artistas se engajavam de corpo e alma na gravação e divulgação de tais músicas, pois, como se dizia, eram também “da fuzarca”. Nunca é demais lembrar que o primeiro LP editado no Brasil, de 1951, foi o dez polegadas “Carnaval em long playing” (selo Capitol/Sinter). À medida em que o LP foi se popularizando, e as vendas dos antigos discos de 78 rpm despencando, todas as gravadoras passaram a seguir o exemplo da Sinter, botando praticamente todos os seus contratados para gravar músicas destinadas à grande festa do povo. E foi justamente o caso da Continental, com o álbum oferecido hoje a vocês pelo TM, com músicas destinadas à folia momesca de 1968. Nessa época, a música de carnaval já estava em acentuado declínio, agravado pela precária e escassa divulgação, e muito poucos tomavam conhecimento das novidades para a folia momesca. Nos salões, repetiam-se hits do passado, e, nas ruas, os sambas-enredo das escolas, sobretudo do Rio de Janeiro, tomaram o poder. Foi nesse ano, por sinal, que aconteceu o primeiro desfile oficial de escolas de samba de São Paulo, na Avenida São João, com a Nenê de Vila Matilde sagrando-se campeã. Mas os compositores e intérpretes não se apertavam, mostravam que ainda permaneciam vivos na folia. Das dezesseis faixas deste álbum da Continental, pelo menos uma foi êxito espetacular no carnaval de 68: a marcha-rancho “Até quarta-feira”, de Paulo Sette e Umberto Silva, aqui em ritmo mais acelerado, de marchinha, na interpretação do sempre excelente Noite Ilustrada (foi também gravada por Marcos Moran, na Caravelle). Praticamente dominou aquela folia, sendo até hoje relembrada. Os oito intérpretes escalados para este disco, em sua maioria, eram cadeira cativa nos carnavais: Jorge Veiga (”Não tira a máscara”, “Amar não é pecado”), Francisco Egydio (“Vou deixar cair”, “Quem bate”), Risadinha (“Barqueiro de folga”, “Nem Pierrô nem Colombina”), Mário Augusto (“Garota do plá”, que aproveita um termo de gíria então usado para designar bate-papo ou conversa, “”A maior invenção”), a vedete Angelita Martinez, aqui interpretando “A bela Otero” e “Um instante maestro, pare”, esta última uma clara referência a Flávio Cavalcanti, polêmico apresentador de TV que chegava até a quebrar os discos musicais que considerava ruins, diante das câmeras. Francisco Petrônio, “o rei do baile da saudade”, mesmo não tendo lá muita tradição no setor carnavalesco, aqui comparece com “Palhaço” e “Drama de Pierrô”. Entre os compositores, há também nomes de destaque assinando algumas faixas: a dupla Dênis Brean-Oswaldo Guilherme, Newton Teixeira (autor de clássicos como “Malmequer” e “Deusa da minha rua”), o próprio Risadinha (como Francisco Neto), Elzo Augusto, Arnô Provenzano. São detalhes, que por si só, credenciam este álbum da Continental, apesar da crise que, já em 1968, atingia a canção carnavalesca. É a oportunidade de se redescobrir, inclusive, músicas que possivelmente não obtiveram sucesso, e que agora, graças a esta oportunidade proporcionada pelo TM, poderão ser ouvidas com a atenção da qual não desfrutaram quando lançadas. Divirtam-se!
.
* Texto de Samule Machado Filho