Os Saudosistas – Os Bons Carnavais De Ontem (1968)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Ontem eu finalmente inaugurei a nova página do Toque Musical no Facebook. Eu já tinha uma com o perfil do Augusto, mas achei melhor fazer uma outra exclusivamente para replicar as postagens do blog. Agora, toda a vez que eu fizer uma postagem aqui, ela também será publicada lá no Facebook. Convido os amigos aqui a se ligarem neste novo canal. Curtam e passem a segui-lo. O endereço é www.facebook.com/blogtoquemusical.
Como estamos nos aproximando do Carnaval, eu vou logo esquentando os tamborins. Para preparar o espírito carnavalesco, nada melhor que revermos antigos carnavais. Recordar antigas marchinhas e começar a cair na folia.
Tenho para hoje este lp lançado pela Odeon, através de seu selo Imperial. Como de costume, os discos da Imperial nem sempre nos traz informações relevantes sobre o trabalho. Muitas vezes até, parece que buscam mesmo um certo mistério. “Os Saudosistas”, por exemplo, deve ter sido apenas um bom nome criado para dar uma certa identidade ao álbum. Mas aqui pouco interessa quem são, o que vale mesmo é o conteúdo musical. Neste caso, temos um desfile dos mais diferentes clássicos carnavalescos, em sua maioria das décadas de 30 e 40. Marchinhas e sambas arranjadas em forma de ‘pot-pourri’, dando às músicas uma dinâmica apropriada, sem pausa para o folião. O disco se divide em seis longas faixas, mas aqui eu preferi desmembrar uma delas, onde há um corte mal feito na edição, criei assim sete ‘pot-pourris’. Verificando aqui agora, percebo que este disco eu já havia postado. Porém, o original, lançado em 1959, apresenta uma outra capa e com outro nome (Carnaval de Outros Tempos). Seja como for, esta postagem tá valendo. Quem foi que disse que os discos aqui não voltam? Confiram!

madureira chorou
rosa maria
se é pecado sambar
madalena
tumba lê lê
deixa a lua socegada
saca-rolha
china-pau
zum zum
pescador
ai! morena
não me diga adeus
recodar
enlouqueci
vai que depois eu vou
é com esse que eu vou
general da banda
touradas de madrid
a mulher do padeiro
clube dos barrigudos
maria rosa
marcha do gago
império do samba
facão bateu embaixo
despedida de magueira
promessa
grau 10
eva querida
nós os carecas
segura essa mulher
daqui não saio
tomara que chova

 

 

Milton Nascimento (1967)

Boa noite, meus caros amigos cultos e ocultos! Estou percebendo que a cada dia os blogs estão perdendo a graça, o interesse das pessoas muda conforme novas plataformas de comunicação vão surgindo. E tudo isso vem acontecendo muito rápido. Estou pensando seriamente em migrar de vez para o facebook, ou pelo menos de forma paralela. Continuarei mantendo as publicações tradicionais, mas vou invadir essa vitrine. Fiquem ligados!
Hoje eu trago para vocês o primeiro lp e disco solo gravado por Milton Nascimento. Um álbum marcante, não apenas por ser o primeiro, mas também pelo repertório e pela produção que envolveu um time de músicos impecáveis. Milton vem acompanhado pelo Tamba Trio, sendo Luiz Eça figura indispensável, responsável pelas orquestrações e regências. Outro nome importante na construção deste lp é Eumir Deodato, que é o autor dos belíssimos arranjos de “Travessia” e “Morro Velho”. Creio que nem preciso me prolongar, pois a contracapa já nos traz todas as informações. Este disco, originalmente, foi lançado pela Codil (Tapecar), através de seu selo Ritmos. Mas depois veio a ser relançado como título de “Travessia”. Sem sombra de dúvidas, um álbum excelente, bem a altura deste que viria a ser um dos mais importantes artistas da música popular brasileira. Salve o grande Bituca!

três pontas
crença
irmãos de fé
travessia
canção do sal
morro velho
gira girou
maria minha fé
catavento
outubro
.

Brasil Ritmo 67 – As Três Mais – Botando Pra Quebrar (1970)

Boa noite, meus caros amigos, cultos e ocultos! Havia preparado esta postagem ontem. Estava com tanta pressa que nem me dei ao trabalho de verificar o resultado. Aliás, nem publiquei na versão Blogger, nossa ‘filial’. Relendo as besteiras que escrevi, achei melhor refazer tudo.
Apresento a vocês um lp 2 em 1. Ou melhor dizendo, um disco para dois. Em 1970 a RCA Victor lançou este álbum de samba, trazendo dois grupos, o conjunto Brasil Ritmo 67 e o trio vocal feminino As Três Mais. Nomes que não chegaram a se tornar grandes destaques por serem antes de tudo grupos de apoio para outros artistas, discos e gravações. Infelizmente essa turma do estúdio nem sempre tinha lá os seus nomes nas fichas técnicas. Eventualmente surgia a brecha e daí nasciam discos como este. Um álbum que se divide, sendo um lado dos rapazes e do outro as moças. Mas para manter a harmonia do bom samba, tanto um quanto outro participam coletivamente em algumas faixas um do outro. São doze sambas de qualidade, do tempo em que o samba era mais samba.

belém do pará – brasil ritmo 67
samba do paquera – brasil ritmo 67
tristeza de sambista – brasil ritmo 67
você me balançou – brasil ritmo 67
valorização da mulata – brasil ritmo 67
o bloco – brasil ritmo 67
no meu barco eu vou de proa – as três mais
o gato – as três mais
a moça é menina – as três mais
um homem e uma mulher – as três mais
ginga de crioulo – as três mais
deixa serenar – as três mais
.

Pixinguinha 1 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 132 (2015)

Um verdadeiro gênio da música popular brasileira.  Uma perfeição em tudo que fez: flautista, saxofonista, compositor,  arranjador.  Um autêntico mestre.  E é justamente a obra de Alfredo da Rocha Viana Júnior, aliás, Pixinguinha, que o Grand Record Brazil tem a honra de focalizar nesta e na próxima edição.
Esta autêntica legenda de nossa música popular veio ao mundo no bairro do Catumbi, Rio de Janeiro, no dia 23 de abril de 1897. Seu pai, funcionário dos correios e também flautista, possuía uma vasta coleção de partituras de choros antigos.  Nosso focalizado aprendeu música em casa,tendo inclusive aulas de flauta com Irineu “Batina” de Almeida,  fazendo parte de uma família com vários irmãos músicos, entre eles Otávio Viana, o China. Foi ele quem conseguiu para o irmão seu primeiro emprego. Pixinguinha começou a atuar como músico ainda adolescente, em 1912, em cabarés da Lapa, e depois substituiu o flautista titular na orquestra da sala de projeção do Cine Rio Branco.  Continuou atuando, nos anos seguintes, em cinemas, casas noturnas, ranchos carnavalescos e no teatro de revista, e nessa época também fez suas primeiras gravações em disco.  Aos 14 anos, fez sua primeira composição, o choro “Lata de leite”. Integrou, ao lado de Donga e João Pernambuco, o Grupo Caxangá e, a partir deste, em 1919, formou outro conjunto que se tornaria famoso:  Os Oito Batutas, que tocava na sala de espera do Cine Palais.  Um dos mais assíduos frequentadores dessas audições dos Batutas era Ruy Barbosa, que sempre pedia que eles tocassem “Bem-te-vi”, de Catulo da Paixão Cearense.  Os Oito Batutas se apresentaram ainda na França e na Argentina, onde inclusive gravaram uma série de discos na Victor de Buenos Aires.  Mais tarde, formou a Orquestra Típica Pixinguinha-Donga, que gravava na Parlophon, subsidiária da Odeon. Outro ilustre fã do mestre do choro era o escritor Mário de Andrade, a quem Pixinguinha forneceu, em 1926, os elementos para a cena de macumba de sua obra-prima, o romance “Macunaíma”.
Contribuindo para que o choro brasileiro encontrasse uma forma musical definitiva, Pixinguinha foi contratado, em 1929, pela recém-instalada filial brasileira da gravadora Victor (depois RCA Victor), como instrumentista, arranjador e maestro. Nessa época dividia com Radamés Gnattali a responsabilidade de reger a Orquestra Victor Brasileira (ou Orquestra Típica Victor). Nessa gravadora também formou o Grupo da Guarda Velha e, mais tarde, a orquestra Diabos do Céu, acompanhando nas gravações os cantores contratados da empresa nessa época, tais como Cármen Miranda, Sílvio Caldas, Gastão Formenti, Francisco Alves, Mário Reis, Patrício Teixeira, Carlos Galhardo,etc.  Também formou a Orquestra Columbia de Pixinguinha, igualmente acompanhando os cantores nas gravações de estúdio dessa marca, futura Continental. Mais tarde, em 1937, formou o conjunto Cinco Companheiros. Em 1940, a convite do maestro americano Leopold Stokowski, então em turnê no  Brasil, a bordo do navio “Uruguai”, Pixinguinha organizou um grupo de músicos e cantores brasileiros para fazer gravações . Estas, feitas no próprio navio, seriam lançadas nos EUA em dois álbuns de 78 rpm, a raríssima série “Native brazilian music”.
Nos anos 1940, talvez por dificuldades de embocadura, Pixinguinha teve de trocar a flauta pelo saxofone, e realizou, ao lado do flautista Benedito Lacerda,uma série de gravações  antológicas, até hoje bastante procuradas por estudiosos e pesquisadores da MPB.  Na década de 1950, formou a Turma da Velha Guarda, ao lado de velhos companheiros, tais como Almirante, Donga, Bide e J. Cascata, com quem inclusive gravou LPs rememorativos na Sinter e participou, em 1954, do Festival da Velha Guarda, promovido pela Rádio Record de São Paulo. Em 1962, fez a trilha sonora do filme “Sol sobre a lama”, e ganhou novos parceiros, tais como Vinícius de Moraes e Hermínio Bello de Carvalho. Com este último, fez a música “Fala baixinho”, escrita no hospital após um enfarte que sofrera, em 1964, e finalista em um festival.  Em 1968, gravou, ao lado de João da Baiana e Clementina de Jesus, o álbum “Gente da antiga”, produzido justamente por Hermínio. Mestre Pixinguinha faleceu em seu Rio de Janeiro natal, a 17 de fevereiro de 1973, de infarto, na sacristia da Igreja da Paz, no bairro de Ipanema, onde assistia a um batizado, ostentando a mesma elegância com que sempre viveu. E deixando um legado precioso e importante para quem estuda e pesquisa nossa música popular. Uma parte dele o GRB começa a oferecer agora, apresentando, neste primeiro volume, 12 gravações preciosíssimas, todas feitas na RCA Victor.  Para começar, Jacob do Bandolim executa o choro “Teu aniversario”, originalmente intitulado “Recordando” e assim gravado pelo próprio Pixinguinha em 1935. O registro de Jacob data de 30 de junho de 1950 e saiu em setembro do mesmo ano, disco 80-0688-B, matriz S-092700. O próprio Pixinguinha, ao saxofone, em dueto com Benedito Lacerda, vem em seguida com outro expressivo choro, “Proezas de Sólon”, em gravação de 4 de junho de 1946, lançada em agosto de 47 sob número 80-0534-B, matriz S-078536. E logo depois, uma raridade: Pixinguinha cantando (!) um lundu que fez com Gastão Viana,“Yaô”, originalmente lançado em 1938 por Patrício Teixeira, com palavras africanas na letra: “akicó” (galo), “pelu adié” (o peru rodopia entre as galinhas), “jacutá” (casa) e “Yaô” (mulher filha de santo). Pixinguinha fez seu registro na RCA Victor em 7 de julho de 1950, com lançamento em setembro do mesmo ano, disco 80-0692-A, matriz S-092707. O duo Pixinguinha (sax)-Benedito Lacerda (flauta) volta em seguida apresentando “Segura ele”, choro  que o próprio mestre gravou pela primeira vez, como solista de flauta, em 1930. Esta regravação Victor  (com Benedito Lacerda na co-autoria, por acordo comercial que havia entre ele e Pixinguinha) data de 20 de maio de 1946, lançada em outubro do mesmo ano, disco 80-0447-B, matriz S-078520. Uma amostra do talento de Pixinguinha como orquestrador e maestro vem em seguida com a polca (de sua autoria, assim como todas as faixas aqui reunidas) “Marreco quer água”, com ele mesmo regendo sua orquestra. Gravação RCA Victor de 16 de abril de 1959, lançada em julho seguinte sob número 80-2081-A,matriz 13-K2PB-0627. Jacob do Bandolim volta em seguida, recordando outra obra-prima de Pixinguinha, o choro “Sofres porque queres”, que mestre Pizindim (apelido que lhe teria sido dado por sua avó, significando,em africano, “menino bom”)  lançou como solista de flauta, em 1917. Jacob o regravou pela RCA Victor em 10 de julho de 1957, com lançamento em  setembro seguinte sob número 80-1845-A, matriz 13-H2PB-0165. Temos depois o lado B desse mesmíssimo 78, matriz 13-H2PB-0166, onde Jacob revive outro choro conhecidíssimo do mestre Pixinguinha: “Cochichando”, que antes se chamava “Cochicho” e teve sua primeira gravação em 1944, na voz do cantor Déo, com letra de Braguinha e Alberto Ribeiro. Depois, vem o clássico “Lamento” (que, mais tarde, teria seu título mudado para “Lamentos”, no plural). Lançado originalmente em 1928 pela Orquestra Típica Pixinguinha-Donga, é revivido aqui pelo bandolim mágico do mestre Jacob em gravação RCA Victor de 14 de março de1951, lançada em junho do mesmo ano, disco 80-0767-A, matriz S-092905. Jacob do Bandolim faria uma gravação ainda melhor deste choro em 1967, integrando o LP “Vibrações”.  O duo Pixinguinha-Benedito Lacerda retorna depois com outro grande choro, “Pagão”, gravação RCA Victor de 12 de junho de 1946, lançada em março de 47, disco 80-0498-B, matriz S-078662. Eles executam ainda outro choro, “Vagando”, gravação de 26 de dezembro de 1950, lançada pela marca do cachorrinho Nipper em março de 51,disco 80-0746-B, matriz S-092817. “Paciente”, choro executado pela orquestra do próprio Pixinguinha com ele à frente, foi gravado em 16 de abril de 1959, matriz 13-K2PB-0628, e é o lado B do 78 de “Marreco quer água”. A faixa seguinte, outro choro clássico, é “Um a zero”, que Pixinguinha compôs em 1919, por ocasião da conquista do Campeonato Sul-Americano de Futebol pelo Brasil, frente ao Uruguai,. pela contagem que dá título á composição.  Lançado originalmente pela dupla Pixinguinha-Benedito Lacerda em 1946, é aqui revivido por Jacob do Bandolim em gravação RCA Victor de 13 de junho de 1955, lançada em  agosto seguinte sob número 80-1476-B, matriz BE5VB-0770. Um belo começo para a retrospectiva que o GRB faz, alusiva à obra do mestre Pixinguinha. E teremos ainda muito mais no próximo volume… Aguardem!

 

 * Texto de Samuel Machado Filho

Mestre Geraldo E Sua Bateria – Batucada Genial (1977)

Olá amigos cultos e ocultos! Como já estamos nos aproximando do Carnaval, é hora de começarmos a preparar a batucada. Ao que tudo indica, mais uma vez, Belo Horizonte estará no circuito das festas. O povo por aqui voltou a se animar e o grande barato são os blocos que estarão animando as ruas da cidade. Garanto que a festa por aqui vai ser boa, mesmo se chover, pois de estiagem todos nós já estamos secos. Deixa chover… Deixa a chuva molhar… Já dizia o cantor.
Vamos neste sábado de batucada, para inspirar bem nossos ritmistas e a todo folião. Trago hoje um disco bem bacana. Um lp de batucada como poucos. Tipo de som que encanta, principalmente os gringos e amantes da percussão. Temos aqui o Mestre Geraldo e sua bateria dando um show de percussão em quatro batuques que eu chamaria de progressivos, pois passeia por diferentes ritmos e andamentos de batucadas, mostrando a sua riqueza e uma habilidade naturalmente brasileira. Este lp está ao nível de outros grandes, como o Batucada Fantástica, do Luciano Perrone, também já apresentando aqui. Aliás, sem recorrer a lista, creio que já postei aqui uns bons discos na linha de baterias e batuques. Confiram este que é dos melhores 😉

mistura 1
mistura 2
mistura 3
mistura 4
.

Vários – Levanta A Poeira (1977)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Unindo o útil ao agradável (ou coisa assim), aqui venho eu trazendo para vocês a postagem desta sexta feira. Digo isso, poque estou postando hoje um disco de doação, feito pelo amigo Fáres, que gentilmente nos ofertou e eu, como prometido, fiquei de digitalizar o lp para ele. Nessas horas, todos saem ganhado. Até porque, o disco de hoje é uma interessante coletânea, com algumas faixas que vale a pena relembrar. “Levanta a poeira” foi lançado em 1977, trata-se de uma coletânea daquelas tipo ‘salada mista’, onde a gravadora junta um pouco de tudo aquilo que tem de sucesso e faz isso, um mexidão. Como podemos ver aqui, temos uma relação de músicas e artistas bem diferentes entre si, embora todos rezem da mesma missa, a música popular brasileira. Temos Geraldo Vandré, Helena de Lima, Toquinho & Vinícius, Maria Creuza e entre esses, outros nomes como Mutinho, Luiz Carlos, Clovis de Lima, Beto Scala, Diomedes e Mauro Silva, artistas que com seus fonogramas complementam esta curiosa produção. Gosto de coletâneas como esta, confusas e mal trabalhadas. Sempre rola algo que estava me faltando ouvir.
No mesmo ano de 1977 a Som Livre também lançou um disco (de samba) como título bem parecido, “Levanta Poeira”, o qual, também já foi postado aqui no Toque Musical. Pensei até que fosse continuação da saga

levanta a poeira – mauro silva e sua banda
sabendo usar, não vai faltar – luiz carlos
oi lá – mutinho e toquinho
mas que doidice – maria creuza
porta estandarte – geraldo vandré
ri – barracão – chorou, chorou – helena de lima
recado ao samba – diomedes
meu panamá – mutinho
marcha da quarta feira de cinzas – toquinho e vinícius
rosa flor – geraldo vandré
moça do cabelo cacheado – beto scala
volta por cima – clovis de lima
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Pyska – Livre De Coração Aberto (1976)

Boa noite, amigos cultos e ocultos. Tivemos aqui nas ultimas postagens discos que estão há tempos em meus arquivos, como reservas, ou mesmo para cobrir qualquer buraco. Os já famosos ‘discos de gaveta’. Aos poucos eles vão aparecendo e para a minha surpresa, muito bem aceitos pela maioria.
Depois do Silvio Brito, me lembrei de um artista, quase na mesma linha popular, o compositor e guitarrista Carlos Roberto Piazzolli, o Pyska. Figura que fez parte da primeira formação da banda Casa das Máquinas. Tocou também com artista como Ney Matogrosso, Gal Costa e muitos outros. Nos anos 80 passou a trabalhar com produtor de música sertaneja. Foi arranjador da dupla Leandro e Leonardo e continuou compondo, tendo como parceiro o produtor César Augusto com quem criou diversos sucessos para o gênero pop romântico. Contam que ele era um dos maiores arrecadadores de direito autoral. Fez música para diferentes artistas, mas principalmente para os sertanejos, Morreu no final de 2011, vítimas de problemas hepáticos.
Pelo que apurei, este foi seu primeiro e único lp solo. Um álbum lançado em 1976 pela EMI, muito bem produzido pelo maestro Geraldo Vespar. O trabalho é inteiramente autoral e por aqui ele já nos aponta sua tendência popular a la Roberto Carlos, mas também bem parecida com o Silvio Brito, penso eu..

um amigo meu está ficando cego
que mundo é esse
século xx
ventos do norte
tropeços
livre de coração aberto
apenas um favor
pra falar a verdade
seus motivos minhas razões
eu artista
laços
pode acreditar
.

Silvio Brito – Panorama Mundial (1982)

Um artista personalíssimo, dono de um estilo inconfundível. Assim é Sílvio Brito, cujo álbum de 1982 o Toque Musical oferece hoje a seus amigos cultos, ocultos e associados. Nascido na cidade mineira de Três Pontas (onde, por coincidência, o carioca Mílton Nascimento se criou), no dia 10 de fevereiro de 1952, Sílvio Ferreira de Brito mudou-se com a família para Varginha, outra cidade mineira, seis meses depois de nascido.  Órfão de pai aos dois anos, trabalhou na infância como engraxate, office-boy e balconista. Aos seis anos de idade, bem cedo, começou a cantar, participando do programa “Petizada alegre”, da Rádio Clube de Varginha. Gravou seu primeiro disco aos dez anos de idade, em Belo Horizonte, interpretando o clássico country “Jambalaya”,de Hank Williams. Participou de dezenas de programas de rádio e televisão no Rio de Janeiro e de São Paulo, entre eles os de César de Alencar, Paulo Gracindo e Manoel Barcellos, na Rádio Nacional carioca, e, na TV, os de Ayrton Rodrigues (“Almoço com as estrelas”), Jair de Taumaturgo e Júlio Rosenberg, apresentando-se por todo o Brasil.  Em 1962,foi contratado pela TV Nacional de Brasília (hoje TV Brasil), onde apresentou um programa infantil.  Compôs sua primeira música aos doze anos, quando já tocava trombone e saxofone na banda do colégio em que estudava, logo começando a tocar piano e violão nas festas escolares. Nessa época,  Sílvio Brito amargou o primeiro desemprego, ao ser demitido da TV Nacional por razões políticas. Aos 15 anos, formou seu primeiro conjunto, Os Apaches, que gravou dois LPs interpretando hits da época, tais como “Sonho de amor”, “See you in september”, “E por isso estou aqui”, etc. Ainda adolescente, passou a compor músicas gravadas por cantores como Ronnie Von, Antônio Marcos e Vanusa. Depois de oito anos nos Apaches, Sílvio Brito mudou-se para São Paulo, onde começou sua carreira-solo fazendo arranjos para discos católicos na gravadora das Edições Paulinas, e em seguida passou-se para a Continental,onde grava, em 1971,um compacto simples com as músicas “Vou pra nunca mais te ver” (de sua autoria) e “Eu amei, eu te amo, eu sempre te amarei” (de Silfrancis e Jean Garfunkel). Aos 21 anos, foi residir em Nova York, onde trabalhou como lavador de pratos em uma lanchonete, mas logo voltou ao Brasil. Em 1974,o Brasil inteiro passou a conhecer Sílvio Brito através de seu primeiro grande sucesso: “Tá todo mundo louco”, cujo início (“Esta música foi feita num momento de decisão”…) é uma paródia de “Ouro de tolo”, então hit de Raul Seixas (que inclusive o cita carinhosamente em seu livro autobiográfico como o único que fazia seu estilo musical). Lançada em compacto simples pela Chantecler (já então coligada da Continental), a música foi uma coqueluche em todo o Brasil, dando a Sílvio Brito o Troféu Buzina do Chacrinha de revelação do ano.Um ano mais tarde, veio o primeiro LP, “Vendendo grilo”, que abre com outro sucesso estrondoso: “Espelho mágico” (‘Espelho meu, espelho meu / Diga se no mundo existe alguém /mais louco do que eu”), na mesma linha “louca e inteligente” que passou a ser sua marca registrada. Quando Sílvio foi fazer show em um hospício, por exemplo, os pacientes cantaram a música em coro junto com ele!  Nessa época, apresentou,por pouco tempo, o programa “Hallelujah (Aleluia)”, na  extinta TV Tupi, ao lado de Fábio Júnior, então em princípio de carreira.  Participou de praticamente todos os programas de auditório da televisão brasileira dos anos 1970/80, sempre recebido com carinho por seus apresentadores.  Outros hits conhecidos de Sílvio são “Pare o mundo que eu quero descer” (“Tem que pagar pra nascer, tem que pagar pra viver, tem que pagar pra morrer”), a canção sertaneja “Casinha”, de S. Rodrigues, “Por um beijo seu”, “Tubo maluco” e “Filho da corrente”.  Foi um dos campeões do quadro “Qual é a música?”, do “Programa Sílvio Santos”, tendo o segundo maior número de vitórias consecutivas , só perdendo para Ronnie Von. Também dedicou-se à canção religiosa de cunho católico, produzindo e arranjando diversos álbuns do Padre Zezinho, seu amigo pessoal. Nessa área, fez sucesso com músicas como “Terra dos meus sonhos”, “Uma luz” e uma regravação de “Utopia”, do Padre Zezinho. Em toda a sua carreira, Sílvio Brito teve três milhões e meio de discos vendidos, tendo recebido quatro discos de ouro. Apresentou-se também no exterior, em países como EUA, Espanha, Itália, Alemanha, Uruguai, Argentina,Egito, Israel  e, principalmente, Portugal.  Gravou mais de 30 discos, a maior parte deles independente da mídia e de grandes esquemas promocionais. Seus shows sempre atraíram milhões de pessoas,e sempre foram considerados os mais completos e emocionantes. Apresentou durante anos o primeiro programa musical da Rede Vida de Televisão, “Sílvio Brito Show – Todas as caras”, e hoje tem, na mesma emissora, o “Sílvio Brito em família”, onde recebe convidados num ambiente intimista, ao lado da mulher e das filhas,com a participação do maestro Maurílio Marques Kobel.  Este “Panorama mundial”, que o TM oferece hoje, é o quinto álbum-solo de Sílvio Brito. Lançado em 1982 pela extinta  Copacabana, é um trabalho inovador, em que Sílvio se mostra bastante eclético, expressando seu lado regional, irreverente, romântico e místico.  Com produção de Jorge Gambier, e arranjos de Waldemiro Lemke, Eduardo Assad e do acordeonista Sivuca, teve até mesmo a participação especial de Tonico e Tinoco! Com um repertório impecável (que inclui até mesmo uma canção infantil, “Natal do Tio Patinhas”), é por certo merecedor de toda a atenção. Vale a pena ouvir!

do jeito queo diabo gosta
quem gorverna a dor
quando me olho no espelho
me toque uma canção dos beatles
tudo azul
se você voltasse agora
flores de plástico
zé bento
santa catarina
terra santa
conflitos
natal do tio patinhas

 

Texto de SAMUEL MACHADO FILHO.

Vários – Isto É bom Demais (1972)

Olá amigos cultos e ocultos! Ao contrário do que eu esperava, este ano estou ainda mais sem tempo para o Toque Musical. Difícil conciliar as atividades aqui e as do meu dia a dia. Por conta disso, fui obrigado a fazer novas mudanças. Nossas postagens da coletânea Grand Record Brazil, muito bem apresentada aqui pelo amigo Samuel Machado Filho, vão deixar de ser semanais para ser quinzenal. Isso vai nos desafogar um pouco e teremos mais tempo para selecionar o material a ser apresentado.
Hoje, para variar um pouco, estou trazendo aqui uma daquelas curiosas coletâneas internacionais produzidas pelas nossas gravadoras, lá pelos anos 70. Esta é da CID (Companhia Industrial de Discos). Uma coletânea de coletânea. Quer dizer, o material apresentado aqui foi extraído de outros discos de coletânea da gravadora. Se lembram série Explosão Mundial? E dos discos do Big Boy e Ademir? É por aí… e por aqui, através do selo Itamaraty. 🙂 Temos uma seleção de sucessos da época, aquelas músicas que tocaram em todas as rádios do Brasil. Nesta coletânea iremos encontrar artistas estrangeiros obscuros e mais obscuros ainda os covers. Artistas e grupos nacionais se passando por estrangeiros. É o caso da banda cover Track que aqui aparece em umas três faixas. É, sem dúvida, um lp curioso. Vale dar uma conferida.

besame mucho – apollo 100
rock and roll lullaby – waterloo
you are the sunshine of my life – dutty off
there’s no more corn in brasos – the walkers
the mexican – track
world champion fool – ron lowry
bang bang – salvation
summer holliday – teddy
you’re so vain
i’d love you to want me – track
woman – track
pop concerto show – the top’s
.

Dick Farney – Dick Farney Show (1961)

Olá vocês, amigos cultos e ocultos! Ainda hoje eu me surpreendo com pessoas que até então não conheciam o Toque Musical. Me surpreendo com a própria surpresa das pessoas, admiradas com tanta coisa boa que rola por aqui. Pois é, dizem que o que é bom dura pouco. Sei não… ou talvez, quem sabe, o TM não seja lá tão boa coisa assim. Seja como for, eu tô aqui me esforçando…
Hoje, por exemplo, vamos de Dick Farney em um belíssimo álbum lançado pela RGE em 1961. Neste lp temos o artista acompanhado pelo maestro italiano Enrico Simonetti, que foi o responsável pelos arranjos e orquestração. Um disco bem dosado e uma escolha de repertório muito equilibrada. De um lado, abrindo o disco temos seis pérolas nacionais, verdadeiros clássicos, como se pode ver logo na contracapa. Do outro lado a coisa se repete, agora com outros clássicos, ‘standard’ da música americana. Um belo trabalho e de nível internacional, não só pelos clássicos, mas pelo talento de Dick Farney somado ao trabalho primoroso desse maestro italiano, que viveu um bom tempo no Brasil, contratado pela RGE. Confiram essa pérola 😉

somos dois
uma loira
este teu olhar
perdido de amor
sem esse céu
a fonte e o teu nome
the lady is a tramp
it’s all right with me
the song is you
i concentrate on you
just one of those things
speak low
.

Roberta – Desejos (1981)

Boa noite a todos os amigos cultos e ocultos! Num lampejo de fim de noite, me lembrando que as postagens vão se acumulando, me vejo obrigado novamente a lançar mão dos meus sortidos ‘discos de gaveta’. Tenho aqui para hoje o álbum “Desejos” da então jovem cantora e compositora Roberta. Lp lançado pela RCA no início dos anos 80. Naquela época as cantoras estavam em alta. Havia um leque de variedades femininas e a gravadora resolveu apostar nos novos talentos. “Desejos” é um álbum bem produzido, com arranjos de Antonio Adolfo e de Perna Fróes. Seu repertório é quase todo autoral, mas também  há espaço para músicas de Chico Buarque, Ivan Lins e outros. Roberta tem uma voz marcante, forte, que nada nos faz pensar que se trata de uma moça de apenas 17 anos. Voz muito madura. Canções também. Confiram

desejos
duas faces
que home é esse?
fantasia
caça
bebé da bahia
vidas paralelas
fases
só sei amar
somos iguais
consumo
chega
.

Nova Estação – Momentos Mágicos (1986)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Não fosse por conta do calor, eu agora já estaria dormindo. Amanhã acordo cedo, vou trabalhar. Mas enquanto me refresco e espero o sono, vou tentar manter em dia o compromisso da postagem. Até porque, eu tenho aqui um disquinho já pronto e uma boa história.
Apresento a vocês a banda mineira Nova Estação. Grupo formado na cidade de Caeté, bem próximo de BH, lá pelos anos 80. Descobri por acaso, através do meu médico de acupuntura, Dr. Carlos Eduardo Guimarães. Conversando sobre música, discos, ele me falou que antes de seguir a carreira médica havia tocado em uma banda, disse que chegaram até a gravar dois discos. Por incrível que pareça, não me lembro deles naquela época, embora tivessem atuado muito em Belo Horizonte. Algumas de suas músicas chegaram a tocar em rádios, inclusive no Rio e Sampa. Mas eram tempos difíceis, principalmente para uma banda nova  e com uma proposta musical que ia além do gênero pop fácil. Na verdade, o Nova Estação, tem exatamente aquele tempero mineiro, um pouco de rock progressivo e as influências da música do pessoal do Clube da Esquina, de Milton e Lô. Não é por acaso que no seu disco de estréia, “Mágicos Momentos” eles tenha gravado “Um girassol da cor do seu cabelo”, de Lô e Márcio Borges. Por sinal, fizeram um arranjo bem original. Eu fiquei muito curioso depois daquele nosso papo, principalmente porque o Carlos era um dos principais componentes do grupo, além de cantor era também compositor. Prometi a ele que iria localizar esses discos, pois pelo que entendi, nem o resto da turma da banda tinha os discos. Impressionante esse povo! E realmente eu acabei localizando através da web todos os dois discos. Ou melhor dizendo, as músicas dos discos. Mas não me dei por contente e fui atrás dos lps. Com muita sorte consegui achar o primeiro álbum, o Momentos Mágicos. A capa estava bem surrada, porém o vinil estava perfeito. Decidi então refazer a capa em seus mínimos detalhes. O resultado foi surpreendente, um álbum novo! Levei de presente o disco para ele, que ficou pra lá de agradecido. Infelizmente o segundo álbum, o “Guerra nas Estrelas, eu não achei e nem sei como é a capa. Daí resolvi criar uma outra, até mesmo para que pudesse apresentar aqui o trabalho. Caso em algum dia apareça a original a gente troca. Ou quem sabe o Carlos passe a adotar a nova numa versãozinha digital, heim? Este segundo  disco também é muito bom e possui uma produção já experimentada e aperfeiçoada. Músicas autorais de muito bom gosto tanto em poesia quando na composição instrumental. Garanto a todos que vale a pena dar uma conferida.

gosto de uva
loucos momentos
ave perdida
nova estação
momentos mágicos
um girassol da cor do seu cabelo
conversando em silêncio
chuva no ar
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guerra nas estrelas
telefone
casa dos sonhos
flor de lis
kamikaze
cristal
luar de papel
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Adoniran Barbosa – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 131 (2015)

E eis aqui a primeira edição de 2015 do nosso Grand Record Brazil, o “braço de cera” do Toque Musical, cronologicamente a de número 131. E o GRB começa este ano com o pé direto,homenageando um de nossos mais expressivos compositores, autêntico representante do samba paulista: nada mais nada menos que Adoniran Barbosa.
Nosso ilustre focalizado recebeu na pia batismal o nome de João Rubinato. Nasceu em Valinhos (SP), no dia 6 de agosto de 1910. Filho de imigrantes italianos, abandonou os estudos ainda no curso primário para trabalhar,  tendo sido tecelão, balconista, pintor de paredes e até garçom. Ele achava que João Rubinato não era nome de cantor de samba, e resolveu adotar o nome artístico com o qual ficaria para a posteridade, Adoniran Barbosa, com o Adoniran emprestado de um amigo e o sobrenome em homenagem a outro grande sambista, Luiz Barbosa.  No início dos anos 1930, Adoniran passou a frequentar os programas de calouros da Rádio Cruzeiro do Sul de São Paulo. Foi várias vezes reprovado por causa da voz fanha, mas, em 1933, obteve o primeiro lugar no programa de Jorge Amaral, interpretando “Filosofia”, de Noel Rosa e André Filho. Em 1935, fez sua primeira música, em parceria com o maestro e compositor J. Aymberê, a marchinha “Dona Boa”, sucesso do carnaval daquele ano (foi inclusive a melhor marchinha dessa folia em São Paulo) e incluída nesta seleção. Em 1941, Adoniran transfere-se da Rádio Cruzeiro do Sul para a Record (então “a maior”), a convite de Otávio Gabus Mendes. Ali começou sua carreira de ator, participando da série radioteatral “Serões domingueiros”, e criando seus primeiros personagens, sempre cômicos, caso do malandro Zé Cunversa e do galã de cinema francês Jean Rubinet. Na Record, Adoniran conheceu o produtor Oswaldo Molles, responsável pela criação e pelo texto dos principais personagens interpretados por ele. Ambos trabalharam juntos por 26 anos, e o maior sucesso da parceria foi o programa “Histórias das malocas”, em que Adoniran interpretava o Charutinho. O programa ficou em cartaz até 1965 e chegou até a ser apresentado na televisão. Adoniran e Osvaldo Molles também foram parceiros em muitos sambas, entre eles os clássicos “Tiro ao álvaro”e “Pafunça”.  No cinema, sua primeira aparição foi no filme “Pif-paf”, da Cinédia, em 1945,e Adoniran atuou ainda em “Caídos do céu” (1946), “O cangaceiro” (1953), “Candinho” (1954), “A carrocinha” (1955), estes dois ao lado de Mazzaropi, e “A pensão da dona Estela” (1956).  Em 1952, a carreira de Adoniran Barbosa como compositor ganhou impulso quando os Demônios da Garoa foram premiados no carnaval daquele ano  com o samba “Malvina”. Em 1953, eles repetiram a dose, com outro samba,“Joga a chave”, de Adoniran e Oswaldo França. Começou aí mais uma parceria de anos na vida do mestre Adoniran, com os Demônios imortalizando vários de seus sambas, verdadeiras crônicas da vida paulistana,  tais como “Saudosa maloca”, “O samba do Arnesto” (ambos gravados antes sem sucesso pelo próprio Adoniran), “As mariposa”, “Samba italiano”, “Iracema”  e, claro, “Trem das onze”, que foi até premiado no carnaval carioca de 1965 e foi escolhida, em 2000, como a música que melhor representa a cidade de São Paulo, em concurso promovido pela TV Globo.  Adoniran também é autor da melodia do samba-canção “Bom dia, tristeza”, com letra de Vinícius de Moraes. Na televisão, ainda atuou nos humorísticos “Papai sabe nada” e “Ceará contra 007”, ambos da Record, e nas novelas “Mulheres de areia” e “Os inocentes”, ambas da Tupi. Gravou seu primeiro LP apenas em 1974, e viriam em seguida mais dois, em 1975 e 1980, este último com a participação de grandes nomes da MPB de então, tais como Clara Nunes, Elis Regina,  Djavan, Clementina de Jesus e o grupo MPB-4, em comemoração a seus 70 anos de vida. Adoniran Barbosa morreu no dia 23 de novembro de 1980, aos 72 anos, em São Paulo.

Nesta edição do GRB, um pouco do preciosíssimo legado de Adoniran Barbosa, em dezesseis faixas extraídas de discos 78 rpm. Abrindo esta seleção, o samba “Agora pode chorar”, de Adoniran em parceria com José Nicolini, do carnaval de 1936, que o próprio autor interpreta em gravação lançada pela Columbia em cima dos festejos momescos, em fevereiro, disco 8171-B,matriz 3215. Na faixa seguinte, os Demônios da Garoa interpretam o antológico samba “As mariposa”, de Adoniran sem parceiro, que gravaram na Odeon em primeiro de agosto de 1955, sendo lançado em outubro do mesmo ano, disco 13904-B, matriz 10697. Déo, “o ditador de sucessos”, aqui comparece com o samba “Chega”, de Adoniran em parceria com José Marcílio. Saiu no terceiro disco do  cantor, o Columbia 8212-B, em julho de 1936, matriz 3312, e o acompanhamento é do regional do flautista Atílio Grany. “Conselho de mulher”, parceria de Adoniran com Oswaldo Moles e João Belarmino dos Santos, é interpretado por ele mesmo, em gravação Continental de 23 de julho de 1952, só lançada em março-abril de 53, disco 16707-B, matriz 11414. A próxima faixa é justamente a primeira composição de Adoniran Barbosa, a marchinha “Dona Boa”, parceria com J, Aymberê, retumbante sucesso no carnaval paulistano de 1935. Raul Torres, um dos expoentes máximos da música sertaneja de raiz, a gravou pela Columbia, que lançou o registro em disco sob número 8129-A, matriz 3122. “Iracema” , de Adoniran sozinho, é outro clássico samba seu que os Demônios da Garoa imortalizaram,em gravação Odeon de 11 de janeiro de 1956, lançada em março do mesmo ano, disco 14001-A, matriz 10944. Eles ainda nos brindam justamente com o samba “Malvina”, outro só de Adoniran, sucesso do carnaval de 1952, lançado pelo efêmero selo Elite Special em janeiro desse ano, disco N-1065-A, matriz MIB-1081. E os Demônios ainda interpretam aqui “No Morro da Casa Verde”, em gravação Odeon de 5 de maio de 1959, lançada em junho do mesmo ano, disco 14472-A, matriz 50133, também integrando o LP “Pafunça”. Em seguida, temos uma faceta do Adoniran intérprete,  com a marcha-rancho “Os mimoso colibri”, de Hervê Cordovil e Oswaldo Molles, gravação Continental de 27 de julho de 1951, lançada entre outubro e dezembro do mesmo ano, disco 16468-A, matriz 11334, visando por certo o carnaval de 52. “Quem bate sou eu”, samba de Adoniran e Artur Bernardo, é gravação Odeon dos Demônios da Garoa, feita em 5 de julho de1956 e lançada em novembro do mesmo ano, disco 14115-B, matriz 11251. Temos em seguida dois indiscutíveis clássicos do samba, nas gravações originais de Adoniran pela Continental, mas que só foram sucesso mais tarde com os Demônios da Garoa. Primeiro, “O samba do Arnesto”, parceria com Alocin (Nicola ao contrário), que Adoniran gravou em 23 de julho de 1952, mas só saiu em março-abril de 53, disco 16707-A, matriz 11415. “Saudade da maloca”, de Adoniran e mais ninguém, é o título original do clássico “Saudosa maloca”, gravado pelo autor em 27 de julho de 1951 e lançado entre outubro e dezembro do mesmo ano sob número 16468-B, matriz 11335. Ambos os sambas receberam várias regravações, e curiosamente, estes registros originais do autor seriam relançados pela Continental em 1955, sob número  17173,com “Saudosa maloca” no lado A e o “Arnesto” no verso. A seguir, uma rara incursão de Adoniran no gênero caipira ou sertanejo de raiz, o cateretê “Tô com a cara torta”, parceria com Ivo de Freitas.  Raul Torres e Florêncio o gravaram na Victor em 19 de setembro de 1945, mas o lançamento só aconteceria em abril de 46, disco 80-0393-B, matriz S-078343. “Um amor que já passou”, samba de Adoniran em parceria com Eratóstenes Frazão,  é do segundo disco do cantor Déo, o Columbia 8211-B, lançado em julho de 1936, matriz 3319. Em seguida, voltam os Demônios da Garoa com “Um samba no Bexiga”, de Adoniran sem parceria, gravação Odeon de 4 de abril de 1956, lançada em junho do mesmo ano, disco 14049-B, matriz 11110. Para encerrar, novo exemplo do Adoniran Barbosa apenas intérprete, com o samba “Pra que chorar?”, de Peteleco, lançado em janeiro de 1958 pela RGE sob número 10081-B, matriz RGO-497, por certo visando o carnaval desse ano. Enfim, é o que o GRB tem o prazer de oferecer a vocês, precioso legado deixado por Adoniran Barbosa, cujas músicas eram de fato a cara de São Paulo, e ficarão para sempre em nossa memória!

* Texto de Samuel Machado Filho

 

Ary Barroso Internacional (1964)

Boa tarde, prezados amigos cultos e ocultos! Devido a uma viagem, estou sendo obrigado a recorrer aos meus ‘discos de gaveta’, aqueles que estão sempre prontos, seja no ‘hd” ou no pen drive. Sempre levo comigo, quando viajo, alguns arquivos para cobrir as emergências. Dessa forma, levo hoje para vocês uma coletânea prá lá de bacana. Estamos falando aqui de Ary Barroso, em um álbum lançado pela Musidisc possivelmente no ano de sua morte, 1964. Não há no lp qualquer informação da data, mas pelo texto na contracapa, tudo leva a crer que se trata de uma homenagem póstuma. A Musidisc reuniu alguns de seus maiores sucessos internacionais, extraídos de outros discos e artistas da gravadora. Alguns, inclusive, até já apresentados aqui no Toque Musical. De qualquer maneira, trata-se de uma coletânea da Musidisc, o que é sinônimo de qualidade. Mais ainda sendo o motivo principal a música de Ary Barroso. Confiram!

aquarela do brasil – ed lincoln e seu conjunto
aquarela do brasil – don pablo de havana
risque – orquestra românticos de cuba
morena boca de ouro – luiz bittencourt e orquestra
rio de janeiro – bob flemimg
bahia (na baixa do sapateiro) – don pablo de havana
bahia (na baixa do sapateiro) – henry nirenberg e sua orquestra
bahia (na baixa do sapateiro) – os violinos mágicos
é luxo só – orquestra pan american
foi ela – luiz bittencourt e orquestra
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Toninho Café (1978)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Hoje, mais que nunca, quero fazer valer aqui a fama de ser o Toque Musical um espaço de resgate da música brasileira e seus diversos artistas. Na verdade, eu procuro sempre trazer aqui coisas raras. Preferencialmente álbuns e artistas que ainda não tiveram vez na mídia digital, que ainda se encontram encobertos pela poeira do tempo, ou simplesmente esquecidos mesmo. E olha que se procurarmos, iremos encontrar muita coisa boa! Por conta disso, faço questão de postar hoje um artista/disco que, creio, pouca gente conhece ou vai se lembrar. Estamos falando de Toninho Café, um nome que, para quem o conheceu nos anos 70 e também por este lp, diria: eis aqui um artista de talento, tem futuro! Pois é, o cara tinha mesmo e isso pode ser conferido neste que foi o seu único lp. Trabalho lançado em 1978 pela Continental. A primeira leva dessa edição, curiosamente, trazia agregado ao álbum uma sacola de pano como capa da capa, com o nome do artista estampado em ‘silkscreen’, folder e encarte. Parece que a gravadora estava mesmo empenhada em promover o artista. Mas esse empenho ficou apenas na produção. Por alguma razão o álbum não foi bem divulgado e creio que a ‘crítitica’ também não se manifestou. Como também nenhuma das suas músicas tocou em alguma novela da Globo, Toninho Café passou batido. Ele chegou a gravar mais um ou dois discos compactos, mas eu mesmo nunca ouvi. Logo depois de ter lançado este lp, sem conseguir muito sucesso, acabou se transferindo para a França. Por lá ficou fazendo música. Mas contam que tempos depois ele acabou se envolvendo com drogas, esteve preso e daí então foi tudo acabando. Suicidou em 2011. Ele era mineiro, de Belo Horizonte, mas mudou-se no início dos anos 70 para o Rio. Foi cantor de boate, participou de uma banda de rock (Massa Experiência) e foi também parceiro do Arnaud Rodrigues. Seu estilo e até a sua voz lembram um pouco o Milton Nascimento. Acho que tem a ver com essa coisa do mineiro, uai…
Bom, deixemos de papo, vamos ao Café, pois este é raro!

espadas cruzadas
ao são francisco
estrela do silencio
chapéu de palha, viola e navalha
memorando
bruxuleio
vitória régia
fogo branco
suite joão de barro obra e graça
macho e fêmea
asas e bandeiras
o fim
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I Festival De Favelas (1968)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Sempre atrás de curiosas raridades fonográficas, eu hoje trago para vocês o lp do “I Festival de Favelas”, um disco indispensável em qualquer discoteca de samba metida a bamba.
Há quase três meses atrás eu postei aqui o que foi o “V Festival (de Músicas) de Favela” e na postagem eu comentei a respeito das edições anteriores, inclusive deste lp, que deu origem a série 🙂 Agora ele me chega às mãos, ou melhor, ao prato, através do amigo Fáres que atenciosamente me presenteou, juntamente com tantas outras raras bolachas. (Valeu, amigão! A turma toda aqui agradece).
Temos então o “I Festival de Favelas”, disco lançado pelo selo Caravelle em 1968. Uma seleção de 14 músicas, certamente as selecionadas. Consta na capa (por sinal, belíssima) como subtítulo, que a gravação é ao vivo, o que nos dá a impressão de um clima de show, com palmas gritos e etc…, Mas não tem nada disso, o ao vivo quer dizer que tudo foi gravado de uma vez só. E isso explica a qualidade um tanto sofrível de algumas gravações sem uma correta mixagem. Mesmo assim, vale ouvir cada umas das faixas deste disco que traz entre seus intérpretes nomes como Geovana, Aroldo Santos, Sidney da Conceição e outros bambas.

construção de barração – celso landrini
dinheiro há – irmãos do samba
rosa no morro  – geovana
santa paciência – irmãos do samba
caminheiro – paulo samara e conjunto
réplica – lêda guida
meu caminho – jair pires
o gazeteiro – aroldo santos
favela chora cantando – celso landrini
tempos de criança – aroldo santos
lamento do morro – irmãos do samba
dado topada – sidney da conceiçào
feliz feliz – heraldo da silva domingues
preto velho – lêda guida
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Orquestra Violinos De Ouro – Balada Romance Melodia (1962)

Em 27 de dezembro de 1962, na edição de número 691 da “Revista do Rádio”, a gravadora Odeon  (subsidiária brasileira da britânica EMI, absorvida anos mais tarde pela Universal Music), em anúncio na página 33, anunciava a série “Galeria de ouro”, um suplemento especial com cinco LPs instrumentais, visando comemorar seu quinquagésimo aniversário,que aconteceria no ano seguinte, 1963 (na verdade, a marca Odeon surgiu em 1904, na cidade alemã de Berlim, e, dois anos antes, a Casa Edison já havia iniciado a gravação de discos no Brasil, representando a Zon-O-Phone, logo substituindo o selo por aquela que seria a famosa “marca do templo”, portanto adotada bem antes de 1913).

É dessa série que faz parte o álbum que o Toque Musical oferece hoje a seus amigos cultos, ocultos e associados: “Balada, romance, melodia”. Foi gravado pelos Violinos de Ouro, uma orquestra sobre a qual absolutamente nada se sabe, nem mesmo a respeito de seus integrantes. Como o próprio título indica, trata-se de uma seleção de clássicos da MPB de cunho romântico, ainda hoje bastante conhecidos,  lançados em épocas diversas. Vejam só o cardápio que esses autênticos ases da rabeca nos oferecem: “Risque” (”meu nome do seu caderno”, obra-prima do mestre Ary Barroso), “Ave Maria” (a de Vicente Paiva e Jayme Redondo, sucesso em 1950 com o Trio de Ouro e também com Dalva de Oliveira, então já desligada do mesmo),  “Mulher”  (de Custódio Mesquita e Sadi Cabral, e não Evaldo Ruy, como erroneamente está no selo), “Fim-de-semana em Paquetá”,  “Rosa de maio”, “Jangadeiro do Norte” e outras.  Tudo isso sob a direção artística do pianista e compositor José Ribamar, reconhecidamente um craque da MPB.  Além deste,os Violinos de Ouro ainda lançariam, neste mesmo suplemento especial, LPs dedicados ao samba, à guarânia, ao bolero e à música de cinema (nesse último caso, com o nome de Orquestra de Ouro). Diz a contracapa deste aqui: “Você vai gostar dessa produção. Ela foi feita pra você. Que, certamente, ama o amor. Que, certamente, se encontrará num dos romances descritos aqui a violinos de ouro”. Ao que parece, a  orquestra foi constituída apenas para a gravação desses álbuns . Ainda assim, vale conferir este “Balada, romance, melodia”, principalmente pela qualidade do repertório e dos arranjos.  L’amour, toujours  l’amour
risque
ave maria
mulher
velho realejo
fim de semana em paquetá
a chuva caiu
chuá chuá
além
luar de paquetá
rosa de maio
malandrinha
jangadeiro do norte
*Texto de Samuel Machado Filho

Tamba Trio (1963)

Boa noite, meus caros amigos cultos e ocultos! As segundas feiras já se tornaram tradicionalmente o dia de postagem da série Grand Record Brazil, sempre apresentada brilhantemente pelo nosso companheiro Samuel Machado Filho. Nesta semana, porém, não teremos um novo volume. Ainda não tive como organizar os arquivos e as bolachas de 78 rpm e o Samuca, merecidamente, encontra-se de férias.
Vou postando aqui então outro disquinho que há tempos estava em minha lista. Um lp já bem manjado, mas acima de tudo um verdadeiro clássico da bossa e da música instrumental brasileira. Temos aqui o Tamba Trio em sua primeira fase e por certo uma das melhores. Luiz Eça, Bebeto Castilho e Hélcio Milito, em seu álbum de estréia. Consta que este lp foi lançado em 1962, mas ao que tudo indica, pelo texto na contracapa, ele saiu mesmo foi em 63 (que me corrijam os historiadores). Um belíssimo trabalho, com um repertório impecável. Fonte de inspiração para muitos outros trios e quartetos que vieram na sequência.

tamba
batida diferente
influência do jazz
samba de uma nota só
alegria de viver
o barquinho
minha saudade
nós e o mar
samba novo
o amor que acabou
mania de snobismo
batucada
aí se eu pudesse
quem quizer encontrar o amor
.

 

Victor Rafael – Quando A Noite Acontece (1963)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Aqui estamos neste domingão, quente como um forno e para refrescar, só no suco 🙂 e bem gelado!
Trago hoje para vocês um raro e muito interessante álbum, lançado pela Chantecler em 1963. Esta gravadora/selo sempre foi mais focada na música sertaneja e regional, mas também investiu na música popular urbana e em artistas muitas vezes pouco conhecidos do grande público. É o caso do cantor e compositor Victor Rafael, um artista da noite paulista. No início dos anos 60 ele cantava na boate Delval, em São Paulo. Esta boate era famosa e tinha até o seu próprio conjunto. O cantor Caco Velho chegou a ser diretor artístico da casa e por lá passaram muitos nomes famosos. Victor Rafael era contratado da boate e neste que foi o seu disco de estréia ele vem acompanhado pelo orgão do maestro Aloysio Figueiredo e o conjunto da boate Delval. Um time de músicos realmente muito bons. O repertório também não fica por menos. Traz sambas de Dorival Caymmi, João Roberto Kelly, Nelson Cavaquinho, Paulo Pires e também composições próprias em parcerias. Eu definiria o Victor Rafael como um misto de Ataulfo Alves e Agostinho dos Santos. Infelizmente não há na rede nenhuma informação sobre este artista além do seu próprio disco.

quando a noite acontece
bem não faz
quando você voltar
eu não tenho onde morar
primeiro de abril
zé da conceição
nem sequer uma rosa
mairiporã
compreenda
pezinho pra frente
o melhor do amor
preciso de alguém
 .

Os Autênticos (1970)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! O calor por aqui está de suar em bicas, pqp! Hoje, só mesmo saindo para tomar umas geladas. Loirinhas, me esperem! Daqui a pouco eu estou indo…
Antes porém, deixo aqui a postagem do dia. Para esquentar mais, segue aqui este grupo de samba carioca e sobre o qual eu não achei muita coisa além do pequeno texto de apresentação da contracapa. Ao que tudo indica este foi o disco de estréia. Não sei se chegaram  a gravar outros, mas merecia, pois o grupo é mesmo bem autêntico, seguindo a linha dos Originais do Samba. O repertório e os arranjos são de primeira, como convinha aos sambas daquela época. Composições próprias e também de outros autores, entre esses Paulinho da Viola com  seu clássico “Foi um rio que passou em minha vida“.

domingo de carnaval no salgueiro
asfalto colorido
viver
nem de brincadeira
porta-bandeira
samba que eu gosto
tentando esquecer
terra de caruaru
foi um rio que passou em minha vida
eu e a primavera
diz a dora que eu não vou
a peteca
.

Dory Caymmi (1972)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Aqui estamos para a nossa primeira postagem do ano! E para que tudo seja perfeito aqui no Toque Musical em 2015 é bom a gente começar com algo de acordo. Trago para vocês o, também primeiro, disco de Dory Caymmi, lançado em 1972 pela Odeon. Embora não conste na contracapa, o álbum foi produzido pelo maestro Lindolfo Gaya, os arranjos e regências por Dory. Temos assim um lp com nove faixas. Nove composições próprias. Ou por outra, nove canções, sendo boa parte delas parceria com Nelson Motta, entre elas a belíssima “O cantador”. Outra faixa de destaque é “Evangelho”, música em parceria com Paulo Cesar Pinheiro. Dory vem acompanhado por Novelli, Nelson Angelo e parte da turma do Som Imaginário (Tavito, Robertinho Silva e Wagner Tiso). Sem dúvida, um grande disco. Confiram na no GTM.

o cantador
minha doce namorada
velho pescador
depois de tanto tempo
lenda
evangélio
de onde vens
o mar é meu chão
nosso homem em três pontas
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