Boa noite, amigos cultos e ocultos! Já faz tempo que eu não dou sequência a esta coleção de shows do Projeto Pixinguinha. Tá na hora de voltar, pois afinal ainda temos uma dezena de espetáculos, com um time de artistas de primeiríssima. Como já informei em outros volumes, as gravações aqui apresentadas fazem parte de material do excelente site “Brasil Memória das Artes“, um projeto da Funarte onde boa parte do seu acervo em áudiovisual está disponível para consulta permanente. Entre esses os registros de shows do Projeto Pixinguinha.
Como todos podem ver, temos aqui em nosso volume 8 dois grandes sambistas. Melhor ainda, dois grandes compositores reunidos em show realizado em 1977. Aqui temos apenas 17 músicas, num roteiro que contava com mais de 20. Infelizmente nem todas foram disponibilizadas. Procurei editar cada música seguindo a sequência do programa. A gravação não está muito boa pois o som captado vem apenas dos microfones de voz. Daí, os instrumentos aparecem muito baixo. Mas mesmo assim vale a pena conferir esse encontro histórico.
Arquivo mensais:novembro 2014
Célia Mara Apresenta: Ninguém Segura Meu Samba (197…)
Fátima Guedes (1979)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Estive ouvindo ontem, coisa que não fazia há tempos, a cantora Fátima Guedes. Há tempos não escuto ela mais pelas rádios. Acho que as rádios de hoje não estão interessadas em música boa. O negócio é negócio, ou seja, música para vender e fazer sucesso e no geral, só lixo! Felizmente ainda existem apresentadores finos e esses trazem para seus programas coisas de seus acervos, pois rádio hoje em dia não tem mais discoteca. Isso me faz lembrar a discoteca da Rádio Inconfidência. Ah, que acervo! Quanta coisa boa, quantas raridades. E isso eu me refiro só aos discos nacionais! Era um tesouro. Mas com a chegada da era digital, da modernização das rádios, uma discoteca física se tornou um problema, um arquivo morto. Acho que mortos estavam aqueles que deixaram tudo se perder. Não tiveram a preocupação de digitalizar obras raríssimas, que foram aos poucos sucateadas, levando o resto para depósitos onde se perderam ou foram para o lixo. Uma pena… Hoje quando se ouve discos, como os que apresentamos no Toque Musical, esses são levados para as rádios por seus próprios apresentadores, de suas coleções particulares. Daí, são raras as chances de se ouvir no rádio artistas como a Fátima Guedes. Aliás, a Fátima Guedes não é apenas uma cantora, ela é uma grande compositora. Expoente da geração do final dos anos 70. Produziu muita coisa boa, música popular brasileira realmente de qualidade. Algumas, grandes sucessos. Gravada por outros tantos artistas, ela é, sem dúvida, uma das nossas melhores compositoras. Continua na ativa, sempre produzindo e pelo que andei vendo, dividindo mais suas criações em parceria com outros artistas.
O disco que apresento a vocês, muitos irão lembrar, foi o lp de estréia. Fátima nos apresenta um trabalho totalmente autoral em dez composições que se de todo não foi um grande sucesso, abriu com certeza mais as portas para o seu talento. Lançado em 1979, este álbum foi produzido por Renato Corrêa e contou com orquestração e regências de Oscar Castro Neves e Gilson Peranzzetta. Por aí já dá para se ter uma ideia do nível do trabalho. Um bom começo 😉
Ester De Abreu – Amar Amar (1975)
Olá amigos cultos e ocultos, boa noite! Eu havia planejado postar aqui nesta semana um grupo de discos com vozes femininas. Infelizmente eu não consegui manter a regularidade nas postagens, daí vamos para o ‘quando der’, mas sem perder o foco 😉
Tenho aqui a cantora Ester de Abreu, uma artista que já apresentamos em outras épocas no Toque Musical. Desta vez eu trago o disco “Amar, amar” lançado pela Tapecar, em 1975. Pelo recado impresso na própria capa, percebe-se que é um disco de retorno. Acredito também que este tenha sido seu último trabalho. Não consta em sua discografia outros álbuns.. Ester, como sempre, nos vem com um repertório bem português, alguns temas clássicos, fados, como era o seu estilo. “Amar, amar”, título do disco, é também o nome de uma das faixas, composição para o poema de Florbella Espanca. “Ai, Mouraria”, “Nem as paredes confesso”, “Coimbra” e tantas outras fazem parte desse retorno. Bem legal, não deixem de conferir…
Adelaide Chiozzo (parte B) – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 126 (2014)
Marlene – Vamos Dançar Com Marlene E Seus Sucessos (1956)
Boa noite, amigos cultos e ocultos! Atendendo a pedidos (foram cinco!) estou trazendo para hoje o álbum de 10 polegadas, “Vamos dançar com Marlene e seus sucessos”. Um disco lançado pela Sinter em 1956 reunindo alguns de seus muitos sucessos. Gravações que originalmente foram apresentadas em discos de 78 rpm.Temos aqui um disco com sambas, mambos e um baião. Marlene atacando com tudo em “Samba rasgado”, de Zé Ketti e Jaime Silva; “Saudosa maloca”, de Adoniran Barbosa e outros sambas, mambo e até baião. Ah! Não posso me esquecer de outro clássico, “O lamento da lavadeira”, de Monsueto, Nilo Chagas e João Violão. Um samba com muito humor que retrata bem a situação atual de falta de água (mas a chuva está chegando). Enfim, olha o disco aí…
Nora Ney – Meu Cantar É Tempestade De Saudade (1987)
Marília Batista – Vai Marília (1989)
Olá amigos cultos e ocultos! Nesta semana que passou fiquei conhecendo um antigo radialista, o Sr Luiz Pedro Rodrigues. Ele foi cantor, apresentador e diretor de várias rádios no Rio de Janeiro, São Paulo e finalmente em Belo Horizonte. Era mais conhecido por Pedro Luiz, uma inversão do nome, que segundo ele, para um artista do rádio, era ‘mais sonoro’. Ele trabalhou ao lado de grandes nomes da música brasileira. Foi também compositor. Para a minha grande surpresa, autor de jingles que eu cantava na minha infância, como o do arroz Paranaíba, da TV Itacolomi e algumas chamadas da Rádio Inconfidência. Ele conheceu de perto pessoas que fizeram parte desse universo, inclusive do lado do público. Figura da mais interessantes e discursivas, me contou alguns fatos interessantes, memórias e coisas ligadas ao rádio. Muitas dessas histórias fazem parte de um de seus livros: “Show do Rádio – Pessoas e Fatos Ligados Ao Rádio de Minas Gerais”, lançado pela editora Armazém de Ideias em 2002. Mais uma fonte de informação que eu até então desconhecia. Fiquei amigo do moço e por conta disso, logo vou postar aqui uma seleção com alguns dos seus trabalhos… Do nosso encontro também surgiu o presente um raro disquinho que eu aqui apresento a vocês. Um compacto da cantora e compositora Marília Batista que ele mesmo recebeu da artista. Segundo consta, este foi o último trabalho realizado por Marília antes de vir falecer, em 1990. Para os desatentos, Marília Batista foi uma das mais importantes intérpretes da obra de Noel Rosa. (Em uma próxima oportunidade postarei aqui as gravações dela com Noel.)
Ao lado do Regional Recordando, de Vadinho do Bandolim, Marília nos traz em um compacto duplo e independente quatro de suas composições, entre elas “Garota Sapeca”, gravada por Aracy de Almeida. Mesmo para um compacto e gravado de maneira independente, o disquinho é encantador, samba e choro com muita qualidade. Taí um disquinho que merece fazer parte do nosso acervo. Falou que é raro e curioso, é aqui mesmo, no Toque Musical 😉
Adelaide Chiozzo (parte 1) – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 125 (2014)
Gazolina Do Brasil & News Brasas Samba Show – Ao Vivo (197…)
Olá amigos cultos e ocultos! Nos últimos dias andei meio sumido. Para não variar, sem tempo e cada vez mais distante desse objetivo. Acho que, de certa forma, a fase máxima, a febre dos blogs musicais já passou. Por outro lado, paradoxalmente, os discos de vinil que eram seu assunto principal, a fonografia, passam agora por uma revitalização, com o retorno de diversos títulos raros, tudo sendo relançado em cópias quase perfeitas. Acredito que uma das razões para o retorno do vinil está diretamente relacionada aos movimentos de blogs como o Toque Musical. Creio que isso despertou muita gente e o interesse pelo vinil voltou aqui no Brasil. Eu mesmo, que pensava em apenas compartilhar e desfazer dos lps após digitalizar, também mudei de ideia e retomei minha coleção. Realmente isso é uma cachaça. Penso que por conta de me preocupar mais com a retomada da minha coleção, acabei direcionando o meu foco musical só para isso. O blog foi perdendo um pouco do sentido, sei lá… Mas, por outro lado, sei que não dá para abandonar um compromisso de quase oito anos. Ou por outra, não dá para abandoná-lo assim. Vamos seguindo então, em frente e a cada dia nos adaptando às regras e ao jogo. O TM não pára, segue ao ritmo e dança conforme a música.
Nos últimos dias andei meio afastado, pois estive viajando. Fui ao meu sempre querido Rio de Janeiro e por lá não deixei de sair no garimpo, em busca de discos que considero interessantes e principalmente para a minha própria coleção. Me lembrei também do Toque Musical, claro! E por lá adquiri algumas que aos poucos irão chegando aqui para vocês. Entre tantos, começo com este lp que eu mesmo não conhecia (adoro coisas assim). Trata-se de um curioso álbum lançado pela Tapecar, sem data, mas creio que deve ser do início dos anos 70, com o cantor Antônio Monte de Souza, mais conhecido como Gasolina. Um nome hoje pouco lembrado. Segundo consta, Gasolina veio da Rádio Gaúcha, em Porto Alegre, onde foi descoberto pelo radialista Ivan Castro. Conheceu o sucesso quando veio para as rádios do Rio de Janeiro e São Paulo. Cantou ao lado e foi impulsionado por grandes nomes como Nelson Gonçalves, Noite Ilustrada, Silvio Caldas e tantos outros. Foi também ator, fez teatro e cinema (O Auto da Compadecida, O Cantor e o Milionário) e na televisão se apresentava no programa “Copacabana Show”, lá pelos anos 60. O que foi feito dele, qual o seu paradeiro, isso é coisa que não consegui descobri. Mas aqui neste álbum ele aparece como “Gazolina do Brasil”, com Z. Talvez por conta de contratos com outra gravadora, ou por erro mesmo. O álbum não é qualquer coisa não. É de um tempo que a produção podia esbanjar. Neste lp temos uma capa dupla com fotos e mais detalhes sobre o trabalho. Diz a capa que é uma gravação ao vivo, porém pela qualidade da gravação e pela falta do público eu diria que não. Ou talvez até tenha sido, mas sem público, apenas aproveitando o espaço e o clima da churrascaria Las Brasas, onde os shows comandados por Gasolina aconteciam. Este álbum é uma síntese do show 😉 São 13 faixas na quais estão distribuídas 42 músicas entre sambas, machinhas, pontos e outros batuques. Gazolina vem acompanhado do conjunto New Brasas Samba Show e da cantora Célia Reis. Infelizmente não consegui localizar a data, mas certamente é um disco dos anos 70. No arquivo não nomeei as faixas devido a quantidade de músicas. Deixo que cada qual resolva isso ao seu modo, ok?
Cantores – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 124 (2014)
Orquestra Românticos De Cuba – Românticos De Cuba No Rio (1983)
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Beto Saroldi – Metrô (1988)
Boa noite, amigos cultos e ocultos! Quebrando um pouco o ritmo, saindo um pouco do antigo para algo mais próximo da nossa atualidade, tenho hoje para vocês o primeiro disco do compositor e instrumentista Beto Saroldi. Para quem não conhece, Beto Saroldi é um saxofonista, compositor e produtor musical que já tocou com grandes nomes da música brasileira como, Fafá de Belém, Gilberto Gil, Lulu Santos, Lô Borges e muitos outros. Isso também, sem falar em outros grandes nomes da música instrumental, que é a verdadeira praia deste artista.
“Metrô” é o nome do seu primeiro lp lançado em 1988, uma produção independente que teve a graça de ver incluída uma de suas faixas como tema da novela “Bebê a bordo”, da poderosa Rede Globo. O disco, num geral é bom. Quem curte música instrumental é que vai gostar 🙂
Pedroca E Seu Piston – As Garotas Gostam De Dançar Com Pedroca E Seu Piston (1958)
Sambas – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 123 (2014)
E prossegue a gloriosa trajetória do Grand Record Brazil. Já estamos na edição de número 123, e nela estamos apresentando uma seleção especialmente dedicada ao samba. São 15 gravações, com sambas de autores consagrados do gênero, interpretados pelos melhores cantores de sua época. Abrindo esta edição, temos “Capital do samba”, de José Ramos (1913-2001), fluminense de Campos, que ajudou a fundar a ala de compositores da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, na interpretação do sempre notável Gilberto Alves. Gravação Odeon de 9 de setembro de 1942, lançada em outubro do mesmo ano, disco 12214-A, matriz 7053. Dos cariocas João da Baiana (João Machado Guedes, 1887-1974) e Babaú da Mangueira (Waldomiro José da Rocha, 1914-1993) é “Sorris de mim”, a faixa seguinte, interpretada por Odete Amaral, “a voz tropical do Brasil”. Ela o gravou na Victor em 9 de julho de 1940,com lançamento em setembro do mesmo ano, disco 34657-B, matriz 33463. De Paquito (Francisco da Silva Fárrea Júnior, 1915-1975) e do lendário Paulo da Portela (Paulo Benjamin de Oliveira, 1901-1949), foi escalado “Arma perigosa”, na interpretação de Linda Rodrigues (Sophia Gervasoni, 1919-1995). É o lado A de seu terceiro 78, o Continental 15423, lançado em setembro de 1945, matriz 1136. Na quarta faixa, um clássico indiscutível do mestre Ary Barroso: é “Morena boca de ouro”, na interpretação de Sílvio Caldas, que o imortalizou na Victor em 4 de julho de 1941, com lançamento em setembro do mesmo ano, disco 34793-A, matriz S-052259. Foi várias vezes regravado,inclusive por João Gilberto, que o incluiu em seu primeiro LP, “Chega de saudade”, em 1959. O dito popular “Quem espera sempre alcança” dá título à nossa quinta faixa, mais uma composição do lendário Paulo da Portela. Quem canta este samba é Mário Reis, em gravação lançada pela Odeon em setembro de 1931, disco 10837-B, matriz 4272, com acompanhamento da Orquestra Copacabana, do palestino Simon Bountman. “Quem mandou, Iaiá?” é de Benedito Lacerda (também no acompanhamento com sua flauta mágica e inconfundível) e Oswaldo “Baiaco” Vasques, e foi lançado pela Columbia para o carnaval de 1934, em janeiro desse ano, na voz de Arnaldo Amaral, disco 22262-A, matriz 1005. Também de Baiaco, em parceria com João dos Santos, é nossa sétima faixa, “Conversa puxa conversa”, gravação Victor de Almirante (“a maior patente do rádio”) em 24 de abril de 1934, lançada em julho do mesmo ano com o n.o 33800-A, matriz 79615, com acompanhamento da orquestra Diabos do Céu, formada e dirigida por Pixinguinha. Babaú da Mangueira volta em nossa faixa 8, “Ela me abandonou”, samba do carnaval de 1949, em parceria com Taú Silva. Novamente aqui comparece Gilberto Alves, em gravação RCA Victor de 23 de dezembro de 48, lançada um mês antes da folia,em janeiro,disco 80-0591-B, matriz S-078852. Autor de clássicos do samba, Ismael Silva (1905-1978) mostra seu lado de intérprete em “Me deixa sossegado”, que assina junto com Francisco Alves e Nílton Bastos, e foi lançado pela Odeon em dezembro de 1931, disco 10858-B,matriz 4281. De família circense, sobrinho do lendário palhaço Piolim, o comediante paulista Anchizes Pinto, o Ankito (1924-2009), considerado um dos cinco maiores nomes da era das chanchadas em nosso cinema, bate ponto aqui com “É fogo na jaca”, samba de Raul Marques, Estanislau Silva e Mateus Conde. Destinado ao carnaval de 1954, foi lançado pela Columbia (depois CBS e hoje Sony Music) em janeiro desse ano, sob n.o CB-10017-B, matriz CBO-152. Paulo da Portela volta na faixa 11, assinando com Heitor dos Prazeres “Cantar pra não chorar”, do carnaval de 1938. Quem canta é Carlos Galhardo, “o cantor que dispensa adjetivos”, em gravação Victor de 15 de dezembro de 37, lançada um mês antes da folia, em janeiro, disco 34278-B, matriz 80634. Na faixa 12, volta José Ramos, agora assinando com o irmão, Marcelino Ramos, “Jequitibá”. Gravação de Zé e Zilda (“a dupla da harmonia”), em 1949, na Star, disco 151-B, por certo visando o carnaval de 50. A eterna “personalíssima”, Isaura Garcia, vem com o samba “Mulher de malandro”, de Hervê Cordovil. Gravado na Victor em 23 de outubro de 1945, seria lançado apenas em setembro de 46, sob n.o 80-0431-B, matriz S-078380. Ernani Alvarenga, o Alvarenga da Portela, assina “Fica de lá”, samba do carnaval de 1939, em gravação Odeon de Francisco Alves, datada de 16 de dezembro de 38 e lançada bem em cima da folia,em fevereiro, disco 11700-A,matriz 5995. Por fim, temos o samba “Não quero mais”, samba de autoria de Zé da Zilda (também conhecido por Zé com Fome e José Gonçalves) e Carlos Cachaça (Carlos Moreira de Castro, que apareceu no selo com o sobrenome errado, “da Silva”), gravado na Victor por Aracy de Almeida em 9 de setembro de 1936 e lançado em dezembro do mesmo ano, disco 34125-A, matriz 80214, certamente com vistas ao carnaval de 37. Note-se, a respeito deste samba, que Cartola tinha feito duas segundas partes, mas Zé da Zilda fez uma outra segunda parte por conta própria e, assim, eliminou Cartola da co-autoria. Enfim, é uma excelente seleção de sambas que o GRB nos oferece, para apreciação de todos aqueles que apreciam o melhor de nossa música popular.
* Texto de Samuel Machado Filho
Zimbo Trio – Vol. 2 (1966)
Olá, amigos cultos e ocultos! Nesta semana nós acabamos por não publicar aqui o volume 123 da coleção exclusiva Grand Record Brazil. Sei que tem muita gente que nos acompanha e os e-mails não param de chegar. Calma, a coleção ainda não acabou. Só termina no dia em que não tivermos mais nada em 78 rpm para apresentar. Amanhã tem mais um volume, garantido!
Para a noite de domingo ficar ainda mais gostosa, eu trago para enriquecer nossa lista um disco que há muito já devia ter entrado: Zimbo Trio Vol. 2. Aliás, eu também já deveria ter postado o volume 1 e outros mais, afinal o que é bom a gente deve sempre manter. Mas o Zimbo Trio, embora acima da média, é figurinha fácil e repetida. Muitos outros blogs já postaram ele por aí e por certo, deste não há muito o que dizer além do que já foi dito. Um super trio que teve em seu elenco original Luiz Chaves, Rubens Barsotti e Hamilton de Godoy.
Este lp foi o terceiro gravado por eles. Lançado em 1966 pelo selo RGE, o álbum traz um repertório fino, com doze temas impecáveis e hoje clássicos, alguns autorais. Música instrumental de alto padrão, que agrada cultos e ocultos.
Salinas – Alice Street Gang (1976)
Muito bom dia, amigos cultos e ocultos! Eu, como sempre inicio justificando as pausas e falhas de postagem em nosso Toque Musical. Vocês já sabem, é falta de tempo! Não foi a toa que eu resolvi incluir outros textos do amigo Samuel Machado Filho, além dos habituais em nossa coleção Grand Record Brazil. Se dependesse apenas dele, nossas postagens continuariam diárias e sem furo. Já tenho aqui uma dezenas de textos prontos para os diferentes discos que enviei para ele. Falta agora, tão somente, eu publicar, mas nem para isso eu tenho tido tempo. Hoje, por acaso, a manhã tá livre, daí eu me divirto mais e tomo a direção e apresentação.
Trago para este sábado um disquinho curioso. Comprei este lp há alguns anos atrás. Achei a capa interessante, pensei até se tratar de uma banda de rock, daquelas obscuras dos anos 70. Levei o disco sem olhar muito, afinal haviam outros na compra e como estava barato, foi na leva. Só alguns dias depois foi que eu vim a conhecê-lo realmente. De saída fui logo percebendo que não se tratava de rock e sim de algo no gênero ‘disco music’. E para a minha surpresa o tal Alice Street Band era conduzido por Daniel Salinas. Quer dizer, trata-se de um trabalho do eclético maestro Daniel Alberto Salinas, produzido, arranjado e tocado por ele. Eu já cheguei a postar aqui outro disco dele, o “Paz, Amor e… Samba”, de 1972. Salinas foi um maestro e arranjador muito atuante nos anos 60 e 70, trabalhando com artistas da Jovem Guarda e tantos outros dos mais variados gêneros nas décadas seguintes. Agora voltamos com este, da era ‘discoteca’. Naquele estilo inconfundível da música americana da segunda metade dos anos 70, quando a ‘disco music’ tomou conta do pedaço. Lembram aquelas músicas de aberturas em seriados tipo ‘As Panteras’, ‘Casal 20’, ‘Chips’… é por aí… Lembra também, inevitavelmente, o Eumir Deodato, principalmente na música de abertura, ‘Also Sprach Zarathustra’ em fusão com ‘Bahia’, clássico de Ary Barroso. Salinas mostra em seus arranjos que não fica por menos, apresentando um trabalho de primeira linha. Tenho certeza de que se algum desavisado ouvir este álbum é capaz de dizer que é coisa de gringo, estrangeiro. E tem tudo a ver, não só pela qualidade dos arranjos e execução. Um trabalho bacana, digno de muitos toques musicais. Pessoalmente, nunca fui muito fã do estilo, mas hoje, sou capaz de ouvir e dizer, realmente foi um trabalho bem feito. Fiquei pensando de onde foi que o Salinas tirou esse nome de ‘Alice Street Gang’. Desconfio que trata-se do endereço do estúdio da Amazon Records, na Rua Alice, do bairro das Laranjeiras, Rio de Janeiro, onde a gang tocou. Tá no selo… 🙂