Arquivo mensais:janeiro 2014
Vito Mancini – Dê-me Um Sorriso (198…)
Boa noite, amigos cultos e ocultos. Hoje é sexta feira e só para não esquecer, este foi o dia que por muito tempo eu adotei aqui como sendo o ‘dia do artista/disco independente’. Por essas, por outras e mais outras, vou mandando aqui um compacto independente, gravado na Bemol nos anos 80. A Bemol, embora seja uma gravadora tradicional, nunca assumiu uma postura de editora. Muitos dos discos lançados com seu selo foram na verdade produção independente. E como em Belo Horizonte, na época, só tinha mesmo a Bemol, todo mundo que podia, gravava lá.
Bom, temos aqui o disco de um cara o qual eu vivia encontrando pelas ruas de Belô. Depois sumiu, como quase tudo e todos produzidos naquela década de 80. Seu nome é Vito Mancini. Me lembro de tê-lo visto tocando em algum barzinho, naquela época. Fui procurar por ele no Google e também no Facebook, mas não achei nada. Será que este cara ainda está na ativa? Foi o que eu me perguntei, pois quando a gente não encontra uma pista do ‘caboclo’, pode saber, abandonou o barco… Mas, enfim, falando do disco, temos aqui este compacto duplo no qual Vito Mancini nos apresenta quatro composições próprias. O disquinho é bem interessante e tem, sem dúvida, as suas qualidades. Começando pela própria gravação, trabalho de primeira do veterano Dirceu Cheib. Vito vem acompanhado por um time de músicos de primeira: Célio Balona, Toninho do Carmo, Ezequiel Lima, Zé Eustáquio e Maluf. Quem conhece a música mineira sabe bem o ‘naipe’ dessa turma. E a música de Vito tem bem a cara de Minas, das coisas feitas na Geraes 🙂 Não sei bem ao certo, mas creio que o Vito Mancini chegou a gravar também um lp, com arranjos do Marilton Borges. Vou ver se acho esse disco para postar aqui. Até lá, quem sabe, a gente consegue mais informações sobre esse artista.
Albertinho Fortuna – Teu Nome É Amor (1959)
Olá amigos, sempre cultos e ocultos! Entre os discos que eu pouco ou nada ouvir tem este aqui do cantor Albertinho Fortuna, “Teu nome é amor”, álbum lançado pela Continental em 1959. Embora seja este um álbum que há muito me acompanha, ou por outra, que várias vezes passou pelas minhas mãos, eu nunca tive a curiosidade de ouvir. Como já disse outras vezes, existem alguns gêneros musicais que não me agradam muito. Tango, marcha, dobrado, valsa… isso para não falarmos de óperas… e não é por falta não, já ouvi muito tudo isso para ver se mudava de opinião, mas não tem jeito. É gosto mesmo… No caso do Albertinho Fortuna, creio que deixei ele de lado meio que por conta disso, dos tangos… Desculpem, creio que estou sendo muito reticente. E na verdade nem tantos tangos há assim e mesmo esses, me fazem agora pagar língua. Ouvindo com carinho, vejo que estou engando. Nunca é tarde para ser feliz 🙂 Vamos juntos ouvir…
Ed Maciel E Sua Orquestra – Na Onda (1966)
Bom tarde, amigos cultos e ocultos! Nesta semana eu entrei numa de ouvir uma série de discos os quais eu nunca havia ouvido, ou quase nada. Vou aqui fazendo uma triagem, separando aquilo que pode vir a fazer parte do nosso ‘toque musical’ da semana.
Para hoje, vamos com o trombonista Edmundo Maciel Palmeira, mineirinho de Belo Horizonte, grande instrumentista! Foi para o Rio de Janeiro nos anos 50 onde se tornaria Ed Maciel, um dos músicos mais requisitados, tocando em orquestras, nas rádios, televisão e em gravações de muitos dos melhores discos produzidos no país. Foi arranjador e regente para os grupos de Ary Barroso e orquestra de Carlos Machado. Com seu conjunto, “Carioca Serenardes”, gravou em 57 o lp de 10 polegadas – “Na cadência do samba” – um grupo que tinha entre seus membros Moacir Marques, Paulo Moura, Chaim Lewak, Paulinho Magalhães, Júlio Barbosa e Aderbal Moreira. Ainda, no final dos anos 50, participou de dois discos antológicos, “Canção do amor demais”, de Elizeth Cardoso e o “Chega de saudade”, de João Gilberto. Nos anos 60 não seria diferente. Ed Maciel continuaria participando gravando o que de melhor foi produzido no Brasil, naquela década. Ao lado de Moacyr Silva e Waltel Branco formou o trio “Os Cobras”, com o qual lançou um álbum em 1960. Foi também um dos membros de grupos como o “Conjunto 7 de Ouros” e “Os Gatos”. Participou, em 64, da gravação do cultuado lp “Coisas”, do maestro Moacir Santos. A partir daí passou a liderar sua própria orquestra. Em 1966 gravou pelo selo London (Odeon) este álbum, “Na Onda”, cujo o repertório era todo voltado para um público jovem, uma série de músicas de sucesso da época. Creio eu que este tenha sido um dos primeiros discos de orquestra e instrumental brasileiro pautado na música jovem e internacional daquele momento. O álbum fez muito sucesso e mereceu uma continuidade e por aí vieram vários volumes. Ed Maciel gravou desde então uma dezena de discos com sua orquestra, produzindo discos até o final dos anos 70. Como músico de estúdio, esteve presente nos melhores discos e ao lado de outros grandes nomes como Chico Buarque, Edu Lobo, Maria Bethânia, Marcos Valle, Miúcha, Luiz Gonzaga, Milton Nascimento e muitos outros por aí a fora…
Vilma – Minha Decisão (1977)
Olá amigos cultos e ocultos! Estava eu procurando “É preciso dizer adeus”, de Jobim e Vinícius, quando me deparei com este disco, o qual eu nunca tinha visto. Fiquei curioso para ouví-la, pois só conheço a música na vozes de Miúcha e Gal Costa. Difícil superar as duas cantoras, mas a minha ilustre desconhecida Vilma, não faz por menos. Interpreta muito bem e o arranjo dá aquele toque que faltava. Procurei no Google por alguma informação sobre essa cantora, mas com os poucos dados fica difícil. Nem mesmo o disco a gente vê na pesquisa. Não está à venda nem pelo Mercado Livre. Mesmo sem as devidas informações de apresentação, acho legal postar esse lp. É um trabalho de qualidade, com boas músicas, bons arranjos e uma boa interpretação. Vamos postá-lo mesmo assim. Vai que uma hora dessas aparece alguém que sabe alguma coisa. Todo complemento é válido. Comentários está aí é para isso 😉
A Música de Ismael Silva Na Voz De… – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 86 (2014)
* Texto de SAMUEL MACHADO FILHO
.
Orquestra Som-Bateau – Top Hits N. 2 (1966)
Olá amigos cultos e ocultos! Este disco era para ter sido postado hoje, pela manhã. Acontece que eu sai de casa tão cedo quenem tive tempo. Como o sábado já foi perdido, vamos pelo menos salvar o resto do domingo. Vai aqui a Orquestra Som-Bateau em seu segundo lançamento. Naquele ano de 1966 a Polydor lançou os dois primeiros números, que fizeram muito sucesso junto ao público jovem da época. Um jogada interessante quando não se pode ter os artistas originais, pelo menos naquela época se podia usar as músicas sem muitas retrições. E quando se em mãos uma boa produção, com músicos de primeira linha, o resultado é isso, um disco de qualidade. O repertório certo é a música pop do momento, uma escolha direcionada, apresentando os ‘top hits’ internacionais e alguns nacionais, claro. O que mais me agrada nesse disco é mesmo a sua qualidade de produção e gravação. Ouvindo o lp, de 180 gramas, na minha Shure é que sinto essa diferença.
Jacob Do Bandolim – Valsas Brasileiras (1981)
Olá, amigos cultos e ocultos! Eu ontem comentava com um amigo que existem alguns gêneros musicais os quais eu não sou muito fã, me dá uma certa preguiça, sei lá… Entre eles está a valsa. Me dá sono… Mas quando se trata de valsas brasileiras e mais ainda, Jacob do Bandolim, a coisa muda de figura. E foi para tirar a cisma que eu achei postar hoje este lp, um relançamento de 1981, onde encontraremos 14 interpretações impecáveis de alguns clássicos da chamada ‘valsa brasileira’. Jacob, como solista, vem acompanhado pela excelente Orquestra da RCA.
Trio Abaeté – Compacto (1973)
Olá, amigos cultos e ocultos! Dando sequência ao nosso ‘toque fono musical’. Aqui vai mais um disquinho, literalmente. Um compacto duplo de 1973, lançado pela Copacabana, do Trio Abaeté, grupo vocal baiano, que estreou bem, com quatro sambas na medida (do jeito e num tempo em que baiano sabia fazer samba). Creio que são todos autorais, de Bonfim, Belizário e Diferraz, que suponho ser o sobrenome dos três artistas. Não há na rede nenhuma informação sobre eles além de seus próprios trabalhos e ao que parece, foram apenas dois, este compacto e um lp de 1977, hoje muito cultuado, o homônimo “Abaete”. Muito legal, todos os dois trabalhos. Qualquer dia desse e publico o álbum aqui, só de capricho, pois o mesmo já virou ‘figurinha fácil’ de achar.
Cesar Camargo Mariano & Hélio Delmiro – Samambaia (1981)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Estou com vocês há quase 7 anos, um bom tempo, que já deu para provar as minhas reais intenções. Já deu prá ver que o Toque Musical, mesmo na sua formatação descompromissada e relativamente pessoal, segue sempre em seu propósito de levar a todos um de nossos maiores tesouros, a arte musical brasileira e consequentemente resgatar um pouco de histórias e coisas relacionadas ao universo musical e fonográfico. O Toque Musical não é um espaço sério, muito pelo contrário, chega às raias da descontração. Mas é respeitado e adorado por muitos, pois é acima de tudo uma fonte fonomusical inesgotável… Tô falando tudo isso meio que por nada. Talvez, apenas justificando o que as vezes me causa essa sensação, quando me deparo com outros blogs semelhantes ao TM buscando sua legitimidade através do esforço alheio. Me causa estranheza… Foi por essas e por outras que resolvi mudar nossa política, criando um grupo mais fechado e limitando os prazos para compartilhamento. Penso que, como naturalmente tudo tem um prazo de existência, nossos links e postagens também tem. Desde outubro do ano passado eu adotei esse esquema de não mais repor links. Acho bastante justo, afinal os links ficam válidos por 6 meses! Tempo suficiente para se baixar todo o acervo ativo. Com dizem, a fila anda… E tendo aqui no Toque Musical quase dois mil títulos, fica mesmo muito difícil para mim ficar repondo diariamente o que é solicitado. Muita gente vem mandando mensagens pedindo reposição de links, mas como já informei, só serão repostos os links para as postagens exclusivas, ou seja, aquelas criadas originalmente para o Toque Musical. As demais podem até ser pedidas, mas nesses casos o atendimento é pessoal (via e-mail), direto (via correios) e cobrado uma pequena taxa (via depósito bancário). Creio que estou sendo justo dessa forma e espero que os amigos me compreendam, ok?
Segue hoje o belíssimo álbum “Samambaia”, do tecladista (no melhor sentido do termo) César Camargo Mariano e o violonista e guitarrista Hélio Delmiro. Um disco, obviamente, instrumental e com apenas os dois músicos. Quando se coloca juntos dois ou três músicos talentosos como no caso, César e Hélio, pode ter certeza, é coisa muito boa! Não bastasse essas qualidades, ainda tem o tal do repertório: impecável! Uma escolha acertada, entre as composições autorais há também músicas de Milton Nascimento e seus parceiros, Ary Barroso com Lamartine Babo e Pixinguinha e João de Barro. Eu talvez seja suspeito para falar deste disco, porque é um dos meus instrumentais favoritos. Um belo trabalho, sensível como cabe a esse dois grandes músicos. Toca aí…
Valdênio – Esquinas E Bares (1992)
Boa noite, meus prezados amigos cultos e ocultos! O calor por aqui está bravo e a lombeira também. Não vejo a hora de cair na cama, mesmo sem um ar condicionado. Mas antes, porém, eu vou deixando um toque musical extraído aqui das Minas Geraes. Apresento, para os que não conhecem, o Valdênio, um dos grandes artistas mineiros, músico do grupo Zé da Guiomar em seu primeiro disco, lançado em produção independente no início dos anos 90. Valdênio estudou violão clássico com Cláudio Beato e violão popular com Juarez Moreira. No início de sua carreira participou de diversos festivais e formou o grupo “Queluz de Minas”, nos anos 80 (disco este, um compacto também já postado aqui no Toque Musical). Esteve envolvido em diversos projetos até lançar “Bares e Esquinas”. Um álbum, realmente, que merece a nossa atenção. Composições de qualidade, todas de Valdênio. Um time de músicos de primeiríssima (Juarez Moreira, Chico Amaral, Ezequiel Lima, Nenem, Ricardo Fiuza, Bauxita, André Dequech, Kiko Mitre, Carla Villar, Bill Lucas, Sérgio Moreira, Telo Borges, Eduardo Delgado…). A direção musical e os arranjos são de Juarez Moreira. Pô, sinceramente, este disco não tem o que se falar. Tem é que se ouvir!
Carequinha – Os Grandes Sucessos Do Carequinha (1961)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Começamos logo cedo, porque a fila não pára e o tanto de coisa que eu tenho para fazer, talvez não me permita a postagem mais tarde. Trago para hoje o nosso tradicional palhaço Carequinha. Ele já fazia sucesso antes de eu nascer e na minha infância foi figura muito importante e querida. Eu sabia quase todas as músicas que ele cantava. Aliás, quem dessa geração não curtiu o Carequinha, não é mesmo? Segue aqui então este lp, lançado originalmente em 1961 pela Copacabana, reeditado em 1975. Nele, como se pode ver pela capa, encontraremos os seus maiores sucessos fonográficos, as 10 mais do Carequinha :), que vem sempre acompanhado por Altamiro Carrilho e o Coral Infantil de Irany de Oliveira. Sobe a lona, o espetáculo vai começar!
A Música De Ismael Silva Na Voz De… – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 85 (2014)
Escola De Samba Da Cidade E Paulinho E Sua Bateria – Batucada (1982)
Roberto Faissal – Canção Da Mulher Amada (1961)
Olá amigos cultos e ocultos! Hoje eu estou trazendo um disquinho aqui que tem a minha idade e somente hoje é que eu vim a conhecê-lo, ou melhor dizendo, ouví-lo. Eu sempre achei que fosse este um disco de poesia, pois pelo pouco que sei, Roberto Faissal era um rádio-ator da Rádio Nacional. Nunca tive a curiosidade nem de ler a contracapa, embora o álbum já tivesse passado pelas minhas mãos várias vezes. Pois é, mas tudo tem seu tempo e sua hora. Eis que chegou a vez…
Este lp foi lançado em 1961 pela Columbia. Um disco diferente até então. Mal recebido pela crítica, que não pôs muita fé no ator como cantor. Segundo uma nota do jornal carioca A Noite, Roberto Faissal forçava muito a voz nos tons graves ‘sem ter o necessário preparo técnico para tanto’. Mas, distante há mais de meio século, ouvindo hoje eu não tenho essa impressão. Acho mesmo diferente, principalmente porque se trata de uma gravação fora dos padrões da época. Um disco gravado apenas por voz e violão. Coisa que só se ouvia e à maneira da turma da Bossa Nova. Eis aí a ‘canção’ como um estilo. “Canção da mulher amada” é um disco bacana, romântico e sensível. Traz em seu repertório composições muito boas de Roberto Faissal, que surpreende como compositor. Há também canções de autoria de Luiz Antonio, Antonio Maria, da dupla Jair Amorim e Evaldo Gouveia. Este último também é figura importante no disco. É Evaldo Gouveia quem acompanha, ao violão, o cantor.
Jorginho Do Império Serrano – Pedra 90 (1974)
Boa noite, amigos cultos e ocultos! Antes que esta quinta feira se transforme em sexta, deixa eu dar um toque musical aqui. Vou trazendo para vocês um disco de samba. Temos aqui o cantor e sambista Jorginho do Império em seu ‘debut’ fonográfico. “Pedra 90” é o nome do disco lançado por ele em 1974, através do selo Equipe. Um disco muito interessante, mas o sucesso só viria mesmo no segundo lp, com a música “Na beira do mar”. “Pedra 90” foi relançado pela Editora Discobertas, do Marcelo Fróes. Jorginho do Império é filho de Mano Décio da Viola, um dos fundadores da Escola de Samba Império Serrano. Hoje, mais que nunca, um artista consagrado, um sambista e passista respeitado, com muitos discos gravados!
Raimundo Sodré – Coisa De Nêgo (1981)
Olá amigos cultos e ocultos! Na ligereza do dia aqui vou eu… Variando o variado, aqui vai mais um disco ‘da massa’, do cantor e compositor baiano Raimundo Sodré. Este foi o segundo disco gravado por ele, lançado também pela Polydor, no ano de 1981. Poxa, como o tempo passa de pressa. Esse som ainda está bem presente no meu passado, me lembro como se fosse ontem. Para não estragar o meu prazer, nem vou procurar saber por onde anda o Raimundo Sodré. Espero que ele não tenha entrado como ingrediente na ‘massa’ do bolo baiano que só mesmo na Bahia se consegue consumir. Ele tá sumido, né? Bom, mas o importante é que este é mais um dos seus bons discos, segue mais ou menos a mesma linha do primeiro. Músicas boas, tipicamente baianas sem contaminação e sem serem ordinárias. Muito legal, vale a pena ouvir de novo!
Raul Caruso – Eu Serei Teu Cantor (1968)
Olá amigos cultos e ocultos! Em meio a pressa, na minha sempre falta de tempo, vou aproveitando o ensejo para apresentar aqui mais um raro e curioso lp, daqueles que só aparecem mesmo aqui, no Toque Musical. Estou me referindo, claro, a este lp, lançado em 1968 pelo selo Hot. Nosso artista em questão chama-se Raul Caruso. Procurei rapidamente alguma informação sobre ele no Google, mas infelizmente não achei nada. Daí, vou me pautando nos dados contidos no próprio álbum. O texto da contracapa é do inesquecível Chacrinha. Nele, o “Velho Guerreiro” nos apresenta sua descoberta, um cantor que imitava a voz do grande Vicente Celestino. Deram a ele o nome de “Raul Caruso” e deve ter sido batizado pelo próprio Chacrinha, que era o seu ‘padrinho’. Foi Abelardo Barbosa quem introduziu o cantor em seu programa e deu a ele a chance de brilhar ainda mais ao conseguir um contrato para gravar o seu primeiro disco. Bem propício para o momento, naquele ano de 68, muitos ainda estavam em choque com a morte de Vicente Celestino. Raul Caruso foi apresentado no programa “Hora da Buzina” e causou sensação, emocionando o público ao cantar as músicas de e ao estilo de Vicente Celestino. De imediato, conseguiu naquela mesma noite um contrato com a Rio-Som (Riversong) para lançar dois lps. Este, como eu já disse, foi o primeiro. Na verdade eu nem sei se ele chegou a gravar o segundo (nunca vi). No presente disco temos, evidentemente, uma série de músicas do repertório daquele que foi chamado ‘a voz orgulho do Brasil’. Pela curiosidade, acho que já vale a pena conhecer Raul Caruso. Vamos lá?
A Música De Ismael Silva Na Voz De Francisco Alves – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 84 (2014)
A presente seleção nos traz quinze composições de Ismael Silva interpretadas pelo Rei da Voz Francisco Alves (1898-1952), várias delas em que o cantor figura como parceiro, e a maior parte sambas. A primeira faixa, porém, é de Ismael sem parceiro: “Choro, sim”, gravação Victor de 21 de novembro de 1934, e, apesar de constar na edição ter sido feita para o carnaval de 35, só lançada em julho desse ano sob n.o 33946-B, matriz 79784. “Ando cismado” é uma parceria de Ismael com Noel Rosa, gravação Odeon de 27 de outubro de 1932, lançada em dezembro seguinte com o n.o 10936-A, matriz 4532. Um pouco antes, a 29 de junho de 32, e também pela “marca do templo”, Chico gravara uma autêntica obra-prima dos mesmos parceiros, “Para me livrar do mal”, disco 10922-B, matriz 4467. Da parceria Ismael-Chico Viola é “Gandaia”, lado B do disco Odeon 10906, gravado em 23 de março de 1932 e lançado em maio seguinte, matriz 4420. Ambos também fizeram a marchinha ‘Você gosta de mim”, lançada pela Parlophon em dezembro de 1931, visando, claro, o carnaval de 32, sob n.o 13377-B, matriz 131307. Logo em seguida você encontrará o lado A, o samba “Sonhei”, de Chico, Ismael e Nílton Bastos (não creditado na edição), matriz 131306. Também da folia de 1932 são as faixas do Parlophon 13375, lançado junto com o anterior, em dezembro de 31, e que temos logo em seguida: o samba “Amar”, também da santíssima trindade Chico Alves-Ismael Silva-Nílton Bastos, no lado B, matriz 131308, e, no lado A, matriz 131302, a divertida marchinha “Gosto mas não é muito”, inspirada num fato real acontecido após a subida de Getúlio Vargas ao poder: muitos de seus adeptos, antigos e de última hora, almejavam cargos públicos, em tempo de crise braba, e para amenizar a coisa, passou-se a exigir, dos postulantes a tais cargos, requerimento estampilhado, com foto e selo (“Traz o retrato e a estampilha”). Obviamente, aqueles mais chegados ao círculo do poder, os “adeptos do Gegê”, passavam longe de tais exigências, sendo nomeados militares. Aqui, Ismael e Chico são parceiros de Noel Rosa, que fez a segunda parte mas não foi creditado no selo do disco e na partitura impressa. Em seguida, outro produto da santíssima trindade Ismael Silva-Francisco Alves-Nílton Bastos, o samba “É bom evitar”, lançado pela Odeon por volta de outubro de 1931 sob n.o 10837-A, matriz 4271. Eles assinam ainda as faixas seguintes: “Ironia”, lançada pela “marca do templo” em março de 1931, disco 10767-B, matriz 4136, com provável participação ao bandolim de Luperce Miranda, “Meu batalhão”, em que Chico Alves é acompanhado de seu “Esquadrão”, lançada pela Odeon em janeiro de 1931, claro que para o carnaval, com o n.o 10748-B, matriz 4091, “Olê-leô”, para a mesma folia, gravação de 27 de novembro de 1930 também saída em janeiro de 31 pela “marca do templo” (10745-B, matriz 4068) e o lado A desse disco, o conhecidíssimo “Nem é bom falar”, matriz 4067. Comenta-se que Roquette Pinto, criador do radiodifusão brasileira, ao ouvir o verso “Eu quero uma mulher bem nua”, declarou: “Todos nós queremos, mas não é preciso dizer”… “Não é isso que eu procuro”, parceria de Chico Alves e Ismael Silva, gravado na mesma Odeon em 10 de agosto de 1928 e lançado em setembro do mesmo ano com o n.o 10251-B, matriz 1876, foi interpretado pelo Rei da Voz, em dupla com Célia Zenatti, na revista “Eu quero é nota”, encenada no Teatro Carlos Gomes do Rio, e depois incluída em outra revista ali encenada, também com o nome de “Não é isso que eu procuro”. E, para encerrar, justamente o primeiro samba que Ismael Silva teve gravado: “Me faz carinhos”, que a Odeon de sempre lançou em janeiro de 1928 com o n.o 10100-B, matriz 1480 (diz-se que teria sido antes gravado instrumentalmente pelo pianista Cebola, mas esse disco nunca foi localizado). A autoria de “Me faz carinhos”, no selo e na edição, é atribuída apenas a Francisco Alves, que o comprou de Ismael mais por necessidade imediata de dinheiro por parte do compositor, sem esperar o resultado das vendas dos discos e das partituras. Entretanto, por mais que Chico Viola comprasse parcerias, contribuía, e muito, para o aprimoramento das composições de Ismael quando as gravava e, sem o Rei da Voz, é pouco provável que o sambista niteroiense surgisse na MPB de maneira tão decisiva. Chico Viola também cantou ”Me faz carinhos” numa revista muito adequadamente chamada “Você quer é carinho”, igualmente encenada no Teatro Carlos Gomes. Enfim, uma amostra da genialidade de Ismael Silva, a primeira que o GRB oferece para deleite de tantos quanto apreciem o melhor do samba e da MPB. Semana que vem teremos mais Ismael Silva. Encontro marcado!
* Texto de Samuel Machado Filho
Djalma Dias – Destaque (1973)
Muito bom dia, amigos cultos e ocultos! Nunca tive muito interesse no YouTube, que fosse além do de espectador, para ver vídeos e ouvir música. Foi justamente pensando no ouvir que de uns tempos pra cá eu passei a flertar com essa telinha digital. Ainda estou nos primeiros passos, mas acho que logo vou incrementar minha conta por lá com alguns vídeozinhos de música. Quem sabe até eu crie alguns clips mais elaborados. Acho que mais essa dobradinha pode dar pé 😉 Precisamos divulgar mais esse Toque Musical, afinal, de ocultos aqui já bastam vocês, não é mesmo?
Hoje eu estou trazendo o álbum “Destaque”, do cantor Djalma Dias. Eu já havia postado aqui, anteriormente, outros dois discos onde o cantor e sambista é também destaque. Aproveito até para replicar o que já havia escrito. Djalma foi cantor de boate, intérprete vitorioso em festivais e de trilhas de novelas da Rede Globo. Gravou diversos sucessos, entre os mais famosos temos “Capitão de Indústria”, de Marcos e Paulo Sérgio Valle para a novela “Selva de Pedra”. Aliás, é bom dizer, Djalma gravou diversas músicas dos irmãos Valle. Isso muito se deve ao fato de que Marcos Valle tinha contrato com a Som Livre, era um dos principais compositores para os programas da Globo e Djalma Dias era também contratado, principalmente como cantor e atuando em coros de trilhas e especiais da emissora. Ele gravou vários discos, os quais ainda hoje são difíceis de ver (e ouvir) na blogosfera.
Em “Destaque”, vamos encontrar um repertório muito bom, amarrado por músicas de qualidade de compositores como Adoniran Barbosa, Antonio Adolfo, Djavan, Johnny Alf, Antonio Carlos & Jocafi, Marcos e Paulo Sergio Valle e outros mais… Este disco foi produzido por Estáquio Sena, com arranjos de Waltel Blanco.
A Turma Do Pererê (1983)
Olá amigos cultos e ocultos, boa noite! Acabo de voltar da Feira de Vinil. Achei que este sábado não iria render muito por lá. Mas, ao contrário, o dia foi puxado, com muitas compras, muitas vendas e também muitas trocas. Um dia integralmente musical e divertido. Mas depois de carregar meia dúzia caixas de disco, posso dizer que estou esbodegado. Só quero mesmo saber de um banho, comer alguma coisa e dormir cedo.
Antes, porém, deixa eu postar aqui alguma coisa. Para não dizerem depois que não publiquei nada no fim de semana. Numa escolha do acaso, puxando do fundo do gavetão, veio na sorte o presente lp que agora eu apresento a vocês. Trata-se da trilha de um musical exibido na Semana da Criança, pela Rede Globo, em 1983. Um criação de Ziraldo, com direção de Guto Graça Mello. A história é inspirada na revista em quadrinho criada por Ziraldo nos anos 50. No programa da tv a história é contada em forma de um musical e as músicas são interpretadas por nomes como Fagner, Grupo Céu da Boca, Luiz Melodia, Sérgio Reis, Marlui Miranda, Wanderléa, Zezé Motta e outros, conforme se pode ler na capa do disco. Um trabalho muito interessante, quando a Rede Globo ainda produzia coisa que presta. Embora seja voltado para um público infantil, o resultado em disco agrada também aos adultos. Confiram…
Dick & Claudette – Tudo Isso É Amor (1976)
Olá amiguíssimos cultos e ocultos! Hoje foi um dia de sorte. Ou melhor dizendo, uma tarde de sorte. Voltava eu do Centro a pé para casa quando passei por uma pequena lojinha do tipo ‘topa tudo’. Resolvi dar uma entrada (essas coisas me atraem) e por achei uma caixa cheia de discos. De cara eu vi que tinha lá coisas boas. Além de bons discos, estavam perfeitos. Garimpei uns vinte e poucos discos, sei lá… e pelo tanto acabei tendo um belo desconto. Saíram todos por menos de 5 reais. Que maravilha!
Entre os lps comprados havia este aqui do Dick Farney ao lado da Claudette Soares. Um álbum excelente, que com certeza muitos por aqui já devem conhecer, pois já foi publicado em diversos blogs. Mesmo assim e pela alegria de tê-lo entre as minhas últimas aquisições, faço questão de postá-lo.
Este álbum foi lançado em 1976, numa boa fase dos dois artistas, que aqui nos apresentam um repertório fino com onze canções memoráveis, verdadeiros clássicos. E isso inclui também a internacional “Tenderly”, de Jack Lawrence e Walter Gross.
Aracy De Almeida – O Samba Em Pessoa (1966)
Olá amigos cultos e ocultos! 2014 começou bem… bem quente! Pô… que calor fdp! Me tirou até o pouco ânimo que tenho tido para fazer as postagens. Mas com a ajuda do ventilador e uma jarra de água gelada, tudo dá uma refrescada.
Trago para vocês este disco da cantora Aracy de Almeida. Álbum lançado pela RCA, através de seu selo RCA Camden, em 1966. Este selo foi o responsável por algumas reedições de antigas gravações da Victor, feitas no período do 78 rpm. Trata-se, obviamente, de coletâneas tais como as que fazemos hoje na série “Grand Record Brasil”, do Toque Musical. Nesta seleção intitulada “O Samba Em Pessoa”, vamos encontrar doze fonogramas extraídos de gravações feitas pela cantora entre os anos de 1937 a 42. Não precisa nem dizer, uma dúzia de clássicos da melhor qualidade. Muitas das músicas apresentadas neste disco também estão na seleção GRB, mesmo assim eu achei interessante de postarmos um álbum bacana como é esse. Foi na época a oportunidade do público vir a ter e ouvir gravações que até então só eram possíveis em bolacha de 78 rpm. Esta série RCA Camden ajudou a difundir artistas e músicas esquecidas, resgatando um pouco de uma produção fonográfica história. Vamos ouvir…