Os Originais Do Samba – Pra Que Tristeza (1974)

Boa noite, meus prezados amigos cultos e ocultos! Eis que me surgiu mais uma folguinha e um leve desejo de fazer uma última postagem neste ano de 2013 que vai se encerrando. Eu havia pensado em criar uma coletânea para embalar os festejos de fim de ano, mas creio que já está meio em cima da hora. Para garantir pelo menos um final feliz, aqui vai um dos melhores discos do grupo Os Originais do Samba. “Pra que tristeza”, álbum lançado me 1974, fase muito boa. No disco temos pelo menos duas músicas de muito sucesso, “Tragédia no fundo do mar”, também conhecida como “Assassinaram o camarão”, que fez muito sucesso e se tornou hoje um samba clássico. E falando em clássico, temos o “Samba do Arnesto”, de Adoniran Barbosa, que também participa nesta swingada versão.
E ficamos então assim… Se a gente não se ver amanhã, fica aqui e já os meus votos de boas festas. Um feliz ano novo para todos. Muita paz, amor, saúde e música! Que em 2014 a gente consiga realizar tudo aquilo que ainda não foi possível. que seja o ano das muitas realizações. Saudações musicais a todos!
saudade e flores
samba do arnesto
cabeça que nao tem juízo
tragédia no fundo do mar
pra que tristeza
mulata faceira
boato
canto de amor
buchicho
complicação
quem me dera
não sei de anda
.

Massafeira Livre (1980)

Olá amigos cultos e ocultos! Como já deu para perceber, nos últimos dias eu não postei nada. Depois do Natal me deu uma preguiça daquelas. Aliás, vou ser sincero, ando meio cansado de tudo isso aqui. As postagens diárias já não me despertam interesse. Embora eu tenha aqui uma infinidade de discos ainda para apresentar, ando meio desanimado. Deve ser o ano que vai chegando ao fim, assim como a minha energia. Sinceramente, os dias já não são mais os mesmos e essa onda de blog musical está ficando aborrecida e obsoleta. Parece que poucos são aqueles ainda interessados em música editada. Discos, naturalmente. Como os livros. Só mesmo os apaixonados… Tô meio cansado.
Eis aqui um álbum o qual eu há tempos venho querendo postar, bem antes de seu relançamento, em 2010, na versão digital. “Massafeira Livre” é um daqueles álbuns que todo bom amante-colecionador de MPB em discos tem que ter. Eu entendo que existem músicas, projetos e até mesmo artistas/bandas que foram feitos para existirem no mundo fonográfico, coisa de uma época que parece já não mais existir. “Massafeira” me passa essa ideia de uma verdadeira produção fonográfica. Talvez pela sua variedade e riqueza musical, felizmente apresentada em dois discos, um álbum duplo. “Massafeira Livre”, em disco, é uma produção de Ednardo. Uma síntese do que ocorreu no histórico evento cultural, em março de 1979. Ctrl+C, Ctrl V:
Durante quatro dias de março de 79, o Teatro José de Alencar foi envolvido por uma magia que despertou os habitantes da pacata cidade de Fortaleza. Artistas das mais variadas formas de expressão cultural se juntaram numa grande festa de interação. Um projeto comunitário de manifestações artísticas tomou corpo, vida, brilho próprio e registrou a energia criadora da sensibilidade humana numa feira livre de artes.  Englobando música, cinema, teatro, literatura, dança, pintura, escultura, fotografia, artesanato, cultura popular, usos e costumes da terra, a massa, em massa, digeriu esse acontecimento como força atuante, geradora de impulso. E Fortaleza foi seduzida por esse movimento, por essa explosão de anos. E aconteceu a MassaFeira Livre.
Em julho de 79, mais de cem pessoas, entre músicos, instrumentistas, cantores e compositores cearenses foram levados ao Rio de Janeiro, para a gravação do álbum duplo Massafeira Livre. Uma verdadeira algazarra ocorria nos estúdios da CBS. Um fato inédito estava sendo prensado por aquela gravadora: a feira livre de manifestação artística, liderada pela música, que ocorreu na cidade de Fortaleza-Ce., nos dias 15, 16, 17, 18 de março / 79. A feira livre em massa. Quinze meses passaram e “por razões de força maior” * o álbum ficou retido nas gavetas da CBS. As razões não foram esclarecidas, cresciam as expectativas em torno deste lançamento, os artistas presentes no disco reivindicavam o acordo feito com a gravadora.
Ednardo, como produtor do álbum, como artista e como cabeça pensante que iniciou o projeto Massafeira, veio ao Rio; realizaram-se as conversações e o disco Massafeira Livre foi finalmente anistiado. De volta a Fortaleza, e aproveitando o lançamento de seu lp “Imã”, Ednardo impulsiona a II Massafeira, outra grande festa comunitária artística, que aconteceu de 16 à 19 de outubro de 1980, onde o álbum duplo é finalmente lançado.

aurora – ednardo e belchior
como as primeira chuvas do caju – angela linhares
pé de espinho – rogério e regis
vira vento – vicente lopes
aviso aos navegantes – lucio ricardo
o que foi que você viu – chico pio
brejo – regis
atalaia – ferreirinha
frio da serra – lopes, ednardo e fagner
isopor – wagner costa
buenos aires (citroen) – sergio pinheiro
senhor doutor – patativa do assaré
o sol é que é quente – ednardo e aninha
em cada tela uma história – lucio ricardo
cor de sonho – mona gadelha
vento rei – cale
rei – teti e tania
jardim do olhar – coro massafeira
o sol acordou – ednardo
estradeiro – rogerio
pelos cantos – graco
não haverá mais um dia – pachelli jamacaru
último raio de sol – ednardo e teti
reizado – ednardo
.

Especial De Natal Parte 2 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 83 (2013)

Nesta que é a semana do Natal, o Grand Record Brasil apresenta a segunda parte de sua seleção de músicas do gênero, gravadas na era das 78 rotações por minuto, feita a partir de uma compilação realizada em 2006 por nosso amigo e colega Thiago Mello, para seu blog Bossa Brasileira (http://bossa-brasileira.blogspot.com). São as últimas onze gravações de nosso retrospecto, perfazendo um total de vinte.
Orlando Silva (1915-1978), o sempre querido e lembrado “cantor das multidões”, abre esta segunda parte com o fox-canção “Noite de Natal”, de Maugéri Neto e Maugéri Sobrinho, lançado pela Copacabana em outubro-novembro de 1952 sob n.o 5010-B, matriz M-260. Nessa época, Orlando retornara ao convívio do grande público, após um período marcado por problemas de ordem pessoal, inclusive amorosa, e substituiu Francisco Alves, morto em acidente rodoviário naquele ano, em seu programa de domingo na Rádio Nacional do Rio de Janeiro.  Em seguida, as duas partes de “Cantigas de Natal”, pot-pourri de conhecidas músicas do gênero (“Noite feliz”, “Tannenbaum”, “Jingle bells”, “Amanhã vem o Papai Noel”, etc.), com arranjo de Radamés Gnattali e Paulo Tapajós, e interpretadas pelos trios Melodia (do qual Tapajós fazia parte, junto com Albertinho Fortuna e Nuno Roland) e Madrigal (Edda Cardoso, Magda Marialba e Lolita Koch Freire). Esta seleção saiu pela Continental em 1951 com o número 20106, matrizes 2720 e 2721. Já que falamos em Francisco Alves (1898-1952), o eterno Rei da Voz aqui comparece com duas faixas. A primeira é a marchinha “Meu Natal”, parceria sua com Ary Barroso, em gravação Victor de 19 de outubro de 1934, lançada em dezembro seguinte sob n.o  33857-A, matriz 79762. No acompanhamento a orquestra Diabos do Céu, do mestre Pixinguinha. A outra é a canção-marcha “Natal”, de Herivelto Martins e Rogério Nascimento, gravação Odeon de 23 de outubro de 1945, lançada em dezembro seguinte com o n.o 12650-B, matriz 7926. Junto com ele está o Trio de Ouro em sua primeira formação, com Herivelto, Dalva de Oliveira e Nilo Chagas, todos acompanhados plea orquestra de Fon-Fon  (Otaviano Romero Monteiro).  Carlos Galhardo, “o cantor que dispensa adjetivos”, vem com outras duas faixas, em gravações RCA Victor. A primeira é a singela canção “Feliz Natal”, de Peterpan (cunhado da cantora Emilinha Borba, que regravaria a música um ano mais tarde) e Giuseppe Ghiaroni, gravada por Galhardo em 4 de agosto de 1950 e lançada em outubro do mesmo ano sob n.o  80-0697-A, matriz S-092728 (na verdade a música fora lançada um ano antes, na Star, pelo coral da Rádio Nacional do Rio). O registro de Galhardo, curiosamente, seria reeditado com o n.o 80-1061-A, em dezembro de 1952. A outra faixa dele aqui é exatamente a música que inaugurou entre nós o gênero natalino: a marcha “Boas festas”, de Assis Valente, aqui em seu registro original, de 17 de outubro de 1933, lançado em dezembro seguinte pela então Victor com o n.o 33723-A, matriz 65864. Foi, aliás, o primeiro grande hit nacional do cantor, que a gravaria mais duas vezes. Em seguida, vem o grande Blecaute (Otávio Henrique de Oliveira, Espírito Santo do Pinhal, SP, 1919-Rio de Janeiro, 1983), com a conhecidíssima “Natal das crianças”, de sua autoria, lançada pela Copacabana em dezembro de 1955 sob n.o 5502-A, matriz M-1273, Blecaute rotulou a música, modestamente, como “valsinha de roda”, sem ao certo imaginar que seria um dos maiores hits do cancioneiro natalino brasileiro em todos os tempos!  Temos depois outra “Noite de Natal”, desta vez uma valsa de Newton Teixeira em parceria com (Murilo) Alvarenga, que a gravou na Odeon com Ranchinho (Diésis dos Anjos Gaya) em 30 de outubro de 1941 com lançamento em dezembro seguinte, disco 12079-A, matriz 6826. Para encerrar, temos Dick Farney (Farnésio Dutra e Silva, Rio de Janeiro, 1921-São Paulo, 1987), interpretando “Feliz Natal”, singela canção da festejada dupla Armando Cavalcanti-Klécius Caldas, lançada pela Continental entre outubro e dezembro de 1949 sob n.o 16123-A, matriz 2173, com acompanhamento da orquestra do também compositor José Maria de Abreu. Curiosamente, este registro teve reedição em 1955, sob n.o 17230-B. A todos os amigos cultos, ocultos e associados do Toque Musical , os nossos mais sinceros votos de um Natal maravilhoso e um ano novo de 2014 repleto de alegria, paz, saúde e realizações positivas!

* Texto de SAMUEL MACHADO FILHO

.

Coleção Momentos De Ternura – Coledisc (1966)

Olá amigos cultos e ocultos! Enfim, o Natal está chegando e como sempre, eu deixo tudo para a última hora. Ainda nem comprei os meus presentes. Vou ver se faço isso hoje e domingo. Por certo o comércio vai estar aberto. Em virtude dessa confusão natalina, eu resolvi adiantar as coisas por aqui. Já, previamente, postei alguns discos com temas natalinos. No domingo vou dar uma pausa e só volto para fechar o fim de ano. Por enquanto e para tanto, eu hoje vou presentear os amigos com uma super postagem. Vou dar de cara para vocês uma coleção completa com músicas que vão ajudar a embalar os festejos natalinos e de passagem de ano. É claro que eu estou falando aqui para pessoas como eu (amigos cultos e ocultos), que escutam música com outros olhos. Por gosto e por curiosidade. Por amor ou simples vontade. Por hoje e por ontem 😉 É isso aí! As pessoas precisam ouvir mais música e tê-las em suas vidas não apenas por diversão. Conhecer, reconhecer, entender e perceber. São verbos com intensões semelhantes, mas que nos dão uma dimensão muito maior do que é a música. Se malandro soubesse…
Pois é, ouvindo com outros olhos, eu trago então para vocês seis álbuns que fazem parte da “Coleção Momentos de Ternura”, do selo Coledisc. Em outros momentos eu cheguei até postar alguns desses discos separadamente. A Coledisc era um selo que produzia e distribuía música de maneira estritamente comercial, voltada para um formato, geralmente, de coleções como esta. A impressão que eu tenho é que a Coledisc trabalhava com estoques, sobras e projetos fonográficos da chamada ‘segunda linha’, muitas vezes versões de sucessos da época interpretadas por músicos fantamas, ou melhor dizendo, músicos cujos os créditos eram dispensados em troca de outros, pomposos e pretensos nomes internacionais. A ideia era criar gêneros e a esses dar um nome apropriado. Em outras palavras, produziam discos com artistas inventados, pseudônimos internacionais, que ajudavam a vender melhor seus produtos. A mineira Paladium foi outra que seguiu a mesma linha, inclusive trocando figurinhas com a Coledisc. Alguns dos fonogramas que estão nesses discos também podem ser encontrados nas coleções da Paladium. Esses discos eram vendidos por correspondência, através de vendas domiciliares ou  pelo correio.
Nesta coleção que eu lhes apresento temos gêneros musicais diversos, que vão da Bossa Nova, Jovem Guarda, temas de cinema, música mexicana, paraguaia e italiana. Tudo de acordo para agradar a toda a família. Embora cada disco tenha lá a performance de uma artista ou conjunto, suponho eu que muitos desses álbuns foram gravados pelos mesmos instrumentistas, músicos até famosos, mas que aqui aparecem ocultos por trás de nomes como o Conjunto Balambossa; Conjunto Românticos del Mexico; Paulo Contreras Y Su Harpa; The Honey Boys; The Romantic Players of Beverly Hills e The Veneto Quartet.
drink na praia
people
and i love you
nature boy
fio de esperança
preciso aprender a ser só
não quero ver você triste
the shadow of your smile
adventures in paradise
naked city
limelight
three stars will shine tonight
historia de un amor
perfidia
cuando calienta el sol
cuando tu me queiras
oracion caribe
y
sabore mi
la hiedra
amor amor amor
el loco
encadenados
la barca
fantasia oriental
aquellos ojos verdes
mi dicha lejana
mis noches sin ti
pájaro chogui
harpa paraguaia
tren lachero
nunca aos domingos
el reloj
como ti extraño mi amor
fantasia paraguaia
cuando calienta el sol
a taste of honey
roberta
arriverdeci amore mio
n’avoue jamais
allora si
isabelle
non son degno di te
il silenzio
dear heart
sob o céu de paris
querida
se piangi si ride
ma vie
the sound of music
abraça-me forte
que c’est triste venise
dançando sobre a estrela
io che non vivo senza te
rosas vermelhas para uma dama triste
casa d’irene
o home que não sabia amar
o mio signore
comiciano ad amarci

torna a sorriento
arrivederci roma
santa lucia
o sole mio
anema e cuore
mattinata
cuore ‘ngrato
picolissima serenata
mamma
accarezzane
dicintello vuie
marechiare
.

Carioca & Devas – Mistérios Da Amazônia (1980)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Para não esquecermos que as sextas feiras por aqui já foram mais independentes, eu hoje vou postar um legítimo disco de produção paralela. Temos aqui um disco, o primeiro de Ronaldo Freitas, o “Carioca” e seu grupo Devas. Quem não conhece e vê de relance este disco há de pensar que se trata de uma produção regional e pelo título, “Mistérios da Amazônia”, deve pensar que é algo  bem distante, soando como o carimbó. Mas não, não se trata de música regional. O papo aqui  é instrumental. Música de qualidade, bem construida e trabalhada. Composiçoes e arranjos do proprio Ronaldo Carioca, que aqui faz uma incurssão quase progressiva. Música instrumental inspirada em elementos ambientais das regiões norte e nordeste. Por se tratar de música instrumental com um desenvolvimento progressivo, muitas pessoas colocam este disco no hall do rock progressivo nacional, mas sinceramente, creio que não era essa a postura dos músicos envolvidos. Carioca e o Grupo Devas trilharam por outros caminhos, prova disso são seus outros discos, pautados numa música insturmental muito própria, com influencias jazzisticas e experimental. Eles vem ainda acompanhados por outros músicos da cena de vanguarda paulista, como é o caso de Zé Eduardo Nazário.

canto dos pescadores
homenagem a são salvador
lamento do recife
manhã oriental
amanhecendo
mistérios da amazônia
.

Orquestra Sonora La Habanera – Jingle Bells (1969)

Boa noite amigos cultos e ocultos. Confesso que hoje o astral por aqui não está nada bem. O Galão fez a proeza de perder logo de cara, afastando de vez o sonho atleticano de ser campeão. A cidade está tão arrazada que até abafou a gozação das ‘marias’. Eu, por aqui, quase desisti de fazer esta postagem, mas por fim achei melhor me focar naquilo que realmente é um grande prazer, música e discos. Bola pra frente!
Continuando as postagens natalinas, aqui vai mais um… Orquestra Sonora La Habanera. Eis aí uma orquestra sobre a qual eu não achei nenhuma referência e a julgar pelos detalhes da capa e também pelo seu repertório, presumo que seja alguma daquelas orquestras famosas da época, que aqui se traveste de Papai Noel para brindar seus ouvintes com temas natalinos. O álbum foi lançado em 1969 pela RCA e traz em seu diferencial os arranjos que dão às músicas, geralmente melancólicas, um tom mais alegre e vibrante. Xô, tristeza! 2014 já está chegando aí!

jingle bells
o tannebaum
greensleves
santa mouse
the christmas song
adeste fideles
white christmas
boas festas
my favorite things
have yourself a little merry christmas
holy night, silent night
ave maria
.

Helena De Lima – Vale A Pena Ouvir Helena (1969)

Boa tarde, amigos cultos e ocultos! E aqui vamos nós, trazendo hoje este ótimo disco da cantora (e compositora) Helena de Lima. Álbum este que, creio eu, deve ser um relançamento. Não tive tempo de confirmar, mas creio que seja uma coletânea da Continental, através de seu selo Disco Lar. Uma seleção muito boa de sambas e para os quais eu destacaria “Ave Maria no morro”, de Herivelto Martins; “Por causa de você”, de Jobim e “Bom dia tristeza”, samba canção de Adoniran Barbosa e Vinícius de Moraes. Destaco de maneira bem pessoal, considerando apenas o meu próprio gosto. Mas, é claro que temos outras jóias aqui. E na voz poderosa da cantora tudo fica mais bonito. Confiram…

ave maria no morro
por causa de você
ausência
nunca é tarde
descrença
prece
o amor acontece
sombras
bom dia tristeza
mundo novo
luz de vela
velho bar
.

Especial De Natal Parte 1 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 82 (2013)

Vem chegando mais um final de ano, e mais um Natal! Tempo de reunir a família, preparar o presépio, a árvore e a ceia, trocar presentes (com direito até ao chamado “amigo oculto”)… sem, é claro, esquecer que é o aniversário de Jesus. Tempo também de cantar músicas alusivas à chamada festa máxima da cristandade. Evidentemente, o Grand Record Brazil  entra nesta semana em clima natalino, apresentando a primeira de duas partes de uma seleção de músicas gravadas na era do 78 rpm para comemorar a data. Ela foi extraída de uma compilação realizada em 2006, por nosso colega e amigo Thiago Mello, para o seu blog Bossa Brasileira (http://bossa-brasileira.blogspot.com). Serão ao todo vinte gravações (algumas já aparecidas em nosso volume 4, agora voltando com melhor qualidade sonora), e aqui apresentamos as primeiras dez.  Abrindo esta seleção, temos a introdução, apenas instrumental,  a cargo do grande Radamés Gnattali, de “Cantigas de Natal”, um pot-pourri  de canções do gênero interpretadas pelos Trios Melodia e Madrigal em disco Continental 20106, de 1951, do qual apresentaremos as duas partes em nosso próximo volume.  Em seguida, Neyde Fraga (São Paulo, 1924-Rio de Janeiro, 1987) apresenta, de seu terceiro disco, o Elite Special (selo então coligado da Odeon) N-1020-A, editado em 1950, a marchinha “Quando chega o Natal”, de autoria de Sereno (Inácio de Oliveira, São Paulo, 1909-idem, 1978), matriz FB-539, muito bem acompanhada pelos Demônios da Garoa (que, como ela, também eram do cast da Rádio Record de São Paulo, então “a maior”) e pela orquestra e coro do maestro Edmundo Peruzzi (Santos, SP, 1918-idem, 1975). Curiosamente, em outra tiragem desse disco, o número da matriz foi alterado para MIB-1097. Aurora Miranda (Rio de Janeiro, 1915-idem, 2005), irmã de Cármen, comparece com duas faixas que gravou na Odeon:  “Natal divino”, marchinha de Mílton Amaral, do disco 11288-A, gravado em 4 de dezembro de 1935 e lançado logo em seguida, matriz 5173, e o samba “Sinos de Natal”, de Djalma Esteves e Vicente Paiva, do disco 11174-B, gravado em 18 de outubro de 1934 para lançamento, é claro, em dezembro, matriz 4935. Leny Eversong (Hilda Campos Soares da Silva, Santos, SP, 1920-São Paulo, 1984), notável intérprete de hits nacionais e internacionais, nos brinda com a marchinha “Prece de Natal”, de José Saccomani, Lino Tedesco e Walter Mello, lançada em dezembro de 1953 pela Copacabana sob n.o 5172-B, matriz M-559. “Noite de Natal”, interpretada por Dalva de Oliveira com a orquestra de Roberto Inglez, é o famoso “Noite feliz  (Stille nacht, heilige nacht)”, com letra diferente da que costumamos cantar, assinada por Mário Rossi, em gravação feita em 1952, nos estúdios da EMI, em Londres, durante a longa e vitoriosa excursão da cantora pela Europa, e lançada no Brasil pela Odeon com o n.o X-3372-A (série azul internacional), matriz CE-14164. A música nasceu por um capricho de ratos que, em 1818, entraram no órgão de uma igreja da cidade austríaca de Arnsdorf e roeram seus foles. Preocupado com a possibilidade de um Natal sem música nesse ano, o padre Joseph Mohr foi logo procurar um instrumento para substituir o antigo.  Nessas peregrinações, imaginou como teria sido o nascimento de Jesus, em Belém. Fez anotações, levou-as até o músico Franz Gruber para musicar… e pronto! Assim nasceu “Noite feliz”.  Já que falamos em Aurora Miranda, sua irmã Cármen (1909-1955), ainda hoje uma referência em termos de Brasil no exterior, aqui interpreta a marchinha “Dia de Natal”, de Hervê Cordovil, gravação Odeon de 16 de outubro de 1935, lançada  em dezembro seguinte sob n.o  11289-A, matriz 5170. Ângela Maria e João Dias interpretam, em dueto, a singela toada ‘Papai Noel esqueceu”, da parceria Herivelto Martins-David Nasser, lançada pela Copacabana para o Natal de 1955, sob n.o 20022-B (série “de exportação”), matriz M-1412. Um ano depois, em dezembro de 1956, nessa mesma série (20033-A, matriz M-1706), a Copacabana lançou o registro de Elizeth Cardoso para a canção “Cantiga de Natal”, de autoria da compositora e pianista Lina Pesce (Magdalena Pesce Vitale, São Paulo, 1913-idem, 1995), gravada originalmente por Mário Martins, em 1954, no mesmo selo.  Encerrando esta primeira parte, uma marchinha da dupla Alvarenga e Ranchinho, “Presente de Natal”, interpretada por Zelinha do Amaral com doce voz de menina e delicioso sotaque de caipirinha. Foi sua única gravação, feita na Victor em 12 de novembro de 1936 e lançada em dezembro seguinte sob n.o 34116-B, matriz 80250. Semana que vem, apresentaremos a segunda parte desta seleção natalina do GRB. Até lá!
*Texto de SAMUEL MACHADO FILHO

Terreno Baldio (1976)

Olá amigos cultos e ocultos! O fnal de semana foi corrido, deixei o sábado passar batido e se não me atendo, hoje também ficaria sem postagem. Mas enquanto faço a minha digestão pós almoço, vamos aqui postando um disquinho para esse domingo. O dia está nublado e o astral está ótimo para ouvir uns rock progressivo. É, eu também gosto e nessa altura já passaram por aqui Yes, Genesis, Pink Floyd, um time de bandas italianas e alguns krautrocks. Diante de um domingo progressivo e frente a eminência de uma nova postagem, escolhi para hoje o Terreno Baldio, uma super banda de rock dos anos 70, referência importantíssima do ‘progue’ nacional. O Terreno Baldio é uma banda surgida no início dos anos 70 e fez a sua estréia em disco a partir de 1975, quando gravaram este álbum homônimo, de capa dupla. O disco só viria ser lançado em 76 pelo selo Pirata, em uma tiragem de 3000 cópias. A banda, depois deste disco gravou um segundo, “Além das lendas brasileiras”, já com outra formação e seguindo já um outro rumo onde o instrumental se aproximava mais da música brasileira. Deram por encerrada as produções a partir de 1978, mas, uma década e meia se passou e eles acabariam voltando para regravar este primeiro disco em inglês, com direito a faixas extras. Há tempos este disco e sua lenda correm soltos pela rede, mas nunca ninguém se prontificou em apresentá-lo na íntegra, principalmente para aqueles que sempre ouviram falar, chegaram até a ouvir em mp3, mas não conhecem nem a capa direito. Assim, aqui vai o Augusto, fazendo direito, principalmente para pessoas exigentes, que não se contentam apenas em ouvir o mp3. A propósito, este lp que eu estou apresentando, originalíssimo, raro e em prefeitas condições está a venda. Quem se interessar, basta me dar um toque por e-mail. Estou vendendo por 200 pratas, descobrindo um santo para cobrir outro… Fazer o quê? Estou precisando de dinheiro para comprar mais presentes para os meus amigos cultos e ocultos 🙂 Quando a situação aperta, me vejo obrigado a defazer das minhas jóias. Nessas lá se foram meus Novos Baianos, Mutantes, Som Nosso, o compacto original dO’Seis, Pedro Santos e tantas outras raridades que agora só existem como lembranças no Toque Musical.

pássaro azul
loucuras de amor
despertar
água que corre
a volta
quando as coisas ganham vida
esse é o lugar
grite
.

Joelho De Porco (1978)

Olá amigos cultos e ocultos! Já quase terminando a sexta feira, eu ainda encontro uma brecha para carimbar aqui mais um álbum raro. Estou trazendo aqui, mais uma vez o conjunto metido a punk, Joelho de Porco. Este grupo nasceu no início dos anos 70, apresentando uma proposta de rock bem original para a época e com boas pitadas de humor. Ao longo de sua existência oscilante, passou por diferentes formações o que lhe garantiu uma produção musical diversificada. O álbum que eu hoje apresento foi o segundo lp gravado por eles, ainda nos anos 70 e traz um repertório com releituras de duas músicas do primeiro disco. A formação aqui é outra, sendo que apenas Tico Terpins integrante da fase inicial. É dele praticamente todas as músicas. Pessoalmente, eu prefiro o primeiro disco, mas este também é ótimo e vale dar uma conferida 😉

o rapé
são paul by day
paulette mon amour
rio de janeira city
feijão com arroz
aeroporto de congonhas
golden acapulco
boeing 723897
mandrake
.

Carlos José – Uma Noite De Sereta Vol. 5 (1970)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Tem dias, como hoje, em que eu estou bem disposto e com tempo para nossas postagens. Porém, como um pinto no lixo, me afogando em discos e músicas, fico aqui perdido, sem saber o que melhor postar. Nessas horas, o melhor a fazer é partir para um sorteio. Enfio a mão no meu baú digital, ou melhor dizendo, no HD dos últimos mil discos digitalizados e escolho à sorte o primeiro que o cursor me apontar. Esse processo é bem parecido, ou quase a mesma coisa que os meus já habituais ‘discos de gaveta’. E nessa escolha aleatória, o disco sorteado para hoje é “Uma noite de seresta”, com o cantor Carlos José. Para contrariar a ordem, este é o volume 5. Mas não se preocupem, outros dias virão e por certo os quatro primeiros volumes logo serão também disponibilizados.
Temos então este lp, trazendo na interpretação de Carlos José doze temas bem conhecidos do público seresteiro. Músicas, algumas que até se repetem através de outros artistas e discos postados aqui. Mas o que vale é também a interpretação, os arranjos e preferências. Carlos José vem acompanhado pelo regional de Canhoto, o que garante ainda mais a qualidade dessa produção. Que tal ouvirmos…

mimi
falsa felicidade
se ela perguntar
cigana
você
modinha
há um segredo em teus cabelos
chão de estrelas
dona da minha vontade
talento e formosura
estella
rapaziada do braz
.

Osmar Navarro – Este É Osmar Navarro (1960)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Pela milésima nona vez volto a informar ao visitantes: os links para baixar os discos postados aqui estão no GTM (Grupo do Toque Musical). Para ter acesso aos links é preciso estar associado. A associação se faz no próprio site do grupo e deve ser aguardada a sua aprovação. Após aprovada a participação o ‘amigo’ passa a ter acesso a todo o acervo disponível. Como já disse também, os links tem prazos limitados (geralmente 6 meses). Após estarem vencidos eles não mais terão reposição. Quem procura por títulos já vencidos eu poderei até atendê-los, mas será fora do ambiente do Toque Musical, através de solicitação pessoal, por e-mail. Aviso também que para isso, estarei cobrando por um serviço extra, ok?
Dando sequência as nossas postagens eu trago hoje este raro compacto duplo do cantor e compositor Osmar Navarro. Este foi o primeiro disco em 33 rpm gravado pelo artista. Na verdade, este compacto reúne as quatro primeiras músicas gravadas por ele no final dos anos 50, ainda na versão 78 rpm. Neste disquinho, lançado em 1960, um dos primeiros compactos fabricados no Brasil, Navarro nos apresenta quatro sucessos, sendo “Quem é”, a canção mais expressiva e que veio a ser seu ‘carro chefe’. Curioso, existe muita gente que acha que quem canta essa música é o Agostinho dos Santos. Tem a ver com o timbre da voz, certamente…

candidato a triste
encontrei-te afinal
quem é
imaginemos
.

Altamiro Carrilho E Sua Bandinha – Natal (1959)

Olá meus prezados amigos cultos e ocultos! Como disse, vamos ao longo do mês postando alguns discos de  natal. Desta vez, trago para vocês o “Natal” de Altamiro Carilho e sua Bandinha. Disco gravado para o Natal de 59. No repertório temos aquela clássica seleção, que muda aqui e ali, mas vai sempre nas mesmas. Mas isso não quer dizer que seja ruim. Muito pelo contrário. É bom ouvir diferentes interpretações de uma música. E no pique natalino todas, mesmo se repetindo, são sempre muito bem vindas. Eu pessoalmente adoro este disco do Altamiro, principalmente por conta da belíssima capa, cuja a imagem ficou marcada na minha memória (e já naquela época eu achava este disco velho, ora vejam vocês!).

jingle bells
o tannenbaum
saudade de papai noel
lapinha de jerusalem
boas festas
lá vem papai noel
natal das crianças
natal branco
noite silenciosa
o velhinho
24 de dezembro
.

A Música De Geraldo Pereira – Parte 2 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 81 (2013)

Estamos de volta com o Grand Record Brazil, em sua edição de número 81. Desta vez, focalizamos mais uma substancial parcela da preciosa obra de Geraldo Pereira (1918-1955), interpretada por cantores contemporâneos do compositor.  O programa compõe-se de onze gravações de importância  histórica, artística e cultural indiscutíveis. Abrindo a seleção desta semana do GRB, temos Roberto Paiva (Helim Silveira Neves) interpretando dois sambas do mestre Geraldo, em gravações Victor.  O primeiro é “Lembras-te daquela zinha?” , parceria com Augusto Garcez, em registro de 9 de junho de 1941, lançada em agosto seguinte com o n.o 34784-A, matriz S-0522238. O segundo é “Já tenho outra”, em que Geraldo Pereira conta com a parceria de Augusto Garcez, gravado por Paiva em 11 de junho de 1943 e lançado em  11 de junho de 1943 e lançado em setembro do mesmo ano com o n.o 80-0113-B, matriz S-052791. Bem mais adiante, na faixa 8, Roberto Paiva interpreta “Brigaram pra valer”, parceria de Geraldo com José Batista. É um samba do carnaval de 1949, lançado pela Continental em janeiro desse ano sob n.o 15983-A, matriz 2003. Orlando Silva (1915-1978), o sempre lembrado “cantor das multidões”, comparece com outros dois sambas. “Jurei” é uma parceria de Geraldo Pereira com o “amigo velho” Cristóvão de Alencar,  destinada ao carnaval de 1946. Gravação Odeon ainda de 45, feita a 8 de novembro,  e lançada bem em cima da folia, em fevereiro, disco 12662-B, matriz 7934. Depois, Orlando interpreta um samba de Geraldo sem parceiro, só gravado seis anos após a morte do compositor. É “Vai”, registro RCA Victor (gravadora à qual Orlando havia retornado definitivamente) datado de 20 de abril de 1961, e lançado em maio seguinte sob número 80-2326-A, matriz M2CAB-1254, sendo também  incluído no compacto duplo de 45 rpm “Ontem à tarde”. Outro expressivo intérprete da obra de Geraldo Pereira, Déo (Ferjallah Rizkallah, 1914-1971), “o ditador de sucessos”, interpreta dois sambas só de Geraldo Pereira, que gravou na Continental em 2 de junho de 1946 com lançamento em agosto sob n.o 15660. Abrindo-o, matriz 1507, “Só quis meu nome”, e no verso, matriz 1506, “Ainda sou seu amigo”. No acompanhamento, o regional de Benedito Lacerda, com sua flauta inconfundível. Conhecido como “o príncipe do samba”, Roberto Silva (Rio de Janeiro, 1912-idem, 2012) interpreta aqui um samba de Geraldo Pereira sem parceria, lançado pela Star em 1949 sob número 147-B. É “Minha companheira”, inspirado em Isabel, a grande paixão da vida do compositor. Segundo depoimento dela própria, o samba foi composto por Geraldo bem antes deste registro, quando ambos ainda moravam juntos no bairro carioca da Cruz Vermelha. Um dos pioneiros da gravação em disco no Brasil, o  já veterano Patrício Teixeira (1893-1972) aqui comparece com “Adeus”,  samba da parceria Geraldo Pereira-Augusto Garcez, gravação Victor de 12 de março de 1942, lançada em maio do mesmo ano, disco 34926-A, matriz S-052497. Canto de discografia escassa mas bastante significativa (oito discos 78, um LP e um compacto duplo, Abílio Lessa (Rio de Janeiro, 1926-idem, 1975), morto prematuramente, aos 49 anos, de câncer no esôfago,  aqui comparece com “Liberta meu coração”, samba da parceria Geraldo Pereira-José Batista, destinado ao carnaval  de 1948. Foi gravado na RCA Victor ainda em 47, no dia 27 de outubro, com lançamento em dezembro seguinte sob n.o 80-0563-B, matriz S-078803. E para encerrar, o samba-canção “Promessa de um caboclo”, parceria de Geraldo Pereira com Arnaldo Passos. A referência, na letra, às festas de São João, pode ser lembrança dos tempos de menino de Geraldo, em sua cidade natal (Juiz de Fora, Minas Gerais). Quem canta é Francisco Carlos (Francisco Rodrigues Filho, 1928-2003), o eterno “El broto”, astro da Rádio Nacional e dos filmes da Atlântida, em gravação RCA Victor de 27 de março de 1952, lançada em junho seguinte sob n.o 80-0909-B, matriz S-093229. Enfim, é mais um trabalho do GRB que certamente será bastante apreciado por nossos amigos, cultos, ocultos e associados. Ouçam e desfrutem!
*Texto de Samuel Machado Filho

Avena E Primo – Som Ambiente Vol. 3 (1979)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Hoje vai um lp e desta vez trazendo dois importantes instrumentistas, músicos e compositores, o citarista Avena de Castro tocando ao lado do pianista João Peixoto Primo em mais um disco da série “Som Ambiente”, lançada nos anos 70 pela CID. Este é o terceiro volume, lançado em 1979. O volume 2 saiu em 1975. Porém, definitivamente para mim, parace não existir o primeiro volume, pelo menos com os dois artistas. Lembro que em 1972 a CID havia lançado um lp com este título e conforme consta ‘nos altos’, quem toca neste disco são os membros do grupo instrumental Azimuth. Daí, suponho eu que o Volume 1 seja esse, inclusive um disco já postado aqui no Toque Musical.
Neste terceiro volume, a dupla Avena e Primo dá sequência a um repertório de músicas variadas, nacionais e internacionais, sucessos populares que aqui ganhão uma interpretação de toques suaves, bem apropriados a um som ambiente, música para se ouvir em elevador (nos anos 70, claro!)

côco, só côco
romance de amor
tamanco malandrinho
dona flor e seus dois maridos
la chanson pour anna
naquela mesa
de peito aberto
soleando
vô batê pra tu
feelings
toró de lágrimas
the entertainer
eu quero apenas
.

Osvaldo Nunes & The Pop’s – Compacto (1967)

Olá amigos cultos e ocultos! Eu havia pensado em dar uma pausa nos compactos, mas é que foram aparecendo mais, inclusive vindos através dos meus mais prezados colaboradores. Melhor mesmo é continuar, mas vou mesclando também com alguns lps, ok?
Temos aqui então este compacto simples, do selo Equipe, trazendo o cantor Osvaldo Nunes e o grupo The Pop’s, em disco lançado em 1967. Segundo as informações contidas no site Jovem Guarda, o presente compacto faz parte de uma série de três disquinhos lançados naquele ano. A produção, ao reunir os artistas, criou uma boa química ao gosto popular. Os discos fizeram sucesso e entre as músicas, a que mais se destacou foi “Segura Esse Samba Ogunhê”, muito tocada nas rádios de todo o país e ainda hoje desperta muito interesse. Em 1969 a gravadora decidiu então fazer um lp, o “Tá tudo aí”, com esses artistas, que também foi um disco de sucesso, inclusive ele já até foi postado aqui. O compacto que temos aqui traz duas composições de Osvaldo:

segura esse samba, ogunhê
eu chorei
.

Os Santos – Natal Jovem (1968)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! E o tempo passa e eu nem me dei conta de que já estamos no mês de Natal. Tradicionalmente, nesta época, o Toque Musical sempre apresenta aqui aqueles discos que fizeram a trilha natalina, seja dos anos 50, 60, 70 e quem sabe, até dos anos mais recentes, muito embora esses tipos de discos e músicas, nos dias atuais, parece não despertar mais interesse de produtore$ e muito menos de gravadora$. O público, por certo, continuará amando e relembrando velhos natais. Ainda bem que nessas horas existe o Toque Musical e por trás dele, aqui, o velho Augusto TM, que mesmo cansado da indiferença e de uma participação mais efetiva (e afetiva) dos prezados amigos cultos e ocultos, continua dando os seus toques musicais.
Neste mês natalino eu vou procurar fazer diferente, antecipando as trilhas para não ficarem para a última hora. Senão, nem dá tempo de curtir o Natal dentro do seu tempo. Farei assim algumas postagens ao longo do mês, fechando tudo no Natal, ok?
Segue então o primeiro… Temos aqui o conjunto Os Santos, um grupo pop da época da Jovem Guarda. Semelhantes ao grupo, também da mesma época, o The Pop’s, Os Santos também colaboraram fonograficamente para trilharem o Natal. Este disco foi lançado para o Natal de 68, uma produção de Oswaldo Cadaxo, através de seu selo Equipe. Diferente de outros lançamentos natalinos, este álbum se propunha a mostrar uma versão mais moderna, ditada pelos jovens da época. De uma certa forma, um disco de natal para jovens :), tocado por um conjunto pop-rock-jovem-guarda-mora!. Contudo, ainda temos um repertório muito legal, onde Os Santos não ficam apenas no mesmo ‘arroz com feijão’, com aquelas musiquinhas já bem manjadas. Eles procuraram também valorizar a composição nacional, artistas e criadores como Assis Valente, Blecaute, Orlan Divo, René Bittencourt e outros mais, são alguns dos autores dessas músicas que já se tornaram verdadeiros clássicos do Natal.

white christmas
noite silenciosa
boas festas
naltal das crianças
o velhinho
natal de jesus
gingle bells
nasceu jesus
natal sem você
foi uma noite clara
noturno
é noite de natal
.

The Jordans, The Jet Black’s E Ronnie Cord – 3 Compactos (2013)

Olá amigos cultos e ocultos, boa noite! Vamos hoje engrossar o caldo, ao invés de um, vamos com três compactos de gêneros e estilos familiares entre si. Temos inicialmente o conjunto The Jordans com dois sucessos internacionais, sendo que na faixa do lado B eles vem acompanhados pelo grupo vocal Os Titulares do Ritmo. O The Jet Black’s é outro grupo da época, também aqui apresentam mais dois sucessos internacionais, trilhas de filmes importantes de Hollywood. E para finalizar, temos um compacto do Ronnie Cord, aquele que fez parte da discoteca de todo roqueiro, cuja a faixa principal é “Rua Augusta”, um clássico do rock nacional, música de Hervê Cordovil.
not for sale – the jordans
midnight in moscow – the jordans
shave and scandal in the family – the jet black’s
zorba o grego – the jet black’s
rua augusta – ronnie cord
brotinho difícil – ronnie cord
.

A Música De Geraldo Pereira – Parte 1 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 80 (2013)

E chegamos a edição de número 80 do nosso Grand Record Brasil. Em edição anterior, como os amigos cultos, ocultos e associados do TM bem se lembram, apresentamos algumas das melhores gravações de Geraldo Pereira (Juiz de Fora, MG, 1918-Rio de Janeiro, 1955) como intérprete, inclusive, claro, composições próprias. E, como prometemos nessa ocasião, estamos voltando a focalizar a obra deste nome importantíssimo de nossa música popular. Desta vez, apresentamos doze gravações (é até chover no molhado falar de suas qualidades e de sua importância histórica) em que cantoras e conjuntos  contemporâneos do compositor interpretam suas obras.  Abrindo nossa seleção desta semana, os Quatro Ases e um Coringa, originários do Ceará, apresentam uma seleção de sambas que  homenageiam a Bahia de todos os santos, que sempre fascinou inúmeros compositores, sejam eles nascidos ou não na chamada boa terra, gravada na RCA Victor em 18 de julho de 1953 e lançada em outubro do mesmo ano sob n.o 80-1204-B, matriz BE3VB-0210. De Geraldo Pereira, aparece um trecho de seu clássico “Falsa baiana”, e neste pot-pourri também foram incluídos sambas de Vicente Paiva e Chianca de Garcia (“Exaltação à Bahia”), Dorival Caymmi (“O que é que a baiana tem?”)  e Ary Barroso (“Faixa de cetim”, “Na Baixa do Sapateiro”).  Na faixa seguinte, os Quatro Ases, que durante toda a carreira deram de fato as cartas,  nos brindam com “Ai! Que saudade dela”, samba de Geraldo Pereira em parceria com Ari Monteiro, gravação Odeon de primeiro de setembro de 1942, lançada em novembro do mesmo ano sob n.o 12221-B, matriz 7044. Mesmo pouco divulgado, é um samba que merece atenção.  Outro importantíssimo conjunto vocal dessa época, os Anjos do Inferno, liderados por Léo Vilar, aqui comparece com três sambas absolutamente imperdíveis. O primeiro é “Sem compromisso”, de Geraldo Pereira em parceria com Nélson Trigueiro, gravação Continental de 29 de maio de 1944, lançada em junho do mesmo ano com o n.o 15184-A, matriz 823. Nessa época, os salões e dancings eram bastante frequentados por certa camada da população carioca, e Geraldo, atento observador do cotidiano, adorava esse ambiente. Portanto, não deixaria mesmo passar em branco a cena – real ou imaginária – relatada neste samba, por sinal muito bem regravado por Chico Buarque em 1974. Outro hit de Geraldo Pereira  imortalizado pelos Anjos do Inferno é “Bolinha de papel”, gravação Victor de primeiro de fevereiro de 1945, lançada em abril do mesmo ano sob n.o 80-0266-B, matriz S-078125. Samba que, como muitos sabem, seria regravado em 1961 por João Gilberto. Em seguida tem “Vai que depois eu vou”, também de Geraldo sem parceiro, em outra gravação Victor, esta de 28 de novembro de 1945, lançada bem em cima do carnaval de 46, em fevereiro, disco 80-0381-B, matriz S-078402, e uma das músicas mais cantadas nessa folia momesca.  A faixa seguinte é “Pode ser?”, samba em que Geraldo Pereira conta com a parceria de Marino Pinto. E tem uma particularidade: foi incluído no disco de estreia da paulistana Isaurinha Garcia, a eterna “personalíssima”, gravado na Columbia em 23 de junho de 1941 e lançado em agosto do mesmo ano sob n.o 55294-B, matriz 440 (no lado A estava “Chega de tanto amor”, de Mário Lago). Como se vê, Isaurinha já mostrava a que veio, e esse seria o pontapé inicial de uma carreira repleta de sucessos. Na época, ela já era contratada da Rádio Record de São Paulo (então “a maior”), sendo inclusive considerada por seu então proprietário, Paulo Machado de Carvalho (“o marechal da vitória”), autêntico patrimônio da casa, fazendo parte até mesmo de seus móveis e utensílios (!), e Isaurinha lá permaneceu por mais de 40 anos.  Outro inesquecível cartaz do rádio e do disco, Dircinha Batista apresenta o samba-choro “Sinhá Rosinha”, parceria de Geraldo com Célio Ferreira, por ela gravado na Odeon em 7 de abril de 1942 e lançado em julho do mesmo ano, disco 12167-B, matriz 6937. Aqui, a temática é a do malandro regenerado, presente em outras composições de Geraldo Pereira, bastando lembrar, por exemplo, o samba-canção “Pedro do Pedregulho”, por ele mesmo gravado e que já apresentamos anteriormente no GRB. Dircinha ainda interpreta o samba “Fugindo de mim”, parceria com Geraldo com Arnaldo Passos e Waldir Machado, destinado ao carnaval de 1952. Gravação também da  Odeon, de 8 de novembro de 51, lançada um mês antes da folia, em janeiro, sob n.o 13212-B, matriz 9186. “A minha, a sua, a nossa favorita” Emilinha Borba, fenômeno de popularidade como raramente se viu em nosso país, e outro grande nome da fase áurea do rádio brasileiro, comparece aqui com outros dois sambas de Geraldo Pereira, em gravações Continental. O primeiro deles é “Boca rica”, parceria de Geraldo com Arnaldo Passos, lançado em janeiro de 1950 para o carnaval desse ano, disco 16142-B, matriz 2211. Do carnaval seguinte, de 1951, é “Perdi meu lar”, também da parceria Geraldo Pereira-Arnaldo Passos, gravado pela eterna “Favorita” em 25 de outubro de 50 e lançado um mês antes dos festejos momescos, em janeiro, sob n.o 16340-B, matriz 2478. Logo depois, temos Marlene (Vitória de Martino Bonaiutti), a que foi rival de Emilinha sem nunca ter sido (naquele tempo, como se vê, já tinha marqueteiro), interpretando outro samba de Geraldo Pereira e Arnaldo Passos, “Aquele amor”, destinado ao carnaval de 1952 e lançado pela Continental em janeiro desse ano, tendo a gravação sido feita em 5 de novembro de 51, disco 16513-A, matriz C-2783. Finalizando, temos uma cantora hoje pouco lembrada, mas que teve sua época, Heleninha Costa, interpretando aqui outro samba de Geraldo Pereira em parceria com Arnaldo Passos: “Não consigo esquecer”. Destinado ao carnaval de 1953, foi gravado por Heleninha na RCA Victor em 20 de agosto de 52, sendo lançado ainda em novembro sob n.o 80-1007-A, matriz SB-093410 (no lado B apareceu o clássico “Barracão”, de Luiz Antônio e Oldemar Magalhães). Como se percebe, as músicas destinadas ao carnaval eram então lançadas com antecedência, a fim de serem divulgadas e aprendidas pelos foliões em tempo hábil. Assim, chegando fevereiro, o público poderia escolher suas favoritas e cantá-las nos salões e nas ruas. Na próxima semana, continuaremos a abordar a obra de Geraldo Pereira, apresentando gravações de cantores contemporâneos do autor. Aguardem!
* Texto de SAMUEL MACHADO FILHO.

Wanderly Regina – Compacto (1963) e (1966)

Muito boa tarde, amigos cultos e ocultos! ‘Desovando’ mais um compacto raro por aqui (na verdade dois), vamos desta vez com a cantora Wanderly Regina. Alguém aí se lembra dela? Eu confesso que, para mim, ela passou meio que despercebida. Creio que para muitos. Foi uma cantora que atuou durante os anos 60, embora tenha gravado seu primeiro disco, um 78 rotaçoes, ainda nos anos 50. Está certamente vinculada à Jovem Guarda, ou ao seu início. Como eu pouco sabia da carreira desta cantora, fui consultar o ‘Mr. Google’ e por sorte, além de informações, encontrei também outro disquinho gravado por ela, no blog do amigo Chico, o Sintonia Musikal. Assim, temos aqui uma postagem para dois compactos. O primeiro é de 1963 e foi lançado pela Musidisc, o outro (do Sintonia Musikal) é de 1966. E eu para facilitar a vida, vou replicar também o texto de apresentação da cantora feito pelo Chico. Vamos lá:

Wanderly Regina é uma cantora obscura da Jovem Guarda que iniciou a carreira em Santo André, no Grande ABC (SP), onde cantava nas rádios locais. Neste disco, lançado pela RGE em 1966, é acompanhada pela banda The Bells. A cantora começou como Wander Lee, e com esse nome gravou em 1959 o primeiro disco, um 78 rpm com “Não Sou Estúpida” e “Dinamite” pela Chantecler. Em 1962 lançou um single com “Norman” e “Um Amor Só Meu”, na Musidisc. Mais tarde passou a assinar Wanderly Regina. Na sequência lançou ainda um compacto simples: “Escuta-me” e “Feminilidade” e um duplo com as composições: “Meu Mundo”, Você Ri de Mim”, Não Vou Àquela Festa” e “Idade do Amor” ainda pelo selo Musidisc. Depois transferiu-se para a RGE e gravou este single. Wanderly teve como empresário o Marcos Lázaro que a conduziu para o Programa Jovem Guarda. Na década de 1970 Wanderly afastou-se da carreira artística.
escuta-me
feminilidade
broto já tem vez
não sei achar
.

Hamilton Di Giorgio – Compacto (1966)

Olha aí, amiguinhos cultos e ocultos… Aqui vai mais um disquinho ‘esperto’, pura raridade extraida lá do fundo do baú. Bem guardadinho que até mofou. A capa praticamente se desintegrou, mas ainda assim eu consegui restaurá-la digitalmente.
Temos aqui Hamilton Di Giorgio, lembram dele? Pergunto isso porque este é um artista muito pouco comentado e lembrado, claro. Quando se fala nos promórdios do rock no Brasil, Hamilton Di Giorgio é um nome que ninguém fala, talvez porque não se lembre  que ele foi cantor, compositor e autor de inúmeras versões. Um bom exemplo do seu talento, frente a tantos outros artistas da época, é este compacto, lançado pela RCA Victor em 1966. Aqui temos dois sucessos, “O Bolha” e “O Mar”, todas as duas composições próprias de Hamilton e seu irmão Eduardo Di Giogio. Para mim, este é um dos melhores compactos da fase Jovem Guarda. É inocente mas não é bobinho.

o bolha
o mar
.