Som Nuclear (1972)

Olá amigos cultos e ocultos! Tão diverso quanto absurdo é o nosso Toque Musical, que eu me permito sair do clima Trio Cigano para cair no Som Nuclear da música pop no início dos agitados anos 70. E para completar, ainda vamos fazendo ‘covers’. Taí o toque musical da quarta feira…
Eis aqui um disquinho curioso que merece a nossa atenção. Muitos, talvez se lembraram dele. Temos aqui o “Som Nuclear”, uma coletânea de sucessos da música pop internacional. Aquilo que rolava na maioria das rádios brasileiras. Porém, contudo… não são os artistas originais. Eram na verdade regravações, ‘covers’ quase idênticos aos verdadeiros que muita gente comprou, principamente movida pelo apelo de uma capa dupla moderninha, bem colorida, ao estilo de discos importados. Possivelmente, para muitos, pouca diferença fazia se o ‘som nuclear’ era original ou não. O certo é que este disco é mais uma produção da gravadora/selo Top Tape, responsável pelo surgimento de uma leva de artistas brasileiros que atuaram com nomes falsos, apresentados e cantando como artistas internacionais. “Som Nuclear” é uma coletânea de sucessos, um álbum de capa dupla, mas com nenhuma informação a seu respeito. Eu suponho que os artistas envolvidos nesta produção sejam os mesmos do Light Reflections. Tudo a ver…  Vamos dar uma conferida. Quem tem algo a dizer, não se faça de rogado, comente… 🙂

let’s stay together
horse with no name
witch queen of new orleans
morning has broken
diamonds are for ever
sultana
baby i`m a want you
have you seen her
stay with me
son of my father
bless you
i’d like to teach the world to sing
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Trio Cigano – Momentos Sentimentais (1958)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Aqui vamos nós com mais um disco raro e esquecido no tempo. Temos aqui o Trio Cigano, grupo pernambucano que atuou nos anos 50, com grande popularidade nas rádios do Recife. Por certo, aqui para as bandas do sul poucos serão aqueles que irão lembrar do trio. Procurando no Google, poucas foram as informações encontradas. O pouco que achei foi saber que o trio era liderado por um violinista chamado Milton Rodrigues. Recorri então ao meu amigo Fred Monteiro, produtor e compositor pernambucano, conhecedor e também personagem da cena musical do Recife já de longas datas. Mas ele também pouco sabe sobre o trio, porém ele se lembrou do violonista Milton Rodrigues (que faleceu em fevereiro deste ano). Segundo o Fred, Milton Rodrigues tocava na Orquestra Sinfônica do Recife. Nos anos 60, tinha um grupo chamado “Violinos do Recife”, que se apresentava em bailes, inclusive ao lado do conjunto do Fred, “Os Tártaros”. Eram os responsáveis pelas valsas. Mesmo com todas essas pistas, ainda assim ficamos no ar com o Trio Cigano. De certo, a única coisa que podemos falar é sobre o disco, seu repertório e a atuação do grupo. O Trio Cigano segue bem a trilha de outro trio famoso, o Surdina. Em seu repertório temos samba, beguine, fox e bolero. Tudo bem ao gosto da época e numa apresentação exemplar, que nada deixa a desejar, principalmente na qualidade de seus músicos. Um disco bem interessante que vale ser ouvido e lembrado 🙂

tudo ilusão
mulambo
amor numa serenata
favela
vida vida
convite ao samba
horizonte
lisboa antiga
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Rio Carnaval 1565-1965 – Rio De Janeiro A Janeiro – Carnaval De 400 Janeiros (1965)

Muito boa noite, amigos cultos e ocultos! Para comemorar os 6 anos do Toque Musical eu estou trazendo aqui uma preciosa raridade, com certeza, nunca antes apresentado em outros blogs. Eu estava guardando esta jóia para os dias de Carnaval, mas acabei esquecendo. Foi bom, pois sendo um álbum tão especial, merecia mesmo uma data também especial. Até porque este não é um trabalho que fala apenas do Carnaval, mas principalmente do Rio de Janeiro. E o que tem ele em comum como o aniversário do Toque Musical? Bom, este álbum celebra o aniversário da cidade. Em 1965 o Rio de Janeiro completava 400 anos. Tudo a ver… e ouvir 🙂 Como disse, disco especial para um dia especial. E aqui no Toque Musical tudo é festa, tudo é carnaval 🙂
Como podemos ver pelas ilustrações, trata-se de um livro, um autêntico álbum duplo produzido, em conjunto pela revista O Cruzeiro e a gravadora Copacabana, comemorando os quatro séculos de Rio de Janeiro. E como Rio é sinônimo de Carnaval, o trabalho fonográfico é todo pautado nessa relação. O ‘livro lp’ apresenta mais de 30 páginas ricamente ilustradas com belíssimas fotografias e textos do escritor Nelson Costa, extraídos de seu livro “O Rio Através Dos Séculos”, editado pela “O Cruzeiro” naquele mesmo ano de 65. Os lps que compoe do álbum são duas jóias. O primeiro, Rio de Janeiro a Janeiro””, é uma seleção de músicas que enalteceram a cidade maravilhosa. Produzido pelo grande Moacyr Silva, traz a cada faixa um diferente artista, maestro e orquestra, todos evidentemente do ‘cast’ da Copacabana. O repertório, não precisa nem dizer, é do conhecimento de todos. Para quem ama o Rio como eu, este disco é o que há. O segundo lp também não fica atrás (só na ordem de apresentação). “Carnaval de 400 Janeiros” trás uma seleção em ‘pot pourri’ de algumas das melhores músicas de carnaval. De um lado temos os sambas e do outro as marchinhas, tudo interpretado pelo Coral e Orquestra Copacabana, sob direção musical de Altamiro Carrilho. Como podemos ver e também ouvir este é um daqueles trabalhos que merece toda a nossa atenção. Já imaginaram se não fossem os blogs, assim como o Toque Musical, o que seria desta e de tantas outras jóias, esquecidas em algum canto, mofando, se perdendo…? Ainda bem que a gente está por aqui 😉

Disco 1
cidade maravilhosa – coral e orquestra copacabana
quatrocentas velinhas – jorge goulart
valsa de uma cidade – roberto silva
rio – jorge henrique
cidade brinquedo – os rouxinóis
fantasia carioca – jairo aguiar
o rio é mais rio – gilberto alves
samba do avião – francineth
eterna capital – roberto audi
rio dos vice-reis – gilberto alves
hip-hurra quatrocentão – jorge goulart
rio, praia e sol – jorge eduardo
guanabara quatrocentão – jairo aguiar
rio – coral e orquestra copacabana
baia da guanabara – rinaldo calheiros
rio – abilio martins
rio de janeiro a janeiro – fernando barreto
primavera no rio – altamiro carrilho
Disco 2
praça onze
madureira chorou
vai que depois eu vou
pra seu governo
cai, cai…
nêga do cabelo duro
recordar
é bom parar
implorar
não tenho lágrimas
despedida da mangueira
meu consolo é você
que rei sou eu
até amanhã
agora é cinza
o orvalho vem caindo
não me diga adeus
nêga maluca
de lanterna na mão
o teu cabelo não nega
marchinha do grande galo
maria candelária
aurora
nós os carecas
quem sabe, sabe
touradas em madrid
se a lua contasse
eu brinco
lig lig lê
mamãe eu quero
allah lá ô
confete
sassaricando
cachaça
a jardineira
me dá um dinheiro aí
cabeleira do zezé
pastorinhas
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Toque Musical – 6 Anos!

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Hoje, dia 29 de julho, o blog Toque Musical está completando 6 anos de atividades. Ao longo desse tempo muita água boa rolou. A fonte aqui é natural e da melhor qualidade e talvez por isso mesmo é que saímos do ‘badalado’ para o ‘cultuado’, para poucos. Tivemos aqui várias mudanças, inclusive de endereço por conta de algumas perseguições. Quando se chega ao topo ficamos também sujeitos a muita exposição. Percebo também que o Toque Musical fez escola, muitos outros blogs surgiram buscando um mesmo formato, usando uma mesma forma de apresentação e publicando inclusive muito do que já postei aqui. Acho isso muito legal, pois vejo o quanto o TM foi influente.
Mas, se é bom por um lado, por outro nem sempre. Muitas vezes o TM se tornou alvo do despeito, da falta de compreensão e de algumas baixarias. Tivemos momentos que eu realmente fiquei desanimado, mas não vacilei, mantive o blog e as postagens diárias. Por conta dos boicotes, das denúncias infundadas, das perseguições num geral, criei outras versões do blog e as mantive abertas ao público. Hoje temos três versões do Toque Musical, as quais os amigos podem recorrer: “Toque Musical Refinado“, onde são postadas as produções exclusivas do TM; o “Toque Musical Galeria“, que é a versão blogspot da matriz atual, o “TM site“.
Tem muita gente que acha complicado o funcionamento do Toque Musical, mais ainda depois que criei o GTM (Grupo do Toque Musical). Sinceramente, eu não queria complicar, mas diante à perseguição aos meus links, me vi obrigado a criar esse grupo que tem a função única de preserva-los. Limitei o meu público, mas mantive a minha rotina. Por conta também de denúncias, praticamente quase todos os meus arquivos foram perdidos. Até hoje ainda estou fazendo a reposição. Os pedidos não param de chegar e como sou sozinho nessa empreitada, tudo acaba sendo muito devagar. Não tenho como atender a todos de imediato. Além do mais, tem as postagens diárias, essas são prioritárias!
Infelizmente a maioria dos visitantes no blog não tomam o trabalho de ler as postagens e muito menos as orientações para se ingressarem no GTM. Daí, me trazem mais trabalho tendo que explicar repetidas vezes a mesma coisa. De uns tempos pra cá passei a não mais responder perguntas cujas respostas são óbvias e se encontram explícitas no TM.
Continuo a peleja, mas sempre preservando o essencial prazer de fazer o blog como eu gosto e posso. Não mais estou interessado em atingir um grande público e nem peço mais um ‘feedback’ em comentários.
O Toque Musical é apenas um local onde se escuta música com outros olhos. Infelizmente, poucos são aqueles que conseguem ouvir isso. Mas tá valendo…
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Galo Metal – Torcida Organizada (2002)

Olha o Galãaaao aí de volta! Mais um toque atleticano. Me lembrei que hoje temos um clássico, Atlético e Cruzeiro se enfrentam mais a tarde. O time ‘azul babado’ vem louco atrás de uma vitória que sirva para levantar o ânimo de sua torcida, que tem andado tão calada (porque será?). Para esquentar a disputa, segue aqui uma coletânea heavy metal dedicada ao Galo, lançada em 2002, reunindo 13 bandas de rock mineiras expressando toda a paixão por esse super time. Eu já havia postado esta coletânea em um outro momento e com a capa original dentro de um pacote em homengem ao Atlético. Como não foi um post exclusivo, faço-o agora e como uma capa nova (não sei onde foi parar o meu cd).
A propósito, já estão no GTM os links de outros discos sobre o Atlético que foram postados aqui, ok?

eminence – alma preto e branca
cocreto – fechado como galo
maria pretinha – a caminho do mineira
vienna – tradição e glória
perpetual dusk – symbol of glory
comboio – peso e poder
reffer – 3 pontos
vinicius gezebel – galo sinistro
caution – tributo ao rei
los w’s – galofilia
carahter chama alvinegra
my faut nervus – o galo de todos os tempos
hifen – galo metal
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Galo – Canto De Amor Mais Alto (1971)

Olá amigos cultos e ocultos! Finalmente estou de volta! Como todos devem saber, estive de férias, curtindo um pouco o litoral. Vocês sabem, mineiro de férias precisa, as vezes, de uma praia. Mas não demorou muito para eu ficar sentido saudades das minhas montanhas. Voltei, alegre e saltitante… E não é para menos, afinal com tanta coisa boa acontecendo.
Neste mês de julho o Toque Musical está completando 6 anos de atividades e eu, ao contrário dos anos anteriores, não fiz muito alarde, pois percebo que para a festa, só mesmo os amigos mais chegados estarão presentes. Tudo bem, melhor assim… o bolo é pequeno, mas está uma delícia!
Para completar a festa, o meu galinho, ou melhor dizendo, o Galãaaao, me deu a grande alegria de ser o Campeão da Taça Libertadores da América. Tô rindo a toa 🙂 Em sua homenagem, vou aqui postando este lp produzido pela Bemol em 1971, “Galo, canto de amor mais alto”. Um documento histórico do futebol brasileiro, com texto de um dos mais apaixonados e ilustre atleticano, o saudoso escritor Roberto Drummond. No álbum temos também a narração de alguns dos melhores momentos do Atlético Mineiro em campo, numa época em que futebol era mais que paixão. Vale a pena ouvir esse disco, mesmo aqueles que não são torcedores do ‘vingador’. Parabéns ao Clube Atlético Mineiro por esse tão sonhado título. Viva o Galo!

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Francisco Alves 2:2 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 62 (2013)

Estamos de volta com a segunda parte da  retrospectiva que o Grand Record Brazil dedica ao inesquecível Francisco Alves, o Rei da Voz (1898-1952). Desta feita, mais treze gravações preciosas e imprescindíveis para colecionadores, pesquisadores e apreciadores em geral.
Abrindo nosso roteiro, três sambas de Sílvio Fernandes, o Brancura, histórico malandro carioca, de quem falamos na edição anterior. O primeiro é “Coração volúvel”, lançado pela Odeon em junho de 1929, disco 10399-A, matriz 2532, do qual também foi escalado o lado B, matriz 2531, “Mulher venenosa”, na faixa 3, ambas com acompanhamento da Orquestra Pan American de Simon Bountman. Antes dele virá “Você chorou”, subintitulado “Me admiro é você”, primeiro verso da letra, gravação Victor de 8 de julho de 1935 (ano do falecimento de Brancura), lançado em agosto seguinte com o número 33959-A, matriz 79968, e incluído na burleta teatral “Da Favela ao Catete”, de Freire Júnior. O acompanhamento é da Orquestra Diabos do Céu, formada e dirigida pelo mestre Pixinguinha.Voltando à Odeon, o samba “Olê-lê-ô”, da santíssima trindade Francisco Alves-Ismael Silva-Nílton Bastos, gravado em 27 de novembro de 1930 e lançado em janeiro de 31 para o carnaval, disco 10745-B, matriz 4068 (o lado A é “Nem é bom falar”, da nossa edição anterior). Ismael e Nílton faziam parte do grupo Bambas do Estácio, que acompanha Chico Alves neste registro. Neto da lendária Tia Ciata,  Bucy Moreira assina em parceria com Norival Reis, o Nazinho (ou Nozinho), o samba “Em uma linda tarde”, que Chico Alves gravou com os Diabos do Céu na Victor em 16 de abril de 1935, com lançamento em julho seguinte sob n.o 33946-B, matriz 79877. Autêntica raridade vem em seguida, o samba “Meu batalhão”, também da trindade Chico (acompanhado de seu “Esquadrão”)-Ismael Silva-Nílton Bastos, lançado pela Odeon em janeiro de 1931 para o carnaval com o n.o 10748-B, matriz 4091. E quem não conhece a marchinha junina “Pula a fogueira”? Só quem nunca foi numa festa junina… Da parceria Getúlio “Amor” Marinho-João Bastos Filho, foi imortalizada pelo Rei da Voz na Victor em 21 de maio de 1936, matriz 80163, com lançamento em julho seguinte (o que tem sua lógica, pois as festas juninas em algumas cidades costumam se estender até esse mês) sob n.o 34068-A. A marchinha “Você gosta de mim”, da parceria Francisco Alves-Ismael Silva, saiu pela Parlophon em dezembro de 1931, disco 13377-B, matriz 131307, visando o carnaval de 32. Outro clássico é o samba “Para me livrar do mal”, da parceria de Ismael Silva com Noel Rosa, imortalizado por Chico Alves na Odeon em 29 de junho de 1932, disco 10922-B, matriz 4467, e que ele também interpretou no segundo show da série “Broadway cocktail”, um espetáculo palco-tela encenado no recém-inaugurado Cine Broadway, do qual também participaram Cármen Miranda, Almirante e Noel. Destaque, na gravação, para o piano de Nonô (Romualdo Peixoto), tio dos cantores Cyro Monteiro e Cauby Peixoto. “Choro, sim”, samba de Ismael Silva sem parceiro, foi gravado por Chico na Victor com os Diabos do Céu em 21 de novembro de 1934, matriz 79784. Destinava-se ao carnaval de 1935,  segundo consta da edição, mas só foi para as lojas em julho desse ano, com o número 33946-B. Dando um salto no tempo, vem em seguida outro samba, “Cidade de São Sebastião”, de Wilson Batista e Nássara, gravação Odeon de 10 de julho de 1941, lançada em agosto do mesmo ano com o número 12028-A, matriz 6710, com acompanhamento da orquestra do maestro Fon-Fon (Otaviano Romero Monteiro, 1908-1951). A música fez parte do segundo espetáculo da série “Joujoux e Balangandãs”, levado à cena no Teatro Municipal do Rio, no qual a então primeira-dama da Nação, Darcy Vargas, convocava a alta-sociedade carioca a apresentar seus dotes artísticos no palco e demonstrar generosidade na bilheteria, em prol de suas obras assistenciais. Nele, “Cidade de São Sebastião” foi interpretado por Jenny Hime e Roberto Rocha. “Fica de lá” é de Ernâni Alvarenga, “o samba falado da Portela”, e este aqui destinou-se ao carnaval de 1939, lançado pela Odeon bem em cima da folia, em fevereiro, com o número 11700-A, tendo sido gravado em 16 de dezembro de 38, matriz 5995. Por fim, uma marcha natalina do mestre Ary Barroso em parceria com nosso Chico Alves, “Meu Natal”, da safra do Rei da Voz na Victor, com o devido apoio instrumental dos Diabos do Céu de Pixinguinha & Cia., gravada em 19 de outubro de 1934 e lançada, claro, em dezembro, com o número 33857-A, matriz 79762. Ela encerra, e com chave de ouro, esta retrospectiva que o GRB dedica ao imortal Francisco de Moraes Alves, e entrega com muita alegria aos amigos cultos, ocultos e associados do GRB. Até a próxima e obrigado pelo prestígio!
Texto de  SAMUEL MACHADO FILHO.

Dorival Caymmi – Caymmi (1985)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Hoje, domingo, estou fazendo a minha última postagem antes de entrar de férias. São férias curtas, apenas uns dez dias, mas o suficiente para eu descansar. Depois eu volto para ainda a tempo brindarmos os 6 anos do blog Toque Musical. E para luminar a cavernar e abrilhantar nosso espaço, vou deixar durante esse tempo um presente especial. Aqui, tudo é ao contrário. Eu saio e deixo a luz acessa. Faço aniversário e dou presente. 🙂
Olha aí, depois de tantos pedidos, estou trazendo para vocês este disco de Dorival Caymmi. Uma produção limitada, sob os auspícios da Fundação Emílio Odebrecht. Lançado não comercialmente em 1985 para um seleto grupo, em um luxuoso box contendo além de um álbum dúplo, um livro sobre o artista (Caymmi – Som Imagem Magia). O conteúdo fonográfico ficaria inédito até 1997, quando então recebeu um edição em  cd. Mas podemos dizer que já se trata de um material fora de catálogo e consequentemente, merece a nossa atenção.
Este disco foi uma produção que envolveu o próprio Caymmi. Traz, por certo, algumas das muitas e mais famosas de suas composições. Depoimentos de Caribé, Jorge Amado, Tom Jobim e Caetano Veloso. Para completar o prato, temperos especiais: um time de músicos de primeiríssimas, a começar pelo regente e arranjador principal, Radamés Gnattali. Aliás, um time não, dois ou mais… Não vou nem mencioná-los para não me estender muito. Essas informações vão incluidas no ‘pacote’, ok?

depoimento de jorge amado
é doce morrer no mar
festa na rua
a preta do acarajé
cançào da partida
a lenda do abaeté
o que é que a baiana tem?
depoimento de caetano veloso
depoimento tom jobim
das rosas
dora
eu fim uam viagem
peguei um ita no noirte
maracangalha
acalanto
depoimento carybé
caymmiana
você já foi a bahia?
joão valentão
samba da minha terra
sargaço mar
a mãe dágua e a menina
pescaria
vatapá
marina
dois de fevereiro
oração de mãe menininha
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João Penca E Seus Os Miquinhos Amestrados – Cem Anos De Rock’n’roll (1991)

Boa noite, meus prezados roqueiros cultos e ocultos! É, hoje a introdução veio um pouco diferente, direcionada àqueles que carregam consigo o espírito do velho e bom rock’n’roll. Afinal, hoje é o Dia Mundial do Rock! Por certo, o rock em todas as suas vertentes, mas principalmente em seu estado e características originais. Nesse sentido foi que eu escolhi para comemorarmos o dia com este disco do trio João Penca e Seus Miquinhos Amestrados, um autêntico representante do gênero da ‘velha escola’, o tradicional rock’n’roll. “Cem Anos de Rock’n’roll” foi um álbum lançado no início dos anos 90 e traz em sua produção todos os elementos retrô daqueles anos dourados, os primeiros passos do rock.
Vejam vocês como ainda hoje (e sempre) é dia de rock. Aliás, é bom que se diga, rock não é um estilo, é sim atitude!
Esta postagem de hoje tem por objetivo apenas registrar aqui esta data, afinal, embora eu já tenha postado vários discos de rock tupiniquim, nunca fiz referência ao Dia do Rock. Como eu hoje passei o dia todo ouvindo de Carl Perkins à Pearl Jam, de Cauby à Beach Combers, acho que para bem dosar, João Penca veio a calhar 😉

papa umana
ma beibe, beibe
o bom e o velho rock’n’roll
o monstro suga suga
mulheres
viver, sonhar
esse meu cabelo rock
o escorpião escarlate
j. holmes e a guitarra solitária
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Den Sorte Skole – Lektion III (2013)

Olá amigos cultos e ocultos! O Toque Musical é um blog, como todos sabem, voltado para a produção musical e fonográfica brasileira. Mas também vai a miúde, apresentando curiosidades que muitas vezes se contrastam com outros títulos, mais tradicionais. Com já disse outras vezes, este não é um blog de música para gente velha e ultrapassada. Não é o espaço específico da Bossa Nova, Jovem Guarda, do Samba, dos saudosos cantores e orquestras do rádio nos anos 40 e 50, não é o do Regional, do Sertanejo, do Jazz, do Rock, do Pop, do Erudito, ou de qualquer outro. O Toque Musical é na verdade um pouco de tudo isso. Um reflexo da minha própria diversidade e curiosidade fonomusical. E é muito por conta dessas e outras que eventualmente podem surgir por aqui coisas diferentes, algo aparentemente meio atípico… Eis aqui um bom exemplo.

Quero apresentar a vocês um trabalho muito interessante realizado pelo coletivo “Den Sorte Skole”. Um projeto musical concebido pelos músicos, compositores e DJ´s, Simon Dokkedal, Fernando Martin Jakobsen e Martin Hojland, em 2003. Ao longo de dez anos eles andaram produzindo um material muito interessante, fazendo pesquisas, coletando músicas e sons de várias partes do mundo e dos mais diferentes gêneros musicais. Eles criam colagens, misturando de maneira harmoniosa e natural os mais diferentes sons, obtendo assim um resultado bastante agradável. Uma cocha de retalhos bem trabalhada que gerou um primeiro álbum em cd, Lektion #1, em 2006. Dois anos depois viria Lektion #2, em vinil. E finalmente agora, em 2013 eles lançam Lektion #3, uma concepção em vinil bem luxuosa. Por certo, trata-se de um ‘web disco’, algo parecido com a nossa coleção Grand Record Brazil. Um trabalho o qual envolve questões de ‘royaties’, direitos autorias, os quais inviabilizaria qualquer produção física, comercial ou mesmo puramente cultural que ultrapasse esses limites. Grande parte desse material foi coletado na própria web, inclusive, muita coisa de blogs, como foi o caso do Toque Musical.
Para quem está aberto a essas incursões mix, eis aqui o canal direto com Den Sorte Skole. No site vocês poderão baixar os três volumes, ok?
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Clarisse (1981) e Kate Lyra – Duas Faces Do Amor (198…) – Compactos Promocionais

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Me lembrei que tenho aqui um monte de compactos e preciso digitalizá-los antes de passá-los para frente. Estou pensando em criar uma lojinha virtual para vender vinil e também cds. Tudo original, claro e direcionado mais a colecionadores. Logo que a coisa ficar pronta eu aviso a vocês.
Vamos hoje então com esse dois compactos promocionais lançados na década de 80. O primeiro, como se pode ver pela capa, foi um disquinho de brinde da revista masculina Status, lembram dela? Hummm… Temos a dublê de cantora, Kate Lyra, esposa então do compositor Carlos Lyra, interpretando duas de suas músicas num raro momento (brasileiro é tão bonzinho…). Ela canta a famosa “Quando chegares” e se salva em “Romantica”, num vocalise interessante 🙂
Na sequencia, temos outra cantora, da qual eu nunca ouvi falar, Clarisse, cantando um jingle da Varig, “Eu mereço”, que eu também nunca tinha ouvido. Legal. E mais legal é o outro lado com a faixa “O amor”. Como a moça canta bem e é muito bonita, resolvi postar :). Vamos ouvir?

quando chegares – kate lyra
romântica – kate lyra
eu mereço – clarisse
o amor – clarisse
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Luiz Bonfá – Alta Versatilidade (1957)

Olá amigos cultos e ocultos! Continuo num corre corre danado, sem muito tempo para o blog. Principalmente neste mês de julho, onde o Toque Musical completa 6 anos de resistência. Fico nessas horas pensando quanta pedra no caminho, quanto tropeço, quantas investidas de ataque, quantas vezes tive que mudar o rumo do blog por conta de alguns desafetos, que diga-se de passagem eu entendo mais como inveja, despeito ou mesmo pura sacanagem. Enfim, entre trancos e barrancos o TM continua… agora ainda mais ‘cult’, só para seus associados.
Trago hoje para vocês outro disco do Luiz Bonfá. Um excelente lp lançado pela Odeon em 1957. Creio que foi um dos primeiros lps da Odeon em formato 12 polegadas, ou seja, um vinil padrão como conhecemos hoje. “Alta Versatilidade” foi também lançado nos ‘States’ e suponho que as gravaçoes foram feitas pensando nisso, num lançamento na terra do Tio Sam. Os arranjos e regência são do maestro Leo Peracchi. Trata de um excelente trabalho cujo o repertório faz a alegria principalmente de quem toca violão. Mas não se limita aos amantes da técnica. É acima de tudo um disco, com disse o José Fernandes no texto de contracapa, “um conjunto de obras primas que se destina às pessoas de bom gosto”.
Este é mais um disco já bem manjado em blogs e outras fontes. Mesmo assim é mais um que precisava constar aqui 😉 Só para quem é ‘cult and cool’. 😉

mambolero
cajita de musica
over the rainbow
garoto
canção de outono
calles de españa
batucada
sambolero
monique
tenderley
serenata
xangô
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Sambalanço Trio – Vol. 2 (1965)

Olá amigos cultos e ocultos! Hoje eu estou num aperto só, quase sem tempo para o Toque Musical, mas vamos lá rapidinho… Vamos com um disco que não precisa ficar dando muita explicação. A contra capa já nos dá todas as informações necessárias e além do mais, este é um disco que já foi bem divulgado em outros blogs. Estou postando aqui para aqueles que não tiveram a chance de conhecer, ou querem também conferir o toque aqui do Augusto 😉
Sambalanço foi um dos muitos e excelentes grupos da era Bossa Nova. Formado no início dos anos 60 por três grandes músicos, Cesar Camargo Mariano, Airto Moreira e Clayber. Este disco foi o segundo lançado por eles, pelo selo Som Maior, em 1965. Como se pode ver na contracapa, o repertório é fino! E os caras são foda! Discaço, que mesmo bem manjado merecia estar aqui. 🙂

nana
reza
estamos aí
deus brasileiro
preciso aprender a ser só
cangaceiro
improviso negro
roda de samba
você
canção que veio de dentro do azul
samba de verão
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Francisco Alves 1:2 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 1 (2013)

Vejam vocês, amigos cultos, ocultos e associados do TM: já estamos na sexagésima-primeira edição do Grand Record Brazil! Sinceramente, eu e o Augusto não esperávamos que a coisa fosse tão longe, o que muito devemos ao apoio e ao prestígio de vocês. Esta semana, apresentamos a primeira de duas partes de uma nova retrospectiva dedicada ao eterno Rei da Voz, Francisco de Moraes Alves.
Nascido no Rio de Janeiro em 19 de agosto de 1898 e tragicamente falecido em acidente automobilístico na Rodovia Presidente Dutra, na altura de Pindamonhangaba, SP (seu carro, um Buick, chocou-se com um caminhão que entrara na contramão, e se incendiou), em 27 de setembro de 1952, Francisco Alves deixou a maior discografia em 78 rpm da história de nossa música popular, e gravou somente nesse formato: foram 524 discos com 983 fonogramas! Uma carreira que começou em 1919, numa modesta gravadora de fundo de quintal, a Disco Popular, para a qual foi levado pelo compositor Sinhô. Em sua estreia, Chico gravou três músicas de Sinhô: a marchinha “O pé de anjo” (sucesso no carnaval de 1920) e os sambas “Fala, meu louro” e “Alivia estes olhos”. O cantor só teria nova oportunidade em disco na Odeon, em 1924, gravando quatro músicas, também carnavalescas, que não obtiveram êxito. E é a partir de 1927, com a implantação do sistema elétrico de gravação, substituindo o mecânico, que Chico Viola desponta de vez para a popularidade. Aliás, gravava na Odeon como Francisco Alves e na Parlophon, sua subsidiária, como Chico Viola. É na “marca do templo” que se passará quase toda a sua carreira fonográfica, com breves saídas para a RCA Victor (1934 a 1937) e para a Columbia, futura Continental (1939 a 1941).
Desta longa e vitoriosa trajetória de Chico Alves em disco, foram escaladas para este primeiro volume catorze joias de seu repertório. Abrindo-a, o samba “Me faz carinhos”, lançado pela Odeon em janeiro de 1928 para o carnaval, disco 10100-B, matriz 1480, dado como sendo de exclusiva autoria de Chico, mas que na verdade é de Ismael Silva, de quem o Rei da Voz o comprou (Ismael queria o dinheiro no ato, por necessidade imediata), e ele também o interpretaria na revista “Você quer é carinho”, encenada no Teatro Carlos Gomes. No acompanhamento, a Orquestra Pan American do Cassino Copacabana, dirigida pelo palestino Simon Bountman, e também conhecida como Orquestra Copacabana, Simão Nacional Orquestra e Orquestra Parlophon (tudo a mesma coisa…). A faixa 2 é “Não é isso que eu procuro”, outra parceria de Chico Alves com Ismael Silva,dedicada ao maestro Martinez Grau, lançada em setembro do mesmo ano com o número 10251-B, matriz 1876, tendo no acompanhamento a Orquestra Rio Artists. O cantor também interpretou esse samba em duas revistas encenadas no Teatro Carlos Gomes: “Eu quero é nota”, em dueto com Célia Zenatti, sua primeira mulher, e outra também chamada “Não é isso que eu procuro”. “Deixa essa mulher chorar” faz parte da antológica série de gravações que Chico fez em dupla com Mário Reis, datada de 9 de setembro de 1930 com lançamento em dezembro do mesmo ano, disco 10715-A, matriz 3969. Oficialmente o samba é de Sílvio Fernandes, o Brancura (c.1908-1935), malandro histórico do Estácio, que ganhou seu apelido por sua cor negra reluzente, mas segundo Bucy Moreira, era de Maciste da Mangueira, que deu parceria a Brancura. “Apanhando papel”, gravação de 30 de janeiro de 1931, lançada em março do mesmo ano com o número 10767-A, matriz 4124, é de Getúlio Marinho da Silva, o Amor (Salvador, BA, 1889-Rio de Janeiro, 1964) e Ubiratan da Silva. Foi escalado também o lado B, “Ironia”, do próprio Chico Alves em parceria com Ismael Silva e Nílton Bastos, matriz 4136. Nesse disco, o acompanhamento é dos Bambas do Estácio, e o bandolim é provavelmente do mestre Luperce Miranda. “Nem é bom falar”, que vem antes de “Ironia” em nossa seleção, é do mesmo trio de autores e com o mesmo acompanhamento, gravação de 27 de novembro de 1930, lançada em janeiro de 31 com o número 10755-A, matriz 4067, e um dos hits do carnaval desse ano. Ao ouvir o verso “Eu quero uma mulher bem nua”, durante apresentação do cantor na Rádio Sociedade, seu proprietário, Roquette Pinto, também pioneiro da radiodifusão no Brasil, comentou: “Todos nós queremos, mas não é preciso dizer”…  A santíssima trindade Chico Alves-Ismael Silva-Nílton Bastos também assina “É bom evitar”, samba lançado pela “marca do templo” em setembro de 1931 com o número 10837-A, matriz 4271. A marchinha “Gosto mas não é muito” saiu pela Parlophon em dezembro de 1931, com vistas ao carnaval de 32, com o número 13375-A, matriz 131302. É creditada a Francisco Alves e Ismael Silva, mas sua segunda parte foi composta por Noel Rosa, não creditado nem no disco nem na edição. Nessa época, o governo provisório de Getúlio Vargas admitia milhares de correligionários no serviço público, a ponto de, para brecar novos pedidos, em tempos de crise profunda, ser exigido dos postulantes requerimento estampilhado, com foto e selos, daí o verso “Traz o retrato e a estampilha”. Temos também o lado B, matriz 131308: “Amar”, samba do próprio Chico mais Ismael Silva e Nílton Bastos, este último não creditado na edição. Do Parlophon 13377, também lançado em dezembro de 1931 para o carnaval de 32, temos o lado A, matriz 131306: o samba “Sonhei”, do mesmo trio de autores da faixa anterior. Chico Alves e Ismael Silva assinam a faixa seguinte, o samba “Gandaia”, gravação Odeon de 23 de março de 1932, lançada em maio do mesmo ano, disco 10906-B, matriz 4420. Da parceria Noel Rosa-Ismael Silva é o samba “Ando cismado”, gravação de 27 de outubro de 1932, lançada em dezembro seguinte com o número 10936-A, matriz 4532. Para encerrar, duas faixas do período final de Chico Alves na Odeon, ambas canções visando as festas natalinas, e gravadas em 5 de dezembro de 1950, porém só lançadas um ano mais tarde, dezembro de 51, com o número 13198: “Sinos de Natal” (lado B, matriz 8877), de Victor Simon (autor dos clássicos “Bom dia, café” e “O vagabundo”) e Wilson Roberto, e a “Canção de Natal do Brasil”, parceria do próprio Rei da Voz com David Nasser e Felisberto Martins, na época diretor artístico da “marca do templo” (lado A, matriz 8876). Embora ainda estejamos longe do Natal, as faixas são apropriadas para encerrar a primeira parte deste nosso retrospecto. Semana que vem a gente se encontra com mais Chico Alves. Até lá!
Texto de SAMUEL MACHADO FILHO.

Milton Nascimento – Missa Dos Quilombos (1982)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Trago hoje para vocês um disco que cai muito bem numa manhã  como esta de domingo. “Missa dos Quilombos”, uma produção do nosso querido Milton Nascimento feita no início dos anos 80. Este disco foi idealizado por Bituca e sua turma após conhecerem o Bispo de Goiania, Dom Pedro Casaldáliga e o poeta Pedro Tierra, com os quais veio a criar esta obra maravilhosa chamada de “Missa dos Quilombos”. A temática, evidentemente, é a questão do Negro e se inspira nas ideias sugeridas por outro religioso, Dom Helder Câmara a respeito da triste realidade do negro no Brasil ao longo de sua história. Os textos da Missa dos Quilombos foram escritos pelos dois Pedros e ao Milton coube musicar, arranjar, reger e interpretar. Belíssimo trabalho, super inspirado. O disco foi gravado ao vivo, em apenas três dias, na Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens, no Caraça/MG em 1982.

a de ó (estamos chegando)
em nome de deus
rito penitencial (kyrie)
aleluiá
ofertório
o senhor é santo
rito da paz
comunhão
ladainha
louvação à mariama
marcha final (de banzo e esperança)
invocação à mariama
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Sérgio Mendes & Brasil ’77 – On Concert (1973)

Boa noite, prezados amigos cultos e ocultos! Não sei se alguém aqui está ligado, mas julho é mês de aniversárrio do Toque Musical. Para tanto, pretendo postar aqui alguns discos realmente interessantes, que  com certeza ainda não estão rolando em outras fontes. Julho também é mês de férias e eu estarei dando uma pausa na segunda quinzena do mês, mas volto a tempo de comemorarmos os 6 anos do TM.
Dentro na nossa diversidade fonomusical, vamos neste sábado com o Sérgio Mendes e seu Brasil ’77 em um disco que podemos chamar de raro, pois, segundo um amigo que mora em Nova York (fã do Sergio Mendes) este lp nunca chegou a ser reeditado em formato digital. Será? Bom, isso pouco importa, pois aqui no Brasil, ele com certeza só foi visto em 1973, ou ainda em alguma oferta no Mercado Livre.
Temos aqui Sergio Mendes em uma apresentação ao vivo no Greek Theatre de Los Angeles. Muito bom o clima e aquele sempre mesmo repertório, mesclando um pop, jazz, música brasileira… “Ma-sh kay nada”
intro: viramundo
going out of my head
girl from ipanema
canival medley:
jogo de roda
canto de ubiratan
after sunrise
fool on the hill
chelsea morning
sometime in the winter
mais que nada
the look of love
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Morris Albert (1976)

Olá amigos cultos e ocultos! Nesta semana eu postei um disco do Pete Dunaway e no embalo pop-romântico-em-inglês vou de novo alegrar os apreciadores trazendo o figuraça, Morris Albert. Este é um artista que dispensa apresentações. Um compositor e cantor que fez sucesso internacional, principalmente com aquela música chata… como é mesmo o nome dela? Hehehe… Bom, não importa… de qualquer maneira aqui tem outra que também emplacou, “She`s my Girl”. Se não me engano (e se me engano também não importa), este foi o seu segundo álbum e gravado nos States 🙂

summer in paris
la puerta down to mexido
father
same things
toi
back to the rock
she’s my girl
memories
everybody loves somebody
te quiero
run away
land of love
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Lúcio Alves – A Noite Do Meu Bem… (1960)

Olás! De volta como prometi e mais uma vez trazendo o imprevisível. Desta vez vamos com Lúcio Alves, em disco Odeon de 1960. Temos aqui “A noite do meu bem…”, belíssimo álbum onde o nosso artista interpreta a música de Dolores Duran. Inclusive, nos anos 70 o disco voltou a ser relançado, em versão ‘estérizada’, com uma nova capa e sob um novo título “Lúcio Alves Interpreta Dolores Duran”. Esta mesma versão saiu também em cd. No álbum iremos encontrar algumas das mais importantes e marcantes canções de Dolores. Dela e também de seus grandes parceiros, diga-se de passagem. Lúcio Alves, como sempre, impecável…

ideias erradas
castigo
a noite do meu bem
noite de paz
estrada do sol
vou chorar
por causa de você
quem sou eu
fim de caso
solidão pela rua
canção da tristeza
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Pete Dunaway (1974)

Olá amigos cultos e ocultos! Ontem, devido a total falta de tempo, não tivemos nenhuma postagem. Para compensar, hoje teremos duas (se tudo correr numa boa). Sempre misturando, variando, oscilando… lá vai o Toque Musical com suas publicações inusitadas.
Ainda nos anos 70, também pela Som Livre, tivemos edições para todo gosto. Na época, muitos artistas, sem encontrar direito um espaço para fazer MPB e vendo o quanto na indústria fonográfica era lucrativa a música internacional, partiram também nessa onda. Com curiosos nomes estrangeiros, nasciam figuras como Morris Albert, Mark Davis (Fábio Jr), Terry Winter e mais uma dezena de outros que viriam a emplacar verdadeiros sucessos nas rádios. A febre se espalhava e um dos responsáveis pela invasão era um italiano que morava em São Paulo, Cesare Benvenutti, produtor do selo Cash Box, da Continental. Outras gravadoras percebendo a grande jogada, resolveram também investir no lance. Criavam também seus artistas nacionais internaiconais. A Som Livre nos apresentou em 1974, Otávio Augusto, ou melhor dizendo, Pete Dunaway. Ele já nessa época era produtor, trabalhava na Som Livre. Foi o cara quem lançou o Guilherme Arantes. Produziu e também fez os arranjos de base para o artista. Em 1974 ele lançou este lp, com o qual conseguiu emplacar várias canções. Sei de pelo menos umas três que tocavam (e ainda tocam) insistentemente no nas rádios por aqui. Let’s go, my friends… sing the songs!

you’re the reason
marina
hey sam
don’t make me cry
talking to you
and it’s okay
heart to heart
just man
tears of life
supermarket
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Jards Macalé – Contrates (1977)

Muito bom dia, amigos cultos e ocultos! Entre tantas curiosidades, músicas para se ouvir com outros olhos e coisa e tal…, as vezes eu penso: pô, tenho que postar aqui também aquilo que sempre faz a minha cabeça. Ou melhor dizendo, preciso também postar aqui aquilo que eu realmente nunca deixo de ouvir. Assim, eventualmente, dou um toque nos meus prediletos 😉 Olha aí, que beleza…. “Contrastes”, de Jards Macalé. Tenho por este disco uma atenção especial, pois é um álbum que me acompanha desde o seu lançamento, em 1977. Me lembro exatamente do dia em que comprei este disco. Nesta época eu vivia num verdadeiro contraste musical. Amava os Beatles e os Rolling Stones (e ainda amo!), também o hard rock e já flertava com a nova onda, o punk rock dos Ramones e Sex Pistols. Porém, ao ouvir (como se a primeira vez) ao Jards Macalé, vi a salvação. Voltei a tomar gosto pela MPB. “Contrates” é um puta disco! Aliás, o Macalé é que é… um puta artista… todos os seus discos são ótimos e vale a pena ouvi-los, sem excessão. Um artista assim nunca deixa de ser cultuado, principalmente nos dias de hoje. Inclusive, seus discos, mesmo fora de catálogo estão, vez por outra, sempre sendo resgatados. “Contrates”, obviamente já teve seu relançamento na versão cd. Inclusive, a capa na nova edição é diferente. A foto da capa, o beijo, aparece aqui rasgada. Seria uma demonstração de desfeto e mágoa do artista? A moça da foto era então a sua esposa. Na época do relançamento do disco em cd, ela não permitiu que sua imagem fosse novamente exposta (os tempos são outros). Acho que, meio no desaforo, o artista deu o troco, recriando de maneira interessante a velha capa.
Bom, falar da música acho que é desnecessário. Este não precisa de defesa ou promoção. O melhor mesmo é ouvir 😉

contrates
sem essa
poema da rosa
black and blue
sim ou não
conto do pintor
negra melodia
choro do archanjo
cachorro babucho
garoto
passarinho no relógio (cuco maluco)
no meio do mato
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Januário E Luiz Gonzaga – Seleção 78 RPM Do Toque Musical (2013)

O Grand Record Brazil chega à sua sexagésima edição apresentando uma seleção musical com dois grandes nomes da cultura popular nordestina: Luiz Gonzaga e seu pai Januário.
Lavrador, sanfoneiro e consertador de sanfonas, Januário José dos Santos, autêntico rei dos oito baixos, nasceu em 25 de setembro de 1888, não se sabe se em Flores ou Pajeú das Flores, em Pernambuco. Adolescente, fugindo da seca, ele chegou, em 1905, à Fazenda Caiçara, nascente do Riacho da Brígida, a 12 quilômetros de Exu, na Serra do Araripe, bem na divisa Norte de Pernambuco com o Ceará, ao lado de seu irmão Pedro Anselmo. Era motivo de alegria e admiração para quem escutava a sua sanfona, sendo sempre respeitado por onde quer que passasse. Só falava o necessário e tinha grande entendimento intelectual, apesar de nunca ter sentado em um banco de escola. Além de exímio sanfoneiro, foi durante toda a vida um homem dedicado à família. Ao lado da primeira esposa, Dona Santana, soube muito bem educar seus nove filhos (Gonzagão foi o segundo) na tradição religiosa e no respeito humano.
O “Vovô do Baião” sempre amou seu querido Araripe. Prova disso é que, em 1960, com o falecimento de Dona Santana e já com os nove filhos radicados no Rio de Janeiro, ficou morando sozinho por lá de junho a novembro, quando contraiu segundas núpcias com Dona Maria Raimunda de Jesus. O novo casal adotou, em 1962, um bebê com três dias de nascido, e registrado como filho legítimo com o nome de João Batista Januário, ainda hoje residindo em Exu.
Grande exemplo de pai e bom vizinho, “seu” Januário partiu para a eternidade no dia 11 de junho de 1978, deixando imensa saudade em todos que o conheceram lá em Exu, apreciando suas performances sanfoneiras todo final de tarde. As tradições religiosas do município forma preservadas por muito tempo recebendo a colaboração do “Vovô do Baião”.
Já Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu, a 13 de dezembro de 1912, lá mesmo na Fazneda Caiçara, onde ele e seus irmãos foram criados, e ainda menino se interessou pelos oito baixos do pai, a quem ajudava na animação de forrós e festas. Aos 17 anos, saiu de casa e se alistou como voluntário no Exército, em Fortaleza, Ceará, e em 1930 rumou com seu batalhão de caçdores, o 22, para a Paraíba, agitada com a revolta de Princesa. Com a vitória de Getúlio Vargas, a tropa se desloca para Belém do Pará, Teresina, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, a fim de pacificar os resistentes. Corneteiro, recebeu em BH o apelido de “Bico de Aço”. E soprando a corneta seguiu para São Paulo, em 1932, no movimento constitucionalista, e para Mato Grosso, a fim de proteger nossa fronteira da Guerra do Chaco, entre Paraguai e Bolívia. Já em tempos mais clamos, Gonzagão serviu em Juiz de Fora e Ouro Fino, em Minas Gerais, e deu baixa em 1939, após dez anos de Exército (uma nova lei impedia o reengajamento além desse tempo). Em vez de voltar a sua Exu, resolve ficar no Rio de Janeiro, onde desembarcara na companhia de uma sanfona branca comprada em São Paulo pouco antes. Nas ruas, nos bares e no Mangue, passando o pires, apresentava um repertório bem ao gosto dos marinheiros e suas acompanhantes: tangos, boleros, valsas, canções, foxes. Certa noite, um grupo de universitários cearenses pede para ele tocar alguma coisa lá do Nordeste. Aí, Gonzagão tira da memória xaxados, cocos, xotes, xamegos, e é aí que alimenta o ideal de um dia tocar tudo isso para todo o povo do Sul. Inscreve-se no programa de calouros do temível Ary Barroso tocando seu xamego “Vira e mexe”, sendo aplaudidíssimo pela plateia e obtendo nota máxima! Em 1941, é levado à RCA Victor para acompanhar Genésio Arruda na gravação de “A viagem do Genésio”, e tem a oportunidade de tocar seu “Vira e mexe” para o diretor artístico, sendo de pronto escalado para gravar dois discos como acordeonista-solo: “Véspera de São João”/”Numa serenata” e “Saudades de São João del Rey”/”Vira e mexe”. A oportunidade de gravar como cantor só aparece em 1945, com “Dança, Mariquinha”, mazurca sua e de Miguel Lima. Em pouco tempo tornou-se ídolo nacional, de ponta a ponta, também como compositor, tendo parceiros expressívos: Miguel Lima, Humberto Teixeira, Zé Dantas, e sucessos sem conta, seja como autor, seja apenas como intérprete: “Baião”, “Asa branca”, ‘Vozes da seca”, “Chofer de praça”, “Paraíba”, “Macapá”, “Lorota boa”, “Riacho do Navio”, “Boiadeiro”, “Cigarro de páia”, “Xanduzinha” e muitos, muitos mais. Com o aparecimento do rock e da bossa nova, Gonzagão ficou praticamente esquecido no Sul do País, sobretudo no eixo Rio-São Paulo, mas continuou a se apresentar pelo interior do Brasil, onde sempre teve grande público. Em 1968, o espertíssimo Carlos Imperial planta um boato de que o quarteto britânico The Beatles iria gravar “Asa branca”. Isso, claro, não aconteceu, mas chamou a atenção das novas gerações de então para sua obra, sendo então redescoberto e novamente experimentando o sucesso em discos e shows nos grandes centros urbanos, tendo inclusive se apresentado no exterior. O trono de Rei do Baião é e sempre será seu. Gonzagão morreu em 2 de agosto de 1989, no Recife, de osteoporose seguida de pneumonia (sofria também de câncer na próstata), deixando um legado imortal que até hoje influencia a MPB. Seu corpo foi sepultado, conforme seu desejo, ao lado de seus pais, em Exu.
Nesta edição do GRB, apresentamos uma seleção dedicada a Januário e Gonzagão, pai e filho, com oito fonogramas originais RCA Victor. Para começar, quatro gravações do mestre Januário, com participação expressiva dos filhos, inclusive, claro, Luiz Gonzaga: o xote dele mesmo “Januário vai tocar”, gravação de 3 de agosto de 1955, lançada em outubro do mesmo ano com o número 80-1498-A, matriz BE5VB-0823. No verso, matriz BE5VB-0824, o “Calango do Irineu”, também do próprio Januário, que apresentamos logo em seguida. Depois, as faixas do disco 80-1322, gravado em 18 de maio de 1954 e lançado em agosto: o baião “O balaio de Veremundo”, da parceria Luiz Gonzaga-Zé Dantas, espirituosa  alusão a um “coronel” da cidade pernambucana de Salgueiro, famosa por suas carnes de bode salgadas, e inventor da dança do balaio. Da mesma parceria é o lado B, matriz BE4VB-0456, outro baião: “Pronde tu vai. Luí?”, com solo vocal do próprio Gonzagão, “of course”. Completando este pequeno grande programa, quatro expressivas gravações de Gonzagão de seu início como cantor-solo. Na faixa seis, exatamente sua estreia nessa área, após 24 discos como solista de sanfona: a mazurca “Dança, Mariquinha”, gravada em 11 de abril de 1945 e lançada em maio seguinte, matriz S-078152. Luiz Gonzaga chegou a dizer ao então diretor artístico da RCA Victor, Vittorio Lattari, brincando, que a Odeon queria lançá-lo como cantor em disco. Mas Vittorio, claro, decidiu que ele ficaria na Victor, e perguntou: “Como é? Já tem repertório pra cantar?” Isso, claro, não faltava… Na faixa oito, o chamego “Penerô xerem”, chamego da parceria Luiz Gonzaga-Miguel Lima, gravação de 13 de junho de 1945, lançada em agosto do mesmo ano (80-0306-A, matriz S-078189). A 6 de setembro do mesmo ano, Gonzagão grava, de sua autoria mais Miguel Lima e J. Portela (o jota é de Jeová), outra mazurca de sucesso, “Cortando pano”, expressiva homenagem aos alfaiates, que a Victor lançara em novembro seguinte com o número 80-0344-B, matriz S-078283. Nessa época, quase todos os cantores brasileiros costumavam lançar músicas para o carnaval, pois, como então se dizia, eram “da fuzarca”. E mostrando o lado carnavalesco do Rei do Baião, foi escalada a faixa 7 desta nossa edição do GRB, a marcha-tarantela “Festa napolitana”, do compositor Sereno, para a folia de 1946, que a Victor lançou em janeiro desse ano, em gravação de 14 de novembro de 45, disco 80-0374-A, matriz S-078389. Enfim, uma pequena grande amostra que certamente irá agradar aos fãs de Luiz Gonzaga, de seu pai Januário e da boa música nordestina, deixando na boca aquele irresistível gostinho de quero-mais…
* Texto de SAMUEL MACHADO FILHO