Erotíssima (1969)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados! Hoje a noite vai ser quente, tirem as crianças da sala! Como já deu para notar, a coisa nesta quarta feira é “Erotíssima”! Estou trazendo um disco diferente, bem dentro do lema do nosso blog, música para se ouvir com outros olhos. O presente lp eu adquiri em um sebo, no Centro do Rio. Pela capa, pelo selo, desconfio que seja uma produção nacional. No mesmo ‘naipe’ e na mesma época foi também lançado pelo selo independente News Reocords, o lp “Super Erótica!”, que fez (por debaixo dos panos) um delicioso sucesso. Dizem que quem estava por trás de tudo isso era o grupo Os Carbonos, que eram mestres no ‘cover’ (não era atoa que se chamavam Os Carbonos). Em “Erotíssima”, eu desconfio que seja também o mesmo grupo, embora não tenha aqui nenhuma evidência além do fato de ser um disco lançado pela CID, através de seu selo Square, criado para lançamentos internacionais. Como naquela época estava muito em voga usar artistas nacionais ‘maqueados’, fazendo-se passar por estrangeiros, eu suponho que estamos aqui com uma produção ‘made in Brazil”. O repertório é da melhor qualidade, pautado no erotismo da música pop francesa de Serge Gainsbourg e outros ‘amantes calientes’, militantes do amor livre… Naquela época, longe da existência e do temor da Aids, a coisa comia solta :p~
Como disse, não posso afirmar que este disco seja mesmo uma produção nacional. Deixo essa questão em aberto para que outros comentem e até nos tirem a dúvida. O importante, no momento, é curtir a onda 😉 Vale ouvir a um, dois, três e quem mais quiser entrar na brincadeira… Eu disse brincadeira, mas calma lá! Estou falando de ouvir, ok gente?
Eu, por exemplo, quando escuto este disco, me sinto o verdadeiro Austin Power ‘in love’ com a Raquel Welch, hehehe…
erotíssima
love story (were do i begin)
le promenade
toi et moi
chanson d’amour
le cuple
je t’aime… moi non plus
le telefoneme
un homme et une femme
love is blue
les amants
PS.: E nos informa o Ayrton Mugnaini Jr: O album Erotissima é brasileiraço, um correspondente carioca aos paulistanos Magnetic Sounds/Carbonos. Consegui decifrar quase todas as pessoas brasileiras que aparecem nos créditos de composição sob pseudônimos. “C. Jack” é Celinho (José Celso Gonçalves Coelho), trompetista e compositor cujos parceiros incluem Ed Lincoln e Arnoldo Medeiros, “Arnold M.” é Arnoldo Medeiros, grande letrista parceiro de Celinho, Fred Falcão e Dom Salvador. “Granthom” é Valdir Granthom, também parceiro de Durval Ferreira. “Devel” é o produtor Durval Ferreira. Somente me falta identificar Claude Ferré. Imaginei que poderia ser Claudio Bertrami, pois ha a suposição de o Azymuth ter tocado no disco. O album Erotissima foi reeditado em 1974 com novo titulo (Super-Erotico), nova capa, crédito de produção a Durval Ferreira e algumas mudanças no repertorio. E todas as gravações foram reunidas num CD da mesma CID; com ainda outra capa.
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Conjunto Nosso Samba – De Onde Vem O Samba (1969)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados de plantão! Hoje o dia vai ser de samba. Estou trazendo para vocês, pela segunda vez, o Conjunto Nosso Samba. Nesta oportunidade teremos a chance de conhecer o primeiro disco gravado pelo grupo, em 1969. Este álbum foi relançado, assim como outros, pelo selo Beverly, nos anos 80. Aqui encontramos a turma formada pelos sambistas compositores Renato Ennes, Genaro, Carlinhos Cavaco, Stenio Barbosa, Gordinho e Nô.
“De onde vem o samba” foi o disco de estréia desse conjunto que fez muito sucesso nos anos 70 acompanhando grandes nomes da MPB. Embora todos os integrantes fossem compositores, a produção optou por fazer um disco mesclado com sambas consagrados e de outros autores, montados estrategicamente em ‘pout pourri’, isso talvez, visando uma apresentação mais confortável  frente ao público.
Estou observando aqui que algumas músicas são as mesmas do disco de 1972, apresentado aqui anteriormente. Vou até conferir para ver se são as mesmas gravações. Parece que sim. Mesmo assim, vale dar uma conferida, pois o disco ainda traz a presença do trombone de Raul de Barros, o que valoriza e muito toda essa produção. Peça esse toque 😉

pout pourri:
nhem, nhem, nhem
yayá do cais dourado
parei an sua
casa de bamba
aquarela de samba
pout pourri:
no tabuleiro da baiana
saudade da bahia
lapinha
grabiela cravo e canela
a baiana e o tabuleiro
origem do samba
bahia de todos os deuses
pout pourri:
ai que saudades da amélia
você passa eu acho graça
laranja madura
estou chorando sim
na ginga do samba
viola e violão – o couro come
último portador
samba do trabalhador
pout pourri:
feitiço da vila
aos pés da santa cruz
palpite infeliz
sabiá de mangueira
pra machucar meu coração
leva meu samba
espere oh nega
cheguei – não chore amor – favela
sorria
ex amada
juca seu talão

Vocalistas Tropicais Vol. 1 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical (2012)

Em sua vigésima-terceira edição, o Grand Record Brazil apresenta a primeira parte de uma retrospectiva das mais expressivas gravações dos Vocalistas Tropicais. Grupo vocal e instrumental, formou-se em 1941 na capital do Ceará, Fortaleza, e teve inúmeras formações até se definir com os seguintes componentes: Nilo Xavier da Mota (líder, violonista e arranjador), Raimundo Evandro Jataí de Souza (vocal, viola americana e arranjos), Artur Oliveira (percussionista e vocalista), Danúbio Barbosa Lima (percussionista), todos de Fortaleza, mais o recifense Arlindo Borges (vocalista e  solista de violão).
Eles se apresentaram, até 1944, na Ceará Rádio Clube, depois foram para São Luís do Maranhão, cantando na Rádio Timbira e no Hotel Cassino Central, e depois para Manaus, capital do Amazonas, onde se apresentaram na Rádio Baré.
Em 1945, acontece a inevitável mudança do grupo para a então Capital da República, o Rio de Janeiro, em busca de melhores oportunidades de trabalho. Ali chegando, foram contratados pela Rádio Mundial e pela gravadora Odeon. Exatamente em 6 de fevereiro de 1946, o quinteto comparece aos estúdios da “marca do templo” para gravar seu primeiro disco, lançado em março seguinte com o número 12681. No lado A, a matriz 8004 apresentava o fox “Papai, mamãe, você e eu”, de Paulo Sucupira (que também integrou o conjunto nessa ocasião e gravou com eles seus primeiros discos), e no verso, a matriz 8005 trouxe o balanceio “Tão fácil, tão bom”, do também cearense Lauro Maia. Foi aquele sucesso!
 Terminado o contrato com a Mundial, os Vocalistas Tropicais passam-se para a PRG-3, Rádio Tupi (“o cacique do ar”), e também atuaram em diversos cassinos cariocas, antes do governo Dutra proibir o jogo, além de participar de cinco filmes brasileiros. Em 1949/50, atuaram em duas revistas com Dercy Gonçalves, encenadas no Teatro Glória: “Quem está de ronda é São Borja” e “Confete na boca”. Ainda em 49, emplacam seu primeiro hit no carnaval, a marchinha “Jacarepaguá”, de Marino Pinto, Paquito e Romeu Gentil, vencedora do concurso oficial da prefeitura carioca, realizado no Teatro João Caetano. Sua discografia inclui 49 discos em 78 rpm, gravados nos selos Odeon, Continental, Copacabana e Indisco, além de um compacto simples pela RGE, em 1966, com as músicas “Hello, Dolly” e “Tô nesse bolo”. Esse foi o último disco deles, pois o grupo se desfez logo em seguida por falta de espaço na mídia, a exemplo de outros artistas contemporâneos deles. Neste primeiro volume, começamos a desfrutar um pouco da arte dos Vocalistas Tropicais, em registros de sua primeira fase, na Odeon. De início, as músicas do primeiro disco, já mencionadas aqui, “Papai, mamãe, você e eu” e “Tão fácil, tão bom”. Do segundo, de número 12691, gravado em 21 de março de 1946 e lançado em maio seguinte, o lado B, matriz 8011, outra composição de Lauro Maia, o “miudinho” “Tabuleiro d’areia”. Do terceiro disco, de número 12725, gravado em 6 de junho de 1946 e lançado em outubro seguinte, vem o lado B, matriz 8058, com o samba “Motivos musicais”, de Assis Valente e Alfredo de Proença. Do quarto disco, número 12740, gravado em 24 de setembro de 1946 e lançado em novembro seguinte, vem o lado A, matriz 8104, com a marchinha “Isto é que é amor”, de Matos Neto e Valter Silva. Evidentemente, a música visava o carnaval de 1947, assim como a faixa seguinte, o samba “Helena arrependida”, de Aristides Silva e J. Dutra, gravação de 19 de setembro de 1946 lançada um mês antes da folia, janeiro, com o número 12749-A, matriz 8096. Temos em seguida uma faixa histórica: ‘Tio Sam no samba”, que foi a primeira composição gravada de Zé Kéti (José Flores de Jesus, 1921-1999), um dos futuros monstros sagrados da MPB com hits do porte de “A voz do morro”, “Diz que fui por aí” e “Máscara negra”. Neste seu “debut” como autor, ele tyeve a parceria de Felisberto Martins, que então era também diretor artístico da Odeon. Os Vocalistas o gravaram em 16 de julho de 1946, mas a “marca do templo” só lançou a música em março de 47, com o número 12769-B, matriz 8074. Logo depois, as músicas do oitavo disco do grupo, número 12808, gravado em 2 de abril de 1947 e lançado em setembro seguinte, com dois sambas. Abrindo-o, matriz 8202, “Não manche o meu Panamá” (alusão a um tipo de chapéu em moda na época), de Alcebíades Nogueira, e, no verso, matriz 8203, “Exaltação a Noel”, de Waldemar Ressurreição, como indica o título, uma homenagem ao eterno Noel Rosa, morto prematuramente (26 anos) de tuberculose dez anos antes. Do nono disco dos Vocalistas, número 12818, gravado em 25 de agosto de 1947 e lançado em novembro seguinte, vem o lado B, matriz 8257, apresentando o samba “Perdoar nunca mais”, de Wilson Goulart, Álvaro Xavier e Romeu Gentil, visando ao carnaval de 1948, assim como a faixa seguinte, a marchinha “Pachá”, de Arnô Canegal e J. Piedade, gravação de 8 de outubro de 1947 lançada um mês antes dos festejos momescos, janeiro, com o número 12827-A, matriz 8278. Finalizando esta primeira parte, temos o samba “Apanhei do boogie woogie” (referência a um ritmo musical americano em voga na época), de Luiz Guilherme e Walter Teixeira, gravação de 31 de março de 1948 lançada em maio seguinte sob número 12856-A, matriz 8345. Enfim, é tudo que estamos apresentando para nossos amigos cultos e ocultos nesta primeira parte que o GRB dedica aos Vocalistas Tropicais. Aguardem que vem mais por aí!  

* texto SAMUEL MACHADO FILHO

Elza Soares E Batatinha – Projeto Pixinguinha 1983 (2012)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados! Esses registros de shows do Projeto Pixinguinha tem se tornado uma mão na roda, principalmente quando eu me encontro assim, quase sem tempo para preparar novas postagens. Estão se tornando novos ‘arquivos de gaveta’, aqueles que eu utilizo nas emergências.
Para hoje eu escolhi, entre tantos registros  extraídos do site da Funarte, “Brasil – Memória das Artes“, já devidamente ‘digitalizados’, um show dos mais deliciosos, o encontro de Elza Soares e o baiano Batatinha. Querem saber mais detalhes desse encontro? Então, vão lá nas páginas do “Projeto Pixinguinha“. O som, se alguém quiser ouvir, além de ser no site, basta pedir que o TM envia para o GTM 😉

malandro – elza soares
poema do imperador – elza soares
todo mundo vai ao circo – elza soares e batatinha
homenagem ao mestre cartola – elza soares
hora da razão- batatinha
jardim suspenso – batatinha
zaratempo – batatinha
diplomacia / imitação – batatinha
babá de luxo – batatinha
toalha da saudade – batatinha
segredo – elza soares
grito de prazer – elza soares
oração das duas raças – elza soares
amor até o fim – elza soares
enredo da pirraça – elza soares
alagoas – elza soares
independencia – elza soares
na baixa do sapateiro – elza soares e batatinha

José Festa E Chorões Da Paulicéia (1976)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados! Meu sábado também está sendo corrido, daí, só agora achei um momento para nossa postagem. Eu havia trocado a sexta pelo sábado e vice versa. Hoje então teremos um independente. Vamos com o trombonista José Festa e Os Chorões da Paulicéia, no disco “Festival de Trombone”, lançado em 1976 por um selo independente e distribuído pela gravadora e editora Crazy, de São Paulo. José Festa e os Chorões da Paulicéia nos trazem um álbum da melhor qualidade. São dez choros, quase todos de autoria de José Festa, onde o trombone, um instrumento singular no choro, principalmente como solista, dá ao gênero um sabor diferente e muito agradável. José Festa é um nome conhecido, mas entre os entendidos de chorinho. Infelizmente, pela rede, não achei muita coisa a seu respeito. Como sempre tenho feito, deixo aqui aberto o comentário para quem quiser e puder nos dar mais informações sobre o artista. Uma coisa eu garanto, um disco de choro da melhor qualidade! Confiram…

ele e ela
boi garantido
baloi em sete cordas
um choro no espanha
candangos de brasília
dito aleixo, minha saudade
felicidade
primeira em fá maior
chorando por alguem
cuidado com ele

As Novelas De 70 – Temas Instrumentais (2011)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados! Cheguei em casa, hoje mais cedo, pensando o que eu iria apresentar aqui no Toque Musical. Ao ligar o computador, fui dar uma espiada no show do Sepultura, lá no Rock In Rio Lisboa. Acabei assistindo toda a apresentação e de bandeja ainda vi boa parte do Metallica. Só parei por que lembrei de fazer a postagem. Na ‘voação’, acabei também por confundir os dias. Não sei porque, mas achei que hoje era dia de coletâneas. Esqueci que estamos na sexta, dia de artista/disco independente. Como já montei todo o esquema e espírito para uma coletânea, vamos a ela! Estou invertendo as bolas, amanhã vamos de independente, ok?
Como disse, eu estava pensando que fosse hoje um dia de coletânea e daí, muito por sorte encontrei, bem escondidinha essa coletânea que eu já tinha, por mim, com já postada. Mas verifiquei que não. O pior foi que eu me esqueci quem me enviou. Sei que foi algum amigo, na época em que eu andei convidando outros blogueiros para participarem das postagens. Porém, agora deu um branco. Me desculpe, meu prezado, pela demora e esquecimento. Independente de qualquer coisa, fica aqui o meu agradecimento. Sua seleção de temas instrumentais de novelas dos anos 70 foi (agora, mais que nunca) providencial. Salvou o dia e com certeza vai salvar o bom gosto de muita gente por aqui. Vamos conferir, né não?

1. Pigmalião 70 – Umas & Outras
(Marcos Valle/Paulo Sergio Valle/Novelli)  
2. Tema de Cristina – Erlon Chaves Orquestra
(José Briamonte)
3. Tema de Kiko – The Youngsters
(Roberto Carlos/Erasmo Carlos)  
4. Pêndulo – Egberto Gismonti
(Egberto Gismonti)  
5. Tema de Cristina – Briamonte Orquestra
(José Briamonte) 
6. Tema de Nando e Candinha – Erlon Chaves Orquestra
(Luli/Luiz Carlos Sá/Sônia Praseres)  
7. A Feira – Wilson das Neves
(Nonato Buzar/Mônica Silveira)  
8. Ao Redor (Tema de Amor) – Globetes
(Antônio Adolfo/Tibério Gaspar)  
9. Os Povos – Erlon Chaves Orquestra
(Milton Nascimento/Marcio H. Borges) 
10. Pigmalião 70 – Erlon Chaves Orquestra
(Marcos Valle/Paulo Sergio Valle/Novelli) 
11. Verão Vermelho – Elis Regina
(Nonato Buzar)  
12. Jornada – Wilson das Neves
(Roberto Menescal)  
13. Onde Você Mora? – Luiz Eça
(Paulinho Tapajós/Edmundo Souto)  
14. Baião do Sol – Geralda
(Nelson Ângelo)   
15. The Time of Noon – Erlon Chaves
(A. Kerr) 
16. Ela – Regininha
(Antonio Adolfo/Tibério Gaspar) 
17. Vitória, Vitória – Erlon Chaves
(Nonato Buzar)  
18. Assim É A Bahia – Roberto Menescal
(Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli)  
19. Verão Vermelho – Luiz Eça
(Nonato Buzar) 
20. Jeronimo – Luiz Carlos Sá
(Luiz Carlos Sá)  
21. Porto Seguro – Banda Cores Mágicas
(Dory Caimmi)
22. Irmãos Coragem – Banda Cores Mágicas
(Nonato Buzar/Paulinho Tapajós)  
23. Branca – Luiz Eça
(Danilo Caymmi/João C. Pádua)  
24. Bachiana nº5 – Joyce
(Heitor Villa-Lobos) 
25. Mon Ami – José Roberto
(José Roberto/Paulinho Tapajós) 
26. Tema de Suzi – Umas & Outras
(Roberto Menescal/Paulinho Tapajós)
27. Tema de Zorra – Orquestra CBD
(Waltel Branco) 
28. Assim na Terra Como no Céu – Roberto Menescal
(Roberto Menescal/Nonato Buzar/P.Tapajós)
29. Zip – Briamonte Orquestra
(José Briamonte)
30. Sol Nascente – Roberto Menescal
(Nonato Buzar/William Prado)

Marcos Valle – Estrelar (1983)

Bom dia, meus prezados amigos cultos, ocultos e associados! Hoje, felizmente, eu consegui uma meia horinha matinal para registrar aqui o ‘toque do dia’. A verdade é que, querendo ou não, eu terei que lançar esta postagem se não quiser perder o ponto. A quinta feira promete! Meu tempo já está todo tomado.
Vamos assim com o Marcos Valle, um dos artista mais tocados por aqui. Boa parte de sua discografia a gente já postou aqui. Agora vamos com “Estrelar”, álbum lançado em 1983, pela Som Livre. Taí um disco que é a cara dos anos 80, colorido, reciclado e variado. Me lembro que a primeira vez que eu ouvi este disco, torci um pouco o nariz. Me causou um certo estranhamento, talvez comparando com outros discos do artista. Mas depois de algumas audições a sua música desce ‘na boa’, tal qual os diversos sabores de sucos que ele nos oferece. Particularmente, gosto do carro chefe, “Estrelar”, um balanço que agitou alguns verões nas rádios e a medida em que nos afastamos no tempo, acho que ela fica ainda mais legal. Outra boa também é “Fogo do sol”. Aliás, essas duas músicas foram as que saíram na versão compacto. Há também duas regravações para “Samba de verão”, numa bossa quebrada e “Viola enluarada”, uma versão instrumental. O disco no todo é só verão. Uma boa pedida para esquentar um dia frio de um inverno que se anuncia. Confiram…

estrelar
fogo do sol
samba de verão
para os filhos de abraão
naturalmente
tapa no real
tapetes, guardanapos e cetim
dia d
mais do que amor
viola enluarada

Francisco Moraes E Sua Orquestra – Sucessos De Adelino Moreira (1961)

Ufa! Custei, mas cheguei… e nem vou me prolongar, ainda preciso de um banho e logo uma cama. Estou ‘pregado’! O disco de hoje não é exatamente de gaveta não, mas está fazendo este papel. Foi o único pronto para o ‘abate’.
Temos aqui a música do compositor Adelino Moreira, seus maiores sucessos, na interpretação do então jovem maestro, Francisco Moraes e sua orquestra. Taí um álbum bem bacana, onde vale a pena ouvir uma versão instrumental de sucessos de Adelino, sempre eternizados na voz de Nelson Gonçalves. Interessante…

a volta do boemio
maria helna
deusa do asfalto
devolvi
chore comigo
flor do meu bairro
solidão
ciclone
fantoche
moço
queixas
meu vício é você

Lindomar Castilho – Canções Que Não Se Esquecem (1964)

Olás! Estou precisando voltar às postagens matinais, pois essa história de deixar para mais tarde acaba me tirando o apetite. Além do mais, pela manhã a gente sempre está com a cabeça mais leve. Mas enquanto não dá, vamos que vamos…
Trago hoje para vocês um dos primeiros discos do emblemático cantor Lindomar Castilho. Talvez, se não me engano, este foi o primeiro e possivelmente o único onde o cantor ainda não fazia o estilo ‘popularesco’, mais adiante conhecido como brega. Em “Canções que não se esquecem” ele interpreta músicas, aquelas famosas e em sua maioria, de Vicente Celestino e de Cândido das Neves, o Índio. É, sem dúvida, um disco interessante e raro, que merece ser ouvido. Notem que neste lp há uma faixa, “Matei”, do dramático Celestino, que é o que podemos chamar de uma infeliz premonição. Eis aí uma postagem que carece de comentários, seja pelo disco e seu repertório ou pelo artista e seu drama pessoal. Fiquem a vontade…

noite cheia de estrelas
coração materno
porta aberta
ouvindo-te
serenata
o ébrio
patativa
rasguei o teu retrato
matei
e nada mais
quero voltar
ilusão de garoto

Antenógenes Silva, Edú Da Gaita, José Menezes, Waldir Azevedo E Dilermando Reis – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 22 (2012)

Easy listening tupiniquim da melhor qualidade. É o que nos oferece esta vigésima-segunda edição do Grand Record Brazil, apresentando instrumentistas brasileiros que deixaram sua marca em nossa música popular.Começamos com um autêntico mago do acordeão: Antenógenes Silva (1906-2001), mineiro de Uberaba. Ele também exerceu profissões paralelas: comerciante de queijos e químico industrial, tendo sido fundador, no Rio de Janeiro, do Laboratório Creme Marcília, que existe até hoje. Os discos de Antenógenes, quando cantados (gravou com muitos intérpretes, tais como Gilberto Alves, Alcides Gerardi e Jamelão), traziam seu nome em destaque, aparecendo embaixo do de quem cantava, tamanho era seu prestígio popular. Da extensa discografia de Antenógenes, foi escalado para esta edição o disco Odeon 11739, gravado em 19 de junho de 1939 e lançado em julho seguinte, com duas valsas adaptadas por ele próprio. Abrindo o disco, a matriz 6113 apresenta a tradicional “Saudades de Ouro Preto”, gravada e regravada por inúmeros intérpretes, entre eles outro sanfoneiro, o grande Luiz Gonzaga (de quem Antenógenes, aliás, afinava ocasionalmente a sanfona, conforme revelou em entrevista a um programa de rádio). No verso, matriz 6114, vem “Saudades de Uberaba”, de autoria de Oscar Louzada, cuja primeira gravação foi feita ainda na fase mecânica pelo Grupo Vienense, em 1917. O acompanhamento em ambas as faixas é do violonista Rogério Guimarães.Em seguida, aquele que sem dúvida foi o maior virtuose da gaita que o Brasil já teve: Eduardo Nadruz, aliás, Edu da Gaita (Jaguarão, RS, 1916-Rio de Janeiro, 1982). Ele aqui aparece com “Capricho nortista”, uma seleção de baiões compostos por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, numa época em que o baião estava no auge do sucesso. Saiu pela Continental em maio-junho de 1950, ocupando os dois lados do 78 rpm 16192, matrizes 2259 e 2260. O arranjo e a regência do acompanhamento de cordas são de Alexandre Gnattali, irmão de Radamés.Trazemos depois o multi-instrumentista José Menezes de França, cearense de Jardim, nascido em 6 de setembro de 1921. O disco aqui apresentado é o Sinter 00.00-053, lançado em meados de 1951, em que Menezes executa seu cavaquinho à frente de seu conjunto e com a participação ao clarinete de outro grande instrumentista brasileiro, Abel Ferreira. Abrindo o disco, matriz S-107, o choro “Encabulado”, do próprio Menezes em parceria com Luiz Bittencourt, então diretor artístico da Sinter. No verso, matriz S-108, o clássico “De papo pro á”, de Joubert de Carvalho, em ritmo de baião, e lançado em 1931 por Gastão Formenti, com letra de Olegário Mariano. José Menezes, nos anos 1960, criou a orquestra dos Velhinhos Transviados, que tocava músicas atuais com arranjos antigos e vice-e-versa, lançando mais de 15 LPs.O nome seguinte é uma autêntica referência quando se fala em solistas de cavaquinho: Waldir Azevedo (Rio de Janeiro, 1923-São Paulo, 1980). Autor e intérprete de choros que marcaram época (como “Brasileirinho”, “Carioquinha”, “Pedacinhos do céu”, “Vê se gostas” e “Amigos do samba”, além do baião “Delicado”, hit internacional), Waldir aqui comparece com o disco Continental 16428, gravado em 27 de junho de 1951 e lançado entre julho e setembro do mesmo ano. No lado A, matriz 2635, Waldir sola o tango “Jalousie”, clássico de autoria do dinamarquês Jacob Gadé, composto em 1925 e sucesso instantâneo em todo o mundo. No verso, matriz 2637, o choro “Camundongo”, do próprio Waldir em parceria com o pandeirista Risadinha, então músico do conjunto do notável cavaquinista.E, para encerrar com chave de ouro, um violonista que também é referência obrigatória: Dilermando Reis (Guaratinguetá, SP, 1916-Rio de Janeiro, 1977). Ele manteve durante anos na lendária Rádio Nacional carioca o programa “Sua majestade, o violão”, além de ter dado aulas de seu instrumento a Juscelino Kubitschek de Oliveira, quando este era presidente do Brasil. Dilermando, um autêntico mago do violão, comparece aqui com duas gravações Continental: do disco 17522-A, lançado em janeiro-fevereiro de 1958, matriz C-4075, ele sola sua valsa “Se ela perguntar”, que fora sucesso em 1952 na voz de Carlos Galhardo, com letra de Jair Amorim. E do 78 de número 17604-A, lançado em novembro-dezembro do mesmo ano, matriz 12154, ele apresenta a canção (na verdade, um estudo em mi) “Romance de amor”, de autoria controvertida. Nesse disco, aparece como autor o nome de outro violonista e guitarrista, Vicente Gómez (Madri, Espanha, 1911-Los Angeles, EUA, 2001). Outras fontes atribuem a paternidade de “Romance de amor” a um misterioso Antonio Rovira, de biografia desconhecida, provavelmente um pseudônimo (fala-se até que ele nunca existiu). Ambas as faixas também saíram no LP “Sua majestade, o violão”, o segundo de Dilermando e o primeiro no formato-padrão de doze polegadas. Enfim, uma primorosa edição do GRB, para aqueles que sabem o que é bom e apreciam a arte de nossos maiores músicos. Não deixe de ouvir e guardar! 



*TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO

The Jet Rockers – Rock Espetacular! (196…)

Opa! Finalmente estamos na área! E sem muitas delongas, vamos ao que interessa. Hoje vamos de rock, ou do que seria um dos primeiros discos do gênero lançados no Brasil. The Jet Rockers é o nome do conjunto que interpreta aqui, com muita competência por sinal, os grandes sucessos do ‘rock’n’roll’ e outras baladas. O grupo é mencionado como sendo da Jovem Guarda, mas quem foram seus integrantes é coisa que eu não consegui descobrir em 15 minutos. O mais importante é que um disco ótimo de se ouvir e, porque não, de dançar. Vale uma conferida e um comentário aqui ajudando a esclarecer quem foram ‘Os Jets Rockers”. Alguém se habilita? 🙂 Espetacular!

see you later, alligator / rock around the clock / shake, rattle and roll
little darling
hey mama
only you
bat masterson
my prayer
little devil / pink show laces / stupid cupid / love me tender / you are my destiny
greenfield
tutti frutti
itsy bitsy teenie weenie yellow polka-dot bikini
look for a star
train of love

Radio Active – Cash Box (1972)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados! Eu já ia me esquecendo da postagem do dia. Hoje ainda tenho compromissos sociais. Então, quanto não dá a hora da partida, vamos à postagem do dia.
Trago para o sábado de coletâneas um seleção interessante, lançada no início dos anos 70. Olhando assim pela capa, pelos nomes das músicas e seus respectivos intérpretes, diríamos se tratar de uma coletânea internacional. Ouvindo então as músicas, teríamos então a certeza de que se trata de um disco de estrangeiros. E o que estaria fazendo este disco aqui no Toque Musical? A verdade é que de internacional só mesmo o espírito da coisa, ou seja, a turma toda aqui é brazuca. Acho que já comentei sobre isso em outra postagem. O selo Cash Box foi criado pela gravadora Copacabana para as produções de Cesare Benvenutti, um italiano que soube, aqui no Brasil, explorar como poucos o mercado fonográfico pop de maneira inteligente. Ele produziu vários grupos e artista, dando a eles nomes estrangeiros e obviamente cantando em inglês. Dessa empreitada saíram músicas que fizeram um relativo sucesso na época. Ainda hoje, muita gente acha Lee Jackson, Light Reflections, Tobruk e muitos outros são estrangeiros, mas não, tudo nasceu em Sampa, no início dos anos 70.
Nesta coletânea vamos encontrar os principais artistas do selo Cash Box. Este álbum é um apanhado de alguns lançamentos do selo para seus compactos. Muitos desses artistas e suas músicas ficaram apenas no compacto. Um momento curioso da música pop no Brasil e pouco divulgado.

don’t want to say goodbye – jennifer
we can work it out – day by day
tell me once again – light reflections
nobody but you – danny anderson
mad mad banana – funny thing
kkk love – connection eye
lucy look alright – danny anderson
send it for tomorrow – light reflections
i wish that  you could – connection eye
long time – funny thing

 

Rossine Ferreira – Choros Romanticos (1985)

Boa noite a todos! Chegamos a mais uma sexta feira, dia nacional da cerveja! Eu, daqui a pouco, vou também tomar uma para rebater o frio que vem chegando sorrateiro. A turma já está lá esperando e eu não posso e nem quero demorar. Vai aqui então o nosso albinho independente da sexta.
Temos aqui o pernambucano, Rossine Ferreira, um dos grandes bandolinistas brasileiros. Atuou ao lado de Jacob do Bandolim, de quem era muito amigo. Foi integrante do grupo “Amigos do Choro” com o qual fez inúmeras apresentações. Compositor, autor de diversos choros premiados em festivais nos anos 70 e 80.
“Choros Românticos” foi uma produção independente, do próprio Rossine, lançado possivelmente em 1985. Aqui vamos encontrar quinze músicas, basicamente todas chorinhos, compostas e executadas pelo próprio artista. Uma coisa que sempre me chama a atenção no chorinho é o nome das músicas, singulares…
chorando com wilson maria
lúcia baptista
romantico
no meu tempo era assim
poesias do aldemar
josete
novos rumos
drmenna
fascinante
samira
foi um sonho
tristezas de um carnaval
só nós dois
um alô para o six
raio de sol

Jorge Goulart – Sambas Fantásticos (1962)

Boa tarde, amigos cultos, ocultos e associados! Vou aproveitando aqui esses 15 minutos de folga para trazer logo a postagem do dia. Meu tempo está curtíssimo, cheio de tarefas. Mal vai dando para a publicação da postagem de hoje. Mas vamos lá…
Hoje temos o cantor Jorge Goulart em um disco lançado pelo selo Musicolor em 1962. O álbum estava um caco, com sua capa mofada e suja, porém o disco ainda aguentava mais algumas rodadas e antes que ele se perdesse de vez, aproveitei para digitalizá-lo. Recuperei o máximo que pude, preservando deste apenas a frente da capa. Se houvesse mais tempo podeira ter feito melhor, mas prefiro focar os meus cuidados ao conteúdo, que é ótimo! Temos aqui um repertório de sambas ufanistas, músicas que falam da grandeza do Brasil e seu ritmo maior, o samba. Por aqui desfilam temas de diferentes compositores, músicas que marcaram para sempre o cancioneiro popular. Um belíssimo disco que agora eu convido vocês para ouvirem 🙂

samba fantástico
brasil
tudo é brasil
brasil, usina do mundo
isto aqui o que é
brasil moreno
a voz do morro
isso é brasil
aquarela do brasil
onde o céu azul é mais azul

Orlando Silva – Serenata (1957)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados! Aqui estamos já numa quarta feira. Como a semana passou de pressa! Acho que tenho andado no automático, só pode… Eu havia preparado uma outra postagem para o dia de hoje, mas acabei esquecendo o ‘pendrive’ espetado no outro computador. Daí fui obrigado a puxar um outro dos meus sempre prontos, ‘discos de gaveta’. No final estou achando que a emenda ficou melhor que o soneto. Ouvindo aqui agora o Orlando Silva, acho que esta foi mesmo a melhor pedida.
Temos aqui ‘o cantor das multidões’ neste belo álbum lançado pela Odeon em 1957. Trata-se de um disco onde a gravadora e o cantor procuram prestar uma homenagem ao compositor carioca Freire Junior, um ano após a sua morte. Freire Junior é o autor de músicas como “Malandrinha”, “Luar de Paquetá” e “Olhos Japoneses”. Francisco José Freire Junior era também um pianista, sendo considerado um dos mais importantes autores do teatro de revistas.
“Serenata” é verdadeiramente um álbum muito bonito. Não bastasse um grande cantor, o que me chama também muita atenção são os arranjos… uma maravilha. Gostaria de saber de quem são… Confiram comigo…

olhos japoneses
malandrinha
revendo o passado
a beira mar
luar de paquetá
santa
pálida morena
deusa

Tim Maia – Racional Vol. 1 (1975)

Olá amigos cultos, ocultos e associados! Hoje eu acordei meio que com vontade de ouvir o ‘swing’ do Tim Maia, mais especificamente a música “Rational Culture”. Independente de qualquer que seja a mensagem, o instrumental deste disco é ótimo. Ninguém melhor que o Tim Maia para assimilar a ‘black music’ americana e neste lp ele está impecável, tanto na na criação musical quanto na interpretação. Nesta fase de sua vida artística, enveredou-se para o lado da doutrina filosófica-religiosa, Cultura Racional. Lançou de maneira independente dois discos cuja a temática era toda voltada para as questões ligadas a doutrina do ‘homem do outro mundo’, Manuel Jacinto Coelho, fundador da Cultura Racional. Esta foi uma fase de auto recuperação do Tim. O cara se encantou com a filosofia Racional, deixando de lado aquela vida mundana de artista perdido na noite. Largou a bebida e outras drogas. De branco agora, só as suas vestimentas que passou a usar, em nome da ‘nova ordem’. Muitos de seus fãs passaram a vê-lo com descrédito e até mesmo os meios de comunicação, como rádio e tv. Se por um lado o Tim Maia estava parecendo um fanático religioso, com suas músicas voltadas inteiramente para o doutrinamento, por outra, foi a fase onde ele conseguiu fazer sua melhor ‘black music’. Longe das drogas, com a cabeça mais leve e mais sereno, ele estava cantando muito melhor. Pessoalmente, vejo, nesse sentido, um retorno aos bons tempos, uma pegada funk que nenhum outro artista nacional, metido a besta, conseguiu. Este volume 1 eu gosto mais do que o 2 (e o três). Aliás, “Rational Culture” já vale o disco. Grande Tim Maia! Figuraça!

imunização racional (que beleza)
o grão mestre varonil
bom senso
energia racional
leia o livro universo em desencanto
contato com o mundo racional
universo em desencanto
you don’t know what i know
rational culture

Vários – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 21 (2012)

E chegamos à vigésima-primeira edição do meu, do seu, do nosso Grand Record Brasil. E esta particularmente me orgulha, pois foi feita com a minha humilde colaboração. Alguns dos fonogramas preciosos que a compõem são de minha coleção particular, e nesse caso sinto-me feliz em ter ajudado a fazer a edição desta semana do GRB.
Para começar, apresentamos um disco do Quarteto Quitandinha, que teve uma atuação curta porém marcante. Era formado pelos gaúchos Alberto Ruschel (mais tarde ator de cinema), Francisco Pacheco, Luiz Teles e o violonista Luiz Bonfá, autêntico precursor da bossa nova que, evidentemente, integrou-se ao movimento, e é autor de clássicos como “De cigarro em cigarro” e “Manhã de carnaval”, este em parceria com Antônio Maria. O nome do grupo foi dado pelo produtor Carlos Machado quando o mesmo se apresentava no Hotel Quitandinha, na cidade serrana de Petrópolis, RJ. Em 1946, com o fim dos cassinos no Brasil, por decreto do então presidente Dutra, o conjunto foi para o Rio de Janeiro em busca de novos horizontes para continuar sua carreira, apresentando-se em rádios como a lendária e então poderosa Nacional. Seu primeiro disco saiu pela Continental, em setembro de 1946, apresentando o samba-jongo “Vou vender meu barco” e a popular canção mexicana “Malagueña”. Nesta edição do GRB, o segundo disco dos Quitandinhas, o Continental 15835, gravado em 25 de setembro de 1947 e lançado em outubro seguinte. O lado A, matriz 1729,  é a clássica toada “Felicidade”, um dos maiores hits de Lupicínio Rodrigues como compositor, e que voltaria a fazer sucesso em 1974, mesmo ano da morte do autor, numa regravação de Caetano Veloso. No verso, matriz 1730, uma canção típica gaúcha, da autoria de Artur Elzner e Ney Messias, “Minuano”, vento frio e gelado, típico da Região Sul. O Quarteto Quitandinha, depois Quitandinha Serenaders, gravaria mais tarde seis discos pela Odeon, e se desfez em 1952.
Sílvio Caldas, o sempre festejado “caboclinho querido”, aqui comparece com o disco Sinter 00.00-186, lançado em abril de 1953, com duas composições de Joubert de Carvalho, e acompanhamento da orquestra do sempre eficiente Lírio Panicalli. Abrindo o disco, matriz S-413, a pungente canção “Silêncio do cantor”. Os versos de David Nasser foram escritos a pedido de Francisco Alves, que imaginava com tristeza o dia em que se aposentasse da carreira artística. Chico musicou a letra, mas a melodia se perdeu, sem ser gravada, justamente por causa do acidente automobilístico que o vitimou, em 27 de setembro de 1952. A letra estava dentro do violão de Chico, e salvou-se milagrosamente do fogo do acidente. Então David Nasser recorreu a Joubert de Carvalho, que fez nova melodia, e “Silêncio do cantor” acabou se tornando uma homenagem póstuma àquele que foi o Rei da Voz. Completando o 78, matriz S-395, a valsa “Flamboyant”, de Joubert sozinho.
Em seguida apresentamos o pernambucano e recifense José Tobias de Santana, que veio ao mundo no dia 6 de março de 1928. Iniciou sua carreira na Rádio Jornal do Commércio, e pouco depois mudou-se para o Rio de Janeiro, contratado pela PRG-3, Rádio Tupi (“o cacique do ar”), atuando na também na Rádio Record de São Paulo, PRE-8 (então “a maior”). Estreou em disco na Star, em 1952, interpretando dois baiões de Zé Dantas, “Acauã” e “Chora baixinho”. O disco daqui é o Copacabana 5276, lançado em meados de 1954, provavelmente em junho. No lado A, matriz M-605, o samba (tendendo mais para toada) “Criança má”, de Luiz Gonzaga em parceria com o escritor e radialista Giuseppe Ghiaroni. E o lado B, matriz M-606, é um verdadeiro clássico: a rancheira “Você vai gostar”, muitas vezes regravada, e também conhecida com os títulos “Casinha branca” e “Lá no pé da serra”. Seu autor, Elpídio dos Santos, apelidado de Conde (1909-1970), era paulista de São Luiz de Paraitinga, cidade que, lamentavelmente, teve seu patrimônio histórico destruído por enchentes, mas atualmente em processo de reerguimento. Elpídio era também o compositor predileto do comediante Mazzaropi, tendo feito inúmeras músicas para seus filmes.
Em seguida apresentamos as músicas do disco de estréia do cantor Carlos Antunes, sobre o qual há pouquíssimas informações biográficas disponíveis. Mineiro de Guarani, chamava-se Joaquim Sérgio Ferreira, e residiu por muitos anos em São Paulo, onde ganhou a vida como professor. Depois disso, voltou à sua Guarani para desfrutar da aposentadoria, direito aliás de qualquer cidadão, e faleceu por volta de 1998. Sua discografia como cantor, que vai de 1952 a 1959, tem apenas 7 discos com 13 músicas, a maioria pela Continental e apenas um na RCA Victor. E sua estréia deu-se justamente com nosso disco desta semana, o Continental 16525, gravado em 28 de agosto de 1951, porém só lançado em março-abril de 1952 , com duas composições de João Manoel Alves (português de Monção, que se radicou no Brasil em 1929) e Arlindo Pinto (São Paulo, 1906-idem, 1968), este parceiro de Mário Zan e Palmeira em inúmeros sucessos. Abrindo o disco, matriz 11251-R, o tango-canção “Farrapo humano”, ao que parece inspirado em um filme americano de mesmo nome, de 1945, dirigido por Billy Wilder e estrelado por Ray Milland, retratando de forma realista o problema do alcoolismo. A película ganhou quatro Oscars: filme, ator (Milland), direção (Wilder) e roteiro original. No verso, matriz 11250-R, a canção “Cigana”. Ambas as músicas, com acompanhamento do regional do violonista Nélson Miranda, alcançaram expressivo sucesso, em particular no Nordeste, graças à interpretação única que Carlos Antunes lhes soube dar, e ainda hoje comovem o sentimento popular, sendo muito lembradas e procuradas por colecionadores.
Por fim, apresentamos o grande Tito Madi, verdadeiro ícone de nosso cancioneiro romântico. E seu disco desta semana no GRB, o Continental 17416, lançado em março-abril de 1957, apresenta dois clássicos de sua autoria, muito lembrados até hoje. Abrindo o disco, matriz C-3917, a valsa “Chove lá fora”, sucesso fulminante, inclusive no exterior, sendo gravada em inglês pelo grupo vocal americano The Platters com o título “It’s raining outside”. No verso, matriz C-3916, o samba-canção “Gauchinha bem querer”, que Tito compôs quando participou de festejos promovidos pela Rádio Farroupilha de Porto Alegre. Ambos os registros têm acompanhamento orquestral do gaúcho Radamés Gnattali, e são portanto bem diferentes dos que estão nos LPS disponibilizados pelo Toque Musical. Nunca tiveram qualquer relançamento, e portanto são verdadeiras relíquias, como aliás todos os que compõem esta edição do GRB, para você guardar com carinho e desfrutar de verdadeiras joias raras de nossa música popular. Bom divertimento! 

Samuel Machado Filho

Jorge Goulart – Rodolfo Mayer – Mãe (196…)

Bom dia, amigos cultos, ocultos e associados de plantão! Hoje é o Dia das Mães e eu quero aqui prestar a minha homenagem a esta figura fundamental em nossa vida. Quero antes de tudo, me abrir um pouco mais, deixando de lado o personagem Augusto TM e mostrando a vocês um pouco do outro cara aqui, isso obviamente, relacionado às minhas mães. Eu posso me considerar nesse ponto uma pessoa de muita sorte, pois tive nessa vida duas ‘mãezonas’. Poderia até dizer que tive mais, pois sempre fui muito bem acolhido e amado por diversas mulheres. Me refiro, claro, ao amor maternal e espiritual.
Quando iniciei este blog, o Toque Musical, estava vivendo um momento muito difícil em minha vida. Minha mãe natural havia acabado de falecer, vítima de um câncer silencioso e agressivo que nos pegou a todos de surpresa. Ela, coitada, nunca soube que mal era aquele que a levou a morte. Abandonei minha mulher e filho e fui viver os últimos três meses cuidando da minha mãe, sozinho! Dois anos antes, havia também perdido a minha irmã, que não chegou a completar 33 anos. Isso, por certo abalou muito a minha mãe e esse câncer deve ter se originado aí, em sua imensa tristeza. Foram três meses de barra pesadíssima, eu sozinho, sem ter muito com quem contar. Fui filho, médico, enfermeiro, conselheiro e tudo que pedia aquele momento. Sofri demais carregando a minha velha para hospitais, desesperado e contando realmente só com a ajuda de Deus. Estava para abandonar também o meu emprego, não fosse a solidariedade e pena dos colegas e chefe, que souberam nessa hora compreender a minha situação. Rezei a Deus para que não me desamparasse e não deixasse a minha mãe morrer comigo sozinho naquela casa. Eu estava meio que perdido, enfraquecido e como disse, sozinho principalmente nas noites, onde eu mal dormia. Eu não saberia o que fazer se ela morresse em casa. Mas já nos seus últimos dias a situação se agravou e eu fui obrigado a levá-la para o hospital. Lá, eu também encarei as noites dormindo na cadeira do seu quarto, mas pelo menos tinha a assistência das enfermeiras e médicos. Em sua última noite eu já não suportava mais de cansaço e numa cama ao lado, que estava vazia, dormi um sono que nunca dormi antes, sem sobressaltos, tranquilo. Acordei as 5:30 e fui logo pegando em sua mão. Ela me olhou já meio distante e em seguida faleceu. Parecia até que ela estava só esperando eu acordar para em seguida morrer. Foi muito triste, foi barra… (desculpem, mas agora eu estou chorando)
Mas essa história de mãe não termina aqui. Meu sofrimento seria ainda muito maior algum tempo depois. Como disse, tive duas mães. A outra foi a minha tia, irmã de meu pai. Essa, coitada, só não me ajudou com a minha mãe porque também estava numa cama já há dois anos, vítima de um AVC que a deixou paralisada nas pernas, o braço direito e na fala. Era uma mulher dinâmica, super ativa, dona de sua vida e da dos outros que ela sempre cuidou. Tinha sua casa, seu carro, sua independência… De repente, num péssimo dia,  ela sofreu um derrame e daí, nunca mais se recuperou. Perdeu tudo, agora entravada numa cama. Ela tinha apenas um filho, que eu o considerava como meu irmão mais velho. Por cinco anos ela ficou em sua casa, sendo assistida por uma pessoa contratada por meu primo. Este, um professor doutor universitário, envolvido em seus projetos e uma família, não tinha lá muito tempo para a mãe. Abasteceu com os cuidados que achava necessários, mas o que ela mais queria ele nunca deu, atenção, afeto e carinho. O cara era naturalmente seco e suas emoções eram outras, que nem vale a pena aqui eu comentar. Entregou os cuidados da mãe à uma pessoa descontrola, um mulher com distúrbios bipolares, que mais prejudicou a minha tia do que a ajudou. Implicava com as pessoas que iam visitar a minha tia, inclusive eu, que independente disso, forçava para vê-la todos os dias. Meu primo só aparecia por lá nos finais de semana, fica na casa por pouco tempo e logo ia embora. Só ia mesmo para levar remédios, fraudas e o dinheiro da maluca. Meu envolvimento com a minha tia aumentou, principalmente depois da morte da minha mãe, quando então eu tinha mais tempo para acompanhá-la. Minha tia, embora não pudesse se locomover e se comunicar pela fala era uma pessoa lúcida e mesmo com todos os seus males ainda esboçava uma alegria esperança na vida. Mas essa mulher, a acompanhante, que passou a viver com ela transformou sua vida num inferno. Afastou da casa todos os amigos e implicou até com a fisioterapeuta. Meu primo, afastado do que realmente acontecia por lá, estendeu a tortura até chegar a um ponto em que a acompanhante resolveu abandonar a casa. A mulher era totalmente louca, mas o comodismo desse primo o impedia de procurar outra pessoa para cuidar de sua mãe. Ele bem que podia ter a levado para ficar em sua casa, que por sinal é enorme, com vários cômodos, uma grande e bela casa, onde vivia só ele, a esposa e um cachorrão fedorento. Os dois filhos já eram independentes e moravam em suas próprias casas. Em suma, ele tinha todas as condições para cuidar e estar mais próximo da mãe. Mas ele não queria isso. Quando então, a acompanhante deu no pé, ele imediatamente levou minha tia para um asilo. Asilo de rico chama-se ‘clínica da vovó’, mas no fundo não tem muita diferença. Meus amigos, vocês não fazem ideia do que é sofrimento. Do sofrimento que esse primo impôs à minha tinha e também a mim, que nessa altura já estava muito envolvido com a situação. Pedi a ele, insistentemente, que não a deixasse naquele lugar, era o inferno em dose dupla. Cheguei a propor que voltasse com ela para a sua casa e que eu mesmo cuidaria dela. Mas aquele imbecil sem coração, não quis me dar ouvidos. Vou dizer para vocês, acho que sofri mais do que com a minha mãe. Isso por que a minha tia era uma santa e merecia ter sido tratada de outra forma. Eu a considero como minha segunda mãe porque foi ela quem me criou dos 11 aos 30 anos, período em que fui morar na casa dela. Minha mãe nessa época havia casado com um outro homem e eu acabei sendo criado pela minha tia. Daí uma das muitas razões pelas quais eu tinha um laço muito forte com essa mulher. Meu Deus, como foi difícil acompanhar todo aquele sofrimento desnecessário pelo qual a minha tia-mãe passou.
Eu ia todos os dias visitá-la no asilo e sempre prometendo a ela que faria de tudo para tirá-la de lá. Insisti, insisti e insisti… mas nada! Aquele coração de ferro era inabalável. Em um ano e meio que a minha tia ficou por lá ela foi aos poucos se definhado e pelos maus tratos acabou tendo uma infecção na perna e já nos seus últimos momentos, teve que amputá-la. Que coisa horrível! Como foi triste. Vejam vocês, depois de amputada, já num hospital, sofrendo horrores, o médico lhe deu alta, ou melhor dizendo, mandou que ela voltasse para casa (para desocupar a vaga no quarto). Meu primo então me avisa que iria levá-la de volta ao asilo.Eu chorei por dentro e implorei dizendo, “não leva pra lá não, leva para a sua casa, deixa ela morrer lá…” O cara levantou-se da cadeira onde estava e me mandou calar a boca. Disse que estava cheio de ouvir as minhas reclamações, que a mãe era dele e que faria da forma que achasse melhor. Aquilo me deu tanto ódio que se não fosse pelo fato de estarmos no quarto do hospital com aquele resto de vida, eu teria partido para cima dele. Meu desejo naquele momento foi quebrar a cara daquele safado. Não fosse pela presença (?) da minha tia ali eu iria bater muito naquele cara. Mas, eu me controlei. Com lágirmas nos olhos, fui até a cama, despedi da minha tia e disse a ela: “Meu bem, vai agora. Aqui não há mais nada para você. Vá em paz, eu me despeço aqui. Que Deus lhe acolha como você merece.” Saí de lá com o coração ainda mais partido. Minha tia morreu um dia depois. Nunca mais olhei na cara daquele sujeito e espero nunca mais vê-lo. Tomei um verdadeiro ódio. Hoje, agora nesse dia, não tive como não lembrar de tudo. Não vou nunca perdoá-lo, mas confesso, tenho pena dele.
Desculpem por esse desabafo… eu não esperava chegar a tanto…
Fiquem hoje apenas com esse compacto, lançado pelo selo Mocambo. Onde temos de um lado o cantor Jorge Goulart interpretando a música “Ser mãe”, dos irmãos Coelho e Silvino Netto e do outro o poema/canção “Carta a mãe distante”, também de Silvino Netto. Pode parecer meio piegas esse disquinho para os dias de hoje. Mas quem tem uma mãe no coração, não acha não!

carta a mãe distante – rodolfo mayer
ser mãe – jorge goulart

Céu – Extras E Com… (2012)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados de plantão. Hoje o sábado foi pesado, com tantas caixas de elepês que eu carreguei para a Feira do Vinil, que tem acontecido sempre no segundo sábado de cada mês, numa galeria que fique ali na Savassi, rua Pernambuco com Inconfidentes. Quem é de Belô, certamente deve conhecer. O dia foi pesado sim, mas só pelas pilhas de discos, de resto foi ótimo ficar ali o dia inteiro ouvido músicas variadas, folheado os álbuns e falando sobre a Música e seus artistas. Bom demais essa convivência. Para melhorar, ainda me encontrei com pessoas super simpáticas, entre essas, uma de nossas amigas cultas, Madame Mignez, que generosamente me presenteou com um disco de Dilermando Reis (muito obrigado, mais uma vez). Em resumo, a feira foi ótima! Tudo azul!
Este azul então me remeteu ao azul do céu e o céu à Céu, entendeu? Não? Eu explico… Estou falado dessa lindeza que é a cantora Céu. Acredito que todos devam conhecer, quem não conhece, faça-me o favor! Temos aqui uma seleção enviada pelo amigo André Stangl, reunido 22 músicas, que essa jovem cantora nos apresenta ao lado de outros artistas e bandas da nova geração da música ‘pop’ brasileira.
Eu estava quase disposto a escrever mais sobre essa coletânea bem variada, mas percebo que já vamos entrar no domigo e antes que o sábado acabe de vez, vamos dar a ele a sua postagem. Segue aqui mais uma produção exclusiva do Toque Musical. Amanhã tem mais 🙂

nação postal – céu e beto villares
salve – céu e dozna zica
tempo de carne e osso – céu e mombojó
inferno – céu e nação zumbi
caimbo – céu e sonantes
miopia – céu e sonantes
defenestrando – céu e sonantes
quilombo te espera – céu e sonantes
braz – céu e sonante
frevo de saudade – céu e sonantes
visgo de jaca – céu
skate phaser – céu e guizado
tempo de amor – céu e herbie hancock
neverland – céu e anelis assumpção
doce demora – céu e gui amabis
fim de tarde – céu e gui amabis
swell – céu e gui amabis
it’s a long way – céu  (in red hot rio II)
música – céu e lucas santana

Itamar Assumpção E As Orquideas Do Brasil – Bicho De Sete Cabeças (1993)

Bom dia, amigos cultos, ocultos e associados de plantão! Independente de ser sexta feira, hoje por aqui eu vou de Itamar Assumpção. Taí um artista, que vez por outra eu gosto de escutar e que para mim, já estava postado aqui no Toque Musical. Mas, são tantas as emoções que eu nem mais sabia se já o havia postado ou não. Pessoalmente, “Beleléu e a Banda Isca de Polícia” é insuperável e por acaso eu já postei. Assim, vamos com este outro álbum, de 1993, lançado pelo selo independente Baratos Afins. Aqui encontramos Itamar acompanhado do grupo feminino “As Orquídeas do Brasil”. “Bicho de sete cabeças” foi um álbum onde Itamar contou apenas com mulheres. Além das Orquídeas, participam também outras artistas de destaque como, Rita Lee e as irmãs Alzira e Tetê Espíndola. Segundo o texto do encarte, o ‘aviso aos navegantes’, este disco é a primeira parte da trilogia “Bicho de Sete Cabeças”, todos gravados em 1993. Neste primeiro, Itamar se encontra muito a vontade, desfilando suas composições e parcerias. Apenas a faixa “Balaio” não é de sua autoria. Me parece que este disco chegou a ser relançado com outra capa ou algo assim. Foi lançado também em cd, mas duvido que ainda se encontre para venda, a não ser por sorte em algum sebo por aí… Não deixe de conferir… mas antes, tem que pedir, ok?  😉

sujeito a chuvas e trovoadas
venha até são paulo
custa nada sonhar
quem é cover de quem
noite torta
balaio
vou tirar você do dicionário
logo que eu acordo
orquídeas
se a obra é a soma das penas
quem descobriu, descobriu

Benedito Costa – Homenageia O Imortal Ataulfo Alves (197..)

Boa noite a todos! Eu como sempre chego na última hora, mas como bom mineiro, não sou de perder o trem. E o trem hoje é bão, vocês vão ver (e ouvir, claro). Estou exausto, trabalhei que nem gente grande, mas vamos lá…
Meio que por acaso, escolhi este álbum do cavaquinista Benedito Costa. Aqui ele homenageia um dos maiores compositores brasileiros, o imortal Ataulfo Alves. São doze músicas escolhidas a dedo por Benedito e excepcionalmente para um selo que só gravava música sertaneja, o Califórnia. Eu não consegui localizar a data de lançamento do álbum, mas acredito que tenha feito sua estréia no início do anos 70. Benedito Costa, um mestre no cavaquinho nos apresenta, de maneira totalmente instrumental, uma seleção de clássicos de Ataulfo. Benedito, que vem acompanhado por um regional bem bacana e dá à gravação um sabor mais próximo do gosto do Mestre.
Putz! O sono chegou pra valer! Mas será o Benedito? Ainda tenho que tomar um banho antes de cair na cama. Vou ficando por aqui. Já sabem, quem quiser, basta avisar. Tô cheio de solicitações para atender, mas essas ficarão para o fim de semana. Tenha paciência, ok?

meus tempos de criança
aí que saudade da amélia
é hoje
atire a primeira pedra
leva meu samba
mulata assanhada
você passa eu acho graça
sei que é covardia
vai na paz de deus
vida minha vida
laranja madura
pois é

VI Festival Internacional Da Canção Popular – Parte Nacional – As Favoritas (1971)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados de plantão! Aqui vamos nós com mais um albinho da melhor qualidade. Uma seleção musical para quem gosta e se lembra dos grandes festivais de música popular. Aqui temos reunidas algumas das músicas favoritas do público (segundo a Rede Globo), no VI Festival Internacional da Canção Popular, realizado em 1971, pela Secretaria Municipal do então estado da Guanabara. Era um período onde a ditadura militar corria solta e nossos artistas passavam maus bocados, sendo sempre ‘tosados’ em suas criações. Foi também um momento onde grandes nomes da MPB estavam de volta. O cantor e compositor Gutemberg Guarabyra era o diretor musical do festival e sugeriu um plano para minar de vez os abusos da Censura. Convidou grandes artistas, como Chico Buarque, Sérgio Ricardo, Tom Jobim, Edu Lobo, Vinícius e outros para participarem como ‘convidados”, uma espécie de ‘hors concours’ . Mas a ideia era bem outra, na verdade nenhum desses artistas iram se apresentar, o negócio era fazer protesto em forma de desistência na última hora, colocando em sinuca o Governo Militar, frente aos olhos do mundo. Mesmo sem a participação desse time de estrelas, o VI Festival teve lá sua glórias. Foi nessa edição que nasceram músicas como “Desacato”, de Antônio Carlos e Jocafi, defendida por Claudia; “Você não tá com nada”, de Silvio Cesar, com Marlene; “Casa no campo”, de Zé Rodrix e Tavito e outras que vocês podem conferir neste lp. Quem faturou o primeiro lugar foi o Trio Ternura, interpretando “Kiryê”, de Paulinho Soares e Marcelo Silva. Se eu não tiver enganado, muitas dessas músicas aparecem aqui, em suas versões  primárias, exclusivamente lançadas neste álbum da Som Livre. Quer conferir? Então peça que eu mando lá para o GTM. Como eu já havia dito, os ‘toques’ só chegam por e-mail se alguém no grupo pedir 😉
lourinha – marilia pêra
américa do sol – lucinha e osmar milito
kyrie – trio ternura
desacato – claudia
julia – odylon
é proibido pisar na grama – betinho
você não tá com nada – marlene
voltar eu não – golden boys
mêdo – jacks wu
canção prá janaína
palavras perdidas – maysa
casa no campo – zé rodrix

Os Terríveis – Barra Limpa (1967)

Olá amigos cultos, ocultos e associados de plantão! Segue aqui a postagem de hoje. Tô numa correria brava, mesmo assim, não vou querer deixar o Toque Musical sem seu registro diário. Puxei do gavetão, e por acaso, este álbum dos áureos tempos da Jovem Guarda. Aqui vai mais um daqueles conjuntos instrumentais que habitavam o universo musical pop dos anos 60 no Brasil. Temos desta vez Os Terríveis, que em outros discos da época poderiam ter sido, Os Brasas, Os Gatões, Os Cabeludos ou coisa assim. Sinceramente, não tenho nenhuma informação sobre eles e o nosso discos aqui é prova disso. Um álbum sem compromisso, feito com o intuito puramente comercial, aproveitando a onda, mora? Em seu repertório desfilam músicas que eram o sucesso da época, temas nacionais e internacionais. De Roberto Carlos, Martinha e Carlos Imperial à Herman’s Hermits, The Monkees, Luigi Tenco e outros. Pessoalmente, acho tudo jóia, barra limpa. A cara dos discos da Paladium 🙂

georgy girl
ciao amore ciao
eu não presto mais te amo
i’m believer
sunny
ma (he’s making eyes at me)
no milk today
barra limpa
penny lane
faça alguma coisa pelo nosso amor
quando dico che ti amo
a praça

PS.: Logo após postar este álbum, um de nossos amigos nos enviou um esclarecimento sobre quem eram Os Terríveis. A fonte foi o blog “La Playa Music – Oldies”   cujo texto eu replico aqui:
Os Terríveis foi um grupo formado em Recife, Pernambuco, que foi para o Rio de Janeiro em 1965 buscar um maior espaço no cenário musical. Inicialmente tinham a denominação de “Os Lords”, mas como já existia uma banda com o mesmo nome e mais famosa foram obrigados a mudá-lo para “Os Terríveis”. O empresário do grupo era chamado Galindo. Ao chegar ao Rio de Janeiro, o grupo se apresentou nos programas de Rádio de José Messias e Célia Mara na Rádio Mauá e nos Programas de TV (Rio Hit Parade) no canal 13, chegando a acompanhar Roberto Carlos na música “É papo firme”. Também tocaram no Programa de Jair de Taumaturgo. 

Os integrantes da Banda por ocasião da gravação do primeiro disco “Long Play”, chamado de “Hit Parade” selo SBA, eram: Heronildes Alves Ferreira, apelidado de “Nido Mau” (guitarra solo), Beto (baixo), Geo (sax), Nado (guitarra base) e Nando (bateria). Por ocasião da gravação do segundo disco, “Onda Jovem”, selo SBA, saiu o guitarrista Nado e entrou o Milton, apelidado de “Zé Colmeia”, na guitarra base. 

Já por ocasião da gravação do terceiro disco “Barra Limpa”, Selo Parlophone, pela gravadora Odeon, incluído nesta postagem, saiu o saxofonista Geo, não tendo substituo. Marcos Fontenely, o “Nely”, foi o guitarra base neste disco, substituindo o guitarrista Nilton. 

O conjunto se dissolveu em 1968. O grupo gravou também um compacto duplo com músicas de natal, hoje raríssimo. (Fonte: livro “O Rock and Roll – origem, mitos e o rock instrumental no Brasil e em outros países”, de Laércio Pacheco Martins, editora própria.)

A Era Getúlio Vargas Vol. 2 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 20 (2012)

O Grand Record Brazil está de volta com a segunda e última parte da crônica musical da era Getúlio Vargas. Obedecendo à cronologia dos fatos, começamos com a deposição de Getúlio pelos militares, acontecida em 29 de outubro de 1945. O “pai dos pobres” teria de deixar o poder, após quinze anos, pois as eleições estavam marcadas para 2 de dezembro daquele ano. Mas Getúlio articulava sua candidatura e mesmo um novo golpe, como em 1937, e a campanha “Queremista” (“Queremos Getúlio”) estava nas ruas. Os militares entraram em cena e tiraram Getúlio do poder à força. Nem bem Getúlio saía do Catete, Herivelto Martins e Ciro de Souza compuseram uma marchinha para o carnaval de 1946: “Palacete no Catete”. Apenas um dia depois, 30 de outubro de 45, lá estava Francisco Alves no estúdio da Odeon para gravar, acompanhado da orquestra de Fon-Fon (Otaviano Romero Monteiro), “Palacete no Catete”, em que Getúlio é apresentado como o “inquilino”que se mudou de lá após morar nele quinze anos. Em dezembro de 1945, o disco já estava nas lojas com o número 12649-A, matriz 7927. Nas eleições daquele ano, a vitória foi do candidato apoiado por Getúlio, o marechal Eurico Gaspar Dutra.
Cinco anos depois, a 20 de janeiro de 1950, Jorge Goulart grava na Continental, para o carnaval desse ano, a marchinha “Ai, Gegê”, de João “Braguinha” de Barro e Alberto Ribeiro, expressando a saudade que o povo então sentia de Getúlio e mostrando como a situação piorou depois de sua saída do poder, até mesmo a inflação. O disco saiu pela Continental com o número 16172-A, matriz 11110, em março-abril de 1950, detalhe intrigante, uma vez que o carnaval já havia passado…
 A deposição de Getúlio fez com que seu retrato oficial, com a faixa de presidente, datado de 1934, fosse retirado das repartições públicas e até mesmo das paredes de muitos lares, sendo que até não simpatizantes o mantinham pendurado em casa, por precaução. Mas o tempo passou e, em 1950, Getúlio foi o grande vitorioso das eleições presidenciais, acontecidas em 3 de outubro daquele ano. Ironizando os anti-getulistas, Haroldo Lobo e Marino Pinto compõem a espirituosa marchinha “Retrato do velho”, concitando a volta do mesmo. Gravada por Francisco Alves na Odeon, em 16 de outubro de 1950, com acompanhamento de regional, e lançada um mês antes do carnaval de 51, janeiro, com o número 13078-A, matriz 8826, “Retrato do velho” foi um grande sucesso na folia daquele ano, e na edição impressa dos irmãos Vitale os autores homenageiam o jornal “O Radical”, então “líder dos órgãos trabalhistas brasileiros”.
Em seu segundo mandato, Getúlio cria o Ministério da Economia, e isso inspira Geraldo Pereira e Arnaldo Passos a compor um interessante samba-crônica a respeito, com perspectivas bastante otimistas, inclusive com barateamento do custo de vida. A música, também chamada “Ministério da Economia”, é lançada pelo próprio Geraldo na Sinter, em agosto de 1951, com o número 00-00.071-B, matriz S-150, e mereceu mais tarde inúmeras regravações, uma delas inclusive com Bebel Gilberto, em dueto com Pedrinho Rodrigues.
E, como a moradia sempre foi problema, Horácio Felisberto, o Dácio, compõe para o carnaval de 1952 o samba “Coisa modesta”, na qual um operário, morando embaixo da ponte por causa de despejo, pede a Getúlio uma moradia bem simples, nada sofisticada, apenas um barracão para poder morar com um mínimo de conforto. Alcides Gerardi o gravou na Odeon em 22 de outubro de 1951, com lançamento um mês antes da folia de 52, janeiro, com o número 13213-A, matriz 9165.
 O bordão com que Getúlio Vargas iniciava seus discursos, “Trabalhadores do Brasil”, inspira o humorista e compositor Silvino Neto a lançar um samba mostrando que naquela ocasião a vida estava “de amargar”. Ele próprio o lança na Copacabana, em janeiro de 1953, com vistas, claro, ao carnaval desse ano, disco 5035-B, matriz M-301. O próprio Silvino Neto é quem imita Getúlio no início do registro, como fazia no programa de rádio “Pimpinela escarlate”.
 Já naquele tempo, o funcionalismo público já era aquilo que chamamos de “cabide de emprego”. É o que comprova a marchinha de Arlindo Marques Jr. e Roberto Roberti aqui incluída: “Se eu fosse o Getúlio”, na qual, através do vozeirão do grande Nélson Gonçalves, eles pedem que toda essa gente seja mandada para a lavoura, ou seja, o setor agro-pecuário. Gravação RCA Victor de 16 de novembro de 1953,  lançada para o carnaval de 54 um mês antes do mesmo, janeiro, com o número 80-1248-B, matriz BE3VB-0308. Creio que seja adequada para qualquer presidente brasileiro que esteja no poder, até mesmo a atual titular do posto…

Em 5 de agosto de 1954, ocorre um atentado em frente ao prédio em que residia o jornalista e político Carlos Lacerda, ferrenho opositor de Getúlio Vargas, em frente ao edifício em que residia, na Rua Tonelero, no bairro carioca de Copacabana. Lacerda é ferido no pé  e o major da Aeronáutica Rubens Florentino Vaz, que o acompanhava, acabou morto. O atentado foi atribuído a membros da guarda pessoal de Getúlio, sendo seu líder, Gregório Fortunato, acusado de ser o mandante do crime, e além disso a FAB, à qual pertencia o major Vaz, tinha como grande herói o brigadeiro Eduardo Gomes, derrotado por Getúlio nas eleições de 1950. Isso desencadeia grave crise política, na qual o povo e os militares pedem a renúncia de Getúlio. Não tendo outra alternativa, e após aquela que seria sua última reunião ministerial como presidente da República, Getúlio se suicida com um tiro no coração, na fatídica madrugada de 24 de agosto de 1954, deixando uma famosa carta-testamento e causando forte comoção em todo o pais. Por isso mesmo, encerramos esta retrospectiva musical da era Vargas com duas homenagens póstumas. A primeira é o rojão (espécie de baião mais acelerado) “Ele disse”, lançado na Copacabana por Jackson do Pandeiro dois anos após a morte de Getúlio, em 1956, com o número 5579-A, matriz M-1503, citando inclusive uma frase dessa carta: “O povo de quem fui escravo jamais será escravo de ninguém”. E a segunda, composta por João “Braguinha” de Barro, é o “Hino a Getúlio Vargas”, lançado por Gilberto Milfont na Continental em setembro-outubro de 1958 com o número 17579-A, matriz C-3478. Curiosamente, no verso do disco, a música aparece em versão apenas instrumental, com a Orquestra Continental. Enfim, esta é a segunda e última parte de uma retrospectiva que apresentou interessantes crônicas musicais da era getulista, inclusive mostrando a comoção que seu trágico suicídio desencadeou. Mas, como diz o hino de Braguinha, Getúlio ficará para sempre no coração do Brasil! 


*TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO

Orquestra Brasília Pixinguinha (1988)

Olás! Já que falamos em Projeto Pixinguinha e até ouvimos algumas coisas do Mestre, com Abel Ferreira e Ademilde Fonseca, que tal ouvirmos um pouco mais? Me lembrei deste disco, lançado pelo extinto selo Kuarup em 1988. Este disco é muito interessante porque traz uma coleção inédita de arranjos feitos por Pixinguinha, em 1948. Um trabalho concebido para um orquestra de salão, chamada por ele de “Orquestra Brasília”. Esta coleção, segundo nos conta o texto de contracapa do presente lp, foi encontrada por acaso pelo músico e pesquisador Henrique Cazes na Biblioteca Nacional. Uma coleção de 26 arranjos escritos que nunca foram gravados. Para o álbum foram escolhidos apenas 12 músicas, sendo que entre essas, uma inédita, o choro “Sedutor”. O álbum foi produzido e interpretado pelo próprio Henrique Cazes e uma dezena de excelentes músicos.
Acho que esqueci de gravar a última faixa do lado B, “Um a zero”. Aguardem, logo que eu puder vou pegar o disco emprestado novamente.

cheguei
naquele tempo
o gato e o canário
sofres porque queres
descendo a serra
lamentos
yaô
ainda me recordo
sedutor
ele e eu
carinhoso
um a zero

Abel Ferreira E Ademilde Fonseca – Projeto Pixinguinha Vol. 2 (2012)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados! Enquanto as prováveis novas mudanças no Blogger não acontecem, eu continuo seguindo no mesmo ritmo. Vamos mantendo as postagens diárias e se possível, sempre com coisas e músicas para se ouvir com outros olhos. Afinal, capengando ou não, aqui ainda é o Toque Musical. Aliás, é bom dizer, a cada novo golpe eu fico mais criativo 🙂 De burro eu só tenho mesmo a teimosia.
Hoje, embora seja um dia onde me dedico às coletâneas, por falta de tempo e de lembrança, acabei optando por mais um número do Projeto Pixinguinha. Vamos para o volume 2, com Ademilde Fonseca e Abel Ferreira, em show realizado em 1977, na primeira edição do evento. Como já havia informado, não entrarei no mérito da questão. Estas postagens servirão sempre como um chamarisco, uma porta a mais de entrada para o site Brasil Memória das Artes. Tenho certeza que todos que entrarem aqui, irão de imediato buscar no site da Funarte as informações. Essa é a minha contrapartida, dar mais  visibilidade à esse site maravilhoso. Não deixem de visitar!

rapaziada do brás
corta jaca
cochilando
chorando baixinho
odeon
andré de sapato novo
acariciando
títulos de nobreza
o que vier eu traço
dinorah
pedacinhos do céu
choro chorão
coração trapaceiro
ingênuo
chorinho do suvaco de cobra
saxofone, porque choras?
luar de coromandel
apresentação dos músicos
chora moçada
lamentos
doce melodia
paraquedista
tece teco
tico tico no fubá – apanhei-te cavaquinho
brasileirinho – urubu malandro

Nelson Piló – Seu Violão E Sua Arte (1970)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados! Tenho, infelizmente, uma triste notícia para todos. Vou noticiá-la primeiramente por aqui para ver até onde o escriba Augusto tem chegado, ou seja, quantos realmente estão lendo o que eu escrevo. A notícia não é boa, mas dependendo da repercussão, posso até achar que não foi tão mal assim. O negócio é o seguinte… ao chegar no fim deste mesmo de maio, o blog Toque Musical vai mesmo pendurar a chuteira. Isso porque, segundo a equipe do Blogger, a partir de junho todos os autores do blog, deverão assumir uma identidade verdadeira, Quer dizer, se eu quiser manter o TM, terei que obrigatoriamente revelar a minha verdadeira pessoa. Pelo menos para eles eu terei que deixar de ser o ‘misterioso baixinho black power’ e mostrar de vez a minha cara. Bom, eu sou feio, mas não sou bobo. Não vou entrar nessa e me expor de bandeja assim. Prefiro então que eles encerrem o blog. Preferia mesmo que fosse no final de junho, assim o Toque Musical estaria encerrando com chave de ouro, completando os seus 5 aninhos de existência e resistência. Talvez, dependendo do meu estado de espírito, eu continue levando o blog em frente, na versão desatualizada do concorrente, WordPress. Talvez até eu crie uma nova versão por lá, o que me dará menos trabalho do que ficar incluindo as postagens que faltam. É provável também que o WordPress acabe seguindo o mesmo caminho do Blogger e isso é que me desestimula. Sinceramente, se for rolar, fica aqui já o convite para o velório do Augusto TM. Assim sendo, aproveitem bem os últimos dias de Pompéia e rezem para que haja vida após a morte!
Mas enquanto isso, vamos dando os toques, até que a morte nos separe 🙁  Hoje é dia de artista/disco independente, porém o presente álbum não é exatamente um disco independente, foi apenas lançado por uma pequena editora, em 1965 e mais tarde, relançado pelo obscuro selo Hot, supostamente em 1970, que é a versão que eu apresento a vocês. Temos assim, Nelson Emmanuel Piló, um grande compositor e violonista, mineiro de ‘Belzonte’, que num passado agora distante era muito tocado nas rádios da capital mineira. Nos anos 50 ele se tranferiu para o Rio de Janeiro, indo trabalhar como arranjador na Rádio Nacional. Foi amigo de Dilermando Reis e segundo nos conta Fábio Zanon em seu programa pela Rádio Cultura FM, era Piló quem transcrevia para o papel as músicas do outro mestre. Dilermando, por sua vez chegou a gravar músicas de Piló. Nosso compositor e instrumentista mineiro também foi responsável pela transcrição e arranjos de obras de Ernesto Nazareth e Catulo da Paixão Cearense. Gravou também outros discos, álbuns hoje muito raros, conhecidos apenas por quem é do pinho. Voltou a Belo Horizonte onde foi professor de muita gente. Neste álbum, praticamente quase todo autoral, vamos encontrar uma pequena amostra das qualidades e da ténica desse grande artista. Pessoalmente, gosto muito da faixa 2, “Suspiro da negra”, música esta também gravada por Dilermando. Vamos conferir…

saudades de aracaju
suspiro da negra
oração da tarde
relembrando o recife
dança da princesa
bossa nova internacional
márcia
bailado das estrelas
tema do conde de eden
dança dos astros

Hermeto Pascoal – Hermeto (1978)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados! Hoje o meu dia foi osso, não tive tempo nem de piscar. Acabo de chegar e antes que o dia acabe, vou logo batendo o ponto. E a coisa aqui vai ser mesmo rapidinha, pois estou realmente cansado e preciso acordar e sair logo cedo.
Tenho aqui para vocês o primeiro disco do Hermeto Pascoal gravado nos ‘States’. Uma produção do casal Airto Moreira e Flora Purin. O disco foi gravado em 1972 e contou com orquestra e um time de músicos americanos do jazz de primeiríssima linha, entre esses, alguns mais conhecidos do público brasileiro, como Joe Farrell, Ron Carter e Hubert Laws. Airto e Flora também estão presentes em todas as faixas. Aqui no Brasil, o disco foi lançado pelo selo Imagem, seis anos depois e traz na contracapa um texto de apresentação de José Domingos Raffaelli, um grande especialista em Jazz. Deixarei por conta dele as informações complementares, porque o cansaço e o sono me pegaram de vez. Vão conferindo aí, amamhã a gente continua… no Comentários 😉

mourning
pliers
bells
yogurt
the marianas
hermeto
the love flower
fabíola

Carlos Magno – O Bom É O Juca (1974)

Muito boa tarde, amigos cultos, ocultos e associados! Há tempos eu estou para postar aqui no Toque Musical este disco. Só não o fiz antes porque achava tê-lo perdido, ou vendido, sei lá… O certo é que neste final de semana, para a minha felicidade, acabei achando o disco em meio a outros tantos que nem me lembrava. Assim sendo, vamos a ele… Acredito que este álbum ainda não foi apresentado em ‘outras praças’. Trata-se de um dos discos mais difíceis de se achar, do selo Marcus Pereira e é, para mim, um dos mais bonitos.
“O bom é o Juca”, creio eu, foi o único lp gravado por esse grande artista. Digo grande artista, não é atoa ou simplesmente pelo excepcional trabalho fonográfico, lançado no início dos anos 70. Carlos Magno, embora só tenha gravado um compacto nos anos 60 pela Philips e este lp pelo Marcus Pereira, tem em seu currículo como compositor dezenas de outras belas canções. Suas músicas já foram gravadas por artistas como Benito Di Paula, Originais do Samba, Elza Soares, Jair Rodrigues e Noite Ilustrada. Este último, inclusive, foi quem lhe abriu as portas na noite paulista. Carlos Magno, por muito tempo, se apresentou em casas noturnas de Sampa, sendo um músico até bem conhecido. Não foi por acaso que Marcus Pereira o convidou para gravar em seu Jogral.
Carlos Magno de Almeida é mesmo um artista de muitas facetas. Além de compositor e intérprete é também poeta e um premiado artista plástico (pintor e escultor), com várias exposições individuais e coletivas.
Em “O bom é o Juca”, temos músicas, que para um ouvido atento, percebe-se de imediato a sensibilidade criativa do artista. Composições com letras simples e direta, mas que ganham ainda mais força em comunhão como as belas melodias. Sempre que escuto o Carlos Magno me faz lembrar o Jards Macalé e vice versa. Para mim, os dois tem algo em comum, acho que talvez no timbre da voz, sei lá… O Macala bem que podia gravar alguma coisa do Carlos Magno, cairia como uma luva, justinho 🙂 Inclui nesta postagem a música “Senhora de Nazaré”, extraída do seu compacto pela Philips.
Vamos lá, moçada, confiram este toque e me digam lá se eu não tenho razão 🙂

o bom é o juca
dedos entre dedos
quando a gente se casar
faz de conta
a rosa virou saudade
o garimpeiro
o chão
palácio de madeira
tristeza que maria me deu
lâmpada da vida
formiga desunida
manhã de noite de chuva
senhora de nazaré (bônus)

Caetano Veloso E Fagner – Tom Jobim E João Bosco – Disco De Bolso (1972) REPOST

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Ontem eu fiquei tão animado com a coletânea de compactos e achei por bem manter ‘o clima’ também no domingo. Desta vez não se trata de coletânea, mas sim dos dois compactos da série “Disco de Bolso”. Para os que não sabem, o projeto “Disco de Bolso” foi idealizado por Sérgio Ricardo e o pessoal do jornal O Pasquim em 1972. Era uma espécie de revista, com suas folhas em papel jornal, trazendo em seu interior um disco compacto. Neste disco vinham apenas duas músicas, de um lado um artista celebrado e do outro um novato. A ideia, segundo o Sérgio Ricardo, partiu da necessidade de sair de um esquema montado pelo ‘Sistema de Comunicações’, o controle e imposição da televisão. Apenas quem fazia sucesso em festival é que acontecia. Isso, para não falar da mediocridade reinante na indústria fonográfica, apresentando apenas aquilo que fosse realmente vendável. Foi então lançado o primeiro número, trazendo no compacto Tom Jobim e o até então desconhecido João Bosco. Tom apresenta, em primeira mão, a sua recente e inédita criação, “Águas de Março”. João Bosco, o estreante, vem com “Agnus Sei”, despertando a atenção de todos (esse tem futuro!). O segundo disco da série não foi muito diferente do primeiro. De um lado Caetano Veloso canta (ao vivo) “A volta da Asa Branca”, de Luiz Gonzaga. Do outro lado, outro desconhecido até então, Raimundo Fagner. Aqui ele canta uma versão solo de “Mucuripe”, composição sua em parceria com Belchior. A série “Disco de Bolso” ficou mesmo só nesses dois números. O terceiro volume seria (e já estava pronto) Geraldo Vandré e Elomar. O quarto Egberto Gismonti e Geraldo Vandré. Até o quinto já estava planejado, Gilberto Gil e Alceu Valença. Acabaram não vingando por diferentes motivos, mas principalmente por conta da repressão do Governo da época, que via naquele projeto algo bem mais que musical ou artístico. Tendo Sérgio Ricardo e o Pasquim como mentores, tudo isso já era previsível. Em menos de um ano os milicos deram fim ao que podia ter sido uma belíssima coleção.
disco 1
tom jobim – águas de março
joão bosco – agnus sei
disco 2
caetano veloso – a volta da asa branca
fagner – mucuripe