A Era Getúlio Vargas – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol.19 (2012)

Nenhum outro presidente da República no Brasil ficou tanto tempo no poder quanto o gaúcho Getúlio Dornelles Vargas (São Borja, RS-1882-Rio de Janeiro, 1954). Ele chegou à presidência em 1930, após a deposição de Washington Luís, de quem ironicamente havia sido ministro da Fazenda, e consequente fim da “política café com  leite”, em que São Paulo e Minas Gerais se.alternavam no comando da Nação. Daí em diante, ficou quinze anos ininterruptos, até ser deposto em 1945. Em 1951, Getúlio voltou ao poder, desta vez pelo voto direto, mas em virtude de forte oposição a seu governo (no qual inclusive foi criada a Petrobrás), acabou se suicidando no dia 24 de agosto de 1954, provocando comoção geral em todo o país. Somando-se esses dois períodos, Getúlio ficou no poder durante dezoito anos e sete meses, um recorde absoluto.
O Grand Record Brazil começa hoje a nos transportar para esse que foi um dos mais importantes períodos da História brasileira: a era getulista. Tudo começa com a derrota de Getúlio Vargas para Júlio Prestes, na eleição de 1930. A 26 de julho daquele ano, João Pessoa, candidato a vice na chapa derrotada, foi assassinado a tiros na Confeitaria A Glória, do Recife, por seu desafeto João Dantas, por motivos estritamente pessoais. Apesar disso, a oposição transformou o fato em instrumento político, jogando o povo contra o governo. Daí nasce a Aliança Liberal, formada pelos estados do Rio Grande do Sul, da Paraíba e de Minas Gerias, que depõe Washington Luíz e põe Getúlio no poder, a famosa Revolução de 30.
O disco que abre nossa seleção musical desta semana é o Columbia 5117, lançado em dezembro de 1929, com duas marchinhas de Hekel Tavares e Luiz Peixoto (parceiros na clássica canção “Casa de caboclo”) para o carnaval de 30, interpretadas pelo paulistano Jayme Redondo (1890-1952), com acompanhamento de grupo regional, e que refletem muito bem os momentos acirrados da sucessão de Washington Luís.  No lado A, a matriz 380430 apresenta “Harmonia! Harmonia!”, e o verso, matriz 380431, “Comendo bola”. Nessas duas músicas, há todo um rico documentário político de fatos e personagens: Barbado (Washington Luís), Antônio Carlos (então governador mineiro), as cartas turcas, 17 Estados a favor de Prestes e só três contra, etc. “Comendo bola” é nitidamente a favor de Júlio Prestes: “Getúlio, você tá comendo bola/ Não te mete com seu Júlio/ Não te mete com seu Júlio/ que seu Júlio tem escola”.
Evidentemente, por questão de bom senso, mostramos aqui também o outro lado, ou seja, o dos getulistas. Vitoriosa a Revolução de 30, com Getúlio já no poder, Lamartine Babo lança, para o carnaval de 1931, a marchinha “G-E-Gê (Seu Getúlio)”, fazendo velada propaganda do novo chefe da nação, com a exaltação da nova ordem para o povo brasileiro, a mudança custe o que custar. Possivelmente teria sido executada como “jingle” político na construção do apoio ao golpe contra Prestes. Almirante e o Bando de Tangarás ficaram incumbidos de lançá-la, pela Parlophon, em janeiro de 1931, no disco 13274-B, matriz 131057, com acompanhamento da Orquestra Guanabara.
Seis anos mais tarde, durante o chamado “governo provisório” getulista, fala-se na possibilidade de eleições para a escolha do sucessor de Getúlio na presidência, com dois fortes candidatos: o então governador de São Paulo Armando Salles de Oliveira (o seu Manduca), este com a candidatura já lançada, e o ministro Osvaldo Aranha (o seu Vavá), que na verdade nem sequer chegou a se candidatar. A 28 de novembro de 1936, Sílvio Caldas grava na Odeon, para o carnaval de 37, com lançamento em janeiro (11450-A, matriz 5468), a marchinha “A menina presidência”, de Nássara e Cristóvão de Alencar, vencedora de um concurso chamado “Quem será o homem?”, antecipando o desfecho nos versos finais do estribilho: “Na hora H quem vai ficar é seu Gegê”. E, de fato, as eleições não aconteceram, pois a 10 de novembro de 1937, Getúlio implanta no país o Estado Novo, com maior centralização do poder, ficando na presidência até sua deposição, em 1945.
Do Estado Novo já é a faixa seguinte, a marchinha “Glórias do Brasil”, de Zé Pretinho e Antônio Gilberto dos Santos. Foi gravada na Odeon em 16 de agosto de 1938, com lançamento em outubro seguinte com o número 11646-A, matriz 5902, na interpretação de Nuno Roland (Reinold Correia de Oliveira, 1913-1975), catarinense de Joinville, então em princípio de carreira. É uma verdadeira exaltação de cunho patriótico ao então chefe da Nação.
Mais tarde, seguindo o exemplo do governo fascista italiano, Getúlio decreta o aumento do imposto de renda dos solteiros, e incentiva com benefícios as famílias numerosas. Isso inspira o  poeta de Miraí, Ataulfo Alves, a compor com Felisberto Martins o samba “É negócio casar!”, que ele próprio grava na Odeon em 12 de junho de 1941, com acompanhamento da orquestra do maestro Fon-Fon (Otaviano Romero Monteiro), sendo o disco lançado em outubro seguinte com o número 12047-A, matriz 6686. Uma autêntica e interessante crônica.
Um ano mais tarde, foi lançado um sem número de canções patrióticas, refletindo a tensão provocada pela Segunda Guerra Mundial, iniciada em 1939  e que já preocupava e afetava o Brasil, visando levantar o orgulho e a consciência nacionais. Dessa época é o samba “Brasil brasileiro”, gravado por Carlos Galhardo na Victor com acompanhamento da orquestra do maestro Passos, em 9 de junho de 1942, com lançamento em agosto seguinte, disco 34951-A, matriz S-052546. Pouco tempo antes, em maio de 42, a Columbia lançou, na voz de Déo (Ferjallah Rizkallah, “o ditador de sucessos”), acompanhado por Chiquinho e seu ritmo, o samba “O sorriso do presidente”, de Alcyr Pires Vermelho e Alberto Ribeiro, disco 55336-A, matriz 525. Nesse mesmo ano, por força do torpedeamento de navios mercantes brasileiros, o Brasil declarava guerra aos países do Eixo, Alemanha, Itália e Japão, assim entrando no conflito.
Finalizando esta primeira parte, temos o grande Moreira da Silva, o eterno Kid Morenguera, inimitável rei do samba de breque, interpretando, de Henrique Gonçalez, “Diplomata”, gravado na Odeon em primeiro de outubro de 1942, com a declaração brasileira de guerra já consumada,  e lançamento em janeiro de 43 sob número 12252-A, matriz 7075. Devidamente acompanhado pelo regional do multi-instrumentista Garoto (Aníbal Augusto Sardinha, 1915-1955, autor de “Duas contas”, “São Paulo quatrocentão” e “Gente humilde”), Moreira exalta a figura de Getúlio, um “homem de fibra”, e conclama o povo brasileiro à luta.

Enfim, são autênticas crônicas musicais desse período importante de nossa História. E fiquem ligados, pois semana que vem tem mais. Até lá!


TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO

Rosana Toledo – Sorriso E Lágrimas (1961)

Olá amigos cultos, ocultos e associados! As postagens, a partir de agora não terão de imediato aquele ‘toque’ no GTM. Eu agora só colocarei o link do arquivo para o Grupo, mediante a uma solicitação.
Ufa! Finalmente terminei os meus ‘sete trabalhos’ do mês. Sei que outros virão, mas agora eu quero mesmo é chocolate, uma pausa para o descanso e muita música para ouvir e compartilhar. Hoje, eu vou ainda acelerando e aqui com um disco já postado em outros blogs. Este é mais um daqueles meus ‘arquivos de gaveta’, sempre prontos para uma emergência. Como estou ‘pregado” (trabalhei hoje o dia inteiro), vou catando o primeiro que aparecer. Temos aqui o segundo disco gravado pela cantora mineira Rosana Toledo. Lançado em 1961, pela RCA Victor, o álbum nos apresenta um repertório romantico, onde úma boa parte das músicas são de autoria da dupla Evaldo Gouveia e Jair Amorim. Mas também tem espaço para composições próprias, ao lado da irmã, Maria Helena Toledo, ou do marido, Luiz Bonfá. Duas músicas de Fred Chateaubriand e Vinícius de Carvalho. Além “Nosso amor, fim de tristeza”, de Baden e Vandré e “Tristeza de nós dois”, de Durval, Bebeto e Maurício.
Vão conferindo aí, que eu de cá quero mais é uma boa cama. Namorem aí, se acharem por bem, me avise para aquele ‘toque musical’ no GTM 😉

eu e tu
se houver você
maldade
me leva pra longe
canção do amor perdido
saudade vem correndo
saudadezinha
quando existe adeus
nosso amor fim de tristeza
se ele pergunta
ninguém chora por mim
tristeza de nós dois

Erasmo Carlos, Jean Carlo, The Clevers, The Youngsters – Compactos Do Toque Musical Vol. 5 (2012)

Boa noite, meus prezados… Voltando ao tempo daquelas ‘tardes de domingo’, aqui vão (no sábado),quatro diferentes momentos da música jovem nos anos 60. Temos aqui reunidos num só ‘toque’, quatro compactos, direta ou indiretamente ligados à Jovem Guarda. Temos, inicialmente o cantor cego, Jean Carlo num compacto duplo, com quatro faixas bem românticas de fazer inveja ao falecido Paulo Sérgio. Melhorando, temos The Clevers que vem de balada italiana e rock twist, também chamada de ‘surf music’ das antigas. Subindo mais um degrau encontraremos The Youngsters, a banda que por muito tempo acompanhou Roberto Carlos, trazendo aqui dois sucessos da música italiana e francesa. Para finalizar temos o Erasmo Carlos, que é o único que não vem de ‘covers’, apresentado dois de seus sucessos dos anos 60.
Taí, quatro compactos para relembrar o tempo das ‘horas dançantes’, morou? Se gostarem, tá na mão! Ou melhor dizendo, tá no GTM 😉

sentado a beira do caminho – erasmo carlos
johnny furação – erasmo carlos
eu nasci pra você – jean carlo
fim de romance -jean carlo
tão solitário – jean carlo
uma casa sobre o mundo – jean carlo
in ginocchio da te – the clevers
raunchy – the clevers
mah-há, mah-ná – the youngsters
je t’aime…moi non plus – the youngsters

Bebel Gilberto – Stadtgarten Koln Germany 2000 (2012)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados! “A necessidade faz o sapo pular”. Hoje o dia foi puxado e o final de semana promete… Estou com o meu tempo todo tomado. Ainda assim me sobra um último fôlego para a postagem do dia. Eu não tive tempo de preparar nada. Aliás, hoje é dia de artista/disco independente. Mas, especialmente hoje, vou fazer diferente. Como tenho à mão algo mais prático, vamos a ele. Vamos de Bebel Gilberto em um ‘bootleg’ exclusivo. Temos aqui a cantora Bebel Gilberto em apresentação na Alemanha, em 2000. São dez músicas extraídas de sua apresentação em 24 de novembro de 2000, no ‘Stadtgarten’ de Koln, na Alemanha. Informações sobre o show? Necas! Não vou me dar ao trabalho, na pressa em que eu estou, ficamos apenas na apresentação. Vale a pena dar uma conferida, a qualidade do áudio é dez 🙂

samba da benção
alguém
samba de verão (so nice)
sem contenção
tanto tempo
mais feliz
august day song
samba e amor
lonely
bananeira

The Supersonics – É Papo Firme Vol. 2 (1969)

Bom dia, amigos cultos, ocultos e associados! Embora eu saiba que a maioria não lê nada do que eu escrevo aqui, deixo inicialmente duas informações. Primeiro, com relação aos links de indicação para outros blogs, sites, etc… Eu estou progressivamente repondo todos que eu me lembro, pois não tenho mais registro da lista anterior. Caso eu tenha me esquecido de algum, é só me lembrarem, ok? O segundo toque diz respeito a uma novidade que criei (ainda em fase de teste), um outro blog, talvez mais uma filial cujo o sentido é ser unicamente um mostruário de todas as postagens feitas no Toque Musical. Vocês entram e logo de cara verão as (literalmente) milhares de capas de discos, referentes às postagens. Isso, de uma certa forma, ajuda na hora de pesquisar e encanta o olhar dos apreciadores. Vocês poderão ter acesso a ele clicando, na barra lateral, o item, VITRINE TOQUE MUSICAL. Espero que os amigos gostem 😉
Falando agora do disco do dia, hoje vamos ainda na onda da Jovem Guarda. Eis aqui mais um desses grupos criado nos anos 60. The Supersonics não é um grupo de destaque da época, porém, pelo que vemos aqui, gravaram pelo menos dois discos. Não achei informações sobre eles, mas suponho que seja mais um ‘arranjo’ de gravadora. Provavelmente, nem deve ser os mesmo músicos o disco de volume 1. Geralmente, discos e conjuntos como este eram criados da noite para o dia, escalando um grupinho de músicos de estúdio, aproveitando as sobras de fitas, tempo livre de estúdio e mesmo para fazer uma produção barata e paralela. Por certo esses discos também tinha muita saída. Era uma parcela pequena de jovens daquele tempo que tinha acesso á verdadeira música moderna juvenil, que vinha, naturalmente, de fora, o rock…
Temos assim, um álbum ‘papo firme’, recheado de ‘covers’ de sucessos da música pop sessentona, principalmente do período da Jovem Guarda. Divertido, vale ouvir…

stormy
goodbye
stella
será
tormenta
vou pedir outra vez
i started a joke
sentado a beira do caminho
dizzy
não há luar nem céu bonito
vou recomeçar
ninguém vai tirar você de mim

The Dallans – Esses Jovens Cabeludos E Suas Guitarras Vibrantes (1967)

Bom dia, amigos cultos, cultos e associados! Na ‘onda jovem’ do instrumental, agora aqui vai outro disquinho bem procurado por colecionadores. O pessoal da turma da Jovem Guarda, com certeza, vai gostar desta postagem. Este disco não é novidade na Rede, eu inclusive já havia ensaiado a sua postagem, mas o exemplar que eu tinha antes trazia um defeito no lado A e era intócavel. Agora, com este que adquiri recentemente, devidamente limpo, posso apresentá-los a vocês.
The Dallans foi mais um daqueles grupos de ‘rock’, surgidos na ‘onda da Jovem Guarda’. Para não variar (e para a minha surpresa), a gente encontra este disco em pencas pelo Google, mas são apenas as capas, anúncios de vendas no Mercado Livre e um arquivo em mp3, de 128 kbps, que com toda a certeza é o mesmo compartilhado por diversos blogs. O repertório é composto de ‘roquinhos dos anos 60’ e outras baladas da turma do Roberto Carlos, tudo em instrumental. Informações sobre o grupo é que é difícil. Como eu ando meio sem tempo, não vou nem tomar o trabalho de ficar pesquisando. Eu acredito que este tenha sido mais um daqueles grupos que acompanhavam os cantores da Jovem Guarda. O básico já está na mão. Se alguém tiver e quiser complementar as informações sobre o grupo, faça-nos o favor… Acredito que este tenha sido o único disco gravado pelo ‘conjunto’. Confiram aí…

o gênio
coração de papel
i don’t want to spoil the party
something stupid
eu não sabia que você existia
o bom rapaz
vem quente que eu estou fervendo
só vou gostar de quem gosta de mim
bus stop
you won’t see me
nossa canção
last train to clarkville

Edu Leslie (1973)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados! Estou tendo algumas dificuldades em me adaptar ao novo formato do Blogger. Eles mudaram tudo e eu fiquei pedidão, tendo que reaprender a usar o blog. Mas vamos lá…
Hoje eu estou trazendo um disco muito interessante, um álbum raro que até hoje eu não vi postado em outros blogs. Ganhei de presente de um amigo, ele comprou especialmente para mim, no Mercado Livre pela bagatela de 30 reais! Por ser um obscuro álbum dos anos 70, pouca gente deve conhecer. Nesta época havia um selo da gravadora Continental, o Cash Box, voltado para a música pop. Com um detalhe, música pop cantada em inglês. Foi daí que nasceram diversos artistas brasileiros com pseudônimos que faziam o público acreditar que eram estrangeiros. O responsável por essa jogada era um produtor italiano, Cesare Benvenutti que trabalhou para a Copacabana, coordenando as produções do selo Cash Box. Até hoje tem muita gente que acha que artistas e bandas como Lee Jackson, Light Reflections, Funny Thing, Danny Anderson, Jennifer, Tobruk e mais uma penca de coisas lançadas pelo selo Cash Box, eram estrangeiros. (Já vi até colecionador de MPB desprezar esses discos por achar que se tratava de pop estrangeiro de segunda linha). O certo é que através de Benvenutti, muita música pop estrangeira e também criações nacionais cantandas em inglês fizeram sucesso e a cabeça da moçada na época. Outras gravadoras viriam adotar o mesmo esquema, lançando seus Mark Davis, Morris Albert, Chrystian, Pholhas…
Edu Leslie foi outra criação do italiano. Uma coletânea daquilo que foi lançado em compacto pela Cash Box encarnado por Daniel Taubkin, produtor do Light Reflections e Tobruk e principalmente pianista e arranjador Eduardo Assad, que segundo o próprio Taubkin, foi o responsável pelos arranjos e foi quem pilotou os teclados. Talvez por isso mesmo o disco se chame “Edu Leslie”. Neste álbum iremos encontrar uma surpresa, um disco todo instrumental, com alguns temas internacionais conhecidos, além do autoral, “Funny Bobby (The master of the masters), em arranjos, sinceramente, muito gostoso de se ouvir. Quem é chegado no som de uma Hammond, não pode deixar de ouvir esta coletânea
christine
poetry song
no connection
something in the wy she moves
goodbye, my love, goodbye
we can work it out
long time
along the way
ben
funny bobby
don’t cry
don’t want to say goodbye

 

Dalva De Oliveira, Dolores Duran, Lana Bittencourt, Linda Batista, Neide Fraga, Nora Ney – Seleção 78 RPM Do Toque Musical (2012)

Após uma semana de ausência (involuntária, pelos motivos conhecidos de todos), aqui está a décima-oitava edição do meu, do seu, do nosso Grand Record Brazil. Desta vez apresentamos cantoras que deixaram sua marca na história de nossa música popular, em alguns de seus melhores momentos.

Abrindo nossa seleção desta semana, temos a grande Nora Ney (Iracema de Souza Ferreira, Rio de Janeiro, 1922-idem, 2003), uma das precursoras da bossa nova, com seu canto quase falado e sua voz calma e grave. E em um de seus melhores discos, o Continental 16728, gravado em 23 de janeiro de 1953 e lançado em março-abril do mesmo ano, com dois sambas-canções clássicos. No lado A, a matriz C-3043 apresenta esta obra-prima de Luiz Bonfá, “De cigarro em cigarro”, uma das mais apreciadas páginas do repertório de Nora, e que foi gravada até em Espanhol por Gregório Barrios. No verso, matriz C-3044, “Onde anda você?”, assinada por um mestre da dor-de-cotovelo, Antônio Maria, junto com Reinaldo Dias Leme. No acompanhamento, a orquestra do maestro Copinha.

A sempre lembrada Linda Batista (Florinda Grandino de Oliveira, São Paulo, 1919-Rio de Janeiro, 1988) dá prosseguimento a esta seleção com dois discos. Primeiro, um do auge de sua carreira, o RCA Victor 80-0802, gravado em 19 de maio de 1951 e lançado em agosto seguinte, com dois sambas-canções do mestre Lupicínio Rodrigues e acompanhamento do conjunto do violinista Fafá Lemos. O lado A, matriz S-092961, é o famoso “Vingança”, uma verdadeira coqueluche na interpretação de Linda. Já havia sido gravado anteriormente pelo Trio de Ouro, já sem Dalva de Oliveira, substituída por Noemi Cavalcanti e mantendo Nilo Chagas e Herivelto Martins, seu fundador, porém o sucesso foi mesmo de Linda. E acredite: teve gente que até se suicidou ao som de “Vingança”! No verso, a matriz S-092962 nos traz “Dona Divergência”, parceria de Lupi com Felisberto Martins, também sucesso, embora um pouquinho menor que o de “Vingança”. Em seguida, seremos transportados para o início de carreira de Linda, mais exatamente sua estreia fonográfica, na Odeon, com o disco 11631, gravado em dupla com Fernando Alvarez no dia 20 de junho de 1938, com acompanhamento orquestral do palestino Simon Bountman, e lançamento em agosto do mesmo ano, trazendo duas rumbas de Djalma Esteves, um especialista nesse gênero cubano. No lado A, matriz 5868, “Churrasco”, de Djalma com Augusto Garcez, e no verso, matriz 5869, “Chimarrão”, só de Djalma. Bah, tchê!

A carioca Irlan Figueiredo Passos, aliás Lana Bittencourt (n. 1931), aqui comparece com o disco Columbia CB-10388, lançado ao apagar das luzes de 1957. Abrindo o disco, a matriz CBO-902 apresenta sua personalíssima interpretação de “Little darlin’”, de Maurice Williams, em ritmo de rumba, que fez muito mais sucesso que o registro original americano, em ritmo de calipso, com o grupo The Diamonds, sendo depois incluída no LP “Lana em musicalscope”. No verso, matriz CBO-1206, uma regravação em ritmo de fox da canção “Feliz Natal”, da dupla Klécius Caldas-Armando Cavalcanti, originalmente lançada por Dick Farney em 1949. Este registro de Lana também saiu no LP-coletânea “Nosso Natal”. Passado o dito cujo, o 78 de “Little darlin”” foi relançado com o número CB-10395, e no verso foi relançado o baião “Zezé”, de Humberto Teixeira.

Embora mais conhecida como compositora, a carioca Dolores Duran (Adiléa Silva da Rocha, 1930-1959) foi também uma intérprete versátil, cantando em todos os idiomas (até mesmo em esperanto!). É o que comprova o disco desta seleção, o Copacabana 5917,lançado em junho de 1958, com acompanhamento do conjunto de Severino Filho, fundador do grupo Os Cariocas. O lado A, matriz M-2236, apresenta o clássico fox italiano “Nel blu dipinto di blu”, mais conhecido como “Volare”, primeira palavra do estribilho, com o qual Domenico Modugno venceu o Festival de San Remo daquele ano. No verso, matriz M-2237, o clássico samba-canção ‘Quem foi?”, de Nestor de Holanda e Jorge Tavares, originalmente lançado em 1947 por Aracy de Almeida, ao lado dos Vocalistas Tropicais. As duas faixas saíram também em LP (era uma época de transição de formatos), ou seja, nos dois volumes de “Dolores Duran canta para você dançar”, sendo “Quem foi?” do primeiro e “Nel blu dipinto di blu” do segundo.

A sempre lembrada Dalva de Oliveira (Vicentina de Paula Oliveira, Rio Claro, SP, 1917-Rio de Janeiro, 1972) comparece aqui com uma marcha-rancho de Pereira Mattos e Mário Rossi, composta em homenagem a Francisco Alves, morto em trágico acidente automobilístico na Via Dutra, em 27 de setembro de 1952. Seis dias depois, a 3 de outubro, Dalva, recém-chegada de uma longa excursão à Europa, compareceu ao estúdio da Odeon para gravar “Meu rouxinol”, matriz 9451, e o disco chegou às lojas em dezembro com o número 13350, sem gravação no lado B, em sinal de luto pela morte de Chico Viola, com direitos revertidos a instituições de caridade auxiliadas pelo cantor, se houvesse registro dele nesse disco.

Neide Fraga (São Paulo, 1924-Rio de Janeiro, 1987) nos apresenta sua gravação da “Canção de aniversário”, de Joubert de Carvalho, feita na Odeon em 16 de outubro de 1953 e lançada em dezembro seguinte com o número 13562-B, matriz 9919. Originalmente a música saiu em 1950, pela Sinter, com a orquestra e o coral de Lírio Panicalli. Quatro versos apenas, mas isso é apenas um detalhe, pois afinal boa música não é Lusíadas.

Finalmente, temos a paulistana Vitória de Martino Bonaiutti, aliás, Marlene, interpretando um baião junino de Rômulo Paes e Haroldo Lobo, “Canção das noivas”, lançado em maio-junho de 1952 pela Continental com o número 16556-B, matriz C-2843. No acompanhamento, o conjunto do sempre eficiente Radamés Gnatalli. Mais uma diversão garantida para nossos amigos cultos e ocultos!

 
* TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO

Erasmo Carlos, As Frenéticas E Sérgio Sampaio – Projeto Pixinguinha (1981)

Bom dia, amigos cultos, ocultos e associados! Há pouco mais de uma semana atrás, eu postei aqui uma coletânea com alguns variados momentos de shows do Projeto Pixinguinha. Foi uma maneira de levar a muitos de vocês a dica do maravilhoso site da Funarte, que a cada dia vem nos apresentando um imenso tesouro de informação e cultura. Infelizmente ainda pouco explorado. Entre tantas opções que lá nos reserva temos o projeto “Brasil – Memória das Artes”, uma iniciativa que procura promover a comunicação da Funarte com seu público, tornando acessível a todos o seu acervo da memória cultural brasileira digitalizado. Entre esse, temos o Projeto Pixinguinha, uma série memorável de espetáculos musicais que se iniciou em 1977. Nas páginas do Projeto Pixinguinha a gente pode ouvir, na íntegra, os registros sonoros dos diversos shows que aconteceram pelo Brasil a fora. É realmente uma maravilha que a gente precisa mesmo compartilhar. Nas páginas do site só se é possível ouvir as gravações, mas copiar esses registros para o computador é coisa fácil e com certeza, muita gente já tem feito. Sem dúvida, fica muito mais prático ter acesso às gravações já tendo elas em nosso computador. Acredito que quem tem uma conexão fraca, mesmo de banda larga, acaba não conseguindo acessar aos shows sem picos de paralisação e isso é mesmo um saco! Foi também pensando nisso que eu decidi ir gradualmente postando esses shows. Vou editando todo o material, quando necessário até um remix, mas principalmente separando música por música, resultando assim num álbum virtual, com direito a capa e contracapa.

Neste que eu chamo de primeiro volume, temos o show de Erasmo Carlos, As Frenéticas e o saudoso Sérgio Sampaio. Essas edições e postagens funcionarão como iscas, um atrativo inicial que irá direcioná-los ao conteúdo informativo original. Em outras palavras, eu anuncio aqui, vocês escutam no GTM e completam as informações no site da Funarte. Quem ainda não conhece o “Brasil Memória das Artes“, não sabe o que está perdendo. Vamos prestigiar!
cala boca zebedu – sergio sampaio
meu pobre blues – sergio sampaio
eu quero é botar meu bloco na rua -sergio sampaio
odara – as frenéticas e sergio sampaio
a felicidade bate a porta – as frenéticas e sergio sampaio
joujoux e balangandãs – as frenéticas
linda morena – as frenéticas
dancing days – as frenéticas
perigosa – as frenéticas
o preto que satisfaz – as frenéticas
marcha da tietagem – as frenéticas
vem quente / festa de arromba – as frenéticas
o caderninho – erasmo carlos
o teu cabelo não nega – as frenéticas
a beira do caminho – erasmo carlos
panorama ecológico – erasmo carlos
sou uma criança não entendo nada – erasmo carlos
se você pensa – erasmo carlos e as frenéticas
filho único – erasmo carlos
é proibido fumar – erasmo carlos
negro gato – erasmo carlos

Brazil Fantastico – 24 Original Hits From Brazil (1977)

Boa tarde, amigos cultos, ocultos e associados de plantão! Ontem foi o Dia Nacional do Vinil. Eu, sinceramente, nem sabia que havia uma data comemorativa para as bolachas. Escolheram o dia 20 de abril em homenagem à Ataulfo Alves, na data de sua morte. Estranho, podiam talvez terem escolhido a data do nascimento. Eu não tenho nada contra, mas vejo tantas outras opções. 5 de abril, por exemplo, para não sair do mês, faria mais sentido. É a data de nascimento de outro compositor, o Donga, autor do primeiro samba gravado no Brasil. Bom… mas enfim, viva o vinil! Vamos continuar mantendo a cultura da bolacha, seja ela 33, 45 ou 78 rpm 😉

Para o dia de hoje, que eu tenho então tomado para as postagens de coletâneas (em geral), trago para vocês este curioso álbum duplo, lançado na Alemanha nos anos 70. Curioso mesmo: música popular brasileira, lançado na Alemanha e com o título em inglês. Ah, o texto interno é todo em alemão e o repertório é uma verdadeira ‘gemischte salat’. Uma seleção das mais improváveis, só mesmo possível na mentalidade do estrangeiro. Observando o álbum num todo, não vi nenhuma referencia às gravadoras e editoras nacionais. Não duvido nada que este lp tenha sido lançado lá fora sem autorização das editoras e seus artistas. É bem provável que eles nem saibam da existência do disco. O certo é que temos aqui 24 músicas que procuram passear por diferentes gêneros na então ‘MPB setentona’. Vejam só o que o ‘Fritz’ nos preparou:
quem for flamego – angelo antonio
mercado modelo – vanusa
a dança do meu lugar -a gepê
rei da paz – os famks
açucar candy – ney matogrosso
birinaites blues – fábio
lá vem o trem – agepê
mundo invisível – sá e guarabyra com marisa fossa
água viva – tom e dito
camisa 10 da gávea – maria alcina
na baixa do sapateiro – waldir azevedo
bambeia/sertões/madeira de lei – grupo sambariô
baião – severino araújo e sua orquestra tabajara
vinte meninas – tom e dito
carta de auforria/zagueiro/verde e branco – grupo sambariô
vai atrás da vida que ela te espera – guilherme lamounier
todo prosa – sonia lemos
moro onde não mora ninguém – agepê
curta metragem – tetty
para o mundo que eu quero descer/soy latino americano/eu nasci a dez mil anos atrás – os motokas
baianinha boa – sonia lemos
fracassos – fagner
a espera – painel de controle

Oswaldo Montenegro – Aldeia Dos Ventos (1987)

Bom dia, amigos cultos, ocultos e acomodados 🙂 Por enquanto, quase ninguém se manifestou, quanto a tudo o que tenho dito aqui. Está claro que a maioria não perde tempo com leitura, ainda mais se o principal vier de bandeja, por e-mail. Outros, ainda, que estão chegando agora, também não se dão ao trabalho de ler as informações e orientações do blog. Eu, de agora em diante, não vou ficar dando explicações para o que é óbvio e explícito. Quem não se tocar, vai ter que rebolar. Seja feio ou bonito, fraco ou espirituoso, inexpressivo ou insignificante, o que eu escrevo aqui é para ser lido. Quem não se dá ao trabalho da leitura também não merece ser lido (no meu caso, respondido). Pronto, já fiz a ‘pagação’ do dia. Agora vamos à postagem…

Temos aqui o Oswaldo Montenegro estreando em grande estilo em nosso Toque Musical. Curiosamente, eu até então nunca havia postado nada desse artista. E não é por falta de discos ou simpatia pela sua obra, muito pelo contrário. Acho o Oswaldo Montenegro um grande artista e de uma certa forma, meio injustiçado, figurando como uma estrela de segundo plano. Isso talvez me pareça devido ao seu estilo plural. O cara passeia bem por diferentes caminhos, faz uma música que ultrapassa estilos e se coloca bem mais como um compositor do que como intérprete. Acho que isso se deve muito ao fato da sua ‘veia teatral’. Sua música tem sempre algo de cênico e no geral sua estrutura melódica é complexa e de muita qualidade. Isso talvez afaste a sua arte do chamado ‘gênero popular’.
Neste álbum, gravado em 1987, vamos encontrar um pouco de tudo isso que eu falei. “Aldeia dos ventos” foi concebido para ser um musical. Teve além desta, mais duas edições posteriores com capas diferentes. Como se pode ver pela ilustração da capa, participaram da gravação grandes nomes da nossa música, com destaque para Ney Matogrosso, Sivuca, Gonzaguinha, José Alexandre, Antonio Adolfo e Lucinha Lins. Pessoalmente, acho este um dos melhores trabalhos do Oswaldo, o qual eu chamaria de uma espécie de ‘progressivo’. Até na capa a ideia nos remete à um estilo de música ‘viajante’. Mas, peraí… não me entendam mal, não estou me referindo aqui à bandas de rock. Eu viajei foi em outras paradas 😉
a lenda do castelo – ney matogrosso
sempre não é tod dia – zizi possi
canário amarelo – lucinha lins
o desajeitado e feliz – oswaldo montenegro e antonio adolfo
o país dos tristes – josé alexandre
o travesti – oswaldo montenegro e nejandro arbo
simpatia de giz – oswaldo montenegro
o país das atrizes – glória pires
o país da esperança – gonzaguinha
o apís dos apressados – sivuca e oswaldo montenegro
o pais das bruxas – josé alexandre
o país da vaidade – noel devas

Sexteto Prestige – Música E Festa Nº 6 (1960)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados! Tenho a impressão de que depois que eu criei o GTM, a turma por aqui ficou ainda mais oculta e acomodada. Realmente é muito bom receber em casa, sem muito trabalho, os links do Toque Musical. Mas o fato é que as visitas ao blog se tornaram escassas, não fazendo justiça aos quase 900 associados do nosso grupo. Bom, tudo bem, eu por enquanto vou apenas observando, mas pelo andar da carruagem, acho que logo teremos novas mudanças por aqui. Devo confessar, ando meio desmotivado. Acho que está na hora de deixar de ser diarista e perceber que este compromisso é só comigo mesmo.

Segue aqui, finalmente, o último disco da série “Música e Festa”, do Sexteto Prestige. “Positivamente! Quando o Toque Musical postou o ‘Música e Festa’ Nº 1, estava previsto o sucesso da sequência…” Enfim, chegamos ao último número desta série feita para dançar. José Menezes e seu conjunto dão mais um show de interpretação, trazendo um repertório rico de sambas e boleros. Como sempre, músicas em bloco, num ‘pot pourri’ dançante que é para ninguém parar. Confiram…

nunca aos domingos
mercadora do mal
perdoa-me pelo bem que te quero
time on my hands
não és ninguém
negue
queixas
doidivana
ninguém é de ninguém
beija-me depois
se eu pudesse
devaneio
cheiro de saudade
chora tua tristeza
amigo
você passou

Mané Baião E Seus Cangaceiros – Pagode No Guarani (1977)

Bom dia, amigos cultos, ocultos e associados! Quero, inicialmente, avisar a todos que as solicitações de reposição de links no GTM serão todas atendidas, naturalmente. Porém, como estou sozinho nessa empreitada e além do mais, com o blog em reforma, peço a vocês que tenham paciência. Todo mundo será atendido, de acordo com a ordem de entrada dessas solicitações. Contudo, a prioridade é sempre para a postagem do dia, ok?

Hoje vamos de baião (for all), para espantar a tristeza e outros males. Tenho aqui Mané Baião e Seus Cangaceiros, um grupo de forrozeiros da melhor qualidade. E eu pensando que ninguém conhecia, pelo menos o disco já foi bem rodado na Rede. Mané Baião, segundo as poucas informações que encontrei, veio de Alagoas. Ainda na adolescencia transferiu-se para São Paulo, nos anos 60. Gravou seu primeiro disco pela RCA, em 1967, com texto de apresentação na contracapa de Manezinho Araújo. É considerado um dos primeiros forrozeiros na cidade de São Paulo. “Pagode no Guarani” foi um álbum nascido dez anos depois. Neste temos um repertório bem elaborado, com músicas autorais e até uma pitada de Gonzagão (e Humberto Teixeira, claro!). Não sei se antes disso ele gravou outros discos. Como disse, não encontrei muitas informações. Aliás, o pouco que comentei foi graças aos blog Tati Cabeluda e Forró em Vinil, neste último, inclusive, tem os dois discos do Mané Baião.

minha alencarina
assum preto
lírio verde
duquinha
quem manda é o baião
lamento cearense
pagode no guarani
carnaval em salvador
beata mocinha
puxa e repuxa
sonhei com meu amor
a bahia tem

Carioca And His Cuban Percussion Orchestra – Chachacha Explosivo (1962)

Muito bom dia, amigos cultos, ocultos e associados! Enfim, após passar uma semana me recuperando das perdas e danos, retomo nossas postagens em um novo endereço. Aliás, em novos endereços. Por loucura ou pura teimosia, repliquei o Toque Musical em 10 vezes. Ou seja, criei, além deste, mais nove blogs iguaizinhos. Com a ajuda de alguns amigos, pretendo ainda criar mais. Numa próxima onda terrorista como foi essa, vou ‘poluir’ a rede de Toque Musical. Colocarei na rede pelo menos umas 20 cópias do blog, com o detalhe de serem atualizados todos, simultâneamente. Por enquanto, só estará público este endereço. Lembro também que existe uma outra versão do blog pelo WordPress, o qual muitos de vocês já conhecem e que funciona como uma filial, sem link, obviamente. Assim sendo, não vai ser por falta de toques que vocês irão ficar sem música. Quanto aos vilões do Toque Musical, eu quero mais é que morram secos de ódio, sufocados e mudos na inveja, infiltrados ou não no nosso GTM. Quanto ao Blogger, mais uma vez, obrigado pelos ‘espaços cedidos’. Viva a hipocrisia! (desde que me permitam continuar existindo)

Aproveito também o momento para pedir a todos um voto de confiança e amizade em forma de um gesto, que aparentemente pode parecer, de minha parte, um pedido de pura vaidade, mas não é não. Gostaria de ver uma demonstração de simpatia através do quadrinho de seguidores. Acho que não seria pedir muito aos amigos que se colocassem como seguidores, como já o fizeram alguns. É uma coisa boba, eu sei, mas demonstra, para mim, uma outra força, um estímulo e a simpatia. Se o número de seguidores for igual ou próximo ao crescente GTM, eu ficarei muito satisfeito e verei que vale a pena continuar a empreitada. Para um blogueiro como eu, o importante é o ‘feed back’. Se não escuto nem o eco do meu toque, não há mais porque continuar ‘cantando’.
Como prova de gentileza, dou sequência ao Toque Musical com um disco super bacana, que eu acredito, venha a agradar a todos. Não bastasse a bela capa, temos aqui um belíssimo disco. Eis aqui o que eu considero o melhor disco de ‘Cha Cha Cha’ já gravado no Brasil: Carioca And His Cuban Percussion Orchestra. Este álbum eu reencontrei, após muito procurar, em uma banca de feira da Praça 15, no Rio. Para a minha felicidade o álbum ainda era ‘zero bala’, virgem até no selo de proteção, coisa típica dos discos da Imperial/Odeon. Nunca havia sido tocado antes, vejam que beleza!
Assim sendo, temos aqui o já apresentado Ivan Paulo da Silva, mais conhecido como Maestro Carioca, que na verdade era paulista. Acredito que o ‘Carioca’ veio do fato dele ter a sua atuação artística mais concentrada no Rio de Janeiro. Apenas por curiosidade, é dele aquele famoso prefixo do “Reporter Esso”, da Rádio Nacional. O cara era mesmo muito bom.
Neste belíssimo álbum, como se pode ver logo de cara, Carioca se dedicou a explorar (com maestria, diga-se de passagem e com retundâncias) o que era, ainda então, um dos gêneros mais populares daquela época, o ‘cha-cha-cha’. O Maestro Carioca engana bem (no bom sentido, claro!) se fazendo passar por um ‘bandleader’ cubano. Sinceramente, não deixa nada a desejar, chegando mesmo a superar muitos cubanos. Aqui encontraremos um repertório fino, com músicas bem conhecidas do público, em arranjos de matar de inveja a Orquestra Aragón (ou vice-versa, hehehe…)

o terceiro homem
limelight
stranger in paradise
las secretarias
temptation
monalisa
el bodegueiro
me lo duo adela
again
rum and coca-cola
chachacha nº 5
alexander’s sagtime band

Alfredo Moretti, Blackout, Carlos Galhardo, Cauby Peixoto, Francisco Alves – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 17 (2012)

Esta já é a décima-sétima edição do meu, do seu, do nosso Grand Record Brazil. Uma trajetória excelente, mas olha, certamente iremos muito além, se Deus quiser. Aqui temos, treze fonogramas raros, a maior parte de cantores bastante conhecidos e que deixaram sua marca na história da música popular brasileira. Exceção feita, claro, ao paulistano Alfredo Moretti (c.1925-?). Com timbre semelhante ao de Francisco Alves (também aqui lembrado), ele ficou esquecido com o passar do tempo, talvez pela escassa discografia que deixou: apenas nove discos 78 com dezoito músicas, entre 1953 e 1957, nos selos Columbia (oito) e Todamérica. (o último). Nesta edição do GRB, eis seu sexto disco, o Columbia CB-10182, lançado em agosto de 1955. No lado A, matriz CBO-543, o samba-canção “Violão amigo”, de Ítalo Moretti, e no verso, matriz CBO-541, o bolero “Porque te quero”, de autoria do acordeonista Mário Gennari Filho em parceria com Joamar (quem seria?), e certamente é o próprio Gennari quem o acompanha com seu acordeão e seu conjunto, ambos não-creditados no selo original.
Já que falamos anteriormente de Francisco Alves, o eterno e eclético Rei da Voz, cuja trágica morte em acidente rodoviário completa 60 anos em setembro próximo, ele aqui comparece com cinco faixas bastante apreciadas. Uma delas é seu eterno carro-chefe, a “canção brasileira” “A voz do violão”, melodia sua e versos de Horácio Campos, feita para uma revista teatral chamada “Não isso é que eu procuro”, encenada no Teatro Carlos Gomes, no Rio. E foi a música que Chico mais gravou de todo o seu repertório: “apenas” quatro vezes, a primeira em 1928 (selo Parlophoin), a segunda em 1929 (feita a pedido do letrista Horácio, que não gostou de ter seu nome omitido na primeira gravação), a terceira em 1939 e esta aqui, a quarta e última, todas pela Odeon. O registro daqui é de 5 de abril de 1951, matriz 8943, lançado em julho seguinte com o número13143-A. No verso, matriz 8941, outra regravação, a da canção “Lua nova”, também com melodia dele próprio e versos de Luiz Iglésias, lançada originalmente por Chico em 1928, e aqui com o subtítulo de “Lua nova”, com versos do homem de teatro Luiz Iglésias, que inclusive foi marido da atriz Eva Todor, estrela de sua companhia teatral. Em seguida, o disco Columbia 55248-B, de 7 de novembro de 1940, lançado em dezembro seguinte, matriz 338, apresentando a lírica marcha-rancho “A flor e o vento”, da parceria João “Braguinha” de Barro-Alberto Ribeiro, com acompanhamento orquestral de Radamés Gnatalli. O lado A, já revivido aqui anteriormente, é “Onde o céu azul é mais azul”, dos mesmos autores mais Alcyr Pires Vermelho. Em seguida temos uma versão, das muitas que Haroldo Barbosa fez para o Rei da Voz, gravação Odeon de 8 de setembro de 1944, lançada em agosto seguinte com o número 12505-B, matriz 7647 (o outro lado de “Para sempre adeus”, também já revivida aqui), com acompanhamento orquestral de Fon-Fon. É o fox “Lagoa adormecida (Sleepy lagoon)”, de Eric Coates e J. Lawrence, do filme “Minha secretária brasileira (Springtime in the rockies)”, da 20th Century Fox, dirigido por Irving Cummings (tendo nada mais nada menos do que Cármen Miranda no elenco!). Nele, a música é executada pela orquestra do bandleader Harry James. Encerrando a participação do Rei da Voz nesta edição, temos a primeiríssima e originalíssima gravação do samba-canção “Marina”, de autoria do mestre baiano Dorival Caymmi. Ela foi feita por Chico na sua Odeon de sempre em 11 de março de 1947, com lançamento em maio seguinte com o número 12773-B, matriz 8191 (é o outro lado do fox-canção “Maria”, que já oferecemos antes também). Um mês mais tarde, Dick Farney também gravou “Marina”, na Continental, acompanhando-se ao piano, com lançamento em junho seguinte, e esse acabou sendo o registro de maior sucesso, fazendo muitos pensarem que foi Dick o lançador do samba-canção de Caymmi (ele regravaria a música outras quatro vezes). Ainda em 1947, Nélson Gonçalves e o próprio Caymmi fizeram seus registros de “Marina”, ambos pela RCA Victor.
Falemos agora de Otávio Henrique de Oliveira. Quem? É nada mais nada menos que Blecaute, o eterno “general da banda” (Espírito Santo do Pinhal, SP, 1919-Rio de Janeiro, 1983), que recebeu esse apelido do Capitão Furtado, radialista e compositor, sobrinho de Cornélio Pires, por causa dos apagões frequentes na época do pós-guerra. São três gravações relacionadas a datas comemorativas. Pra começar, o baião junino “Santo Antônio não gosta”, da profícua parceria Haroldo Lobo-Mílton de Oliveira (também responsável por muitos hits carnavalescos), gravado na Continental em 10 de abril de 1952, com lançamento em maio-junho desse ano sob número 16556-A, matriz C-2834, com acompanhamento do conjunto do trombonista Astor Silva, o Astor do Trombone. Em seguida o Copacabana 5502, lançado em dezembro de 1955. No lado A, matriz M-1273, um clássico natalino brasileiro: a “valsinha de roda” “Natal das crianças”, de autoria dele mesmo e ainda hoje muito lembrada. No verso, matriz M-1272, Blecaute homenageia as noivas com a marcha “Noiva querida”, de Silvino Neto, também humorista de rádio e autor dos clássicos “Cinco letras que choram” e “Valsa dos namorados”, ambos hits de Francisco Alves.
Carlos Galhardo, “o cantor que dispensa adjetivos”, está de novo presente no GRB, com mais uma homenagem às noivas: é a valsa “Aniversário de casamento (Anniversary waltz)”, do romeno Ian Ivanovici em versão do especialista Lourival Faissal. Gravação RCA Victor de 4 de agosto de 1950, lançada em agosto seguinte com o número 80-0697-B, matriz S-092727. Essa mesma gravação foi reeditada em dezembro de 1952 com o número 80-1060-B, e é mais uma prova que as datas comemorativas (aniversário, Natal, bodas de prata, etc.) foram gfravadas por Galhardo mais que qualquer outro intérprete.

Para encerrar, um intérprete que tem resistido ao tempo, e já octogenário, ainda em franca atividade: é o grande Cauby Peixoto, que aqui comparece com um disco “internacional”, o Columbia CB-11000. Ele foi gravado em Hollywood, Califórnia, EUA, em 1955, quando da primeira temporada do “professor da MPB” naquele país, com acompanhamento orquestral de um dos mais expressivos maestros da época, Paul Weston. No lado A, matriz RHCO-33427, o samba-canção “Final de amor”, composto pelo empresário do cantor, Di Veras, em parceria com Haroldo Barbosa. No verso, matriz RHCO-33426, o bolero “A pérola e o rubi (The ruby and the pearl)”, da dupla Jay Livingstone-Ray Evans, vertida por outro especialista na matéria, Haroldo Barbosa. Ambas as gravações também saíram no primeiro LP de Cauby, o dez polegadas “Blue gardenia”, junto com outras duas também gravadas por ele nessa temporada americana, “Sem porém nem porquê” e “Nossa rua”. Enfim, mais um presente do TM para todos os amigos ocultos e ocultos que apreciam o que é bom. Diversão garantida!

 
*TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO

Sidney – Isto É Dança Vol.3 (1963)

Boa tarde e boa Páscoa a todos! Achei que no feriadão eu iria ficar mais folgado e ter tempo para repor alguns toques. Mas que nada, mal sobram uns 15 minutos, que é o tempo que eu levo para fazer a postagem, isso considerando a bala já na agulha, claro! Felizmente, além dos arquivos de gaveta, tem também a pastinha com as digitalizações recentes. Daí, numa hora como essa, é uma mão na roda.

Segue aqui outro disco de Sidney, Orquestra e Côro sob a direção de Astor. Eu, por engano, acabei pegando o volume 3. Tinha por certo já ter postado o volume 2. Agora, nessa altura dos acontecimentos, vamos ficar mesmo com o volume 3. O 2 a gente vê depois, hehehe…

faz-me rir
por toda a minha vida
madureira chorou
eu quero um samba
love is a many splendored thing
devaneio
suave é a noite
les feuilles mortes
quizas, quizas, quizas…
história de um amor
agora
meu nome é ninguém

Projeto Pixinguinha – Coletânea Especial Do Toque Musical (2012)


Boa noite, amigos cultos, cultos e associados! Chegamos à mais um sábado de coletâneas. Aleluia! Para o dia de hoje eu estou trazendo um seleção de alguns registros ao vivo, do memorável “Projeto Pixinguinha”, ainda em suas primeiras edições. Este famoso projeto musical foi, de uma certa forma, idealizado (ou viabilizado) por Hermínio Bello de Carvalho, então vice presidente da Sombras (Sociedade Musical Brasileira). Inspirado na série “Seis e Meia”, de shows, com ingressos a preços populares, que acontecia no Teatro João Caetano (RJ), em 1976. O Projeto nasceu em 1977, reunindo diversos artistas da MPB. Eram colocados num mesmo espetáculo dois ou três nomes, iniciantes e veteranos. Uma ‘dobradinha’ musical de sucesso que fez história e mereceu novas edições. Bom, mas essa história quem conta em detalhes é o site da Funarte, o “Brasil Memóra das Artes”, que busca digitalizar um acervo de imagens, áudios e vídeos preciosíssimo e que para a nossa felicidade está totalmente disponível. Uma iniciativa super bacana que merece ser explorada. Dentro desta ‘exploração’, eu tomei o trabalho de extrair todos os áudios, as gravações do Projeto Pixinguinha. Que coisa fascinante, passei o dia de hoje só por conta disso. Minha ideia inicial não era a de copiar esses arquivos, mas vendo a dificuldade de muitos em acessar os arquivos através de uma conexão ‘meia boca banda larga’, achei que seria uma boa copilar tudo, criando assim alguns ‘disquinhos virtuais’, típicos aqui do Toque Musical. Agora todos podem ter realmente acesso às gravações, sem necessariamente depender de uma conexão contínua, que muitas vezes sofre interrupções (é um saco isso). Por outro lado, espero estar também ajudando a divulgar esse maravilhoso site de cultura. Pretendo ir, ao longo do tempo, apresentando aqui as diversas gravações, em edições como esta. Teremos, em produções exclusivas, as gravações dos shows, editadas e remixadas, com capinhas atraentes (como se precisasse) que irão certamente agradar a todos no GTM.

Neste primeiro momento, eu fiz um apanhado de arquivos avulsos, extraídos de diferentes shows e artistas, apenas para ‘molhar o bico’ 😉 Espero que vocês gostem…
poema da rosa – jards macalé
na subida do morro – moreira da silva
pérola negra – luiz melodia
rita baiana – zezé motta
tão fácil – marina lima
pedaço de canção – moraes moreira
tamba tajá – maria lúcia godoy e miguel proença
valsa da dor – miguel proença
trenzinho caipira – viva voz
sabiá – maria lúcia godoy, miguel proença e viva voz
carinhoso – maria lúcia godoy
denge / oxum – zezé motta e johnny alf

José Menezes E Seu Conjunto – Música… Amor E Festa (1959)


Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados! Espero neste fim de semana estar colocando em dia todas a solicitações de repostagem, bem como a correção de alguns links que tiveram de ser refeitos. Sem pressa vamos aos poucos colocando a casa em ordem, ok?

Segue aqui mais um disco de José Menezes e seu conjunto, nos bons tempos do selo Prestige. Como se pode ver pela contracapa, quase todos esses lançamentos da gravadora já foram postados aqui no Toque Musical. O que ainda não entrou, logo eu trarei para vocês. Inclusive o volume 6 da série “Música e Festa”, do Sexteto Prestige (que é também o Zé Menezes e seu conjunto)
Neste álbum vamos encontrar quatro ‘pot pourri’, sendo os dois primeiros (lado A) dedicado ao bolero, gênero que fazia muito sucesso naquele tempo. Recheado de clássicos inesquecíveis. Do outro lado, melhor ainda, duas faixas de ‘pot pourri’ de sambas, dos melhores e também inesquecíveis. Ouvindo rapidamente, acho que algumas coisas aqui foram retiradas de outros discos, principalmente da fase com o Sexteto Prestige. Vale dar uma conferida 😉

pecado
quizas… quizas…
que te parece
yo no se que me passa
hipócrita
eclipse
palabras de mujer
tres palabras
señora tentacion
quando ela passa
da cor do pecado
que é que é
uma noite em são borja
exaltação à magueira
vem meu amor
eu chorarei amanhã
madeira de lei

Paulinho E Seu Conjunto – Sucessos (1961)



Muito bom dia, amigos cultos, ocultos e associados! Aqui vou eu logo cedo, apressado, com um dia longo e cheio. Antes porém, quero vou deixando pronta a postagem do dia. Mais um ‘disco de gaveta’, para esses momentos de aperto.

Segue aqui outro disco do Paulinho baterista. Pela capa, com seu repertório estampado, logo se percebe que este lp é na verdade uma coletânea. Aqui estão reunidos algumas das gravações feitas pelo artista em discos anteriores pela Prestige. Juro que no momento em que puxei esse da ‘gaveta’ e comecei a postagem, nem me toquei para o fato de que todas as músicas contidas aqui já foram postadas no Toque Musical, em seus discos originais. Bom, como já estou praticamente finalizando a tarefa (e atrasado), vou deixar a coisa assim… À noite, se eu tiver um tempinho, para compensar, deixo um compacto aqui, ok? Acho que nem carece comentários a respeito do conteúdo musical. Tá tudo aí… Nem lista da músicas vai precisar 🙂
Na pior das hipóteses vai ser uma maneira dos amigos fazerem uma releitura de Paulinho e seu conjunto 😉 Fiquem a vontade…

Renato Mendes E Seu Orgão (1962)


Boa noite amigos cultos, ocultos e associados! Desculpem as minhas falhas. Sei que tenho esquecido de dar aquele toque no GTM e as vezes até a postagem! Pois é, empresa onde só tem um funcionário só pode dar nisso. Mas vamos, dentro das minhas possibilidades, fazendo o impossível 😉

Para aplacar as furadas, hoje eu estou trazendo um disco super bacana, pura raridade que eu, até hoje, nunca vi postado em outro blog. Temos aqui um dos maiores tecladistas brasileiros. Digo tecladista, mas no melhor dos bons sentidos, como um artista que domina todas as teclas. Renato Mendes é na verdade um organista, talvez o maior do Brasil. Mestre de muitos outros grandes organistas. Encontrei na rede um curioso anúncio de aulas de orgão eletrônico, no qual segue num longo texto, um relato do instrumentista professor, falando de seu mestre Renato Mendes. Por aí a gente já faz uma ideia de quem foi este músico. Mais uma vez, digo ‘foi’ sem saber ao certo a situação de Renato Mendes. Ele tem outros discos ótimos. No blog Vinyl Maniac há um excelente, “Orgão de Vanguarda”, lançado em 1965. “Electronicus” também é outro disco imperdível (em breve irei postá-lo aqui). A gravadora pernambucana lançou em 1962 este álbum que agora eu apresento a vocês. O lp teve também uma outra capa e o título de “Sambando com Renato Mendes e seu Orgão”. Só não sei qual foi lançado primeiro. O certo é que no disco iremos encontrar um repertório de sambas e outras bossas reinantes naquele começo dos anos 60. Renato vem acompanhado por bateria, baixo e um saxofone que dá um tom jazzístico ao trabalho. Um belíssimo disco. Valeu a pena esperar…

o barquinho

nossos momentos
céu e mar
cheiro de saudade
a noite do meu bem
gimba
poema das mãos
zelão
ternurinha
esquecendo você
copacabana
o apito no samba

Ademilde Fonseca – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 16 (2012)

No dia 27 de março de 2012, o Brasil perdeu uma de suas cantoras mais expressivas, e um autêntico ícone da chamada era do rádio: Ademilde Fonseca Delfim. E o Grand Record Brazil presta merecida e expressiva homenagem a esta que foi conhecida como “rainha do chorinho”, reunindo 40 preciosas gravações em 78 rpm, selecionadas entre as mais de 80 deixadas pela cantora nesse formato. Ademilde nasceu em Macaíba, RN, em 4 de março de 1921. Aos quatro anos de idade mudou-se com a família para a capital potiguar, Natal, ali vivendo até 1941. Gostava de cantar desde criança, e ainda na adolescência começou a se interessar por serestas, travando conhecimento com músicos lá de Natal. Foi com um desses seresteiros, Naldimar Gedeão Delfim, que Ademilde contraiu núpcias, indo morar com ele no Rio de Janeiro. Em 1942, após um teste na Rádio Clube do Brasil, apresentou-se no programa de calouros “Papel carbono”, de Renato Murce. Nesse mesmo ano cantou em uma festa, acompanhada pelo regional do flautista Benedito Lacerda, o choro clássico “Tico-tico no fubá”, de Zequinha de Abreu, com letra do dentista Eurico Barreiros, que a havia feito especialmente para sua filhinha Ely cantar, onze anos antes, sendo tal letra conhecida por Ademilde desde menina. Benedito gostou tanto de sua interpretação que a levou à gravadora Columbia (futura Continental), cujo diretor artístico era o grande João “Braguinha” de Barro, para registrar seu primeiro disco. Isso se deu em 10 de agosto de 1942, e foi a primeira vez que o “Tico-tico” foi gravado com letra, e sete anos depois da morte de Zequinha de Abreu. Lançado em setembro seguinte com o número 55638, o disco trouxe no verso o samba “Volte pro morro”, do próprio Benedito Lacerda com Darcy de Oliveira. Nele também comparece como sanfoneiro o grande Luiz Gonzaga, certamente não creditado no selo por ser contratado da RCA Victor. E os chorinhos cantados por Ademilde foram se sucedendo, sempre com sucesso: “Apanhei-te, cavaquinho”, “Urubu malandro”, “Brasileirinho”, “Teco-teco”, “O que vier eu traço” “Pedacinhos do céu”, “Pinicadinho”, etc., dando à cantora o título incontestável de “rainha do chorinho”. Em 1944, levada pelo cantor Déo, Ademilde foi para a Rádio Tupi (“o cacique do ar”), apresentando-se com os regionais de Claudionor Cruz e Rogério Guimarães. Em 1952, ela seguiu para a França, junto com a Orquestra Tabajara de Severino Araújo para participar de um espetáculo produzido em Paris pelo jornalista e empresário de comunicação Assis Chateaubriand, dono dos Diários e Emissoras Associados. Em 1954, transferiu-se para a então poderosa Rádio Nacional, onde se apresentou com os regionais de Canhoto (Waldomiro Frederico Tramontano), Jacob do Bandolim e Pixinguinha, e também das orquestras de dois “cracões” da emissora da Praça Mauá, Radamés Gnatalli e Chiquinho. Em 1964, a cantora fez uma excursão pela Península Ibérica (Portugal e Espanha), ao lado de nada mais nada menos que Jamelão, sendo que em Lisboa Ademilde ficou cerca de seis meses em cartaz. Após quinze anos de afastamento, em 1975, Ademilde voltou ao disco, lançando um bem cuidado LP na marca Top Tape, apresentado-se, durante essa década, em shows no Teatro Opinião, do Rio. Participou do CD coletivo ‘Café Brasil”(2001) e do espetáculo “As eternas cantoras do rádio”, ao lado de Violeta Cavalcanti, Carmélia Alves e Ellen de Lima. Nos últimos anos de vida, Ademilde vinha fazendo shows juntamente com a filha, Eymar Fonseca, mostrando que ainda estava em plena forma. Dias antes de falecer, aos 91 anos de idade, a cantora havia gravado uma entrevista para o programa “Sarau”, da emissora de TV paga Globo News. Nesta décima-sexta edição do GRB, inúmeros momentos expressivos da carreira de Ademilde Fonseca. “Tico-tico no fubá”, claro, está nesta seleção, e é a primeira faixa. Ao lado de outros chorinhos famosos, como “Apanhei-te, cavaquinho”, “Doce melodia”, “Galo garnizé”, Dinorah”, tem também samba de carnaval (“Sentenciado”), baião (“Meu Cariri”, co-autoria de Dilú Mello, também responsável pelo hit “Fiz a cama na varanda”, sendo que na época do lançamento desse baião, 1953, havia uma gravíssima seca no Nordeste), toada (a bem-feitinha “Se amar é bom”, melodia de José Maria de Abreu e letra de Antônio Domingues, o lado B do disco de “Meu Cariri”), música de festa junina (“Fogueira”, também de Abreu com Jair Amorim), e até mesmo a curiosa “Baião em Cuba”, mostrando a nítida semelhança do baião com os ritmos afro-caribenhos então em moda, tipo rumba, mambo, etc. O clássico baião “Delicado” também marca ponto, e dada a tessitura rítmica, só Ademilde poderia gravá-lo, posto ser um “baião -choro”, com a vertiginosa rapidez que lhe era peculiar. Enfim, uma riquíssima e expressiva retrospectiva da carreira desta insubstituível cantora que é Ademilde Fonseca.

Pra terminar, eu gostaria de fazer uma solicitação que nada tem a ver com esta resenha, mas que o próprio Augusto me sugeriu. Estou à procura da música “Maria da Piedade”, de Evaldo Ruy, que foi a primeira gravação do cantor Mauricy Moura (Santos, SP, 1926-São Paulo, 1977). Ela saiu pela Sinter em maio de 1952, no 78 de número 142-A (com um monte de zero antes!). Teve inclusive um blogueiro chamado Marcos Massolini, também jornalista e poeta, que administra o blog Almanaque do Malu (é o apelido dele) que comprou em um sebo da Av. Duque de Caxias, centro de São Paulo, um LP de 10 polegadas chamado “Meia-noite”, também da Sinter, claro, que reproduz a gravação do Mauricy pra “Maria da Piedade”, mostrou a capa do disco no blog, tudo, mas não o disponibilizou para download. Cheguei a escrever ao tal Malu pedindo uma cópia em mp3 do “Maria da Piedade”, ele até me respondeu dizendo que ia mandar, mas já se passaram três semanas… e nada! Talvez seja precipitação minha, mas duvido de que ele cumpra sua promessa. Por essa razão, solicito aos amigos cultos e ocultos do TM, que acompanham estas minhas resenhas do GRB, que se alguém tiver o “Maria da Piedade” com Mauricy Moura, enviem uma cópia em mp3 pro email do TM, que aí o Augusto me repassa. Combinado? Por ora, curtamos a inesquecível Ademilde…


* texto de Samuel Machado Filho



Os Bambas – O Melhor Em Samba (1969)

Boa tarde, amigos cultos, ocultos e associados! Trago hoje uma triste notícia para todos. Infelizmente esta será a nossa última postagem. O Toque Musical dá por encerrada as suas atividades, sendo esta a última que farei. Na segunda feira o blog será retirado da rede, atendendo assim as reivindicações das gravadoras, editoras e empresas estrangeiras, responsáveis pelos direitos autorais de toda a fonografia brasileira. Toda a música brasileira, inclusive os discos raros, fora de catálogo e tudo o que já foi postado aqui, serão agora oferecidos gratuitamente pelo iTunes. Esses discos serão novamente relançados, no formato vinil e cd e estarão à venda a partir da segunda quinzena de abril. Pelas informações, esses relançamentos serão vendidos por preços de banana, numa faixa média de 5 reais. Diante a tudo isso, realmente, não faz mais sentido ficar mantendo um blog como o Toque Musical. Fica aqui então a minha despedida. Ao ritmo do samba a gente vai chegando à ‘apoteose’. Valeu demais!

Xiii… tô vendo aqui que tem nêgo já com taquicardia, desesperado com essa notícia. Hehehe… calma gente, é uma pegadinha, hoje é primeiro de abril 🙂 Tudo mentira, hehehe…
De verdade aqui é só o samba, o disco deste domingo.

Tenho aqui para vocês mais uma produção da CBS, no final dos anos 60, através de seu selo Okeh, “O melhor em samba com Os Bambas”. Quem foram esses ‘bambas’ eu não saberei dizer. Tenho para mim, que “Os Bambas” foi apenas um nome fictício, criado pelos produtores da CBS no intúito de poder lançar discos com músicas e artistas que não faziam parte de seu ‘cast’. Este era mais um dos muitos artifícios usados pelas gravadoras para burlar direitos (aparentemente exclusivos). Os Bambas, da CBS, lançaram diversos discos ao logo dos anos. É bem provável que os músicos que tocam neste lp não sejam os mesmos de outros volumes. Não há créditos, nem nomes. Tudo feito com um intúito puramente comercial. Mas nem por isso deixa de ser interessante e tem lá as suas qualidades. Há discos, músicas e artistas que são como vinho. Com o passar do tempo, alguns ficam cada vez melhores, outros se tornam vinagre. Mas todo vinagre tem seu dia de salada. Se for esse o caso, o prato frio está ótimo. Eu não tenho nada a reclamar 🙂

levanta a cabeça
tá tudo aí
bloco do sujo
casa de bamba
maria chora
não posso parar
pot pourri:
zé marmita
tumba lê lê
levanta mangueira
araruta tem seu dia
madureira chorou