Benito Di Paula – Um Novo Samba (1974)

Boa tarde, amigos cultos e ocultos. Com a chegada do inverno é comum a gente pegar um resfriadozinho básico. Eu que me gabava de há muito tempo não ficar resfriado, estou hoje entrando naquele estado gripal, com o nariz escorrendo e uma vontade danada de fazer coisa nenhuma. Desânimo total. Quero uma cama e uma bebida quente para afastar o mal estar. Se tem uma coisa que me deixa irritado é ficar gripado. Tô me segurando para não piorar. Odeio isso…
Nessa minha situação, hoje, fui obrigado a recorrer aos ‘discos de gaveta’, aqueles que já estão prontos, na reserva para momentos de emergência. Vamos hoje com o Benito Di Paula em seu álbum “Um novo samba”, um dos primeiros lps de sua carreira e talvez o que fez mais sucesso. Nele encontramos duas músicas de destaque, “Retalhos de cetim” e “Se não for amor”.
Desculpem, mas hoje eu tô mal. Vou tomar um analgésico e dar uma deitada. Ficar gripado é uma merda!

se não for amor
samba do profeta
fui sambando, fui chegando
quando tudo mudar
certeza de você voltar
que beleza
sandália de couro
depois do amor
agradecimento
ela veio do lado de lá
retalhos de cetim
violão não se empresta a ninguém

Românticos De Cuba – Na Itália (1965)

Bom dia a todos! Ontem aconteceu em Belo Horizonte a tradicional Festa Italiana da Savassi com dezenas de barraquinhas vendendo comidas típicas, shows e mais de 60 mil pessoas circulando pela Av. Getúlio Vargas. Quando vi a ‘muvuca’, desisti de entrar na festa. Embora tivesse muito coisa legal para ver e comer, preferi rodar de bike por outros cantos da cidade. Sei que perdi um festão, mas no ano que vem eu programo melhor essa data.
Pensando na festa, tive então a ideia de postar hoje este disco da Orquestra Românticos de Cuba. Temos aqui uma seleção de algumas das mais famosas músicas italianas dos anos 50 e 60 executadas com a qualidade que só mesmo uma boa orquestra como esta poderia fazer. Inicialmente, sob a batuta oculta de Severino Araújo e muitos dos instrumentistas de sua Orquestra Tabajara, depois nas mãos de Waltel Branco, os Românticos de Cuba estiveram por mais de 20 anos, com seus discos, sendo lançados no mercado fonográfico como a orquestra das oportunidades. Aquela que toca de tudo e conforme o sinalizador de sucessos. Uma criação do dono da gravadora, Musidisc, Nilo Sérgio. que soube como ninguém explorar o mercado fonográfico com seus artistas e orquestras inventados.
Acho que por conta dessas diferentes e diversas investidas, havia um variado leque de estampas e fotografias prontas para serem usadas nas capas. No caso específico desta, que embora seja muito bonita (principalmente pela garota), não tem nada a ver com a inspiração italiana. Ao montarem a capa, alguém lá… deve ter entendido que a Orquestra Românticos de Cuba iria gravar um disco de músicas mexicanas. Mama mia, che pasticcio!
Mas, independente da capa, o disco no geral é muito bom. Eu é que, pessoalmente, prefiro dos italianos mais moderninhos, do jazz e do rock progressivo. Pena que os Românticos de Cuba não chegaram a trabalhar esses tipos de música, hehehe…
sapore di sale – tornerai suzie
stasera pago io – io che amo solo te
arrivederci roma – o sole mio
ti guardero nel cuore – al di la
piove – conoscerti
aria di neve – la dulce estale
senza fine – una lacrima sul viso
prima di dormire bambina – nel blu dipinto di blu
addormentarmi cosi – l’abito blu
nessuno al mondo – arrivederci

Mário Zan – Zanzando (1957)

Boa tarde, amigos cultos e ocultos! O tempo tem passado mesmo muito rápido, eu nem percebi e já estamos em junho. Este é um mês agitado aqui no Toque Musical. No próximo dia 30 estaremos completando 4 anos de atividade. Vão preparando aí para o festejo, afinal quatro anos não são quatro meses.
E por falar em festejo, estamos também na época das festas juninas. Eu desta vez quero postar alguns discos ainda no início do mês, dando assim a oportunidade dos mesmos serem usados por vocês nas festas juninas que estão por vir. Não vai ser por falta de músicas apropriadas que São João vai deixar de dar o seu recado.
Temos aqui, para começar, um álbum de 10 polegadas do Mario Zan, lançado em 1957 pela RCA Victor. Este não é exatamente um disco para festas juninas, mas tem tudo o que é preciso: acordeon e Mario Zan. Na bolacha de oito faixas vamos encontrar bolero, dobrado, xote, baião, tango, valsa, maxixe e… música para quadrilha, é claro!
Coisa curiosa, que eu desconhecia, vim a saber no texto da contracapa deste disco. O Mário Zan (Mario João Zandomenighi) era realmente nascido na Itália, de Veneza, vindo com a família para o Brasil em 1924. Olha aí um conterrâneo…

só para você
festa na roça
silvino rodrigues
driança sapeca
rabo de galo
capricho cigano
eterna saudade
amigo da onça

Meu Brasil – Coletânea De Milan Filipovic

Olá amigos cultos e ocultos! Aqui estamos em mais um sábado de coletâneas. Vou aproveitar a pausa do almoço para fazer logo a nossa postagem. Hoje temos como convidado o Milan Filipovic, do excelente blog Parallel Realities. Essa ideia de coletâneas, convidando outros blogs parceiros, começou com o sérvio, eu inclusive fui por ele um dos convidados, apresentado uma seleção da Alaide Costa. A minha versão é um pouquinho diferente, se prolonga por um prazo indeterminado. Enquanto houver aqueles que atendam ao meu convite, os colaboradores espontâneos e eu próprio criando novas coletâneas, a programação continua.
Em “Meu Brasil”, Milan reuniu para nós alguns de seus artistas brasileiros, ao que parece, os que ele mais aprecia. Temos aqui o equivalente a um álbum duplo de 10 polegadas, ou seja, dezesseis músicas, extraídas (quase todas) de discos neste formato. A escolha dos artistas e repertório refletem bem o perfil do “Parallel Realities”. Cantoras das décadas de 40, 50 e 60, além de umas pitadas intrumentais de Ribamar, Alberto Mota, Pocho e Moacyr Silva. Gostei, uma bela seleção. Vamos conferir?

ternura antiga – marisa gata mansa
só por amor – odete lara
ô ba la la – norma benguell
com açucar e com afeto – waleska
insensatez – alaide costa
apelo – elizete cardoso
suas mãos – sylvia telles
e a noite chegou – francineth
cantiga de quem está só – neusa maria
brigas de amor – angela maria
ser só – dalva andrade
carinho perdido – isaura garcia
a noite do meu bem – ribamar
canção de amor – alberto mota
mente – pocho
meiga presença – moacyr silva

Di Melo – Pedra Bruta (2011)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Eu ainda não tive tempo de repor todos os ‘toques’ solicitados e nem sei se o conseguirei fazê-lo neste fim de semana. Mas podem ficar tranquilos que no mais breve possível tudo ficará resolvido, ok? Enquanto isso, vão curtindo aí as postagens dos últimos dias.
Como eu já havia comentado, na semana passada tivemos em Belo Horizonte o Conexão Vivo, lá no Parque Municipal. Rolou um bom e variado espetáculo, com os mais diferentes artistas. Nos dois dias em que eu pude estar presente, foi possível assistir a muitos shows. Entre tantos que por lá passaram, veio também o Di Melo que se apresentou ao lado da banda Black Sonora. Para os que não se lembram, o Di Melo é aquele artista pernambucano, que nos anos 70 gravou pela EMI-Odeon um álbum muito interessante, tendo como participação nomes como Heraldo do Monte, Hermento Pascoal, Claudio Bertrami e outros… (inclusive o pai do Taiguara tocando bandoneon). Eu já tive este disco, mas por alguma razão o passei para frente.
O Di Melo voltou a tona depois que nos anos 90 foi redescoberto por DJs ingleses. A sua música “A vida em seus métodos diz calma” foi na época incluida na coletânea “Blue Brazil 2” para o mercado internacional. Como sempre acontece, bastou ser resgatado lá fora para que o pessoal aqui dentro redescobrisse ou reconhecesse o talento do cara. Di  Melo volta a ganhar projeção e interesse das novas gerações, já tem inclusive um filme sendo finalizado sobre sua trajetória. Sinceramente, não conheço a história do cara, mas será que vale um filme? Ele é considerado por muitos como um dos importantes artistas que contribuiram para a formação de um estilo ‘blacksoulmusicsambarock’ (o mesmo onde são colocados Tim Maia, Cassiano, Hyldon, Trio Mocotó e por aí a fora…)
O certo é que no Conexão, o Di Melo volta à cena trazendo debaixo do braço um cd de coletâneas. Quando vi o ‘cedezinho’, achei que fosse piada. Produção caseira, reunindo além das músicas de seu disco de 1975, outras composições. A piada não é pela produção caseria, mas pela capa que estampa uma caricatura sua (até bem feita). Quem vê aquele cd há de pensar que se trata de um disco de piadas ou historinhas infantis. Sinceramente, não me contive… Após ouvir o disco (vendido por ele por 25 paus e sem autógrafo) e por sugestão de um amigo, pensei: pô, esse cara é uma pedra bruta! Precisa de uma lapidação, uma capa nova e mais divulgação! Vou postá-lo no Toque Musical!
Para quem está querendo retomar a carreira na mesma ‘pompa’, além de uma música boa (que ele já tem) é preciso também ter uma boa apresentação. Foi aí que eu resolvi criar essa nova capa, algo mais apropriado para o nosso artista. Modéstia a parte, acho que ficou ótima. Eu me sentiria muito honrado se o Di Melo passasse a usá-la. Tenho certeza que ninguém mais vai lhe fazer piadinhas.

barulho de fafá
lúcifer
distando estava
d’ouro brilhante
multificheiro
podes vir
lantemário
chifre iluminado
verso e prosa
manda e desmanda
posar de rainha
basta bem pensar
querelante
entardeceu, anoiteceu
milagre da sobrevivência
bailarina do cantor
eu não
frágil passarinho
e o vento levou
lábios de rubis 

Nelson Cavaquinho (1973)

Bom dia, prezados amigos cultos e ocultos. Nesta semana, sem intenção, tenho postado discos dos anos 70. Taí uma década que eu adoro, principalmente pelo lado musical. Acho que foi o ápice da indústria fonográfica no Brasil. Era um tempo onde quem administrava as gravadoras entendia de música, tinha sensibilidade e competência. Depois vieram os administradores formados em universidades e transformaram tudo em negócios. E pode-se dizer que foram péssimos administradores, pois, ofuscados pelo brilho do ‘compact disc’, deixaram-se levar por um caminho sem volta. Sucatearam a indústria do vinil e o pior, também a nossa música e os nossos artistas. Sinceramente, não fossem os blogs musicais, em sua anarquia cultural, atuando nos últimos dez anos, muita coisa ainda estaria perdida, esquecida… nas mãos dos gringos que vão relançando lá fora aquilo que aqui ninguém se lembra mais.
Putz, nem sei porque eu comecei de novo esse assunto… uma coisa leva a outra, deve ser… Melhor falarmos do disco do dia 🙂
Hoje segue aqui uma bela coletânea do Nelson Cavaquinho, lançada em 1973 pela EMI-Odeon, através de seu selo especial Fenix. Nela encontramos alguns dos clássicos de Nelson e seus parceiros. Embora não conste no lp informações (além de um diálogo transcrito entre o jornalista Sérgio Cabral e Nelson), eu suponho que a seleção do repertório inclui novas gravações. Digo isso porque algumas músicas cantadas por ele me soaram diferente ao ouvido. Deve ser talvez porque já faz um tempo que eu não escuto o sambista. Nem me lembrava dele cantando junto com o seu mais fiel parceiro, Guilherme de Brito, que aqui também marca presença. Foi muito por conta disso que este álbum está sendo postado agora. Não é nenhuma raridade, inédito ou novidade. Mas cá pra nós, quem consegue aqui no Brasil enjoar de arroz com feijão?

juízo final
folhas secas
caminhado
minha festa
mulher sem alma
vou partir
rei vadio
a flor e o espinho – se eu sorrir – quando eu me chamar saudade – pranto de poeta
é tão triste cair
pode sorrir
rugas
o bem e o mal
visita triste

PS.: VAI LÁ EM CASA OUVIR ESTE DISCO, EU FAÇO UMA CÓPIA PARA VOCÊ!

João Nogueira – E Lá Vou Eu (1974)

Boa noite, amigos cultos e ocultos. Continuo devendo a reposição de alguns ‘toques’ solicitados. Peço que me desculpem, mas remar este barco sozinho não é fácil. E as vezes, algumas ‘reposições’ merecem uma ‘reedição’, daí demora mesmo.
Tenho hoje para vocês um disco de João Nogueira. Mais precisamente o segundo álbum de sua carreira, lançado em 1974 pela Odeon. “E lá vou eu” é um álbum bacana, como todos os outros que ele gravou, mas que há muito andava sumido da praça. Me lembro de tê-lo visto relançado há tempos atrás, naquela série criada pela Odeon, a “2 em Um”, onde em um único cd haviam dois álbum de um determinado artista, no caso do João foi “E lá vou eu” com o “Vem que tem”. No presente lp vamos encontrar doze faixas, sendo dez delas composições de João Nogueira e parceiros (Gisa Nogueira e Paulo Cesar Pinheiro). Duas outras faixas vão pra o clássico de Noel Rosa, “Gago apaixonado” e “De rosas e coisas amigas”, de Ivor Lancellitti, que também participa na gravação. Taí meu toque do dia, ligeirinho, pois tem mais boi na linha 😉 Deixa eu ir…

e lá vou eu (mensageiro)
batendo a porta
sonho de bamba
meu canto de paz
de rosas e coisas amigas
eu hein, rosa!
do jeito que o rei mandou
partido rico
tempo a bessa
braço de boneca
gago apaixonado
eu sei portela