Gilson Peranzzetta – Portal Dos Magos (1985)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Quando todos esperavam pelo meu ‘grito de carnaval’, eu ainda continuo me guardando e tocando outros sons. Acho que eu ainda não entrei no embalo, no ‘espírito da coisa’. Mas a gente ainda chega lá… 🙂
Como hoje é sexta feira, dia do artista/disco independente, eu até pensei em unir o útil ao agradável e partir logo para o ataque carnavalesco. Mas, sinceramente ainda não estou no ‘pique’. Prova disso é que hoje eu vou bater de música instrumental. Estou postando aqui um disco do pianista e arranjador Gilson Peranzzetta, um nome que começou a se destacar na música brasileira e no cenário internacional a partir dos anos 70, quando ele fez parte do grupo Central do Brasil. Antes, porém Gilson já estava na estrada, sua relação com a música vem desde a infância, quando com seu irmão, fazia dupla no acordeon. Eram conhecidos como a dupla “Ping-Pong”, pois eram patrocinados pela marca da goma de mascar. Na segunda metade dos anos 60 ele estréia em disco, no álbum “Tema Três”, de 1967. Em 69 ele cria o grupo Gilmony e lança o disco “Algo Novo”. Ainda em 1969, lança o álbum “Madrugada 1:30” (editado também na Inglaterra). Quando vai para a Europa junto com o grupo Central do Brasil, acaba fixando residência na Espanha, onde passa um bom tempo estudando e fazendo apresentações. Quando volta ao Brasil passa a fazer arranjos para diversos artistas, principalmente para o Ivan Lins com quem passa então a trabalhar e compor, criando também a banda de apoio “Modo Livre”, que depois seguiria sozinha como um grupo instrumental. Sua fama cresce ainda mais, transformando-o num dos músicos instrumentistas brasileiros mais importantes. Em 1985 ele resolve partir para vôos solos, mostrando também o seu lado compositor, que já era interpretado por figuras como George Benson, Dianne Schurr, Quincy Jones, Sarah Vaughn e outros do mesmo ‘naipe’. Grava “Portal dos magos”, seu primeiro disco solo. Um álbum instrumental que eu considero como sendo um dos seus melhores trabalhos (não é por acaso que ele está aqui). Gilson vem acompanhado por um time de músicos de primeira linha. Tocam no disco Rafael Rabello no violão de sete cordas, Luizão e Arthur Maia no baixo, João Cortez na bateria e percussão, Ricardo Pontes na flauta e sax e Jorginho no pandeiro. O álbum traz sete faixas, todas assinadas por Gilson, sendo algumas em parceria. Belo trabalho que não pode deixar de ser conferido, mesmo já estando fantasiado para os bailes de carnaval.

pontes
nós, as crianças
setembro/caminho de ituverava
encanto
cheio de graça/portal dos magos
chorinho da vovó
miragem

Carlos José – Revelação (1958)

Bom noite, amigos cultos e ocultos! Vou aos poucos voltando a normalidade, depois de alguns dias meio pra baixo. Música é mesmo um santo remédio. Quem tem a música a seu lado nunca está sozinho. Acho que é por isso que eu tenho tantos amigos 🙂
Antes que seja decretado o Carnaval e caia todo mundo na folia, eu vou até sexta mantendo o mesmo ritmo. Talvez, a partir de sábado eu comece a postar alguma coisa relacionada à festa. Por enquanto, vamos de raridades e outras curiosidades. Tenho aqui o primeiro lp do cantor e seresteiro Carlos José. Dono de uma voz vigorosa, foi o cantor revelação do ano de 1957, descoberto e apoiado pelo polêmico apresentador Flávio Cavalcanti. Estreou muito bem em disco com um 78 rpm, trazendo duas grandes músicas, “Foi a noite” de Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça e “Ouça” de Maysa. O sucesso deste lançamento deu a ele a oportunidade de, no ano seguinte, gravar pelo mesmo selo Polydor, este que foi o seu primeiro lp. Começou mesmo muito bem, com um repertório fino e selecionado.
Aqui podemos encontrar, além das duas músicas gravadas anteriormente na bolacha de 78, uma série de boa média. Do lado A temos “Eu e Deus”, de Evaldo Gouveia e Pedro Caetano; “Se alguém telefonar, de Alcyr Pires Vermelho e Jair Amorim, música esta premiada no 1º Festival da Penha; “O amor acontece”, de Celso e Flávio Cavalcanti; “Aula de matemática” (Bossa Nova de primeira mão), de Antonio Carlos Jobim e Marino Pinto; a belíssima “Só louco”, de Dorival Caymmi e “Ouça” de Maysa. No lado B vamos encontrar também um bom repertório, com “Canção da volta”, de Ismael Neto e Antonio Maria; “Viva meu samba”, Billy Blanco; “Eu não existo sem você”, outra de Tom Jobim com Vinicius de Moraes; “Oferta”, música do próprio cantor; “Laura”, de Alcyr Pires Vermelho e Braguinha. Finalizando o disco, mais uma vez com Tom Jobim em parceria com Newton Mendonça, na belíssima “Foi a noite”. Vamos conferir? 😉
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eu e deus
se alguém telefonar
o amor acontece
aula de matemática
só louco
ouça
canção da volta
viva meu samba
eu não existo sem você
oferta
laura
foi a noite

Pedrinho Mattar – Rapsódia (1966)

Olá, amigos cultos e ocultos! Enquanto o Carnaval não vem, vou mantendo a linha, com as nossas sortidas postagens. Como dizia o Chico Buarque, “estou me guardando pra quando o Carnaval chegar”.
Temos aqui o pianista Pedrinho Mattar, numa fase que eu chamaria de ‘agradável’, quando ele ainda, em seu virtuosismo, era um pouco mais contido e comedido em suas performances. Pessoalmente, nunca gostei muito do jeito dele tocar de maneira rebuscada, floreando demais nos arranjos, principalmente nos seus discos a partir dos anos 70. No meu entender, ele trocou o concerto pelo espetáculo, se tornando uma espécie de ‘showman’. Este seu estilo iria fazer escola, mas poucos ou quase nenhum conseguiu supera-lo. Pedrinho, por sua vez, parece ter seguido a escola do espalhafatoso Liberace, aquele pianista americano que se apresentava como se estivesse num carro alegórico de uma escola de samba, cheio de brilhos e lantejoulas.
Felizmente o disco que temos aqui ainda não é da época do ‘Pianíssimo’, programa de televisão da Rede Viva apresentado por ele. Em “Rapsódia”, temos o instrumentista em dois momentos distinto. Do lado A, abrindo o disco, temos a famosa “Rhapsody in blue”, de George Gershwin, aqui apresentada por ele em solo e com acompanhamento, também no piano, de sua irmã, a renomada professora de música, Mercedes Mattar Sciotti. A segunda e última faixa do lado A é “Abismos de rosas”, de Canhoto, num belo mas bem retocado arranjo (quase me escapa aos ouvidos a melodia). No lado B o pianista vem acompanhado de orquestra, sob a regência do Maestro Cyro Pereira. Ele nos apresenta seis temas pós (in) Bossa Nova, músicas de Edu Lobo e Vinícius, Chico Buarque, Menescal e Bôscoli, Maurício Einhorn e também músicas do Maestro Cyro Pereira.Disco bacana, valorizado ainda mais pela qualidade RCA de gravação e também pela belíssima capa de Telbado, com um desenho de Carlos Alberto Sartoretto. Confiram aí mais um toque musical de qualidade 😉

rhapsody in blue
abismo de rosas
canção do amanhecer
olê olá
a volta
certa vez
alvorada
nostalgia

José Luciano – Seu Piano E Seu Ritmo (1957)

Faça chuva ou faça sol, lá vou eu (na rima) com um novo toque musical. Sem muitas delongas, tenho para hoje o pianista José Luciano Studart. Um nome, talvez, pouco conhecido ou lembrado para a maioria dos mortais. Vindo do Ceará, de uma tradicional família de Fortaleza, iniciou seus estudos de piano ainda na infância. Na adolescência, veio morar no Rio de Janeiro, onde se encontrou totalmente com a música. Tocou no rádio, na televisão, em clubes e boates. Acompanhou os mais diversos artistas da nossa música. Seu piano está presente em muitos discos famosos. Gravou este que foi o seu primeiro lp, pela Copacabana, em 1957. Um disco bem sortido, com samba, fox, beguine e outros ritmos, dançantes, ou não.

Escolhi este lp muito por conta da postagem anterior, vi que havia nele o samba “Pois é” de Ataulfo Alves. Estão vendo? Uma coisa leva a outra. Acabei também na curiosidade e na dúvida. Há uma música, a primeira do lado B, de autoria de José Luciano e Mário Flávio, o samba “Brasilia”. Pelo título, imaginei que o disco tivesse sido lançado em 1960 ou 61, uma referência à nova capital federal. Mas só que o disco é de 1957. De onde será que veio ou qual foi a razão desse título? Deixo essas considerações para os amigos cultos e ocultos.

 
 
tarde demais
conceição
love is a many splendore thing
pois é
crepúsculo de amor
teus olhos entendem os meus
brasília
amar outra vez
quitandinha
so in love
canção da volta
dancing in the dark
do-ré-mi
sinfonia verde amarelo

 

 
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