Bom dia, amigos cultos e ocultos! Vamos retomando aos nossos encontros diários, muito embora ele recomeçe justamente quando também retorno ao trabalho. Daí, voltamos a rotina do corre corre. E eu sempre reclamando… hehehe…
Antes de tudo, porém, vou repassando a vocês um convite para participarem do grupo de discussão “Música dos Anos 60 e 70”. Quem gosta de música dessa época, tanto nacional quanto internacional, vai encontrar ali um reduto bem focado.
O disco de hoje é de uma das cantoras que eu mais gosto (sem redundâncias), Nana Caymmi. Não sei porque eu ainda não o havia postado. Hoje eu o faço, mais por um capricho. Não cheguei a verificar, mas acredito que o presente álbum já tenha sido bem divulgado na ‘blogosfera’. Quem ainda não o ouviu, sugiro que não perca a oportunidade. Um álbum lindo. Também com as mesmas características da postagem anterior, uma excelente cantora, um repertório fino e um grupo de músicos de apoio de tirar o chapéu. Participações especiais de Dorival Caymmi, Toninho Horta, João Donato, Novelli, Ivan Lins e outros no mesmo ‘naipe’. A direção e coordenação artística são de Dori Caymmi e Durval Ferreira. Confiram aí essa jóia 😉
Arquivo mensais:janeiro 2011
Miucha (1980)
Olá, amiguinhos cultos e ocultos! Aqui estou eu de volta, quer dizer, voltando… enquanto o carro vem pela estrada, eu de passageiro, vou logo preparando a postagem de retorno. Já consigo ler aqui alguns e-mails e mensagens deixadas nos comentários. Pelo jeito seguimos no mesmo toque, de leve… Eu até tentei postar alguma coisa durante esses últimos dias, mas acabei ficando apenas na estampa sensual e provocativa da loira, uma ‘fotopotoca’ que já estava pronta e com a ajuda do meu ‘bacurau’ e seu Ipod, conseguimos publicar. Agora, tudo se normaliza. Voltamos aos toques musicais 😉
Para retomar, eu tenho aqui, já pronto, um belo disco da Miucha. Gravado em 1980, o álbum traz a cantora cercada de uma turminha genial. Aliás, a Miucha sempre teve a sorte de estar muito bem rodeada de amigos. Ela nem precisa fazer muito esforço para cantar. Mas neste lp temos a participação especial, segundo o encarte, do maridão João Gilberto, da filha Bebel e do guitarrista baiano Armandinho, da Cor do Som. Em letra miuchas, quer dizer miúdas, tem também o João Donato e o Luiz Claudio Ramos, responsáveis pelos arranjos. Mais miúdas ainda vem outros nomes, os quais eu nem vou citar aqui, pois vocês comprovaram lendo o encarte. Só tem gente boa, feras da música popular brasileira.
O disco segue com doze músicas muito bem selecionadas, duas delas de autoria de Miucha. As demais são composições tanto inéditas como regravações de antigos sucessos de Aroldo Barbosa, Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito, Lamartine Babo, Geraldo Pereira e outros… Vamos conferir?
Los Indios Tabajaras – The Best Of (1968)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Aqui estou eu meio frustrado de ainda não ter conseguido sair para a minha viagem de férias. Ficaram algumas pendências e eu resolvi adiar para o domingo. Melhor frustrar antes do que durante, não é mesmo? Assim sendo, tenho ainda mais um dia de postagem regular. O que foi até muito bom, pois ontem tive uma grata surpresa. Sinto até vergonha de contar isso, mas é um fato. Vocês acreditam que até ontem eu achava que os Índios Tabajaras fossem paraguaios? Não sei bem de onde eu formei essa ideia, talvez das pouquíssimas coisas que ouvi deles ou algo lembrando a harpa paraguaia. Talvez por isso mesmo, por não ter dado a eles a devida atenção. Nunca tive a sorte de conhecer melhor essa dupla e agora aqui, estou espantado com a minha ignorância e mais ainda com a história de Los Índios Tabajaras. Acredito que, talvez, muitos como eu desconhece a trajetória de vida e artística dos dois índios, que são legítimos Tabajaras. A história deles é digna de ser levada às telas de cinema ou numa dessas ‘big séries’ produzidas pela Globo. Não sei porque não fizeram isso ainda.
Ontem, meio que por acaso, resolvi ouvir este álbum, movido muito pelo fato de estar ‘zero bala’, novinho mesmo, em seus 43 anos. Além de ser também uma bolacha importada de 180 gramas. Meu tocadiscos e minha Shure não resistem a esses assédios. Foi ao virar a contracapa para de imediato ler algo o que eu já deveria saber, os caras são brasileiros! Procurei de imediato informações na rede para me certificar de tudo aquilo. Entre alguns poucos sites falando sobre ‘Los Índios Tabajaras’, encontrei num blog pessoal, um texto muito bom, não sei se é do autor, Marcelo Cozzare, não há créditos, mas suponho que sim. Achei por bem reproduzi-lo na íntegra. Embora um pouco longo e fora dos nossos padrões, vale a pena ler e conhecer um pouco mais desse duo brasileiro. Certamente, pelo texto, fica claro o porquê eu e tantos outros ignoramos os Índios Tabajaras. Eles eram uma singularidade no Brasil.Quanto ao disco, realmente é uma pérola onde se destacam o brilho do instrumental, o virtuosismo e qualidade musical. Neste álbum, que é uma coletânea, com músicas extraídas de outros discos da dupla, pela RCA Victor, temos um repertório bem variado, o que nos mostra a capacidade desses dois artistas. Só mesmo ouvindo e lendo o texto que segue abaixo…
*A trajetória dos Índios Tabajaras dificilmente encontrará paralelo com qualquer outra, vindo de onde vieram e alcançando, no chamado mundo civilizado, o que alcançaram. Tudo pareceria a criação de um delirante ficcionista, não fosse a mais concreta realidade. Primeiro, por suas origens. São índios brasileiros autênticos, da raça tupi-tabajara, nascidos na remota e agreste serra de Ibiapaba, dentro do então isolado município cearense de Tianguá, na divisa com o Piauí. Na língua tupi, receberam os nomes de Mussaperê e Herundy, que significam O Terceiro e O Quarto, pois estavam nessa ordem de nascimento dos filhos do cacique Ubajara, ou Senhor das Águas, ao todo trinta e quatro irmãos. Levados com a família pelo tenente Hildebrando Moreira Lima para a serra do Cariri, recebem dele nomes de branco: Antenor Moreira Lima (Mussaperê) e Natalício Moreira Lima (Herundy). Ouvindo seu canto em tupi, já que não falavam o português, o tenente reconhece neles qualidades para eventualmente tentar a sorte no sul do Brasil. Do Cariri, em 1933, partem caminhando a pé, com o sonho de chegarem ao Rio de Janeiro, então a capital do Brasil, a milhares de quilômetros de distância. São nessa ocasião dezesseis índios, os pais e quatorze filhos. As dificuldades durante a marcha são imensas. Chegam primeiramente a Pernambuco, depois a Alagoas e à Bahia. Numa feira do Nordeste, compram uma velha viola e vão aprendendo os primeiros acordes sozinhos, como podiam. Mesmo assim tem de trocá-la, num momento de necessidade, por uma cuia de feijão. Na capital baiana, Salvador, conseguem receber a proteção do governador, que lhes fornece passagens gratuitas para o Rio de Janeiro, onde chegam no início de 1937. Mais de três anos já se tinham transcorrido desde a decisão de conhecer a Cidade Maravilhosa. Desembarcaram do navio Almirante Jaceguai e, devido a uma reportagem de jornal dando notícia da odisséia, são acolhidos pelo Albergue Leão XIII. Mussaperê e Herundy, dedilhando a viola e o violão e entoando cantos indígenas, mas com roupas de branco, passam logo a se apresentar nas feiras-livres, até que são levados para a Casa de Caboclo, um teatrinho voltado para a cultura regional brasileira. Não foram, porém, bem sucedidos, talvez porque procurassem negar que eram índios, não obstante o aspecto físico não deixar nenhuma dúvida sobre sua origem. Além disso, quase nada falavam do português, por conseguinte analfabetos, acima de tudo amedrontados, porque muito ingenuamente, acreditaram em alguém que lhes disse que, no Rio de Janeiro, caso descobrissem que eram índios, seriam imediatamente mortos! Demoraram, por isso, mais tempo para se adaptarem aos costumes da cidade grande. Outra oportunidade apareceria através de um contrato oferecido pelo apresentador radiofônico Paulo Roberto, para cantarem na Rádio Cruzeiro do Sul, do Rio de Janeiro, em 1942, com a condição expressa de fazerem publicidade de sua verdadeira origem, um fator positivo de interesse e não negativo como julgavam. Os Irmãos Tabajara são dois bugres…fazendo sucesso no rádio carioca. São interessantíssimos no gênero que aprenderam naturalmente, quando não pensavam em cantar no rádio. Artistas por índole, dedilham magistralmente a viola e o violão, arrancando das cordas efeitos de grande beleza e emotividade – publicava a revista Carioca, de 25.7.1942. Passam a atuar também nos cassinos da Urca e da Pampulha, em Belo Horizonte. Em 1944, vão a São Paulo para, em seguida, empreenderem uma longa temporada por toda a América Latina, que se estenderá até 1949. Começam pela Argentina, onde o sucesso foi grande e depois rumam para o Chile, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Cuba e México. Às vezes só ganhavam o suficiente para a alimentação e o prosseguimento da viajem. Mussaperê já vinha se interessando pelos autores clássicos: Beethoven, Bach, Litzt, Mozart e outros grandes mestres. Quando chegam ao México ainda só sabiam tocar de ouvido, sem nenhum conhecimento teórico musical. Num espetáculo, são apresentados pelo ator mexicano Ricardo Montalbán como “analfabetos musicais”, um modo peculiar encontrado para dizer que, apesar disso, tocavam bem, mas que os acabou instigando a aprender música. Mussaperê volta para Caracas e toma lições com Francisco Christancho, maestro da sinfônica da capital venezuelana, e prossegue seus estudos no Brasil. Herundy, por sua vez, volta a Buenos Aires, onde compra uma casa, e também passa a se dedicar ao estudo da música e do canto. EUROPA Dois anos depois, reúnem-se novamente e partem para uma excursão à Europa. A música clássica passa então a predominar em seu repertório. Tornam-se respeitados em vários países como intérpretes de Tchaikovsky, Sibelius, Targa, Falla, Villa-Lobos, Chopin e outros. As adaptações instrumentais são feitas por Mussaperê, que as passa para o irmão. Incluem também em seus espetáculos músicas folclóricas européias, cantando-as nos diversos idiomas, sempre com os maiores aplausos do público e a melhor crítica, a ponto de terem a agenda tão cheia de compromissos que têm de recusar muitos convites. Foi uma demorada excursão que terminaria em Madri, onde o êxito não foi menor. No retorno ao Brasil, no entanto, sentiram que não passavam de uns ilustres desconhecidos e que a música que faziam não correspondia ao interesse das gravadoras e das emissoras. É quando fazem três discos na gravadora Continental, lançados em 1953/54: Tambor Índio/Acara Cary (16.869), Pássaro Campana/Fiesta Linda (16.913) e Te Besaré/Te Quiero Mucho Más (16.972). AMÉRICA Cientes de que santo de casa não faz milagre, como diz o ditado, partem, em 1954, para uma nova excursão pelo exterior, a fim de se exibirem inicialmente no Rádio City de Nova Iorque, precedida de uma pequena temporada em Cuba. Gravam, em 1957, na RCA Victor americana, um Lp. chamado Sweet and Savage (Doce e Selvagem), no qual incluem o bolero Maria Helena, de Lorenzo Barcelata, melodias brasileiras e outros standars latinos, que todavia passa despercebido.
Voltam ao Brasil, encetando nova tentativa de penetrar no mundo artístico de sua terra. Não obtendo a mesma aceitação do exterior, resolvem encerrar as atividades artísticas. Como as economias feitas, efetuam a compra de uma propriedade rural na localidade de Araruama, distante cerca de cem quilômetros do Rio de Janeiro, com mais da metade da área coberta por mata virgem. Com a maioria dos trinta e quatro irmãos, fazem da agricultura seu novo meio de existência, procurando reproduzir a vida tribal de sua infância no contato com a natureza.
O RETORNO Estavam nessa vida anônima e calma, quando a mão do destino começou a agir. No verão de 1963, um produtor da Rádio WNEW, de Nova Iorque, para fazer o fundo musical de um programa humorístico, procura na discoteca da emissora uma música instrumental qualquer. Experimenta daqui e dali e, por acaso, puxa da prateleira justamente o Lp. Sweet and Savage, encontrando logo na primeira faixa em Maria Helena, o que estava querendo. Assim, diariamente, o fox Maria Helena foi sendo tocado nesse programa de grande audiência. Não tardaria muito para que muitos ouvintes fossem se encantando e passassem a indagar quem eram aqueles grandes instrumentistas e como poderiam adquirir o disco. Esses pedidos eram encaminhados à R.C.A. Victor, que, dado o volume das cartas, mandou editar um compacto simples, que, para sua surpresa, começou a ser vendido em todos os Estados Unidos em números impressionantes, a ponto de alcançar o 4º lugar no hit parade! Daí para o relançamento do Sweet and Savage, aquele de 1957, foi um passo. Resultado: 2º lugar entre os estéreos e 4º lugar entre os monos no ano de 1963! Os executivos da R.C.A. Victor, diante de fatos tão inacreditáveis, comunicaram-se com sua filial do Rio de Janeiro, com a ordem expressa de que aqueles índios fossem localizados e embarcados imediatamente para Nova Iorque, pois queriam produzir com eles novos discos. Encontrá-los, porém não foi nada fácil. Ninguém sabia onde tinham se escondido. Por fim, são encontrados no seu retirado sítio de Araruama, às margens da lagoa do mesmo nome. – Pensávamos que fosse brincadeira. Só acreditamos mesmo quando recebemos a passagem de ida-e-volta e ajuda de custo para seguir com destino a Nova Iorque com tudo pago… Ficamos hospedados nos melhores hotéis e só não gostamos mesmo foi do tal caviar servido todos os dias – contava Mussaperê. Em apenas trinta e seis dias, gravam em Nova Iorque dois Lps. e dois compactos, com destaque especial para Moonlight and Shadows, Solamente Una Vez e Always In My Heart, tendo esta última vendido rapidamente 200 mil cópias e ido para o 3º lugar nas paradas. Os convites para se apresentarem por todos os Estados Unidos não cessam de chegar, assim como para a Europa e o Japão, onde também se tornam ídolos. Em muitos concertos são acompanhados por orquestras filarmônicas. No início dos anos 70, já estão com 48 Lps. gravados e oito milhões de cópias vendidas. Tudo parece mesmo criação de algum delirante ficcionista, mas é a vida real e fantástica de dois pobres índios, que de uma aldeia perdida numa serra brasileira, um dia iniciaram sua jornada, rumo ao sucesso internacional, caminhando a pé.
*Texto extraído do blog de Marcelo Cozzare
Luiz Gonzaga Instrumental – Gravações Na Década De 40 Volumes 1 e 2 (2011)
Chegamos, enfim, na sexta feira! Já comecei a fazer as minhas malas. Amanhã eu quero já estar cedinho com o pé na estrada. Levo comigo toda a parafernália necessária para (tentar) manter o ritmo diário das postagens. De qualquer forma, não vou garantir nada. Vamos deixar rolar, ok?
Para a nossa sexta independente eu preparei uma coletânea gorda e especial. Como podemos ver no encarte exclusivo, criado para dar forma a essas gravações, temos um Luiz Gonzaga inteiramente instrumental. Trata-se de gravações diversas feitas por ele na década de 40. Procurei reunir material lançado em discos de 78 rpm e também gravações realizadas por ele em programas de rádio. Temos aqui mais de 50 músicas! O que daria um belo box, com pelo menos uns três discos. Mas para a minha edição, eu preferi criar apenas dois volumes. O primeiro compreende os anos de 41 a 43, o segundo vai de 43 a 45. Ao ouvirmos esses registros fica mais fácil entender o porquê do Baião fazer tanto sucesso. Sem dúvida, é um ritmo contagiante, que se contrasta de forma relevante com a música popular produzida naqueles tempos. Luiz Gonzaga foi mesmo o Rei. Ele está para o Baião assim como João Gilberto para a Bossa Nova. São os donos da bola, os fodas! Entre essas gravações temos coisas de espantar e mesmo com uma qualidade sofrível do registro sonoro, percebemos em muitas músicas e no jeito de tocar de Lua uma contemporaneidade e semelhança com coisas que nem são do universo da música nordestina. É certo que muitas das músicas apresentadas aqui não são, naturalmente, só em ritmo de Baião ou mesmo de autoria de Gonzaga. Elas se tornam Baião ao serem tocadas por ele. Confiram e comentem também. É sempre gratificante um retorno, seja ele para complementar, corrigir ou criticar. Fazer um blog desses e sozinho, só mesmo contanto com os amigos cultos e ocultos 🙂
Canto Ao Brasil Por Poetas Espanhóis (196?)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! No próximo sábado eu estarei viajando sem destino certo. Tô pegando o carro, mulher, filho e empregada. Vamos por aí, seguindo a trilha do sol, fugindo das chuvas, buscando uma semana de paz. Mesmo assim, não deixarei de levar o Toque Musical comigo, pois se tiver jeito eu irei postando minhas reservas. Meus ‘discos de gaveta’.
Fazendo jus a fama de um blog ‘seboso’ e imprevisível, e também porque na sequência vamos de poesia, eu hoje separei para os amigos um disquinho curioso. Temos aqui um lp reunindo quatro poetas espanhóis – Ricardo Couto, Isidro Álvarez Alonso, Antonio Leirós Pérez e Santiago Frias. Todos eles tiveram passagem pelo Brasil e naturalmente, no encanto que é essa nossa terra, não pouparam os seus versos. No disco, a intepretação (declamação) é de outro espanhol, chamado García De Sabadell.
Este álbum faz parte de uma série de LPs lançados pela conceituada livraria e editora paulista dos anos 50 e 60, a Mestre Jou, no centro de Sampa. A livraria fechou as portas no início dos anos 80, com a morte do proprietário, o chileno Felipe Mestre Jou.
Show (1953)
Olá, amigos cultos e ocultos! Aqui vai mais um disquinho que eu comprei do catador de papel. Alguns desses álbuns eu estou tendo, também, o prazer de conhecer e ouvir só agora. É o caso deste lp de 10 polegadas, um dos primeiros lançados pela Musidisc. Trata-se de uma coletânea, obviamente, de artistas da gravadora. Nomes como os que (quase) podemos ler na estampa da capa: Britinho; Léo Peracchi; Nuno Roland; Trio Surdina; Nilo Sérgio (cantando); Djalma Ferreira com Helena de Lima, que só aparece nos créditos do selo, a atriz Renata Fronzi como cantora e ainda a mexicana Elvira Rios. Realmente um show para a época. A qualidade da gravação é muito boa, comparada a de outras gravadoras naquele tempo. Porém, alguns arranhões e estalos são inevitáveis. São marcas de um disco com 58 anos de idade!
Álvaro Moreyra – Olegário Mariano (1956)
Olá! Hoje serei breve. Ainda não são 22 horas e eu já estou babando de sono (atrasado, com certeza). Por essa razão, vamos ao disco do dia… Nossa semana continua como a outra, segue entre poesia e música.
Aldemar Brandão – Nossa Terra… Nosso Mar… (1956)
Olá, amigos cultos e ocultos! Demorei, mas cheguei… Tenho certeza que com esta postagem vocês irão me desculpar o atraso. A começar por termos aqui mais um esperado disco da Sinter e ser este um outro raro exemplar que merece toda a nossa atenção.
Alguém aqui já ouviu falar em Aldemar Brandão? Possivelmente, poucos saberão responder quem foi este artista. Se me perguntassem isso algumas semanas atrás, eu também não saberia responder e acho que ainda continuo sem muitas respostas. Talvez, se tivessem me apresentado o disco apenas pelo som, eu diria desatento que era alguém cantando Dorival Caymmi. Digo desatento, no sentido de ignorar, momentaneamente, a obra do grande compositor baiano. Quando ouvi este disco pela primeira vez, uma dúvida me veio à mente, seriam músicas de Dorival Caymmi? Afinal aquilo eram músicas praieiras como as do velho baiano. Imediatamente puxei da capa e retomei a leitura completa de tudo que estava escrito no disco. Queria confirmar minha suspeita. Qual nada! Pelo jeito aqui, de Caymmi, só mesmo a inspiração, o estilo e o baiano… Nosso artista, Aldemar Brandão foi também um compositor baiano, da mesma safra do Aristeu Queiroz. Porém, através da rede ele é ainda mais obscuro, no máximo uma citação. Quem mais se aproximou e talvez é quem possa nos iluminar nessa hora é o Luiz Américo Lisboa Junior, quando ele cita em seu artigo, “Bahia, berço e tradição da música popular brasileira”, entre outros o nome de Aldemar Brandão, como um dos talentos baianos que se destacava no cenário musical dos anos 50. Me parece, não apenas por este disco, que Aldemar trilhava o caminho da música regional e de sua terra, a Bahia. Não deve ser por acaso que ele foi parceiro da Dilú Mello no jongo “Conceição da praia”, gravado pela cantora Marlene.
O certo é que Aldemar Brandão, neste disco de 56, encarna a mesma figura de Dorival Caymmi em 1935, quando estreou suas “Canções Praieiras”. Até mesmo o estilo Caymmi está presente na gravação, apenas voz e violão. Ao contrário do que possa parecer, a música de Aldemar Brandão não se prende à semelhança copiosa. Ela é autêntica e tem qualidade. Fala com a mesma inspiração das coisas da terra e do mar da Bahia. É Caymmi… 🙂
Paulo Gracindo – Poemas E Sonetos De Ghiaroni (1956)
Olá a todos! A partir de amanhã estarei oficialmente de… FÉRIAS!!! Quinze dias de pernas pro ar, êta coisa boa! Havia pensado em fazer uma viagem , mas a chuva está me tirando o tesão. Por enquanto eu ficarei por aqui e o Toque Musical continua a sua jornada diária. Mas, já fiquem os amigos cultos e ocultos avisados, poderemos vir a dar uma pausa de, pelo menos, uma semana, ok?
Continuando nossas postagens alternadas entre poesia e música, reservei para o domingo um encontro com Ghiaroni, na interpretação impecável do grande ator Paulo Gracindo. Temos aqui um lp de dez polegadas lançado pela Sinter em 1953, de sua série dedicada à poesia. Nele, Paulo Gracindo interpreta quinze poemas de um escritor, hoje em dia, pouco lembrado, o jornalista, poeta, cronista e autor de várias e famosas novelas e programas de rádio, Giuzeppe Ghiaroni. Embora seu nome nos soe como um estrangeiro, mais especificamente italiano, o poeta era carioca, da cidade de Paraíba do Sul, na Serra Fluminense. Ghiaroni escreveu várias novelas para o rádio, nas quais Paulo Gracindo era um de seus principais atores. Paulo, antes da TV, do memorável e impagável personagem de Odorico Paraguassú, já era um homem do teatro e do rádio. Começou na Rádio Tupi e depois foi para a Nacional. Trabalhou como produtor, apresentador, locutor e animador de uma série de programas. Esses fatores em comum, além da admiração mútua entre eles, propiciou a gravação deste disco, que nos traz um belíssimo resultado e digno de resgate. Vamos ouví-lo?
Aristeu Queiroz – Canta Bahia (1953)
Olá amigos cultos e ocultos! Enquanto eu começo esta postagem, lá fora o céu desaba numa chuva que parece o fim do mundo. Só espero que a energia elétrica não vá embora, pelo menos até que eu termine a parada aqui.
Hoje eu estou trazendo um disco bem raro e antigo. Gosto de postar discos como este, não pela exclusividade, mas por serem eles peças importantes para um determinado público. Não são, talvez, discos de grande sucesso e, as vezes, nem seus artistas são ainda lembrados. Mas são exemplos que merecem ser resgatados, retirados do imenso ‘limbo’ fonográfico nacional. Meu maior prazer é receber um e-mail ou comentário de alguém, agradecido e emocionado por encontrar aqui algo que ele jamais esperava ver ou ouvir novamente. Isso é muito bacana.
O presente disco faz parte do lote que arrematei do catador de papel. Estou postando ele por ser, para mim, também uma curiosidade. Aristeu Queiroz, era até então um ilustre desconhecido. Na contracapa temos logo uma pequena apresentação, mas eu não me dei por satisfeito e fui procurar outras fontes. Fiquei sabendo que o nosso artista era baiano, criado na cidade de Jacobina, era também conhecido pelo nome de Bob Silva. Sua história de vida me fez lembrar o João Gilberto. Um tipo meio errante, um homem apaixonado pela música, boêmio e como seu conterrâneo, viveu correndo atrás de sonhos, porém sem a mesma sorte e genialidade do dono da Bossa. Saiu de casa cedo para tentar a vida de artista. Foi para o Rio de Janeiro, chegou a ser contratado por uma rádio, onde se apresentou por um bom tempo. Mas pelo que contam, ele era um cara sem apego, vivia apenas o presente. Não segurou a barra… Gravou apenas três discos pela Sinter em 53, duas bolachas de 78 rpm e este lp de 10 polegadas. A história de Aristeu Queiroz, Bob Silva ou ainda Teteu, pode ser conferida num texto do site Notícia Livre, ou ainda em anexo ao arquivo do disco.
“Canta Bahia” é um disco diferente, foge do esperado ou convencional da época. Sua música é de um gênero híbrido e confuso, que para não errar, eu classificaria apenas por canção. Isso se deve muito ao fato de que no lp temos apenas ele e o violão. Não há, se quer, um acompanhamento rítmico ou orquestração, o que também me leva a crer numa certa contenção de despesas na produção, aliada a uma áurea maldita, que o isola até mesmo na hora da gravação. Será impressão minha? Confiram e dêem também as suas opiniões…
Robson Dos Santos – Cinema Falado (S/D)
Olá amigos! Hoje a minha sexta feira está daquele jeito… uma correria só. Eu havia até pensado em deixar a postagem para o fim do dia, pois não tive tempo de preparar (mantendo a sequência) um disco de poesia e que também fosse independente. Vim para o trabalho já com a ideia de fazer tudo a noite, quando eu voltasse. Coincidentemente, deparei com um cd colocado no meu escaninho. Alguém que ainda não sei quem, deixou o presentinho lá para mim. Parece até que estavam lendo o meu pensamento, pois o tal disquinho é também de poesia, creio eu. Ainda não tive tempo de ouví-lo, apenas passei cada faixa para sentir qual é a do nosso artista, chamado Robson dos Santos. De acordo com o encarte, Robson é músico, compositor e restaurador de instrumentos musicais. É mineiro, de Belo Horizonte (Preciso localizar esse cara. Será que ele conserta a minha viola?) . Iniciou seus estudos musicais nos anos 80, na Fundação Clóvis Salgado, sendo aluno do professor Juvenal Dias. Suas composições tem sido apresentadas em diversos e importantes festivais de música contemporânea da cidade. Já tem outro disco gravado e pelo que eu entendi, na mesma linha deste, ou seja, composições eruditas, música contemporânea clássica. Neste cd, que não consta a data, intitulado “Cinema Falado”, temos não apenas música, mas também contos e poesia. Acho que este disco veio mesmo a calhar. Só falta a gente conferir. Vamos lá? 😉
Eustáquio Sena – Brasil Riqueza (1983)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Vejam vocês como algumas coisas, as vezes, passam batido pela gente e só depois ficamos sabendo. Ontem, meio que por acaso, estava eu lendo uma matéria sobre produtores musicais na televisão brasileira nos anos 70 e um dos nomes que muito me chamou a atenção era a do músico mineiro Eustáquio Sena. Confesso que nunca havia atinado para este artista, me lembrava apenas de uma ou outra música cantada por ele e deste disco que agora eu apresento a vocês. O que me motivou a postá-lo foi saber um pouco mais da sua história e que faleceu prematuramente em 2007. Fiquei espantado, pois não me lembro de ter visto ou lido uma nota se quer na imprensa sobre o ocorrido. Talvez não merecesse, não fosse ele um artista talentoso, compositor e produtor com muita bagagem. Sua trajetória, pelo que eu li, começa na primeira metade dos anos 60. Passou pela Jovem Guarda, por festivais e em diferentes discos de diferentes artistas. Foi parceiro em algumas músicas do cantor, também falecido, Paulo Sérgio e do roqueiro que virou ‘cowboy’, Eduardo Araújo. Participou de importantes festivais dos anos 60, como compositor e também intérprete. Mas a sua atuação maior está por trás das cortinas, como produtor. Para se ter uma ideia, ele trabalhou para o selo Elenco e Som Livre, produziu discos importantes como o “Deixa Estar” do MPB 4, “Acabou Chorare” dos Novos Baianos e o primeiro disco de Alceu Valença. Na Som Livre ele teve um papel importante, trabalhando tanto como produtor, compositor e intérprete para diversos discos da gravadora, inclusive as trilhas de novelas dos anos 70. Suas músicas foram gravadas por artistas como Jair Rodrigues, Evaldo Braga, Ronnie Von, Leno & Lilian, Originais do Samba, Robertinho do Recife, Jorge Mautner, Manduka, entre outros. Seu nome aparece em quase todos os disco da Som Livre dos anos 70, seja como produtor ou intérprete. Como trabalho autoral, discos, ele gravou poucos. Seu trabalho de maior destaque foi o álbum ‘Cauromi’, lançado em 1980 pela Epic. Em 83 ele volta com este “Brasil Riqueza”, outro álbum, também muito bom, onde se destacam músicas como “Vamos ver como é que fica (Uirapuru)”, “Flor de laranjeira” e seresteira “Remanso”, uma parceria com Zé Ramalho e Waldir Silva.
Diante a tudo isso, eu hoje achei por bem postar o disco, que até então eu ainda não o vi nas ‘bocas’. De quebra, incluí como bônus a música “Mariana”, tema de sucesso em uma das novelas da Globo. Confiram…
Rubens de Falco – Os Detalhes… De Roberto Carlos (1980)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Vocês estão gostando da semana ‘poético musical”? Como se pode observar, estou alternando os dias entre poesia e música, assim a gente não fica preso só em um tema.
Hoje vamos de poesia. Vamos com o ator Rubens de Falco declamando as letras de algumas das mais românticas e famosas músicas de Roberto (e Erasmo) Carlos. É interessante notar como a poesia da música desta dupla ganha uma nova dimensão. Através de uma interpretação impecável, o ator Rubens de Falco consegue nos passar com mais emoção a mensagem do que na própria música. A verdade é que ao ouvirmos as letras em forma de poesia, ela toma um outro sentido, ou melhor ainda, a mensagem se faz mais direta. Todavia, como referência associada, temos para cada poesia a sua música, aqui tocada como um fundo musical por Cido Bianchi.
Para os que gostam de poesia, de Roberto Carlos e tantas emoções, este é o disco! 🙂
Trio Irakitan – Os Boleros Que Gostamos De Cantar (1960)
Bom dia a todos! Hoje eu acordei um pouco mais nostálgico que de costume. Fiquei lembrando dos meus tempos de criança, na casa de meus primos mais velhos. Me lembro da radiola Philips com compartimento para os lps. Haviam sempre aqueles mesmos discos, uma dúzia ou mais, que a gente ouvia sem parar. Entre esses, me lembro bem do Trio Irakitan e os primeiros do Roberto Carlos, eram os preferidos da casa. Acho interessante lembrar disso, pois eu fui criado vivendo nas casas de tios, tanto por parte de mãe como de pai. Em todos os dois ambientes sempre existiu muita música e discos, principalmente. Acho que o meu gosto musical é bem variado, muito por conta dessa ‘base’. Por um lado, o da minha mãe, haviam os artistas populares, a Jovem Guarda e os mais antigos das décadas de 40 e 50. Do lado do meu pai, a família era mais ligada à Bossa Nova, ao rock, jazz, blues e também os eruditos. Daí, deu no que deu… hehehe…
Pois é, foi lembrando disso que eu fiquei motivado a postar aqui este disco do Trio Irakitan. Este era um dos álbuns preferidos daquela turminha, que hoje está por volta dos sessenta e tal… Êta tempo bão! Eu era feliz e não sabia. Hoje eu sou muito mais 🙂 porque tenho guardado essas lembranças comigo.
Este álbum, eu bem sei, não é novidade nos outros blogs musicais e talvez não seja para muitos de vocês. Mesmo assim eu insisto, não apenas pelo meu desejo saudosista, mas por ser realmente um álbum que merece o nosso toque musical. Aqui vamos encontrar doze boleros clássicos em versões para o português e numa interpretação que não deixa nada a desejar. Confiram!
Jograis De São Paulo – Poesia Contemporânea Brasileira (1980)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Para os fãs da poesia, esta vai ser uma semana privilegiada. Vamos ter por aqui mais alguns discos dedicados a ela. Eu, pessoalmente, gosto muito e sempre quero estar mostrando a vocês um pouco desta arte em versões fonográficas.
Para hoje, quero trazer mais um disco do Jograis de São Paulo. Para os que acompanham o Toque Musical, já sabem. Os Jograis foi criado pelo ator e poeta Ruy Affonso nos anos 50. Pelo grupo passaram diversos atores como Alex Ribeiro, Alvim Barbosa, Amilton Monteiro, Armando Bogus, Carlos Vergueiro, Carlos Zara, Clóvis Marcos, Eli Ortega, Felipe Wagner, Fúlvio Stefanini, Gustavo Pinheiro, Homero Cozac, Ítalo Rossi, Jairo Arco e Flexa, Maurício Barroso, Nelson Duarte, Nilson Condé, Raul Cortez, Ronaldo Costa, Rubens de Falco, Ruy Affonso e Wolney de Assis, além das participações especiais de: Caetano Zama, Inezita Barroso e Roberto Ribeiro. Foram mais de 50 anos de atividades, sempre com muito sucesso. Depois da morte de Ruy Affonso os Jograis de São Paulo parecia ter chegado ao fim. Mas o seu legado foi passado ao ator Alex Ribeiro, que tem procurado manter viva a memória do grupo. Alex também é o detentor dos direitos do Jogral e até criou um site exclusivo, contando a bela história do grupo.
O álbum que temos aqui, me parece, foi o último gravado por eles, em 1980. Na época, o quarteto era formado por Ruy, Armando Bogus, Rubens de Falco e Carlos Vergueiro. Em “Poesia Contemporânea Brasileira”, temos uma seleção com algums dos mais expressivos poemas de grandes nomes da nossa poesia moderna. Confiram aí…
Tarancón – Mama Hueé (1988)
Olá amigos cultos e ocultos! Nada como um fim de semana com sol para animar a gente, não é mesmo? O meu domingo está como o sábado, uma maravilha!
Aproveitando que na semana passada quatro pessoas haviam pedido um novo toque para os álbuns do grupo Tarancón, postados aqui, eu decidi na leva trazer mais um lp da turma.
“Mama Hueé” foi um disco, lançado em 1988. Passados mais de dez anos do lançamento dos primeiros álbuns, neste temos o Tarancón com uma outra formação e explorando outros temas do Continente Latino Americano. Saímos do sulamericano, do andino e vamos para a América Central, para a África e também pelo Brasil. Pessoalmente, eu prefiro os primeiros álbuns, com uma natureza bem mais próxima do regional, mais acústico e mais tradicional. Contudo, ou apesar de tudo, “Mama Hueé” é um disco bacana que se mantém dentro de uma sequência natural de desenvolvimento de um grupo musical com mais de 30 anos de estrada. Muitas coisas acontecem ao longo de tantas décadas, principalmente na formação e ideal originário. Como dizia o Lulu Santos, “nada do que foi será igual ao que já foi um dia”.
Sambas De Roda De Salvador (1983)
Salve moçada culta e oculta! Depois de muitos dias de chuva, o sábado veio maravilhoso, com um céu azul e o sol de muitos brilhos. Eu estava mesmo precisando de um dia assim. Estou me sentido bem melhor. E para comemorar o ‘sábadão’, vamos hoje no embalo do samba. Samba da Bahia!
Temos aqui “Sambas de Roda de Salvador”, Um trabalho de pesquisa realizado por Walmir Lima, um dos maiores nomes do samba de raiz feito Bahia. Neste álbum ele reuniu alguns dos melhores nomes do samba de roda de Salvador, da época, para juntos gravarem uma seleção de 10 músicas, sambas de roda, muitos deles de autoria de Walmir Lima. Não se trata de um disco autoral, embora toda a ideia e direção do trabalho tenha sido feita por ele.
Para uma noite de sábado com um céu cheio de estrelas, um disco como este levanta bem o astral. Confiram aí mais um toque musical! 😉
Henrique Cazes – Tocando Waldir Azevedo (1990)
Opa! Pensaram que hoje não haveria postagem? Eu também pensei, mas por sorte cheguei a tempo. Havia até me esquecido de que hoje é sexta feira, dia em que tenho dedicado às produções independentes.
Sorte foi eu me lembrar que havia deixado na gaveta, pronto para uma emergência, este disco, que além de ser muito bom é também independente. Estamos falando de um dos maiores nomes do cavaquinho, aliás, um dos grandes instrumentistas brasileiros, Henrique Cazes.
Eu conheço pouco do trabalho dele. Sei que estreou profissionalmente nos anos 70 como integrante do Conjunto Coisas Nossas, um grupo que procurava resgatar a música brasileira dos anos 30 e 40. Teve a sorte de trabalhar com o Maestro Radamés Gnattali, com quem aprendeu muito. Cazes toca vários instrumentos de corda, mas sua especialidade é o cavaquinho. Ao longo de sua carreira tem gravado muitos discos. Em 1990 ele lançou, as próprias custas e com apoio da Kuarup este disco que é tudo de bom. Começa por ser um álbum dedicado ao grande mestre do cavaquinho, Waldir Azevedo. Num repertório com o melhor de Waldir, Cazes conta com a participação ‘especialíssima’ de Chiquinho do Acordeon, Paulo Moura e Rildo Hora. Com todas essas qualidades, se torna irresistível sua audição. Confiram…
Abertura – Estes Também Participaram (1975)
Olá! Esta semana está sendo mesmo bem variada, vocês não acham? Temos tido aqui discos para o mais variado gosto e como sempre, boas surpresas. A caravana não para…
Na sequência, eu trago para vocês um disco bacana, um legado de um dos últimos festivais de música brasileira ainda com aquele espírito dos anos 60, o Festival Abertura, promovido pela Rede Globo em 1975. O disco que tenho aqui, como bem se pode ver pela capa, reúne 13 outras músicas e artistas que também participaram do festival, mas não tiveram suas músicas classificadas para a final. Quem teve o prazer de assistir ao Abertura talvez se lembre de algumas dessas músicas, que são tão boas quanto as que chegaram à final. A RCA, oportunamente, não deixou por menos, recrutou as sobras e também entrou na onda do Festival. Eis aí um disco raro com uma série de músicas que nunca tiveram outra chance além dessa para serem mostradas. Confiram…
High Life (1986)
Bom dia! Ontem eu postei uma colaboração e hoje, inevitavelmente, farei o mesmo, pois havia me esquecido do amigo Randolfo, que também já havia me enviado algumas coisas e eu até então nunca postei. Taí, amigão, agora é pra valer!
Vamos hoje com um quinteto de jazz-fusion, o memorável High Life. Formado por quatro feras da música instrumental brasileira e um americano: Luis Avellar nos teclados, Ricardo Silveira na guitarra, Carlos Bala na bateria, o saudoso contrabaixista Nico Assumpção e o saxofonista americano Steve Slagle. O super quinteto, me parece, gravou apenas este disco, lançado através do selo Elektra Musician, em 1986. O álbum teve um relançamento posterior em versão cd, alguns anos depois, nos Estados Unidos, numa edição feita por Steve Slagle.
Eu tenho uma certa preguiça de música instrumental, ao estilo chamado ‘fusion’, que se originou a partir de grupos como o Weather Report, Return to Forever e tantos outros. Preguiça, não quer dizer que eu não goste ou não reconheça suas qualidades. Apenas me cansa um pouco o excesso de virtuosismo, a falta de ‘riff’ ou um ‘swing’ que mexe com a gente. Sei que tem gente que vai cair de pau no que eu estou falando, mas isso é apenas uma visão pessoal, a minha. No entanto, no que se refere a este disco, eu não tenho nada a ‘crititicar’, mesmo porque os instrumentistas são ótimos, o repertório fino e tem uma música que eu adoro, “Saídas e bandeiras”, de Milton Nascimento e Fernando Brant. É, sem dúvida, um disco muito bonito e se destaca também pelo talento individual dos artistas envolvidos. Um ‘fusion’ bem singular e que vale a pena conferir.
Guilherme Lamounier (1978)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Para que a nossa semana não fique só nos anos 50 e 60, vamos também para os 70 e com outros focos musicais. Naturalmente, toda postagem é motivada por alguma razão além do meu compromisso informal de fazê-la diária. Tô gostando muito de publicar aqui minhas últimas aquisições, mas também tem outras, as doações e colaborações, que eu não posso esquecer. Há pouco mais de um mês (no ano passado!), o amigo Tales enviou para mim, este álbum que ele mesmo digitalizou, segundo ele, “conforme as normas da casa”. Legal, veio tudo do jeito que eu gosto e sem me dar trabalho (valeu, amigão!). Como eu ontem estive ouvindo algumas músicas do Guilherme em parceria com Tibério Gaspar, acabei me tocando para o presente esquecido e daí, porque não postá-lo hoje? 🙂
Segue então mais um álbum do Guilherme Lamounier postado aqui no Toque Musical. Taí um artista que eu gosto muito e vez ou outra eu me pergunto, onde ele foi parar? O cara era muito bom compositor. Acho que depois deste disco, nunca mais ele foi notícia. Pelo menos para mim. Quando postei os outros dois discos dele também comentei isso, a sua ausência no cenário artístico e musical. Tem muita gente que acha o cara com uma ‘pegada’ meio brega, eu já diria que ele é um tipo romântico. O romantismo tem lá suas ‘franjas’, mas no caso dele, elas são bem aparadas. Guilherme tem uma composição que me lembra bem alguns velhos ‘jingles’. Sua música cola de imediato no ouvido e depois de ouví-las umas duas ou três vezes, a gente sai quase que sem querer cantarolando algum refrão. Neste álbum, lançado pela Som Livre em 78, temos apenas nove faixas, o que dá ao disco um outro padrão. Normalmente, discos de música popular, pop nacional, seguiam o modelo comercial de doze faixas. Eu sempre vi os lps, quando fogem a regra, com outros olhos (e ouvidos também). Penso que quando um artista ou grupo musical pop faz um disco sem seguir essa fórmula, tem algo de muito especial na manga, ou melhor, no trabalho. No caso do nosso amigo aqui não preciso nem repetir. Por certo este disco de 1978 não tem o mesmo vigor do trabalho de cinco anos atrás, mas não deixa de ter lá os seus encantos. Pessoalmente, eu adoro a faixa “Seu melhor amigo”, já foi tema de algumas paixões na minha adolescência (êta tempo bão, sô!).
Mas este disco é mesmo bacaninha. A produção e os arranjos são de Guto Graça Mello. Tem participações especiais de Lincoln Olivetti e, em praticamente quase todas as faixas, a Jane Duboc fazendo ‘backing vocal’. Confiram aí…
Nilo Sérgbio, Sua Orquestra E Vozes – Isto É Romance (1962)
Já que estamos falando da Musidisc e pela terceira vez alguém me pede um disco do dono da gravadora, acho que o jeito vai ser eu postar um aqui. Entre os discos que resgatei, havia este do Nilo Sérgio, também inteirinho, tanto na capa quanto no vinil.
Orquestra Pan American – Star Dust (1959)
Olá, amigos cultos e ocultos! Passei a manhã de hoje ouvindo alguns dos discos que comprei recentemente na mão de um catador de papéis. Entre tantos, existem alguns cujo estado de conservação é ótimo. Ainda bem que eu cheguei a tempo, senão o cara, com aquela mão de lixa, continuaria ali tratando aqueles vinis como trata seus papelões. Foi mesmo muita sorte minha. “Star Dust” da Orquestra Pan American é um que está em muito boas condições, parece novo e é uma versão mono Hi-FI.
Os discos da Musidisc primavam pela qualidade, tanto fonográfica, de gravação, como também na qualidade material das capas. O Nilo Sérgio, dono da gravadora, tinha uma visão refinada e produzia seus discos buscando a mesma paridade como os álbuns feitos nos Estados Unidos. Depois que Musidisc caiu nas mãos da Globo/Som Livre, os relançamentos vieram sem a mesma preocupação, capinha simples e vinil de plástico. A preocupação com a qualidade e informação era tanta, que chama a atenção a contracapa. Nela temos um quadro com informações técnicas sobre os sistemas de gravação utilizados e seus discos, chamados de “Hi-Fi Masterpiece” e Hi-Fi Musidisc”. Este álbum, assim como outros da gravadora, foram lançados em duas versões, estéreo e mono Hi-Fi. Vejam vocês que conforto essa gravadora nos dava! Há no quadro informações também sobre os microfones utilizados e seus gravadores. A coisa chega ao cúmulo da perfeição ao detalharem os decibéis e curvas de frenquência, como se todos os consumidores de discos fossem técnicos em gravação. Mas a verdade é que isso demonstrava o primor com o qual o Nilo Sérgio idealizava a sua gravadora. O cara pensava como americano (ou pelo menos, queria o seu produto assim). Nisso tudo ele só falhou nas informações artísticas. Embora a contracapa também estampe um texto, de Sebastião Fonseca, apresentando o disco, pouco se falou da produção artística. Sabemos que este foi o segundo disco com esta Orquestra Pan American. No mesmo ano de 59, a Musidisc havia lançado o álbum “Samba Internacional“, também postado aqui. O sucesso dessa primeira produção levou a gravadora a lançar, no mesmo ano, mais um disco na mesma linha. Para isso, recrutou novamente os mesmos instrumentistas e regente, os quais não constam os nomes. Somado a isso, tem também um côro vocal com quatro vozes femininas e quatro masculinas. Essas últimas são do grupo vocal Os Cariocas. O repertório do disco é bem parecido, no arranjo, com o álbum anterior. São nove sucessos internacionais da época, revestidos com arranjos de samba e mais três sucessos nacionais no mesmo estilo, que entram para azeitar a festa.
Só depois de ter ‘quebrado pedras’ (preciosas) e ao fim desta postagem foi que percebi que o álbum também já foi postado no Loronix e no Baudelongplaying. Uma prova de que este disco é realmente muito bom. Para criar o meu diferencial, estou postando as duas versões, hi-fi e estéreo. Se você ainda não ouviu, chame logo o seu ‘pai de santo’… Muito bom! 😉
The Bells – Proibido Para Maiores De 18 (1963)
Começo resgatando a adolescência de quem hoje está já está na casa dos 60 anos. Vou dar a esses o prazer de ouvirem novamente o twist e o rock’n’roll. Mas por favor, não vai contar para os seus filhos e netos que fui eu que liberei a bolacha para vocês. Afinal, este disco, como vem bem avisado no título, é proibido para maiores de 18 anos (hehehe…). Eu também estou correndo o risco. Se meu filho souber, nem sei… vai querer ouvir também 🙂
Pois é, hoje vamos com a banda de rock (twist e jovem guarda) The Bells. Surgida no início dos anos 60, este grupo foi uma febre para a garotada, principalmente de São Paulo e Rio. Foram um dos primeiros grupos associados à Jovem Guarda. Gravaram pelo menos uns cinco discos, ainda na primeira década. Tocaram com Roberto Carlos, Erasmo, Raul Seixas e toda aquela ‘patota’ do ‘ie-ie-ie’. Eu não sei bem ao certo, mas acredito que este tenha sido um dos primeiros discos da banda. O álbum, lançado em 1963 pela RGE, trazia doze covers de repertórios de grupos americanos como o The Ventures, The Shadows e outros ‘the…’ Um disco totalmente instrumental com rocks e twists, que hoje são mais conhecidos como ‘surf music’ dos anos 60. Apesar das marcas inevitáveis de tempo, o som dos ‘sinos’ ainda se mantém muito vivo, conquistando novas gerações. O baterista Ari, último remanescente do grupo original, continua com a banda na estrada, com novos membros e fazendo shows. É isso aí, enquanto houver o badalo os sinos não param de tocar. Confiram este disco, que além de raro é muito bom!