Alexandre Trik e Helena Maia – Waldemar Henrique, O Canto da Amazônia (1982)

Caramba! A propaganda é mesmo a alma do negócio. Ontem eu fui lá na Feira, um pouco desanimado com a chuva que caiu durante todo o dia. Quase desisti, mas acabei indo. Pensei que não teríamos público. Na verdade o que faltou foi expositor. Os poucos que lá tiveram, fizeram a festa, não havia concorrência. No meu caso, nem com concorrência, pois boa parte do que levei já estava praticamente vendido, graças ao anúncio antecipado.
Como ontem nós tivemos um disco da Ely Camargo, achei que hoje seria um bom dia para postarmos este álbum, lançado através do Projeto Promemus (Projeto Memória Musical Brasileira) da Funart. Trata-se de um trabalho que procura divulgar um pouco da obra do compositor paraense Waldemar Henrique. Quem aqui conhece este compositor? Talvez poucos, mais fácil se lembrarem de suas composições. Waldemar Henrique foi um artista que se dedicou ao estudo do folclore amazônico, particularmente o paraense. Como Ely Camargo, recolheu temas de diferentes regiões amazônicas e motivos folclóricos que foram por ele adaptados e (ou musicados). Foi um dos primeiros e mais importante divulgador da cultura musical de sua região. Pode-se dizer que a música paraense, em sua maior pureza, está fundamentada nos trabalhos de Waldemar Henrique.
Para mostrar um pouco da obra do artista, temos a dupla Alexandre Trik e Maria Helena Maia. Alexandre é carioca, professor de canto lírico e também artista plástico. Seu nome está associado à música de câmara brasileira. Da mesma forma é Maria Helena Maia, pianista renomada, principalmente fora do Brasil. Lecionou nas Universidades Federais do Rio e do Pará. Foi também diretora musical do Instituto Cultural Brasil-Rússia e do Centro Cultural Franscico Mignone.
Um outro bom motivo para esta postagem é mostrar aos meus amigos paraenses que nunca me esqueço deles. O que me falta são os discos.

Lendas Amazônicas:
tamba-tajá
curupira
foi o boto, sinhá
uirapuru
matintaperêra
manha-nungara
cobra grande
Pontos Rituais:
sem seu
no jardim de oiera
aba-logum
abaluaê
Danças Brasileiras:
rolinha
boi bumbá
hei de seguir teus passos
côco peneruê
Peças Avulsas:
adeus
hei de morrer cantando
senhora dona sancha
trem de alagoas

Ely Camargo – Canções Da Minha Terra Vol. 3 (1964)

Bom dia, amigos cultos e ocultos. Daqui a pouco eu estarei indo para a Feira do Vinil. O tempo está chuvoso, mas mesmo assim o vinil vai rolar solto. Juntei um monte de ‘preciosas raridades’, com disse o amigo visitante, e agora vou levar para as minhas trocas e vendas. Quem está em Belô e gosta de vinil e cds de artistas independentes, não deve perder. A feira abre às 12 horas e vai até às 20. Antes mesmo de chegar lá, já tem gente me enviando e-mails, pedindo para reservar discos. Não vou garantir sem garantia$. Quem realmente estiver interessado, vai chegar na hora. 😉
Entre os quase 200 discos que pretendo levar para a Feira, há também este da Ely Camargo. Artista maravilhosa, que todos por aqui já devem conhecer através dos vários discos que andei postando. Quem ainda não teve a oportunidade de ouvir este volume 3, eu recomendo. É tão bom quanto todos os outros da série. Este “Canções da minha terra”, como podemos ver pelos títulos das faixas logo a baixo, não se limita à música de seu estado, Goiás. O ‘minha terra’ aqui é o Brasil. E como uma genuína artista brasileira, ela conhece como poucos a música regional e folclórica, do Iapoque ao Chuí. Confiram aqui essas pérolas e gemas, já bem conhecida por todos nós, mas ainda mais belas através da interpretação de Ely Camargo.

lampião de gas
boi barroso
flor de são joão
upa upa (a canção do trolinho)
tristezas do jeca
noites gaúchas
viola cantadeira
casinha pequenina
pezinho
maringá
fiz a cama na varanda
quem sabe
santo rei
chuá chuá
azulão
pingo d’agua
o jangadeiro
guacyra
luares goianos

Rodrigo Valle – Inesquecível Futuro (1983)

Para a nossa sexta feira independente, hoje vamos com mais um disco do mistérioso Rodrigo Valle. Digo misterioso porque mesmo sendo mineiro e estando a algumas poucas montanhas daqui, eu quase nada sei dele. Assim como na rede, também, sem nenhuma informação. Eis uma coisa que eu não consigo entender. Afinal o cara fez não foi apenas um ‘disquinho’ e mesmo que fosse, está bem acima da média, principalmente do que foi feito naquela década. Por onde anda Rodrigo Valle? Foi essa a pergunta que fiz desde que postei o seu primeiro disco, em setembro de 2007. Até hoje ninguém se manifestou oferecendo mais informações. Seja como for, com o pouco que temos, já dá para começar.
“Inesquecível Futuro” é um disco tão bom ou melhor que o primeiro. Uma fusão progressiva que o coloca na classe dos discos inclassificáveis. Seria rock, jazz, new age, mpb, mpm… tpm? Não sei… O que sei é que temos um trabalho de qualidade, com a participação de alguns dos melhores músicos mineiros como Nivaldo Ornellas, Nenem, Ivan Correa, Augusto Rennó, Laércio Vilar, entre outros. O disco é essencialmente instrumental. A música que eu faço questão de destacar é “Frequência Modulada”, além de ser um jazz a la Clube da Esquina, manifesta o verdadeiro e tradicional sentimento futebolístico mineiro. É Galoooo!

rocky
astral chart
nosso amor
fequência modulada
yod
dança dos gnomos
inesquecível futuro
mantra
afrodite
guerreiro cósmico africano

Sábado Na Feira Do Vinil

Já ia me esquecendo… sábado é dia de Feira de Discos! Fim de ano tá chegando e eu precisando fazer um dinheirinho, hehehe… Acho que vou levar alguns discos também para vender por lá. O foda é que eu sempre acabo comprando mais do que vendendo. Já começei a separar as minhas raridades para levar. Tô descendo da estante algumas coisas do acervo do Toque Musical e olha que já tem nego me ligando atrás de disco. Calma moçada! Tem para todos… Apareçam por lá e confiram as ofertas 😉

Irio De Paula – Jazz A Confronto (1974)

Eu havia dito que esta semana seria bem variada como uma colcha de retalhos, mas acabei ficando na música instrumental e jazz. Acontece que nesses dias eu estou em trânsito, pequenas viagens. Daí, acabei não tendo como cumprir o prometido. Mas, acredito eu, que as postagens estão de bom tamanho (e o ‘ibope’ também). Talvez, mais que vocês, eu estou me divertindo muito e aproveitando o momento para curtir também esses discos bacanas. Estou com a série toda da “Jazz A Confronto” em meu Ipod. São discos ótimos e no ‘cast’ do selo tem alguns músicos brasileiros que muitos poucos brasileiros ouviram falar. Além do Afonso Vieira que eu já postei, tem também o percussionista Mandrake (Ivanir do Nascimento) e o guitarrista Irio de Paula. A série criada pelo produtor Aldo Sinesio nos anos 70 teve 35 volumes, ou seja, 35 discos de um variado grupo de músicos jazzístas europeus, americanos e brasileiros. A ‘química’ do sucesso da “Jazz A Confronto” é justamente o entrosamento entre os músicos, criado pelo produtor. Os músicos tocam nos discos uns dos outros, surgindo assim parcerias inéditas e resultados surpreendentes. O disco que deu origem a série foi este álbum produzido inicialmente com o título de “Balanço” e lançado em 1972. Nele tocam Irio de Paula, Afonso Vieira, Ivanir do Nascimento (o Mandrake) e o baixista italiano Giorgio Rosciglione. Na contracapa, apresentado os artistas, temos um texto do maestro Enrico Simonetti, bem conhecido por todos nós aqui no Brasil através de seus discos e trabalhos pelo selo RGE. A capa que vemos acima já é a da série JAC, de 1974.
Antes de chegarem ao Simonetti, deixa eu clarear um pouco mais… Irio de Paula é um renomado guitarrista de jazz europeu. Já tocou com inúmeros e não menos famosos músicos de várias partes do mundo. Tem em seu currículo discográfico mais de 60 trabalhos. Nos anos 70 esteve na Europa acompanhado a cantora Elza Soares e por lá ficou, estabelecendo residência na Italia. O Afonso Vieira eu já citei no disco anterior da JAC, é outro na mesma linha. Quanto ao Ivanir do Nascimento, mais conhecido por Mandrake (apelido este adquirido por sua semelhança com o personagem da estória em quadrinhos, quando ainda usava um bigodinho), se estabeleceu na Europa no final dos anos 50. Gravou poucos discos autorais, mas participou de diversos projetos e álbuns de outros artistas, principalmente no Jazz e trilhas para cinema. Tanto Mandrake como Afonso Vieira estiveram na trilha criada pelo argentino Gato Barbieri para o polêmico filme de Bertolucci, “O Último Tango em Paris”. Outra curiosidade, Mandrake, falecido nos anos 80, era primo do nosso craque, o Rei Pelé. Confiram também este toque… 😉

mato grosso
astrud
nós quatro
sbrogue
saudade
não quero nem saber
já era
.

Sonia Rosa – Golden Bossa Nova (1969)

A semana tem sido gratificante, em termos de música, aqui para nós. Hoje eu estou trazendo para vocês mais um disco garimpado, que não podia faltar no Toque Musical. Depois da dica de um de nossos visitantes sobre onde encontrar outros discos da série Reader’s Digest, fui parar no blog do “Mr. Snookles”, o Third Island. Caramba, super legal! Me lembrou a discoteca do tio de um amigo meu, lá por volta dos anos 70, cheio discos internacionais de orquestras e coisas de um gênero que só depois dos 40 fui dar valor (ups!). A gente paga língua, essa é uma grande verdade. Verdade também, que a medida em que vamos ‘crescendo’, vamos ficando mais seletivos e apurados. O foda é quando começamos a radicalizar, daí é melhor ‘pendurar as botas’ e vestir o pijama. Mas, longe disso e sem comparações, na terceira ilha há uma ‘fauna variada’, curiosa e das mais interessantes. De provedor, as vezes, também sou ‘provador’ e consumidor voraz de coisas curiosas e interessantes. Sonia Rosa é bem mais que isso e por alguns momentos nem me atinei quem seria essa cantora de voz (maravilhosamente) suave. Foi preciso ouvir o disco para a memória voltar. Me lembro que a primeira vez que ouvi Sonia Rosa foi através do Zeca e seu Loronix, no disco “A Bossa Rosa de Sonia“. Eu já conhecia o disco pela capa, mas até então nunca o tinha ouvido. Que beleza! Que voz gostosa de se ouvir. Voz de Bossa Nova.
Sonia Rosa, pelo que eu pesquisei, gravou seu primeiro disco em 1968 e logo em seguida mudou-se para o Japão. Em 69 ela gravou em um moderníssimo estúdio em Tokyo, da EMI, este disco ainda mais bacana. O fato curioso é que “Golden Bossa Nova” é um disco com capas diferentes, assim como o seu lançamento. O álbum que eu baixei no Third Island, me parece, foi uma edição original de 1969, lançado (ou apenas prensado e encapado) na Austrália. Em 1970 o álbum aparece com outra capa, através do selo japonês Express, também postado no Loronix (e eu nem vi…).
“Golden Bossa Nova” é um trabalho onde Sonia contou com a colaboração de renomados músicos de jazz japoneses, como o saxofonista Sadao Watanabe e seu quarteto, Shunichi Makaino, Kunihiko Suzuki, Koichi Uzaki e Akio Miyazawa. O repertório, sem dúvida, é cavado na Bossa Nova e talvez pela suavidade da voz de Sonia e algumas semelhanças ritmicas, melódicas e harmonicas, foram incluídos também alguns temas internacionais como sucessos de Burt Bacharach, que a cantora Dionne Warwick jurava ser o criador da Bossa Nova.
Apenas para finalizar, Sonia Rosa, embora longe do Brasil, continua ligadíssima no que rola por aqui. Ela gravou a pouco tempo atrás, “Depois de nosso tempo”, um disco com músicas de autores da nova safra brasileira, como Wilson Simoninha e Jair de Oliveira. Taí uma cantora que eu recomendo com todos os toques. 🙂 Não deixem de conferir…

the girl from ipanema
fly me to the moon
desafinado
the look of love
meditation
corcovado (quiet nights of quiet stars)
i’ll never fall in love again
the shadow of your smile
la chanson d’orphee
alfie
secret love
tristeza

Joe Carter With Nilson Matta – 2for2 (2000)

Olás! O dia hoje, por aqui, está cinzento. Não animei nem a botar o pé para fora de casa. O tempo está bom para ficar na cama, vendo algum filme na televisão. Ou melhor ainda, ouvindo uma boa música e de papo pro ar. Eu estou fazendo a minha parte 😉
Acabei de ouvir (e por mais uma vez) este disco bacana, de um dos nossos ilustres amigos (cultos) visitantes, o violonista americano Joe Carter. Ele gentilmente me enviou e autorizou a publicação do trabalho aqui no Toque Musical. O disco, em formato cd, foi lançado nos Estados Unidos em 2000. “2for2” é um cd em parceria com o baixista brasileiro Nilson Matta, radicado nos “States” desde a década de 80. Um trabalho acústico, somente contrabaixo e violão. No repertório eles trazem, além de músicas próprias, coisas de Noel Rosa, Baden Powell e Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Dolores Duran, Carlos Lyra e Maurício Einhorn. Joe Carter é um músico de formação jazzística. É professor de violão e também escreve sobre o assunto. Tornou-se ainda mais apaixonado pela música brasileira depois de ter vindo ao país na década de 80. Nilson Matta é também um músico fera, com larga experiência profissional, já tocou com muita figurinha carimbada da música instrumental e jazz, tanto no Brasil como nos Estados Unidos. Ele integra o renomado Trio da Paz, formado também por Romero Lubano e Duduka Fonseca.
Não sei se por brincadeira ou mesmo pela humildade, ao me enviar o disco o Joe disse, que ter o seu trabalho no Toque Musical o faria famoso. Hehehe… A minha recíproca, talvez seja mais verdadeira. 🙂

feitio de oração
papa’s baião
luciana
olinda
lígia
influência do jazz
berimbau
feitiço da vila
nascente
do you remember that picture, chicção?
estrada do sol

Luis Agudo & Afonso Vieira – Jazz A Confronto 33 (1976)

Olá, amigos cultos e ocultos! Estamos para iniciar um novo Governo em nosso país. Independente da divergências políticas, desejo a todos nós brasileiros muita sorte. Escolher entre esses dois candidatos o que melhor poderia representar o Brasil não foi fácil. Agora é esperar…
Abrindo uma nova semana de postagens, eu desta vez vou fazer um mexidão para agradar tucanos, estrelas e indecisos. Vamos ver se a gente consegue fazer uma bela colcha de retalhos.
Eu ontem, procurando na rede por discos do genial compositor italiano, Piero Umiliani, acabei descobrindo um blog de jazz super bacana. Trata-se do Jazz A Confronto, um espaço dedicado aos famosos discos do selo italiano HORO Records. Este selo surgiu no início dos anos 70 através do cineasta e produtor Aldo Sinesio, um apaixonado por jazz. A série “Jazz A Confronto”, pelo que eu li no blog, teve 35 títulos, realizados de 1972 a 76. Uma boa média em apenas cinco anos.
Há tempos atrás eu tive um disco deste selo, mas nunca encontrei outros da série. São importados e hoje em dia muito mais raros. Felizmente, meio sem querer, acabei descobrindo a fonte e como dizem por aí, estou que nem pinto no lixo, baixando tudo antes que o seu autor mude de ideia. Entre os diversos álbuns há alguns que levam uma pitada brasileira. Músicos de alto nível que saíram do Brasil para tentar a sorte na Europa. Artistas que por aqui a gente nem lembrava mais. Mas vamos recordar… Pretendo ainda nesta semana postar um do Irio de Paula (lembram dele?).
Para começar, vai aqui um disco que eu fiquei de cara. A sensação foi a mesma de quando eu ouvi pela primeira vez “Krishnanda” do Pedro (Sorongo) Santos. Um ‘disbunde sonoro’ que me encantou e com certeza vai encantar vocês também. Me fez lembrar outro, os primeiros tempos do Naná gravando pela ECM. O disco em questão é de uma dupla percurssiva. Luis Agudo é um percussionista argentino, bastante familiarizado com os ritmos brasileiros. Ele aqui faz parceria com o mineirinho lá de Cataguases, o baterista Afonso Vieira (lembram dele também?). Este, começou a carreira sendo ‘apadrinhando’ pela cantora Sylvia Telles. Trabalhou com os mais diversos artistas da música mundial. Tem um currículo de dar inveja. É um artista brasileiro respeitadíssimo lá fora. Vocês precisam conferir… 😉

jorge do pandeiro
sumaré
coacatu
bachicha
floresta
agueira