Olá amigos cultos e ocultos! A semana passou voando e eu recomeço já enrolado, atrasado em meus compromissos. Enquanto for possível, vamos de postagens diárias, mas para este ano eu não vou dar garantias desse compromisso, ok? O bicho já está pegando…
Arquivo mensais:agosto 2010
Ely Camargo – Canção Da Guitarra (1968)
Seguindo a semana, que passou tão depressa, vou postando aqui mais um disco da Ely Camargo. Adoro essa artista e tenho certeza que muita gente também gosta. Os que não fazem parte desse grupo são talvez aqueles que ainda não abriram os olhos e ouvidos para conhecer melhor o seu trabalho. Ely é uma das mais importantes artista folclorista do Brasil e injustamente uma das menos lembradas. Neste disco de 1968, lançado pelo selo Chantecler, Ely nos apresenta um pouco da obra do compositor Marcelo Tupinambá. Este por sua vez, também é outro artista da nossa música, pouquíssimo lembrado, principalmente nos dias de hoje. Coincidentemente, seu verdadeiro nome era Fernando Lobo, igual ao outro compositor, pai de Edu Lobo. Ele adotou esse pseudônimo para continuar exercendo, paralelo à música, sua formação em engenharia. Só mesmo quem estuda música e história está a par dessas histórias e de quem são ou foram os verdadeiros nomes da música brasileira na primeira metade do século XX. Marcelo Tupinambá, talvez pela distância no tempo, talvez pelos gêneros trabalhados, hoje em dia fique mesmo no limbo, esquecido. Sua obra é muito abrangente, vai do erudito ao popular. Em “Canção da Guitarra”, Ely Camargo nos mostra uma faceta mais descontraida do artista. Temos no lp 14 belas músicas, que vão de batuque, canção, toada, valsa, maxixe e tanguinho. A interpretação de Ely Camargo dá às músicas de Marcelo Tupinambá um aspecto mais ‘folk’ e porque não dizer, até mais agradáveis. Sem dúvida, um belíssimo disco, tem que conferir…
Albertinho Fortuna – Tangos Inesqueciveis (1957)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Para mantermos sempre vivo o nosso ecletismo musical, hoje nós iremos de tango. Temos aqui este raro e precioso disquinho de dez polegadas pelo selo Continental com o cantor Albertinho Fortuna, gravado em 1957. Um disco interessante, a começar pela capa, escolheram uma modelo que encarna bem a figura da ‘amante argentina’, não acham? Levando-se em conta o sucesso do disco “Tangos de ontem e de hoje”, postado aqui em outubro de 2008, do mesmo cantor, acredito que este também irá agradar. Albertinho vem acompanhado pelo maestro Alexandre Gnattali e Sua Orquestra e traz o seguinte repertório:
Romeu Fossati – Música De Boate (1955)
Bom dia a todos! As férias acabaram e a rotina do corre corre está de volta. Por isso, antes que o tempo me tome, deixa eu fazer logo a postagem. Eu já havia anunciado há tempos atrás que depois de completarmos três anos algumas coisas poderia mudar por aqui. Me refiro especialmente ao ritmo das postagens. Talvez eu não consiga mais manter a sequência diária, pois já estou prevendo para este próximo semestre outras atividades, que certamente irão me ocupar por completo. De qualquer forma, procurarei não deixar a fonte secar, mesmo porque eu adoro isso aqui 🙂
Para começarmos a semana, vamos resgatar do limbo outro disquinho de 10 polegadas muito interessante. Temos desta vez o maestro, arranjador e pianista gaúcho Romeu Fossati, acompanhado de sua orquestra, num álbum lançado pelo selo Mocambo, em 1955. Romeu Fossati é mais um dos grandes nomes da era de ouro do rádio no Brasil, hoje praticamente esquecido. Romeu começou sua jornada ainda em Porto Alegre. Trabalhou com diversas orquestras, grupos musicais e artistas, tanto em rádios do sul como também em grandes emissoras, como a Rádio Nacional. Embora existam diversas citações na rede sobre o nome deste artista, pouca coisa sobre sua biografia ou atuação artística podem ser encontradas. Sei que ele gravou outros discos e também acompanhou muitos outros, mas eu mesmo, só conhecia este disco. No álbum temos duas músicas de sua autoria, uma versão para “Sábado em Copacabana” de Dorival Caymmi e Carlos Guile e também alguns temas clássicos internacionais do rádio. Confiram a bolachinha…
Ainda a tempo, incluo aqui um trecho do e-mail enviado por Romeu Fossati Filho, o qual nos apresenta melhor o seu pai:
Para minha surpresa, achei esse blog com o disco Músicas de Boite de Romeu Fossati (1906-1996), e gostaria de fazer algumas observações sobre seus comentários. Ele era Maestro, Arranjador e Pianista. Em Porto Alegre, Foi Maestro e Pianista na Rádio Farroupilha e Diretor Artístico da Rádio Difusora, em 1940. Após sua chegada definitiva ao Rio de Janeiro, em 1948, passou a atuar na música popular. Na Rádio Nacional, onde trabalhou por 16 anos, era um dos Diretores Musicais do Programa Cesar de Alencar, junto com Leo Peracchi e Radamés Gnatalli. Após produzir vários discos pelo selo Mocambo, inclusive esse de vocês, chegou a Diretor Musical da Gravadora. O fato de ser gaúcho e a proximidade da Argentina o fez um especialista em tangos, tendo gravado diversos discos como ‘Romeu Fossati e sua Típica’. Já no fim da década de 50 e início dos anos 60, gravou seus melhores discos para o selo Polydor, sob o pseudônimo de Tito Romero, como ‘Sambas Maravilhosos’, ‘Boleros Maravilhosos’, ‘Tangos Maravilhosos’ e Outros. O disco ‘Sambas Maravilhosos’, que infelizmente, não possuo nenhum exemplar, foi sua melhor obra, resumindo em som e estilo de fim de noite, o apagar das luzes de toda uma era, como o seu arranjo para ‘Suas Mãos’ de Antonio Maria e Pernambuco (para quem não conhece a música, no Youtube há uma versão da Maysa, de 1959). Após o fechamento da Radio Nacional, dedicou-se novamente ao piano clássico, tocando nas Orquestras Sinfônicas do Teatro Municipal e da Rádio Ministério da Educação. Nunca se interessou por uma carreira-solo em piano clássico, mas tinha excepcional formação para tocar em orquestra, desenvolvida e aprimorada com o famoso Professor Fontainha. Poucos pianistas no mundo poderiam dizer que tocaram o Pássaro de Fogo de Stravinsky, de primeira vista. E, finalmente, meu pai nunca foi violoncelista.
Sergio E Eduardo Abreu – Os Violões De Sergio E Eduardo Abreu (1971)
Opa! Cheguei a tempo… Domingo é assim, um dia imprevisível, nunca se o que vai rolar na programação. Acabei tendo a minha agenda toda tomada e só agora fiquei liberado. Vamos lá…
Antes de tudo, mais uma vez eu quero agradecer aos amigos e visitantes casuais do blog. Se estamos aqui a três anos e cada vez crescendo mais, é uma prova de que estamos agradando 😉
Sendo hoje um domingo e já entrado para um fim de noite, pensei em darmos ouvidos ao um batido de violão diferente. Na verdade são dois violões, dois excelentes instrumentistas e irmãos, interpretando obras de Telemann, Scarlatti, Bach, Scheidler, além de compositores espanhóis como Fernado Sor, Enrique Granados, Joaquín Rodrigo e Isaac Albéniz. Sergio e Eduardo Abreu foi um duo do violão clássico dos mais promissores nos anos 60 e 70. Reconhecidos internacionalmente, excursionaram pela Europa e Estados Unidos. Estudaram com Adolfina Raitzin de Távora, antiga aluna de Andrés Segovia. Eu não sei bem o motivo, mas ainda na década de 70 eles se separaram. Eduardo resolveu seguir a carreira científica e o Sergio tornou-se um dos mais conceituados luthiers brasileiros. Me parece também que eles não chegaram a gravar muita coisa. Um amigo me enviou as outras gravações deles. Se vocês gostarem, acredito que estarão disponíveis. Ouçam este disco, lançado pela CBS em 1971. Muito bom. Bom para um fim de noite. Até amanhã 🙂