Três anos bem tocados.
Arquivo mensais:julho 2010
Show Lô Borges Convida Milton Nascimento (2009)
Olá amiguíssimos cultos e ocultos! Está aberta a festa de aniversário do nosso blog Toque Musical. Fechem os olhos e procurem imaginar a celebração. Se quiserem, podem também fazer o contrario, abrindo um vinho ou qualquer outra bebida para brindarmos juntos esse terceiro ano. Vamos fazer uma festa virtual, cada um em seu canto, mas juntos no mesmo encanto.
Mais uma vez, quero agradecer a todos, principalmente àqueles que ao longo dos três anos vem acompanhando de perto nossas postagens. Obrigado a você amigo, seja culto ou oculto, anônimo ou não. O Toque Musical vem a cada dia se tornando um blog de verdade, sendo respeitado inclusive pelos artistas que aos poucos estão descobrindo nele um bom canal para divulgação de seus trabalhos. Fico muito feliz com tudo isso e é por essas e outras que vamos nos tornando tradição. Quando se faz um trabalho com amor e sem segundas intenções, não há porque dar errado. O conhecimento musical, as boas amizades e a aproximação com nossos ídolos, não há dinheiro que pague. Por isso, não faço do meu blog um caça níqueis. Não faço propaganda, não vendo e nem cobro nada. Só aceito doações de discos ou colaborações para postagens.
E aproveitando mais uma das boas contribuições de um dos nossos anônimos visitantes é que eu estou trazendo, como uma postagem de aniversário, este ‘bootleg’, editado e encapado especialmente e exclusivamente para o TM. Trata-se do show de encerramento do Festival No Ar Coquetel Molotov, edição 2009, que aconteceu em Recife – PE.
O encontro de Lô Borges com Milton Nascimento se deu na comemoração dos 35 anos de Clube da Esquina. Os dois artistas mineiros fizeram inicialmente este show em São Paulo e em virtude do sucesso, acabaram levando-o para um dos festivais de música jovem mais importante do país. Embora o Coquetel Molotov seja um evento voltado mais para o rock, pop e música eletrônica – o chamado som ‘indie’ – a presença da MPB deu ao festival um caráter mais maduro. O show da dupla começa nas dez primeiras músicas por conta de Lô Borges. Milton Nascimento só entra a partir da daí, como convém a um convidado. No repertório estão alguns dos clássicos da turma e também músicas dos últimos discos de Lô.
Este registro de show foi bem divulgado na rede e pode ainda ser encontrado em diferentes sites e blogs, porém e até então, só era possível baixá-lo como um arquivo bruto. O que fizemos foi apenas dar um trato na mixagem, separando as músicas e criando as capinhas para dar um charme a mais. Espero que tenha ficado no agrado de todos. Confiram no presente…
Orlando Silva – Uma Lágrima, Uma Dor, Uma Saudade (1989)
Olá amigos cultos e ocultos! Eu ainda não tive tempo de arrumar toda a casa, algumas postagens continuam com seus respectivos ‘toques’ desatualizados. Por isso, peço aos interessados que tenham um pouco de paciência, faremos tudo gradativamente, ok?
Hoje, sexta feira, é dia de disco/artista independente e também véspera do aniversário do nosso blog Toque Musical. Pode até parecer uma chatice essa de ficar o tempo todo lembrando o aniversário do blog, mas aqui o negócio foi sempre assim, eu naturalmente sou assim. Adoro anunciar a felicidade, a vitória e o sucesso. Até aqui temos ido muito bem. Alguns tropeços, algumas falhas, alguns desencantos… mas vamos resistindo. O Toque Musical cresce a olhos vistos e diariamente. E se ele chegou até aqui, foi graças à participação e incentivo de vocês. São nos comentários, nos e-mails e mensagens, são também pelos amigos seguidores registrados, que este encontro diário continua acontecendo. Se não houvesse o tal ‘feed back’ eu já não estaria mais aqui. Obrigado a todos pela participação 🙂
Mas voltando à sexta independente, hoje e especialmente, estou trazendo um disco muito raro do “Cantor das Multidões”, Orlando Silva. Este álbum me foi enviado como uma colaboração, por um de nossos amigos cultos, o Sr. José Carlos Martins. Ele foi o produtor e um dos responsáveis pelo lançamento do lp em 1989. Segundo ele, o disco teve uma tiragem muito pequena e foi distribuído entre os fãs do cantor. Em seu texto, na contracapa, ele nos fala do repertório selecionado, onde constam oito músicas da fase áurea do artista na RCA Victor, até então inéditas em lp. A canção “Despacho”, samba inacabado de Ary Barroso, foi gravado particularmente para o Laboratório Fandorine que a utilizava nos programas em que patrocinava apresentações do cantor. As palavras omitidas na música pelo Orlando Silva se constituíam em um desafio para que os ouvintes as adivinhassem. Esta música nunca chegou a ser gravada e ouvida novamente. Outra música de destaque é a famosa marcha de carnaval “A jardineira”, gravada por Orlando em 1938. Na ocasião, ele gravou a música por três vezes. Todas foram editadas, porém somente duas foram usadas. A gravação que temos aqui é justamente a que não foi publicada. O nosso colaborador teve também a generosidade de incluir no arquivo a letra original e completa do samba “Despacho”, de Ary Barroso. Isso é que é um presentão de aniversário, né não? E eu o compartilho com vocês 🙂
Copinha – Jubileu De Ouro (1975)
Muito bem, estamos próximos de completar 3 anos de existência. Sinceramente, eu não esperava chegar até aqui. Mas é interessante notar como, ao longo desse tempo, o blog foi se transformando e eu, como protagonista fui também aprendendo e me transformando. Só mesmo o meu cabelo eu ainda não mudei, ainda prezo muito o meu estilo ‘black power’ (e esse sorriso maroto que encanta as mulheres). Continuo com o mesmo visual, hehehe…
Bom, mas vamos ao que interessa… Hoje tem Nicolino Cópia, mais conhecido como Copinha. Eis aqui um artista merecedor da nossa atenção. Flautista, saxofonista e clarinetista. Acompanhou Francisco Alves, Gastão Formenti, Moreira da Silva, Orlando Silva, Elizeth, Lúcio Alves, Nora Ney, passando em seguida pelas outras gerações como Gil, Caetano, Milton Nascimento, Beth Carvalho e outros. Quer dizer, o cara tocou com e para os mais diversos artistas da MPB e em diversos períodos.
“Jubileu de Ouro”, conforme nos explica na contracapa Juarez Barroso, é um disco que busca mostrar a extensão do trabalho musical de Copinha, dentro de vários períodos de sua carreira. Outro grande barato do disco é a participação de diversos músicos instrumentistas, todos devidamente listados também na contracapa. Há porém de destacarmos a presença de Nora Ney e Luiz Bandeira, Radamés Gnattali no piano e também como arranjador. Os arranjos também correm por conta de Waltel Branco, K-ximbinho e o próprio Copinha. O repertório procura abranger todos os perídos da música popular brasileira até os anos 70. Temos assim músicas que vão de Pattápio Silva, Pixinguinha, Noel Rosa, passando por Tom Jobim, Carlos Lyra, até chegar em Paulinho da Viola. Não esquecendo de duas composições próprias, “Reconciliação” e “Lambada”. Para resumir, temos aqui um excelente trabalho que vale mesmo a pena conferir 😉
Waldir Calmon – Feito Para Dançar (1954)
Olá! Hoje e mais uma vez eu estou trazendo para um toque musical o aqui sempre festejado Waldir Calmon. Temos nesta postagem o álbum que deu origem à série “Feito para dançar”. Foi o primeiro ‘long play’ feito para se dançar, cujo o conceito não se limitava apenas ao estilo de música dançante, mas também à sua duração. Era a primeira vez que um álbum trazia em uma de suas faces uma única faixa longa, sem pausa, pensada exatamente para que se pudesse dançar mais. São quinze minutos num ‘pot pourri’ dançante que fazia a alegria do casal. A ideia pegou e logo todos os discos do gênero eram lançados dessa forma.
Este é mais um daqueles discos do Calmon que eu aprendi a gostar. Tem aqui duas músicas, as quais eu gostaria de destacar. A primeira, que faz parte da seleção de ‘pot pourri’ e abre o disco é a impagável “Sistema Nervoso”, de Wilson Batista, Roberto Roberti e Arlindo Marques Jr.. Este samba foi gravado originalmente por Orlando Correia, em 1953, tendo se tornado um sucesso radiofônico da época e é uma das músicas mais curiosas que conheço. A letra fala de um homem que teve o seu sistema nervoso abalado pelo fantasma de uma mulher. Me lembro de, ainda bem pequeno, ouvir ouvir essa música e a associá-la à Familia Adams, me parecia a coisa mais assombrosa do mundo. Na versão instrumental de Waldir Calmon ela deixa de ter um aspecto estranho e agrada bem aos ouvidos e pés. “Sistema Nervoso” foi também gravada por Wilson Simonal, numa versão de tirar o chapéu. Outros que gravaram a música foram a cantora Simone e Paulinho Boca de Cantor, dos Novos Baianos. Esta música foi também alvo de inspiração para o curta metragem (e ainda inédito) de mesmo nome, do um cineasta mineiro C. Falieri. A outra música que eu gostaria de destacar é o mambo “Luar”. Observem a introdução desta música, não parece coisa feita em 1954. Calmon conseguiu o que outros viram a fazer só dez anos depois. Acho isso surpreendente…
Os Catedraticos – Tremendão (1964)
Olá amigos cultos e ocultos! Aqui estou eu de volta, depois de uma semana longe das postagens. Foi bom para descansar um pouco dessa agitação. Fui correr montanhas, respirar ar puro e tentar por em ordem algumas coisas na minha cabeça. Pena que a semana, nessas horas seja tão curta e como num sonho, acaba quando a gente menos espera. Descansei, mas vendo pelo número de e-mails que terei pela frente para responder, já começo a ficar cansado de novo 🙂 Peço a todos um pouco de paciência, responderei aos e-mails, mensagens e comentários ao longo dos dias. Ainda bem que eu tenho até a próxima semana para por ordem na casa 🙂
Oswaldinho da Cuica – Preto No Branco (1985)
Na sequência do samba, aqui vai mais um, desta vez de São Paulo. Osvaldinho da Cuíca é um sambista de respeito da terra da garoa. Entre 1967 e 1999 ele fez parte do conjunto Demônios da Garoa. Paralelo a isso atuou também ao lado de artistas como Nelson Gonçalves, Ismael Silva, Nelson Cavaquinho, Cartola e muitos outros. Não tenho bem certo, mas acho que “Preto no branco” foi seu primeiro disco solo. Participam do álbum, entre outros artista e sambistas, o percussionista Papeti e também Cido Bianchi. Os arranjos são de Edson José Alves. Lançado originalmente em 1985 pelo selo independente Somda, saiu em 2005 em formato cd. Quem gostar pode adquirir o cd que (dizem) ainda está a venda.
Partido Em 5 – Volume 1 (1975)
A partir do próximo sábado eu estarei entrando de férias. Neste dia farei uma última postagem e retornarei no fim do mês, ainda a tempo de comemorarmos os três anos de existência do Toque Musical. Enquanto isso, vamos levando a semana na base do pandeiro e no samba.
Hoje, para não variar, temos aqui um disco que fez muito sucesso na época de seu lançamento. “Partido em 5” foi o nome escolhido para denominar a reunião de um grupo de sambistas de respeito. Uma turma comandada por Candeia. Temos aqui mais do que um ‘partido em 5’, mas talvez oito ou mais. Além de Candeia, temos outros bambas que são: Velha, Casquinha, Wilson Moreira, Anézio, Joãozinho da Pecadora e ainda figuras como Marçal e Mestre Luna. Li num desses sites sobre samba que o Wilson Moreira era na época carcereiro e depois do sucesso deste disco ele decidiu largar a profissão, assumindo de vez a carreira paralela de sambista. O álbum, lançado pela Tapecar em 1975, não traz nenhuma informação sobre esses artistas. Nem ao menos eles são citados. O disco não tinha a pretensão de ser álbum de carreira. Foi criado apenas para atender a um mercado onde o que menos importa são informações detalhadas. “Partido em 5” foi um álbum que vendeu bem e deu origem aos volumes 2 e 3. Candeia só participou dos dois primeiros. Neste álbum temos apenas três faixas, mas o pagode corre solto numa espécie de ‘pot pourri’ de sambas. Essa série foi relançada pela Sigla nos anos 80 e novamente em formato cd na década seguinte. Confiram o toque…
Paulo Moura Hepteto – Mensagem (1968)
Que desagradável surpresa saber que hoje faleceu um dos maiores instrumentistas brasileiros, o grande Paulo Moura. Não tive nem tempo de preparar uma homenagem com um disco inédito. Aliás eu nem tenho nada que já não esteja postado neste e em diversos outros blogs. Paulo Moura sempre mereceu a atenção dos blogueiros de música, porque ele foi um músico presente em várias frentes e também nos bastidores. Sua atuação foi sempre pautada na qualidade, o que fez dele um artista especial e acima da média.
Segue aqui esta postagem especial, trazendo um disco também especial. Música instrumental, jazz, talento brasileiro. “Mensagem” é um álbum que tem a cara do artista. Aqui ele vem acompanhado por um time de músicos também de primeira: Wagner Tiso, Oberdan Magalhães, Darcy da Cruz, Cesário Constâncio, Pascoal Meirelles e Luiz Carlos. O repertório privilegia Milton Nascimento, com metade das músicas sendo de sua autoria ou parcerias.
Valeu Paulo Moura!
Moreira Da Silva – Manchete Do Dia (1970)
Na sequência do blá, blá, blá, aqui vou eu com mais uma raridade que não se encontra fácil por aí. Mais uma vez marcando presença em nosso toque musical, temos o grande Moreira da Silva em seu disco “Manchete do dia”. Este álbum consta em algumas referências como sendo de 1970, eu cá tenho as minhas dúvidas. Se não me falha a memória, este disco já rolava lá em casa antes dessa época. Foi mesmo uma grata surpresa reencontrá-lo depois de tanto tempo. “Manchete do dia”, embora não seja um dos discos mais comentados do velho malandro, não deixa de ser tão excelente quantos outros. Quase todas as músicas são de sua autoria ou em parceria. Um disco de samba, sim senhor. Confiram aí…
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Sergio Mendes And The New Brasil ’77 (1977)
Bom dia a todos! Enfim a Copa do Mundo acabou. O Brasil precisou sair antes da hora para garantir de vez o direito de sediar o próximo evento em 2014. Dizem que a CBF vem pagando isso desde a Copa de 2006. Se é verdade ou não, eu não posso afirmar, mas vou no boato. Seja como for, fica aqui os meus parabéns à Seleção da Espanha, que literalmente suou a camisa para chegar onde chegou. Quanto ao Brasil, vamos continuar sonhando…
Este disco do Sérgio Mendes já estava separado, exatamente para o dia em que o Brasil se ferrou nos pés dos holandeses. Como todos, fiquei super chateado e acabei me esquecendo de postá-lo. O presente álbum pode ser entendido como uma analogia à situação da nossa seleção. Começando pela capa, temos um ‘escrete de ouro’, cheio de feras, mas todos ‘estrangeiros’. Nosso goleiro, Sérgio Mendes, resolve bater de juíz e passa a camisa para o convidado especial, Stevie Wonder. Este por sua vez não viu a bola e tomou de cara dois gols. A arte dessas feras já não convence os brasileiros, eles não falam a nossa língua. A contracapa é talvez a melhor representação, o Brasil se ferrou! Há também o encarte, que não coloquei aqui, mas nele há uma foto do Pelé como um médico, levando o Sérgio Mendes numa cadeira de rodas. Só mesmo o Rei para salvar a situação. Definitivamente, este não é um disco brasileiro. Mas dentro dessa comparação, fica bem claro que a bola já não está mais em nossas mãos e nem nos pés. Diziam que o Sérgio Mendes era um vendido, mas vendidos mesmo foram os nossos jogadores. Vendidos e comprados…
Deo Rian – Inéditos De Jacob Do Bandolim (1980)
Olá amigos! Hoje eu vou ser mais breve que de costume. Estou numa preguiça de dar inveja. Por mim, ficaria apenas deitado ouvindo uma boa música, de papo pro ar 🙂 Mas o dever me chama, tenho compromissos… Mas antes, vou deixar aqui a minha postagem do dia, que há muito já se transformou em compromisso.
Segue aqui um excelente álbum de Déo Rian, instrumentista considerado o sucessor de Jacob do Bandolim. Neste álbum de 1980, lançado pelo selo Estúdio Eldorado, Déo nos apresenta uma série de então inéditos trabalhos de Jacob. Ele vem acompanhado pelo grupo Noites Cariocas.
Particularmente acho o disco excelente. Eu seria talvez apedrejado por dizer isso, mas em alguns momentos o pupilo ultrapassa o mestre. Talvez por ter sido o único a quem Jacob permitia assistir seus ensaios. Um belíssimo disco, confiram o toque…
Velhos Sambas, Velhos Bambas (1985)
Olá amigos cultos e ocultos! Vocês não podem imaginar, recuperei o meu carro! Após haver passado quase 70 horas, recebi um telefonema da Polícia Militar avisando que o haviam encontrado. Corri imediatamente para o local. O carro foi abandonado em um bairro afastado de classe média alta, longe de favelas ou oficinas de desmanche, o que nos levou a acreditar que o ladrão o pegou apenas para dar umas voltas. Só sei que nessas voltas, me levou tudo que havia dentro do carro. Levaram o meu Ray Ban original, uma blusa daquelas que a gente adora, meu IPod com a coleção completa da série História da Música Popular Brasileira e uma pasta com alguns cheques e documentos. Fora isso, levaram também os quatro pneus, o estepe e ferramentas. Bacana…, me deixaram o carro todo depenado. Mesmo assim, fiquei mais feliz ao reencontrá-lo do que quando eu o comprei. Passei o dia de ontem e hoje recuperando um pouco os estragos. Pelo menos agora não fico a pé. Vou aproveitar meus dias de férias e dar uma boa recuperada nesse carro, que cada vez me convenço mais ter nascido para ser meu 🙂 Quero mais uma vez agradecer a todos o apoio e o carinho. Tenho certeza que meu carro apareceu graças à soma de todos esses pensamentos positivos. Muito obrigado! Os outros problemas permanecem e até se agravam, mas há momentos em que quando não se é possível remediar, remediado está. Portanto, apenas rezo e observo. Viver é sofrer. A felicidade é um estado imaginário.
Como eu fiquei ontem sem postar o disco do dia e este deveria ser um álbum/artista independente, farei hoje uma postagem especial. Temos aqui um álbum triplo independente, lançado pela FENAB – Federação Nacional de Associações Atléticas Banco do Brasil. A FENAB vinha desde 1979 produzindo discos como este, os quais eram oferecidos aos seus parceiros e associados. O grande barato desses discos é a edição de material inédito e raro, coisa que não se encontra facilmente por aí. No caso de “Velhos sambas, velhos bambas”, encontramos em seus três lps dois momentos distintos. Fonogramas raros e inéditos datados a partir de 1919 e regravações feitas em 1985, reunindo um destacado grupo de artistas e músicos. Como intérpretes temos Violeta Cavalcante, Roberto Paiva, Ademilde Fonseca, Roberto Silva, Zezé Gonzaga e Gilberto Milfont. Para acompanhar essa turma temos o Conjunto Época de Ouro, o Quarteto de Cordas da UFRJ, Altamiro Carrilho, Déo Rian, Orlando Silveira, Zé Bodega, Wilson das Neves e mais uma dezena de outros músicos talentosos, que poderão ser conferidos no encarte que vem anexo. É sem dúvida, um álbum especial e imperdível. Não deixem de conferir…
Nosso Sinhô Do Samba (1988)
Amanheceu… voltei a realidade. Por pouco mais de seis horas estive longe dos problemas e do mal estar. Agora estou aqui tentando planejar o meu dia. Sem carro, muda-se toda a minha rotina. O dia hoje vai ser duro. Vou correr atrás do prejuízo, refazer as contas e prestar contas. Agradeço aos amigos cultos e ocultos a solidariedade. Foi reconfortante ler agora, logo cedo, essas mensagens de apoio. Obrigado! Até ontem, antes do meu carro ser roubado, eu havia selecionado uma meia dúzia de discos interessantes de samba, só coisa boa e rara. Mas com o ocorrido, não tive nem cabeça para levá-los para casa. Daí, nossa semana que seria dedicada ao samba vai ficando adiada. Porém, quando se trata de música popular brasileira, a gente vai estar sempre tropeçando em algum samba e assim, dificilmente, fugiremos por completo do batuque.
Aqui vai uma seleção da boa, das origens do samba. Temos “Nosso Sinhô do Samba”, um disco lançado pela Funart, dentro do Projeto Almirante, em 1988. Este lp reúne 14 fonogramas selecionados com músicas de José Barbosa da Silva, mais conhecido com Sinhô, um dos mais importantes compositores da música popular brasileira de uma época, ao lado de Pixinguinha, Donga e Caninha. As músicas reunidas neste álbum são gravações bem antigas e raras da década de 20, realizadas por dois dos seus maiores intérpretes, Francisco Alves e Mário Reis. Confiram…
Grupo Fundo De Quintal – O Mapa Da Mina (1986)
Olá amigos cultos e ocultos. Vamos com o Grupo Fundo de Quintal e seu álbum “O mapa da mina”, lançado em 1986. Eu sou do tipo que desconfia do samba de uns 30 anos pra cá. Desde que o samba de partido alto virou pagode e que o pagode virou sabão (eu disse sabão e não sambão). O fato é que como já dizia uma música, “o samba deixou de ser uma música negra… o samba passou a ser música de gente ‘sastisfeita’. Entre as exceções, felizmente, existem coisas boas como o Grupo Fundo de Quintal. A gente pode até não conhecer o disco e os artistas, mas se tem a assinatura do Rildo Hora, podemos ter certeza de que é coisa boa. Confiram…
Pixinguinha E Sua Banda (1957)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Antes de retomarmos com o samba, me lembrei de um disquinho que faltou em nossa celebração das festas de São João. Embora já tenhamos entrado em julho, ainda assim há lugares no Brasil onde festas dessa natureza continuam acontecendo. Mesmo assim, independente de qualquer coisa, o que temos aqui é Pixinguinha. Seja no choro, no samba, no carnaval ou festa junina, o importante é que quem está na roda é essa ilustríssima figura e em um de seus discos dos mais raros. Neste álbum encontramos Pixinguinha e a sua banda tocando exclusivamente músicas para festas juninas. Estão reunidos aqui todos os clássicos da festa na roça. A qualidade de som do disco, mesmo sendo um RCA Victor, fica um pouco a desejar, devido ao tempo e ao estado crítico da bolacha. Mesmo assim, fiz um esforço enorme para melhorá-lo e acho que está apresentável. A capa também estava num estado deplorável. Cheguei até a dar um trato ‘de leve’, mas como no som, ainda se pode melhorar mais. Deixo essa para vocês, perfeccionistas de plantão.
Em agosto, mês de aniversário de Pixinguinha, pretendo fazer uma postagem especial dedicada a ele. Já tenho até o disco pronto. Quem gosta, fique ligado no toque. 😉
Abílio Manoel (1968)
Olás! Eu estava pensando em estender por mais alguns dias as minhas postagens de discos de samba. Mas hoje, especialmente, quero prestar aqui a minha homenagem ao artista Abílio Manoel, que faleceu na última terça feira, dia 29 de junho. O cantor do sucesso “Pena verde” morreu vítima de um enfarto, prematuramente aos 63 anos de idade. Fiquei duplamente espantado, porque além de um falecimento, que sempre pega a gente de surpresa, não vi nos jornais quase nada sobre o ocorrido. Suponho que a preocupação com a Copa do Mundo, ofuscou qualquer outra notícia. Abílio Manoel era português, mas radicado no Brasil. Iniciou sua carreira musical nos anos 60. Era estudante de Física na USP e participava dos mais diversos shows universitários promovidos no Campus. Em 1967 ele ‘papou’ o prêmio de melhor compositor no “I Festival Latino Americano de La Canción Americana”, em Santiago (Chile), com a canção “Minha rua”. Graças a premiação neste festival, as portas começaram a se abrir para ele. Primeiro na televisão, onde se apresentou no programa da Hebe Camargo e consequentemente depois disso conseguiu gravar seu primeiro disco pela gravadora Odeon. Assim como Taiguara, Abílio foi um ganhador de festivais, faturou diversos até o início dos anos 70. Gravou ao longo de sua carreira uma dezena de discos e compactos. Suas músicas também foram gravadas por diversos artistas. Seus maiores sucessos, além de “Minha rua” e “Pena verde” são “Andréa” e Luiza manequim”. Abílio também era radialista, publicitário (compondo jingles) e cineasta. Acredito que agora, após a sua morte, seu nome e sua obra passem a ser mais conhecidos e reconhecidos.
Segue então nesta postagem o seu primeiro disco, o que traz a música que lhe deu asas, “Minha rua”. O disco foi produzido por Milton Miranda e a direção musical é de Lyrio Panicali. A regência e orquestração é de Edmundo Peruzzi. Sem dúvida um álbum muito bem produzido para um artista iniciante, onde todas as faixas são de sua própria autoria. E assim como a música vencedora, que abre o disco, todas as demais não fica para trás. Um bom e raro disco! Confiram…
Candeia – Axé! Gente Amiga Do Samba (1978)
Bom, diante a dura realidade que temos, de encarar neste fim de semana, com a saída do Brasil da Copa do Mundo, só nos resta voltarmos nossos olhos (e ouvidos) para a música, que é ainda uma de nossas mais fortes expressões. Axé! Salve o povo brasileiro, porque o país já está vendido. (antes tivessemos alugado, como sugeriu o Raul Seixas)
Vamos em frente e de volta com o samba. Para hoje, temos o grande sambista Antonio Candeia em seu disco de 1978, “Axé! Gente Amiga do Samba”. Um clássico do samba e da música popular brasileira, um disco básico que não pode faltar em nehuma discoteca, seja ela real ou virtual. “Axé!” foi um álbum lançado por uma multinacional no mesmo ano de falecimento do artista. Ficou fora de catálogo por um longo tempo. Trata-se de um disco muito bem produzido, com participações não apenas especiais como também históricas. Temos figuras importantes como Clementina de Jesus, Manacéa, Dona Ivone Lara, Alvaiade, Martinho da Vila e o histórico e inédito Chico Santana, autor do hino da Portela. O repertório é de primeiríssima qualidade. Entre os sambas de sua autoria e parcerias há também espaço para Casquinha, Aniceto e Mulequinho e Nelson Amorim. Os detalhes sobre este disco vocês poderão conferir no texto de Lena Frias que acompanha a contracapa e encarte do lp. Quem ainda não conhece, pode conferir…
Sergio Ricardo – Estória De João-Joana (1985)
Olá torcedores cultos e ocultos! Hoje é sexta feira, dia de jogo do Brasil na Copa do Mundo e também dia do disco/artista independente aqui no Toque Musical. Ao contrário dos outros dias de jogos da nossa Seleção, eu hoje não farei nenhuma postagem relacionado ao tema futebol ou Copa do Mundo. Deixarei para fazer uma postagem especial se o Brasil se sagrar o campeão, combinado?
Escolhi este disco por diversas razões, mas principalmente porque daqui a pouco começa o jogo e eu acredito que depois não terei tempo nem cabeça para fazê-lo. Daí, optei por um daqueles de gaveta, sempre prontos para as eventualidades. Eu até pensei que já houvesse postado este disco anteriormente. Felizmente vai ser ele que vai salvar o dia. Para não prolongar e também porque este trabalho merece mais atenção, decidi incluir logo a baixo o sempre providencial texto de Aramis Millarch. Esse é o cara! Leiam…
Meu irmão, o sucedido
Em Lages do Caldeirão
é o caso de muito ensino
Por isso é que me apresento
Fazendo esta relação
Curiosos os caminhos artísticos de Sérgio Ricardo. Paulista de Marília (18/06/1932), filho de um libanês que tocava alaúde, se identificaria extraordinariamente com o Nordeste ao ponto de criar a mais baiana das trilhas sonoras – o clássico escore de “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1963). Subindo ainda mais, no cinematográfico espaço da Fazenda Nova, no agreste pernambucano (aonde anualmente acontece a magnífica representação da Paixão de Cristo), Sérgio ali rodaria um filme-cordel (“A Noite do Espantalho”, 1974), obra fascinante, imerecidamente pouco reconhecida na época.
Pianista de boate nos anos 50, sem curtir etilicamente as reuniões da turma da Bossa Nova, faria dois elepês fundamentais do movimento (“Não Gosto Mais de Mim”, 1960; “Depois do Amor”, 1961); para, em seguida, passar a uma fase extremamente social.
Cineasta, compositor, cantor, violonista, pianista, poeta, argumentista, o múltiplo Sérgio Ricardo se afastaria do consumismo industrial-artístico para viver alguns anos num barraco duma das favelas do Rio – mas sem deixar de possuir sua confortável casa na Urca. Sem poder realizar os projetos cinematográficos de longa-metragem desejados, voltou-se, entretanto, para excelentes curtas-metragens e filmes publicitários.
Este múltiplo e sempre genial artista mostra que, aos 53 anos, ainda a aparência jovem de 30 anos passados, continua em vigor de criação. E apresenta uma obra maravilhosa, desenvolvida nada menos do que em parceria com Carlos Drumond de Andrade.
No chão de terra, essa terra
Que a todos nós vai comer,
chorava uma criancinha
acabada de nascer,
e João, de peito desnudo,
acarinhava esse ser
Da leitura atenta de uma experiência que o poeta maior Carlos Drumond de Andrade fez de fato acontecido no Nordeste há alguns anos – “Estória de João-Joana” – Sérgio Ricardo imaginou um grande balé brasileiro. Assim como havia feito há anos, ao musicar a obra-prima de seu amigo Ziraldo, “Flicts” (1), Sérgio colocou sua sensibilidade musical no cordel de Drummond, que fala de João que era Joana – um caso de mulher criada como homem, como outro contador de estórias, o mineiro Guimarães Rosa já havia colocado no personagem de sua obra mais famosa (“Grandes Sertões: Veredas”, 1956).
Nem menino nem menina
era João quando nasceu
A mãe, sem saber ao certo,
o nome de João lhe deu,
dizendo: Vai vestir calça
e não saia que nem eu.
Aos poema-cordel de Drummond, Sérgio acrescentou a música. Pediu ao maior dos arranjadores brasileiros, Radamés Gnattali para fazer a orquestração. Entusiasmado, levou o projeto do balé “Estórias de João-Joana” para uns amigos de muitos embates ideológicos – artísticos, Gianfrancesco Guarnieri, com quem trabalhou em “Ponto de Partida” e que hoje é o secretário da Cultura de São Paulo. Guarnieri gostou do projeto e disse: “Toque em frente”. Sérgio fez: convocou Alexandre Gnattali, irmão de Radamés, para a regência, arregimentou quase 30 dos melhores músicos do Rio e gravou uma belíssima trilha – com ele ao violão, piano e voz – mais ainda, fazendo os arranjos.
Trabalho pronto, a decepção: com mil e uma desculpas (esfarrapadas), Guarnieri tentou tirar o corpo fora. Não havia verba, não tinha condiçòes de bancar o espetáculo. Resultado: Sérgio amargou pesado prejuízo.
Honrando o sangue de libanês de coragem, homem que não leva desaforo para casa – (remember sua máscula atitude em outubro de 1967, quando quebrou o violão no palco da TV-Record, furioso porque o público vaiou “Beto Bom de Bola” no II Festival de MPB), Sérgio não se deu por vencido. Procurou outras fórmulas de terminar o trabalho e, finalmente, “Estória de João-Joana” estreou no Teatro João Caetano, na noite de 2 de maio último, com o grupo Nós da Dança.
Entretanto, um espetáculo desta beleza não poderia ficar apenas no teatro, em poucas apresentações. Seria injusto para com milhares de pessoas que tanto admiram ao multi-talento de Sérgio Ricardo.
Homem é grão de poeira
na estrada sem horizonte;
mulher nem chega a ser isso
e tem de baixar a frente
ante as ruindades da vida,
da altura maior que um monte
“Estória de João-Joana” não poderia ficar sem o disco. E, felizmente, ele aconteceu. De forma independente, numa produção de incrível bom gosto e, seguramente, um álbum para merecer o troféu Chiquinha Gonzaga, o Grammy dos alternativos. Como todo disco independente não é encontrado nas lojas e os interessados devem pedir diretamente a Sérgio: Rua São Salvador, 41/ cob. 01 – Laranjeiras, CEP 22231 – Rio de Janeiro – Fone: 265-6279).
Difícil dizer o que é mais belo neste disco: se o cordel de Drummond, se a música e a voz de Sérgio ou se a orquestração de Radamés Gnattali. Longos momentos instrumentoia intercalando a voz forte e nordestina de [Sérgio], que conhecemos desde o lirismo de “O Nosso Olhar” aos gritos de guerra de “Te entrega corrisco/eu não me entrego não/Eu não sou passarinho/para viver lá na prisão”.
Saibam quantos deste caso
houveram ciência, que a vida
não anda, em favor e graça,
Igualmente repartida,
e que a dor ensombra a falta
de amor de paz e comida
“Estória de João-Joana” é um canto-de-cordel, falando das coisas do povo. Mais do que um disco, é um momento maior de brasilidade, numa embalagem de extremo bom gosto, com ilustrações tão nordestinas de Ciro que fazem do encarte/capa uma obra de arte visual.
A voz de Sérgio Ricardo é única e marcante, de uma força extrema. Drummond, neste poema-cordel, mostra uma face diferente – mas igualmente extraordinária. E arregimentação de tantos bons músicos numa sonorização colorida, faz com que tenhamos um daqueles exemplos de produção artística fora de série, destinados a se tornarem raridades tão logo esgote a edição.
Meu amigo, meu irmão,
eu nada te peço a ti
senão me ouvir com paciência
de Minas ao Piauí;
tendo contado meu conto,
adeus me despeço aqui.
*Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de agosto de 1985 no Jornal Estado do Paraná
Grupo Chapéu de Palha Vol 2 (1979)
É… meus prezados… o Toque Musical está próximo de completar três anos e possivelmente a partir de então teremos algumas mudanças. Não é por falta de material, mas penso seriamente em não ficar mais preso a esse compromisso diário de postagem. Acho que irei mudar nossa rotina depois que eu volta das minhas férias, na próxima quinzena.
Enquanto isso, vamos de samba que a semana está pedindo. Amanhã tem Brasil x Holanda, tá todo ligado. Para relaxar e diminuir a tensão, nada como o Grupo Chapéu de Palha. Uma turma afinada no samba e principalmente no choro. Eles sugiram em 1977, a partir do “Projeto Seis e Meia”, no Teatro João Caetano, com incentivo e apadrinhamento de Hermíno Bello de Carvalho, que era o coordenador e dirigia o projeto. O grupo segue uma linha de samba e choro das décadas de 30 e 40. O presente (de presente) álbum foi o segundo disco gravado por eles. Aqui encontramos um desfile de clássicos imperdíveis em formato de ‘pot pourri’. Vejam (e ouçam) só…