Como e havia prometido e também no sentido de completar o que seria somente a postagem de ontem, aqui estamos novamente com o fabuloso Caco Velho. Os arquivos deste “disco” que eu montei, com direito a capinha (gostaram?), me foram enviados pelo amigo culto (e as vezes oculto) Tales. Pelo que ele me informou e também pelas minhas consultas às fontes históricas musicais, estes arquivos nos trazem alguns dos primeiros registros de Caco Velho em discos de 78 rpm. Há também gravações com outros artistas interpretando composições do “sambista infernal”.
Arquivo mensais:maio 2009
Caco Velho – Coletânea Toque Musical (2009)
Aqui estou eu neste sábado maravilhoso, trazendo para vocês um presente muito especial. Uma coletânea do sambista Caco Velho. Um nome pouco lembrado hoje em dia, mas sem dúvida, um artista genial. Gaúcho de Porto Alegre, começou a carreira nos anos 30, na Rádio Gaúcha como ‘crooner’ e pandeirista do Regional de Piratini. Também tocava piano, bateria e contrabaixo. Seu nome era Mateus Nunes. O apelido ou nome artístico Caco Velho vem da canção de Ary Barroso, esta era a música que ele mais gostava de cantar. Daí veio o epíteto nominal. Ele também trabalhou no cinema, em musicais de carnaval da Atlantida. Esteve por um tempo na Europa excursionando como cantor da Orquestra de Georges Henri. De volta ao Brasil, abriu uma casa de shows, a “Derval Bar” e depois outra, a “Brazilian’s Bar onde se apresentava com seu conjunto. Seguiu depois para os ‘States’ onde também fez apresentações. Depois foi para Portugal onde foi atração musical em rádio e televisão. A cantora portuguesa Amália Rodrigues chegou a gravar duas de suas músicas (esqueci de comentar que ele também era compositor hehe…)
Carlão Elegante – Um Cidadão Sambista (1979)
Olha aí, meus prezados, quem vem pintando no pedaço… Carlão Elegante, conhece? Acredito que muito poucos fora das rodas de samba do Rio de Janeiro o conheceram. Digo isso e no tempo passado porque sou também um dos que nada sei a seu respeito e no pouquíssimo de referência que encontrei sobre o sambista, consta já ter falecido. Espero, pelo menos nesse ponto estar enganado. O pouco que encontrei são apenas referências à sua pessoa, nada muito consistente. Carlão foi puxador de samba, me parece que pela Estácio. Foi parceiro de Nei Lopes em diversos sambas e participou em disco de outros artistas, inclusive Elizete Cardoso. Há também referências a um Carlão Elegante no cinema nacional dos anos 70, mas meu tempo não me permitiu uma pesquisa mais detalhada que comprovasse isso. Acredito que este tenha sido seu único disco, lançado pela CBS em 1979. O álbum é bem produzido e apesar de não trazer muitas informações, percebe-se logo na primeira faixa que o Carlão está bem acompanhado por músicos que não deixam a peteca cair. A voz do sambista é poderosa e faz jus à fama de puxador de escola de samba. Acredito que este é um bom e raro disco de samba, que merece o nosso toque musical. Confira aí e dê a sua opinião. Tá valendo?
Cyro Monteiro, Nora Ney, Clementina De Jesus – Mudando De Conversa (1972)
Telinho / Dominguinho Do Estácio – Sambistas Unidos (1975)
Olá! Uma pausa para o café. Ontem eu fechei de vez as portas do outro Toque Musical. Mesmo com um baita aviso no cabeçalho dizendo que as atividades do blog estavam concentradas aqui, ainda tinha gente insistia em segui-lo por lá. Agora vai acabar a confusão. Espero que todos se acomodem, cultos e ocultos, sempre presentes 🙂
Zuzuca (1974)
Bom dia, meus prezados! Esta semana eu quero me concentrar no samba. Teremos aqui alguns discos e gravações que irão enriquecer sua discoteca virtual ou o seu blog musical :). O importante é compartilhar o que já não se encontra para vender ou para lembrar.
Claudette Soares – De Tanto Amor (1971)
Boa noite, meus prezados amigos, cultos e ocultos! Demorei mas não faltei. A estrada foi longa e só agora sobrou um espaço necessário para atualizar o dia.
II Festival Internacional Da Cançao Popular (1967)
Um dia longo, um tanto triste, pero soy latino americano e nunca me engano. Vamos enfrente que a estrada é a mesma para todos nós. Somente a música tem o poder mágico de nos acalentar ou de nos acompanhar. Vamos a ela…
Vai Zé… Valeu Demais!
Christophe Rousseau – Na Casa Do Músico (2009)
Bonjour! Hoje meu dia vai ser foda! Daí, serei ainda mais vespertino, agilizando para não ficar no atraso. Tenho uma boa surpresa, que preparei ao longo da semana.
Apresento a vocês o franco-uruguaio-carioca, Christophe Rousseau, um artista independente que vive entre o Brasil e a Europa. Ele passa seis meses na França, tocando em diversos lugares e nos outros seis ele está no Rio. Chris é uma figura conhecida do blog. Foi através dele que o Toque Musical lançou as polêmicas fitas de João Gilberto na casa de Chico Pereira. Desta vez ele volta às nossas postagens, mas como um artista, o elemento principal.
Há pouco mais de um mês ele me mostrou essas gravações despretensiosas que fez no Estúdio Casa do Músico, em São Gonçalo, Rio. De maneira bem intimista ele toca violão e canta, demonstrando muito bom gosto e qualidade. As gravações não foram feitas com a intenção de irem a público, percebe-se logo que são apenas ensaios. Mesmo assim ficou muito legal e eu insisti em apresenta-lo como se fosse um álbum de verdade. Criei a capinha com a arte em anexo, como qualquer outro álbum. Espero que vocês gostem do resultado e caso alguém tenha interesse em contratar o Christophe, o contato segue na embalagem. Pode chamar que vai ser show 😉
Dila – Podes Crer Bicho, Esta Mulata Canta “Paca”(1971)
Olá amigos cultos e ocultos, bom dia! Aqui vou trazendo para vocês mais uma grande raridade. Um álbum/arquivo que me acompanha desde outras encarnações ‘bloguísticas’.
Temos aqui a cantora Dila, revelação no início dos anos 70, mas que acabou ficando na promessa. Eu digo isso partindo do lacônico texto no verso da capa do disco, onde o compositor Arnoldo Medeiros nos apresenta a cantora. Nele, Dila é apontada como a intérprete esperada, do nível de Leny Andrade (ups!). Realmente, Dila é uma excelente cantora, mas me lembrou mais a Elis Regina (sem comparações, por favor!), talvez pela interpretação de “Madalena” de Ivan Lins, música a qual ela canta buscando a mesma garra da Pimentinha, talvez até por influências, sei lá… Mas percebe-se logo que ela tem uma identidade própria. E o fato é que a cantora realmente ‘bota pra quebrar’ ao lado de feras como Durval Ferreira na guitarra/violão, Romildo Cardoso no contrabaixo, Sidney no piano e Fernando e Horácio na bateria e percussão. Há também a presença de metais, sax e piston, mas no lp não temos informações. Segundo me foi informado, a cantora Dila faleceu pouco tempo depois do lançamento deste disco em um acidente de automóvel. Um pena, pois ela era mesmo uma cantora para botar banca.
Paulinho Nogueira – Violão E Samba (1979)
Olá! Quando eu comentei que esta seria uma semana sortida, foi muito em função do meu tempo para as postagens. Só mesmo quem tem um blog de música pode saber como isso dá trabalho e toma tempo da gente. Por isso, a razão do sortido (como se já não fosse) é que neste mês estou tendo que recorrer aos ‘arquivos de gaveta’ e alguns pré-prontos já agendados.
Hoje temos aqui e novamente o violonista Paulinho Nogueira, figura que dá um bom ‘ibope’ e resgata a credibilidade de qualquer blog. Não que o Toque Musical esteja precisando, pois variedades musicais e fonográficas foi sempre a nossa meta.
Segue assim este álbum de Paulinho, originalmente lançado em 1973 pela Continental e relançado seis anos depois pela mesma gravadora, mas com o selo Phonodisc. “Violão e Samba” é realmente uma joia instrumental. Um lp com um repertório fino de sambas bem conhecidos de todos nós. Tem, além de duas únicas composições próprias, Vinícius, Toquinho, Pixinguinha, Sérgio Ricardo, Chico Buarque, Fernando Lôbo, Tom e outros mais… Joia, joia, joia…
Roberto Carlos – En Inglés (1981)
Manhã fria, anunciando o inverno que se aproxima. Está ficando cada vez mais difícil levantar da cama. Mesmo assim procurarei manter as postagens matinais, acompanhado por uma boa xícara de chocolate bem quente ou mesmo uma de café feito na hora. Meu fraco é chocolate e café forte, fico logo animadinho 🙂
Nesta semana, como eu já avisei, teremos um drops sortido com sabores variados a cada bala. Já andei separando algumas coisas para ir postando ao longo dos dias e para variar, agradando à gregos, troianos, mineiros e baianos. Você que é de outro estado, país ou região também pode se manifestar. Aqui tem para bregas, chics, sofisticados, eruditos, cultos e ocultos.
Desta vez nós iremos com o Roberto Carlos em um disco que só está aqui pela curiosidade. Trata-se de um dos muitos álbuns que ele gravou para o mercado internacional. Este, em especial, me chamou a atenção. Gravado em inglês para o mercado latino americano, mais especificamente o argentino (impressionante como os argentinos gostam de falar inglês!). O álbum vem recheado de ‘pérolas’ ultra-românticas, retiradas ou transpostas para ‘el inglés’, que fazem a alegria deste público poliglota, afinado com músicas do tipo Morris Albert (lembram dele?). Aliás, nesse sentido o Morris Albert foi mais original, compôs diretamente em inglês e com certeza vendeu mais lá fora que o nosso Bob. O certo é que este álbum foi produzido para levar a música de Roberto Carlos para além do horizonte e fazer um milhão de amigos, coisa que sem dúvida ele conseguiu. Por outro lado ele deixou orfãos, muitos daqueles que o seguiam na década anterior. Eu por exemplo, fui parar na Febem e acabei me tornando um revoltado. Estão vendo só no que dá um abandono? hehehe… :)))
Miltinho – Miltiño – Dulce Veneno (1964)
Buenos dias! Estamos de volta à salada mista, numa semana bem variada para agradar à gregos e troianos. A semana passada foi ‘o fino’, com uma pequena amostra da erudição brasileira. Para aqueles que gostaram (e para os que não gostaram também), em breve teremos mais. Talvez ainda nesta semana de ‘drops sortidos’ entre mais algumas dessas raridades.
E por falar em raridade, coisa que pouco se vê aqui no Toque Musical (he, he he…), hoje teremos o tão prometido Miltinho cantando em espanhol. “Dulce Veneno” foi um álbum lançado na Venezuela em sua fase latino-americana. Ele gravou chegou a gravar uns dez discos de músicas brasileiras em espanhol, sendo lançados em vários países da América Latina. Até hoje ele ainda é muito lembrado e querido por esse público. Recentemente me enviaram um cd onde estão reunidos alguns de seus melhores momentos em ‘castellano’. Se “Dulce Veneno” for do agrado, postarei o cd também, é só pedir. Pessoalmente, eu prefiro o Miltinho no samba, mas esses já foram bem explorados, tanto aqui como em outros blogs. Vamos a escuchar? 🙂
Zequinha De Abreu – Evocação I – Interpretado Por Jacques Klein & Ezequiel Moreira (1979)
Sinalizando para outros gêneros, vou agora trazendo este álbum muito interessante, que com certeza irá agradar aos meus amigos cultos e os ocultos também. Vamos hoje conhecer um pouco a obra de Zequinha de Abreu, um dos grandes compositores brasileiros do início do século vinte.
José Gomes de Abreu foi um dos maiores compositores de valsinhas e choros. É o autor do famoso choro “Tico-Tico no Fubá”, que foi muito divulgado no exterior, nos anos 40 por Carmen Miranda, sendo uma das músicas brasileiras mais conhecidas.
O disco que hoje eu apresento é uma homenagem ao compositor, feito por dois renomados instrumentistas, os pianistas clássicos Jacques Klein e Ezequiel Moreira. Segundo o texto que acompanha o álbum, “trata-se de uma experiência descontraída, um lírico intervalo na carreira de dois músicos eruditos” E mais, e em síntese, “são quatro mãos ágeis que passeiam pela obra de Zequinha de Abreu tão a vontade como se fossem tico-ticos no fubá”. Os arranjos para piano de todas as composições são de Francisco Mignone. Belíssimos! Pode conferir… 😉
Hekel Tavares – 2 Concertos Em Formas Brasileiras (195…)
Olá! Eu finalmente consegui um tempinho para a postagem do dia. Foi sorte, pois eu não pensava que conseguiria fazê-la hoje. Viajando e longe meu computador, ficou difícil manter a rotina. Felizmente eu já havia preparado este disco, levando-o comigo na gaveta, para uma eventual possibilidade, como está sendo agora.
Tenho para vocês um dos grandes (e esquecidos) nomes da nossa música, o maestro e compositor Hekel Tavares, músico que sempre transitou, como Radamés Gnatalli, no popular e no erudito. Autor de mais de uma centena de músicas entre canções, toadas sertanejas, maracatus, coco, fox-trot e também obras sinfônicas e peças eruditas como este “Concerto Para Piano E Orquestra Em Formas Brasileiras”, uma obra reconhecida mundialmente, de 1941.
A música Hekel Tavares é considerada neo-romântica e essencialmente ligada à cultura brasileira. Seus temas, refletem o contato direto com as manifestações nordestinas em reizados, congadas, maracatus, bumba-meu-boi, nau catarineta e toda sorte de ritmos, cores e sons. Muitas de suas composições, hoje em dia, são cantandas e consideradas erradamente como peças folclóricas ou de domínio público. Foi numa dessas que o cantor Fagner se deu mal, respondendo a um processo, ao gravar sem os devidos créditos a música de Hekel, a famosa “Penas do Tiê”, que na verdade se chama “Você”. Curiosamente, este caso só foi descoberto 26 anos depois e ninguém até então havia se tocado da ‘apropriação’ do cantor. Taí uma prova incontestável da falta de memória do nosso povo. (Ou seria uma falta de cultura musical?)
Segue aqui este disco raro, gravado possivelmente no final dos anos 50, com a obra maior de Hekel, o “Concerto Para Piano E Orquestra Em Formas Brasileiras – opus 105 n. 2” e também 0 “Concerto Para Violino E Orquestra Em Formas Brasileiras – opus 107 n. 4. Neste, temos o próprio autor regendo a Orquestra Sinfônica Nacional e a seu lado os solistas Oscar Borgerth para violino e Souza Lima para piano. Toque aí, que eu recomendo…
Arthur Moreira Lima – De Repente (1984)
De repente, eis que chegamos ao Dia do Independente (até rimou). Como estamos na semana dedicada à música erudita, o certo é que sejamos coerente, trazendo um disco do gênero e numa produção paralela. Temos então este álbum independente do pianista Arthur Moreira Lima, gravado nos Estados Unidos e lançado no Brasil pela L’Art Produções Artísticas, com capa e texto de Millor Fernandes. Este não é exatamente um disco de música erudita. A erudição está apenas no modo de tocar e na formação desse grande instrumentista, reconhecido mundialmente. As faixas trazidas no lp, como se pode ver logo a baixo, são em sua maioria de músicas populares e bem conhecidas do público. O álbum, também chamado “Retratos 3×4 de alguns amigos 6×9”, numa analogia fotográfica, refere-se ao seu singelo trabalho solo interpretando grandes compositores como Villa Lobos, Chico Buarque, Noel e Vadico, Radamés, Pixinguinha e outros mais… Disquinho bacana, confira…
Bidu Saião – Bachianas Brasileiras N. 5 (1973)
Dentro da semana dos eruditos, tenho para hoje a soprano brasileira mais famosa de todos os tempos, Bidú Sayão. Ela foi a primeira cantora brasileira a se apresentar no Metropolitan de Nova York, local onde trabalhou, entre 1937 e 52. Iniciou sua carreira na adolescência, indo estudar na França com Jean Reszke. Seguiu depois para Roma, onde teve contato e novas lições com La Corelli, Gemma Bellincioni, Marcel Journet, Titta Ruffo, entre outros nomes da ópera italiana. Nos anos trinta foi a passeio para os Estados Unidos e por lá acabou ficando, seguindo uma brilhante carreira. No Metropolitan ela participou de 155 apresentações, sendo que 31 delas interpretando Mimi, personagem de “La Bohème”, de Puccini, sendo seu papel mais frequente. Viveu na América por mais de meio século. Retirou-se do palco ainda jovem e sua última apresentação foi a mesma de estréia no Opera House, como Manon (de Massenet). Era a cantora favorita de Villa Lobos e foi por ele que ela cantou pela última vez em 1958, no Carnegie Hall, quando foi apresentada a suíte “A Floresta do Amazonas”, uma das últimas obras do compositor. Bidú voltou ao Brasil em 1995, já bem velhinha, quando participou do desfile da Escola de Samba Beija-Flor, que a homenageou em seu enredo. Disse ela na ocasião: “Fui a rainha da ópera. Agora, além de carioca, sou a rainha do samba.” Curioso lembrar que essa grande soprando, em seu país de origem, chegou a ser vaiada (trama criada pelos fãs da meio soprano gabriela Besanzoni) em uma de suas poucas apresentações por aqui. Só se apresentou num último instante de vida e em um desfile de carnaval. Só podia mesmo ser Brasil 🙂
O disco que aqui apresento nos traz como peça principal “As Bachianas N. 5” de Villa Lobos, regida pelo próprio autor. Seguem também outros trechos importantes de óperas que fizeram de Bidú Sayão a maior cantora lírica brasileira de todos os tempos.
Radamés Gnatalli – Meditação (196…)
Bom dia a todos! Dando sequência às nossas postagens eruditas, tenho para hoje e com grande prazer a presença de Radamés Gnatalli, um nome bastante conhecido e divulgado na ‘blogosfera’ musical. Radamés foi um dos maiores arranjadores da música popular brasileira. Grande parte da produção musical dos anos 50, 60, 70 e 80 tem o dedo dele. Foi um dos responsáveis pelo renascimento do choro nos anos 70. Mestre e incentivador de novos talentos como Raphael Rabello, Joel Nascimento, Maurício Carrilho e a turma do Camerata Carioca. Revolucionou na música ao inserir instrumentos de orquestra de forma percussiva, criando sons até então inéditos para o formato orquestral. Compositor e instrumentista refinado, possuía um estilo pessoal mas com fortes influências de Debussy e do jazz americano. Um músico que sempre transitou com naturalidade entre o popular e o erudito.
Neste álbum, gravado pela Continental, possivelmente no início dos anos 60, temos o mestre ao piano e com sua orquestra, interpretando peças de diversos compositores clássicos como Grieg, Gluck, Tchaikowsky, Schuman, Chopin, entre outros… Um álbum como diz o título, para meditação, música repousante para ouvir e relaxar…
Guiomar Novaes (1974)
Quando se ouve falar hoje em dia de Guiomar Novaes, normalmente estão se referindo a alguma sala de espetáculo ou um auditório. Poucos saberão dizer realmente quem foi Guiomar Novaes e provavelmente desses só alguns já tiveram o privilégio de ouví-la. E olha que não falta por aí informações sobre ela!
Guiomar Novaes foi uma importantíssima e lendária pianista brasileira. Considerada uma das maiores instrumentistas que já tivemos, ela começou a tocar piano aos 4 anos. Menina prodigiosa, aos 8 anos já tocava profissionalmente, se apresentando nas salas de concertos de São Paulo. Estudou na Europa, como bolsista do governo de São Paulo e conquistou o primeiro lugar no concurso de admissão ao Conservatório de Paris, examinada, entre outros, por Claude Debussy e Gabriel Fauré, nomes que dispensam maiores comentários. Prêmios e aplausos seguiram seu caminho. Tornou-se mais ainda uma notável instrumentista. Tocou e gravou dezenas de álbuns em diversos países, sendo sempre aclamada pelo público e a crítica especializada. Contam que numa de suas ‘tournées’ pelos Estados Unidos, um crítico americano escreveu: “Se ela tivesse nascido alguns séculos atrás, certamente teria sido queimada viva como feiticeira. Ela é jovem, bonita e toca como o diabo”. Mesmo sendo reconhecida internacionalmente, ela nunca esqueceu o Brasil e nem abandonou sua nacionalidade (como tem feito diversos artistas brasileiros que ganham o mundo). Seu estilo de tocar piano é nitidamente brasileiro. Prova disso é este álbum, seu único lp gravado no país, em 1974 pelo selo Fermata.
Este álbum é uma jóia rara. Rara mesmo e em todos os sentidos. Começando pelo fato de ser seu único disco gravado em terras tupiniquins. O disco nunca foi lançado em cd e com certeza as fitas masters desta gravação já estão em arquivos internacionais (ou vocês acham que a gravadora sabe ainda de sua existência?). O repertório maravilhoso traz peças de grandes nomes da música erudita brasileira, como Villa Lobos, Camargo Guarnieri, Marlos Nobre, Francisco Mignone, Otávio Pinto, entre outros… É, sem dúvida, uma obra preciosa que ultrapassa os limites da erudição, sendo acessível à mais bronca sensibilidade. Por falar em sensibilidade, gostaria de destacar a faixa “A Grande Fantasia Triunfal Sobre o Hino Nacional Brasileiro” de Gottschalk. Uma das coisas mais lindas que eu já ouvi, principalmente na interpretação desta grande pianista que foi Guiomar Novaes. Vou dizer apenas mais uma coisa: imperdível!
Alice Ribeiro – A Voz De Alice Ribeiro Na Canção Do Brasil (1962)
Olá, bom dia! Boa tarde! Boa noite! Não importa a hora que você chegou até aqui, seja bem vindo. Para esta semana eu ando planejando postar alguns álbuns de música erudita e coisas do gênero. Temos muita coisa bacana e que merece ser melhor divulgada. No caso da música erudita mais ainda. Tem gente que acha que no Brasil só se faz música ‘prá pular’ e com isso acaba gostando apenas do popular. Vamos abrir o leque, a mente e os ouvidos. Que tal? 🙂
Começarei com algo próximo do que sempre temos visto e ouvido por aqui. Vamos hoje com uma ilustre cantora lírica, Alice Ribeiro, que como tantas outras do gênero, ficou no esquecimento ou limitada ao pequeno grupo de estudiosos da música e acadêmicos, referência (infelizmente) para poucos. Alice Ribeiro nasceu no Rio de Janeiro e foi uma das nossas mais importantes sopranos. Reconhecida internacionalmente, atuou, além do Brasil, nos Estados Unidos, Europa e Rússia. Foi sucessora de Luis Cosme na cadeira nº 8 da Academia Brasileira de Música.
O disco que aqui apresento faz parte da série Música Brasileira” gravada por ela e seu marido, o não menos ilustre compositor e maestro José Siqueira, nos anos 60 para o selo Corcovado. Neste álbum temos Alice intrepretando diversas composições da canção brasileira, sendo em sua maioria obras de José Siqueira, peças até bem populares. Vale a pena conferir essa jóia 😉
Dalva De Oliveira – Canta Boleros – O Encantamento Do Bolero (1968)
Ainda cheguei a tempo de fazer mais uma postagem neste domingo. E seguindo a trilha do sucesso, para complentar, aqui vai mais um de Dalva de Oliveira, desta vez cantando boleros. Confesso que deste disco o que eu gosto mais é a capa, ou melhor, a fotografia da capa. Linda mesmo, né não?
Os álbuns do selo Imperial (Odeon) foram criados para venda à domicílio. Eram lançamentos, em geral, de coletâneas de artistas famosos ou discos que por alguma razão não tiveram boa vendagem. Foi, sem dúvida, uma boa oportunidade para se ter acesso à fonogramas raros, gravações que no seu montante não voltariam a ser publicadas.
Eis aí um disco para os amantes do bolero… Escuta aí que eu vou dormir. Té mais! Zzz….
Dalva De Oliveira & Anisio Silva – Para Você Mamãe (1960)
Domingo de sol, linda manhã para alegrar meu espírito um tanto melancólico. Hoje é o Dia das Mães e eu não poderia deixá-lo passar em branco. Mesmo sem tempo, fiz questão de roubar 15 minutos de trabalho. Embora seja domingo, eu estou trabalhando. Estou em Ouro Preto no alto do morro, mais próximo do céu e com certeza da minha mãe, que a pouco mais de dois anos partiu. Luizinha, minha mãe, tenho saudades de você!
A postagem de hoje, como não podia deixar de ser, é dedicada às mães e também aos filhos que como eu sabem a falta que ela faz. Viva a mamãe! Mesmo agora, estando apenas em nossos corações. Salve todas as mulheres, cujo o dom maternal fez nascer e crescer os seus frutos com amor incondicional. Feliz aquele que ainda tem a sua. Mãe é mãe…
Aqui temos então a mãe Dalva de Oliveira ao lado de Anísio Silva, neste compacto de 45 rpm com quatro faixas, lançado em 1960 pela Odeon. Na verdade, trata-se de um relançamento de dois discos de 78 rpm gravados no ano anterior. Destinados às festividades do Dia das Mães, temos as valsas “Minha mãe, minha estrela”, de Rubem Gomes e Luiz Dantas e em dueto com Anísio Silva, “Amor de mãe”, de Raul Sampaio e “Minha mãe”, de Lindolfo Gaya sobre poema de Casemiro de Abreu. Dois discos em um, raro e nunca mais revisto. Confira o toque… e um feliz Dia das Mães!
Ronaldo Garcia – Pra Um Moleque (1982)
Ufa! Finalmente consegui achar um tempinho para a nossa postagem. Hoje o meu dia foi puxado, mas amanhã vai ser mais ainda. Por isso, como e já havia dito anteriormente, neste fim de semana é bem possível que eu não consiga achar um tempo para as postagens. Vamos ver…
Hoje também é o Dia do Independente e eu não poderia deixar passar em branco, principalmente pelo apoio recebido de uns e os desafetos de outro, que vê nessa iniciativa uma atitude patética e constrangedora (mais alguém aqui sentiu isso?). Taí mais um e muitos outros que esperam sua vez. O Toque Musical é isso… um ‘drops’ misto com sabores diversos. Tem gente que prefere um torrão de sal. Fique a vontade, o pasto é amplo.
“Pra um moleque” é um álbum independente do cantor, compositor e violonista Ronaldo Garcia, lançado no início dos anos 80. Este disco conta com participações especiais do grupo Viva Voz, de Zé Renato e Claudio Nucci, Belinha Santiago (em “Largo ao sol”, com vocais de Cláudio Nucci).
Os arranjos do álbum são maestro Roberto Gnattali, que com Ronaldo Garcia fez toda a base. Ricardo Silveira, Jaques Morelembaum, Lúcia Morelembaum, Ricardo Medeiros, Luiz Otávio, Marcelo Salazar e Roberto Gnattali são outros músicos que também participaram desse disco. Daí é possível se ter uma ideia do nivel do artista que estou trazendo para vocês. Melhor que falar é conferir o toque 😉
Luiz Claudio – Cantigas (1973)
Mais uma vez, marcando presença no Toque Musical, temos aqui o grande cantor mineiro, Luiz Cláudio. Eu peguei este álbum para a postagem de hoje, mas não havia me tocado para o fato de que ele é 80% do disco que apresentei em Dezembro de 2007, o luxuoso livro-álbum “Minas Sempre-Viva”. Na verdade, das onze faixas de “Cantigas”, oito foram usadas no livro de 1982, que por sinal deverá ser relançado, desta vez incluíndo um cd. Seria mesmo uma boa, pois se trata de uma publicação de arte não apenas musical, mas também visual, plástica, com pinturas e desenhos do cantor-compositor-pintor. Eu posso me gabar de ter essa jóia rara 😉
Agora teremos o prazer de ouvir também as outras três faixas que ficaram de fora: “Menina das Tranças” de Luiz Claudio e Willian Prado, “Estrada Branca” de Tom e Vinícius e “Correnteza” de Tom e Bonfá. Confiram já este toque 🙂
Walter Wanderley – Bossa Nova (1967)
Olás! Hoje eu estou um pouco desanimado e sem o menor tesão para escrever minhas bobagens. Se já não bastassem às ‘crítiticas’ ao meu pobre e curto vocabulário, agora também tenho que ler falácias quanto ao conteúdo do que sempre postei no Toque Musical. Sem dúvida, aqui tem de tudo, não faço concessão. Publico o ‘chic’, o clássico, o aristocrático e também o popular, o brega, o novo e o velho. Até o ruim tem vez aqui. Agrado a mim e aos que me são agradáveis. Se não tenho conceito, terei muito menos preconceito.
A proposta do blog é essencialmente a postagem de fonogramas raros, antigos e fora de catálogo. Mas também cabe coisas recentes da era digital, do áudio em geral e dos artistas independentes, porque não? Por isso, continuamos com a ‘destoante’ ideia do Dia Independente. Você que é artista e quer um espaço para mostrar seu trabalho, vai encontrar aqui um público dedicado. Gente que gosta de música, formadores de opinião e apreciadores em geral. Há também os ‘crititicos’ que no fundo fazem um bom tempero. Diversão garantida!
Por falar em diversão, vamos a do dia. (não é que o tesão voltou?) Vamos de Walter Wanderley nesta coletânea prá lá de constrangedora de tão boa. Temos aqui uma seleção “Hecho en México”, enviada diretamente (sem gripe suína!) para o Japão, mas interceptada pelo Toque Musical. Há entre as jóias, faixas raras, que nunca foram lançadas no Brasil e que com certeza muitos ainda não ouviram. Este toque acaba com qualquer com ‘stress’, pode acreditar 😉
Orlando Silva – Sempre Em Sucesso (1962)
Almirante – Monumento Da Música Popular Brasileira (1976)
Salve! Acho que nesta semana eu vou deixar vocês na mão. Provavelmente nos próximos fins de semana. Estou envolvido em um projeto o qual vai me tomar tempo e também me tirar do ar (ou melhor, da rede). Procurarei alguma forma de manter as postagens diárias, mas não garanto nada. Ficam assim, os amigos cultos e ocultos avisados…
Hoje nós iremos de Almirante. Estou postando este disco porque até então eu ainda não vi nada dele em outros blogs. Possivelmente deve ter, mas por onde eu tenho andado, ele ainda não me apareceu. Um nome importantíssimo na história do rádio e, claro, da música popular brasileira. Henrique Foréis Domingues, recebeu o apelido de ‘Almirante’ por ter servido na marinha. Cantor, compositor e pandeirista, foi um dos integrantes do grupo Bando de Tangarás ao lado de Noel Rosa e Braguinha. Tornou-se em seguida radialista e uma de suas maiores autoridades, recebendo o título de “A maior patente do rádio”, pois era o tipo que sabia de tudo. Tornou-se um pesquisador da nossa música. Organizou um arquivo com milhares de partituras de piano, além de livros, fichários, classificadores, contendo informações importantes sobre a vida e a obra de nossos grandes compositores e intérpretes, num total de cerca de 50.000 mil peças. Conseguiu fazer o que poucos pesquisadores/colecionadores almejam. Vendeu seu acervo para o Museu da Imagem e do Som, no Rio, através do governo do estado e continuou a ser o seu guardião.
O álbum que aqui segue é simplesmente uma maravilha. Será que está incluído nos 300 de Esparta (hehehe…), quer dizer, os 300 do Gavin? Se não está, deveria, pois é um básico! Temos nele uma seleção como o que há de mais expressivo gravado por Almirante. No lado 1 ele vem acompanhado por Pixinguinha e sua banda. O lado 2 faz parte do lp de 10 polegadas que ele gravou na Sinter em 1955. Sem sombra de dúvidas, um discão! Confira já este toque 😉
Brasil – França (2008)
Eis aqui uma seleção musical interessante que ficou na gaveta. Esta me foi passada pelo meu amigo ‘franco-uruguaio-brasileiro’, Christophe Rousseau, que nessa altura deve estar lá na França, tocando e cantando para os compatriotas. Aliás, aproveitando o ensejo, eu estou preparando uma boa amostra do talento desse cara para mostrar no Toque Musical. Tenho certeza que vocês irão gostar. Ele canta e toca que é uma beleza 🙂
Brasil-França é uma coletânea especial. Não tenho certeza, mas acho que chegou a ser lançada em 2005, nas ‘Saisons Culturelles’ (Temporadas Culturais) – manifestações do Governo da França organizadas pela Associação Francesa para a Ação Artística do Ministério das Relações Exteriores francês – ano em que o Brasil foi o convidado.
Temos reunidos neste “disco” diversos artistas internacionais, pinçados daqui e dali, cantando em francês a música popular brasileira. Há também outras que não são exatamente brasileiras, mas que tem relação com o Brasil. Temos até a Elis Regina cantando “Récit de Cassard” – do filme “Les parapluies de Cherbourg” e do disco de 69 “Como & Porque”. E também “Noites Dos Mascarados” em francês com George Moustaki. Vale a pena ouvir esta coletânea, pois há muita coisa bacana e difícil de encontrar por aí. Toque este toque… ‘et ont un bon dimanche!’
Lusco Fusco (2008)
Olá! A partir de hoje estou criando no blog o “Dia do Artista Independente”. Toda a semana estarei (se possível) postando um trabalho de artistas que não estão ligados às grandes gravadoras. Será uma maneira de levar até vocês nomes pouco conhecidos, novidades, curiosidades ou projetos da mesma natureza. Vou abrindo espaço para aqueles que precisam de divulgação. Gente competente que desenvolve um trabalho profissional de qualidade e que esteja interessada em mostrá-lo aqui. Ao contrário do habitual, só serão publicados aqueles que pedirem ou autorizarem a divulgação. O Toque Musical está aberto a propostas, independente do estilo ou gênero. Só não vale coisas toscas, mal produzidas, ideológicamente incorretas ou que venham a denegrir a imagem da boa música popular brasileira. No mais, vamos mostrar para esse povo que a música atual não é apenas releituras ou reciclagem de antigos modelos.
Um outro detalhe importante: darei preferência àqueles artistas cujo trabalho seja apresentado aqui com exclusividade ou algum diferencial. Não faz sentido para mim, publicar a mesma postagem que se encontra em outros blogs. Sejamos originais.
Para começar, tenho aqui o Lusco Fusco. Um duo formado em Minas Gerais pelos instrumentistas Emerson Fonseca e Luiz Gabriel Lopes. Eles foram a grande revelação no I Festival de Inverno da cidade de Entre Rios de Minas em 2007. O trabalho dos caras é tão bom que de imediato tiveram o apoio da Ecology do Brasil e o Instituto Maria Helena Andrés, patrocinando e produzindo este que é o primeiro cd do Lusco Fusco.
Bom, eu não estou postando este trabalho apenas por postar. Como eu disse, para estar aqui tem que ter qualidade e nesse ponto eles estão bem acima do esperado. Eu confirmo e repito o texto do encarte é “impossível não se sentir tocado pelas belas composições e arranjos desses músicos”. Lindo demais. Tem que ouvir…