Ataulfo Alves – Nova História da Música Popular Brasileira (1978)

Olá a todos! Vamos aos poucos voltando à normalidade, pois como diz o outro, o ano só começa depois do Carnaval. Acho que é talvez por isso que o ano nunca começa direito, pois continuamos contaminados pela folia. Nossa música nos faz lembra disso o tempo todo. Principalmente o samba e as marchinhas que viraram sinônimo de Carnaval.
Logo no inicio do ano comecei a postar os álbuns da coleção Nova Historia da MPB. Porém, diante à tantos fatos recentes e uma tremenda ‘falação’, achei por bem dar uma ‘manerada’. Vamos a partir de agora espaçar ainda mais os intervalos entre um volume e outro. Para aqueles que quiserem eu poderei enviar por e-mail links temporários dos álbuns, na medida em que eu os for digitalizando. Para isso, basta que a pessoa envie um e-mail fazendo a solicitação. Criarei uma listagem exclusiva somente para este caso, em especial.
Temos então, mais um volume (na ordem alfabética) da coleção. Desta vez com o grande (literalmente) Ataulfo Alves. Figurinha já bastante apresentada no Toque Musical, volta agora em oito faixas interpretadas por outros grandes nomes da MPB e muita história pra contar. Aproveitem…

mulata assanhada – miltinho
errei, erramos – orlando silva
a você – carlos galhardo
atire a primeira pedra – orlando silva
ai, que saudade da amélia – ataulfo e academia do samba
saudade dela – silvio caldas
lenço branco – ataulfo alves
meus tempos de criança – ataulfo jr.

Duplas Famosas – Coletânea Caipira (1988)

A postagem de hoje é muito especial. É uma singela homenagem à minha querida mãe falecida nesta data, a dois anos atrás. Nunca pensei que pudesse sentir tanta falta dela assim. Mãe é mãe. Um ser especial. Não é humano, não é mulher… é tão somente mãe. Me lembrei de algumas músicas que ela gostava de cantar. Na verdade eram tantas e de tão variado gosto musical, acho que foi daí que herdei isso dela. Duas das canções que ela gostava de cantar estão neste lp, “Meu primeiro amor” e “Índia”, com Cascatinha e Inhana. Sem dúvida, maravilhosas. Neste momento é inevitável que algumas lágrimas corram pelo meu rosto. Mãe é mãe…
Assim sendo, temos esta coletânea reunindo três da mais autênticas duplas, que eu chamaria carinhosamente de caipiras. São figuras das mais importantes no nosso cancioneiro popular. Não preciso nem repetir, está na capa, né? Este disco foi lançado pela Som Livre em 88. A capa, obviamente, não é esta. Sua criatividade também não fica longe dessa feita agora ‘a toque de caixa’. Somente no último minuto foi que encontrei a original. Mas vai ficar valendo a minha ‘arte’, hehehe… Quanto ao repertório, confira aí…

meu primeiro amor – cascatinha e inhana
desafio de perguntas – alvarenga e ranchinho
canoeiro – tonico e tinoco
la paloma – cascatiha e inhana
horóscopo – alvarenga e ranchinho
violeiro – tonico e tinoco
mister eco – alvarenga e ranchinho
triste destino – cascatinha e inhana
aparecida do norte – tonico e tinoco
soletrando – alvarenga e ranchinho
índia – cascatinha e inhana
berranteiro – tonico e tinoco

Pocho E Seu Conjunto – Um Pocho De Sucessos (1961)

Olá fiéis companheiros cultos e ocultos da nossa jornada musical diária! Desculpem, mas hoje o dia está sendo meio puxado. Vou aproveitando a pausa do café para colocarmos em dia nossa postagem. Serei breve…
Apresento a vocês o maestro uruguaio Rubens Perez, mais conhecido como Pocho. No final dos anos 50 e durante os anos 60, Pocho esteve trabalhando no Brasil como um dos diretores da RGE. Foi também e acima de tudo um atuante músico e produtor musical. Através do maestro Rubens Perez surgiram diversos artistas lançados por ele. Participou de muitos discos de outros artistas e também gravou os seus. Entre esses eu escolhi “Um pocho de sucesso”, que é um disquinho com um repertório dos mais bacanas. Vocês vão gostar. O chato nisso tudo foi que eu acabei dando uma vacilada. Não tive tempo para nomear as faixas. Deixo essa para vocês, ok?
Para vocês comprovarem… a pressa é inimiga da perfeição! 🙂

eu agora sou feliz
sambossa
não diga a ninguém
hava nagila
al di la
boogie do bebê
limbo rock
fujo de ti
que será de ti
caterina
afrikaan beat
o passo do elefantinho

Joao, Tom, Vinicius & Os Cariocas – Um Encontro No Au Bon Gourmet (1962) REPOST

E o Carnaval passou… Agora, para curar a ressaca só tomando outra dose. Mas desta vez a panacéia curativa vai ser outra. Cheguei a conclusão que tratamentos homeopáticos nesses casos não resolvem, principalmente depois que o organismo acostuma. Tem mesmo que ser diário! Para os bons entendedores esta introdução tem múltiplos sentidos.
Hoje eu vou fazer diferente, repostando uma gravação que todos já conhecem, “Um encontro no Au Bon Gourmet”. Trata-se de um show, duas noites no restaurante Au Bon Gourmet, no Rio, onde se encontraram as ilustres figuras de Tom Jobim, Vinícius de Moraes, João Gilberto e o grupo Os Cariocas. Realmente um encontro e tanto, que ainda contou com a presença na ‘cozinha’ de Milton Banana na bateria e Otávio Bailly no contra-baixo. Sob a direção musical de Aloysio de Oliveira, o show foi uma espécie de batismo, a primeira apresentação em público de canções que em pouco tempo se tornariam clássicos da nossa MPB. Este é mais um daqueles históricos registros do começo da Bossa Nova que foi apresentado primeiramente no Loronix. Logo em seguida eu também o publiquei aqui no Toque Musical, criando inclusive uma capinha para ele. Agora eu o trago de volta neste ‘repost’, incluindo o registro da primeira noite (remixada pelo Chris. Merci!) que nas versões anteriores não estava presente. Na verdade não há muitas diferenças entre as duas noites de show. A qualidade do som é até mais precária na primeira apresentação, contudo não deixa de ser um documento sonoro curioso e interessante. Temos assim o registro completo daquela apresentação histórica de 1962…

01. Só Danço Samba (Antonio Carlos Jobim/Vinicius de Moraes)
Os Cariocas
02. Samba de uma Nota Só (Antonio C. Jobim/Newton Mendonça)
Tom Jobim & Os Cariocas
03. Corcovado (Antonio Carlos Jobim)
João Gilberto & Os Cariocas
04. Samba da Bênção (Baden Powell/Vinicius de Moraes)
Vinicius de Moraes
05. Amor em Paz (Antonio Carlos Jobim/Vinicius de Moraes)
João Gilberto & Os Cariocas
06. Bossa Nova e Bossa Velha (Miguel Gustavo)
Os Cariocas
07. Samba do Avião (Antonio Carlos Jobim)
Tom Jobim & Os Cariocas
08. O Astronauta (Baden Powell/Vinicius de Moraes)
Vinicius de Moraes & Os Cariocas
09. Samba da Minha Terra (Dorival Caymmi)
João Gilberto
10. Insensatez (Antonio Carlos Jobim/Vinicius de Moraes)
João Gilberto
11. Garota de Ipanema (Antonio C. Jobim/V. de Moraes)
João, Tom & Vinicius
12. Devagar com a louça (Haroldo Barbosa/Luiz Reis)
Os Cariocas
13. Só Danço Samba (Antonio Carlos Jobim/Vinicius de Moraes)
João Gilberto & Os Cariocas
14. Garota de Ipanema /Só Danço Samba / Se Todos Fossem Iguais a Você (Jobim/Vinicius) Todos juntos
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* o repertório das duas noites é exatamente o mesmo, apenas com ligeiras diferenças e uma música a mais.

Ases Do Ritmo – Ritmos Do Brasil Em Estéreo (1958)

Olá amigos foliões! Embora hoje seja o verdadeiro dia do Carnaval, eu acho que já podemos dar uma desacelerada. É sabido que nessa época as pessoas abusam e excedem em todos os sentidos.

Por isso, vou dar uma ‘manerada’ nas marchinhas. Não quero ser o culpado se alguém morrer de overdose musical carnavalesca. Se formos considerar as repostagens, tivemos na semana uns 35 discos para o Carnaval. É mole ou querem mais? Contudo, não vamos sair do ritmo, pois o balanço é muito bom.
Por falar em ritmo, hoje iremos com Os Ases do Ritmo no lp “Ritmos do Brasil em estéreo”. Este álbum tem uma grande peculiaridade que é o fato de ter sido o primeiro disco gravado em som estereofônico. Na segunda metade da década de 50, começam a chegar no Brasil o sistema de equipamentos de alta fidelidade (High Fidelity ou Hi- Fi). Logo em seguida viria a estereofonia, que estréia no Brasil em 1958, justamente com o lp “Ritmos do Brasil em Stereo” pela RCA Victor. Este seria então o primeiro exemplar estereofônico totalmente nacional, com músicas e instrumentistas brasileiros. Os discos gravados no novo sistema dual não demoraram mais que dez anos para suplantar totalmente os tradicionais em mono. Os primeiros lançamentos em estéreo de 1958 a 1963 se tornaram peças raras e valiosas para colecionadores no mundo inteiro. Um álbum como este, em bom estado, está cotado a uma faixa de 150 dólares. É possível encontrá-lo mais barato, eu mesmo já vi alguns em sebos do Rio, Sampa e BH.
O álbum, como se pode ver logo a baixo, apresenta um repertório fino e escolhido a dedo. Podemos dizer inclusive que ele foi o primeiro a incluir o ícone musical da Bossa Nova, “Chega de saudade”, que ao som estéreofônico fica ainda mais deslumbrante. Disso tudo só faltou uma coisa. Sabermos mais sobre o grupo Ases do Ritmo. No texto da contracapa não há essa informação. Pela rede também ficamos na mesma, eu não achei nada relevante ou revelador. Preferi deixar esta questão em aberto para que nossos acadêmicos de plantão nos oriente. Este é um bom motivo para comentários, não acham?
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falsa baiana
lamento
baião
chega de saudade
os quindins de iaiá
1 x 0
se acaso você chegasse
atira a primeira pedra
kalú
cai, cai…
copacabana
andré de sapato novo

Banda Rio Copa – Carnaval 24 Sucessos De Salão (1977)

Para engrossar ainda mais o caldo, aqui temos mais um embalo para o seu carnaval. Mais um lp nota 10. Este, na verdade, está sendo a postagem do dia. Segunda-feira de Carnaval ao ritmo da Banda Rio-Copa fica perfeito. Este disco vendeu bem, a ponto de ter sido lançado no mesmo ano de 77 com duas capas e selos diferentes. A Banda Rio-Copa foi uma das grandes sensações dos bailes de salão do Rio.
Este disco reúne em quatro faixas, 24 sucessos dos bailes de salão. Com arranjos do maestro Pachequinho, a Banda Rio-Copa passeia em ‘pot pourri’ por um repertório que ela domina muito bem, principalmente nos salões com confete e serpentina. Temos neste lp as seguintes músicas:

cabeleira do zezé
quem sabe, sabe
me dá um dinheiro aí
saca-rolha
turma do funil
trem das onze
recordar
de laterna na mão
tristeza
atire a primeira pedra
festa para um rei negro
máscara negra
cidade maravilhosa
transplante de corinthiano
marcha da cueca
mamãe eu quero
allah lá ô
exaltação a mangueira
a fonte secou
madureira chorou
todo dia é dia
maracangalha
enlouqueci
vem chegando a madrugada

Carnaval Em Bloco

Para relembrar os Carnavais que já passaram pelo Toque Musical, estou repostando em bloco alguns álbuns do gênero que já foram publicados por aqui. Às vezes, o vistante desatento não sabe ou não percebe quanta variedade musical ele tem ao seu dispor. É preciso trazer a tona um pouco do acervo, pois parece que muitos ainda não sabem mergulhar. Clique na imagem para ir direto à postem original.


E tem mais… é só procurar que vai encontrar 😉

Carnaval 66 (1966)

Não fosse o título deste ‘long play’ em letras grandes, eu diria num relance que se trata de um disco de Natal. Vejam vocês também… essa moça da capa (a cantora Angelita Martinez) aí está parecendo a terceira esposa do Papai Noel. E todo o arranjo de balões e cores nos remete mais à visão natalina que carnavalesca. Só mesmo depois de alguns segundos percebemos, pelas serpentinas, que o negócio aqui é o Carnaval. Mas ainda assim, sem olhar na contracapa, eu diria que é o Carnaval do Papai Noel (hehehe…)
Brincadeiras à parte, este álbum é mais um ‘Nota 10’ do Carnaval. Aqui temos uma seleção escalada pela RCA Victor para brindar a festa do ano de 1966. São 14 faixas com sambas e marchinhas feitas para aquele ano e interpretadas por grandes nomes do ‘cast’ da gravadora. Confiram a baixo quem participa desta festa…

palhaço não chora – cauby peixoto
a serenata – carlos galhardo
ilha do sol – angelita martinez
eu vou morrer de rir – os demônios da garôa
rosas para colombina – orlando silva
carnaval da brotolândia – denise barreto
cheguei agora – ivete garcia
eu sonhei – cauby peixoto
marcha da tosca – angelita martinez
abrigo josé ricardo
não mexa aí – carlos galhardo
empresta seu carinho – orlando silva
de vento em pôpa – ivete garcia
casamento de lalá – os demônios da garôa

Carnaval Dos 7 Grandes (1969)

Salve todos os foliões! Aqui vamos nós para mais um dia de alegria. Desta vez, no embalo do Carnaval do Rio, de 1969. Temos reunidos neste lp sete dos mais consagrados interpretes da música carnavalesca. Não é preciso dizer quem são, pela capa já estão apresentados. O disco nos traz 15 faixas exclusivas e inéditas. São sambas e marchas da melhor qualidade e que hoje pouco são lembradas. É interessante observarmos que ainda no final dos anos 60, a música carnavalesca mantinha as mesmas características de outras décadas passadas. Talvez eu esteja tendo essa impressão pelo fato de que nossos cantores aqui ainda são os mesmo de outros carnavais. Mas seja como for, “Carnaval dos 7 Grandes” é um excelente disco e merece nosso destaque. (desculpem, mas hoje estou numa ressaca daquelas)

eterno carnaval – joel de almeida
tira a mão – marlene
mamãe me bateu – gilberto alves
cinderela do morro – linda batista
dia de alegria – blackout
enxuga o pranto – dircinha batista
o seresteiro – nuno roland
batalhas de confeti – nuno roland
eu não vou… vão me levando – marlene
saravá meu senhor – blackout
faz de conta – dircinh batista
só ela – gilberto alves
saudade tem dó – lina batista
eu não vou levar a mal – joel de almeida
ora pírula – dircinha e linda batista

Carnaval Chegou! (1972)

Pronto! Chegou o Carnaval! Agora é pra valer… Vamos brincar, nos divertir, mas sem perder o senso. Vai beber? Pegue um taxi pra voltar. Vai comer? Veja lá onde vai se meter! Evite confusão, mas não deixe de cair na folia.
Estou dizendo isso, mas a verdade é uma só, Carnaval é uma festa para solteiros (ou casais muito animados). Tenho percebido isso ao longo dos meus próprios anos. Depois que você casa, meu amigo… carnaval, só nas matines (para levar os filhos) ou pela televisão a noite. Definitivamente, não há mais opções. Programa familiar, só mesmo ver os desfiles das escolas de samba e concurso de fantasias. Aquele baile quente com charanga que vai pela noite a dentro, com muita gente e pouca roupa, confete, serpentina e cerveja gelada… isso já não lhe pertence hehehe…. Mas não fique triste. Reúna a família, vizinhos e amigos e faça a festa na versão domiciliar. A trilha sonora já está garantida por aqui, é só buscar.
Para esta sexta-feira eu reservei um disquinho especial. Diria mesmo que se trata de um álbum raro, pois a seleção musical que temos aqui, embora relativamente recente, reúne algumas versões e composições carnavalescas feitas exclusivamente para ele. Dá para imaginar o que vamos encontrar? Pois pode acreditar que o melhor e exclusivo. Temos por exemplo o Sérgio Sampaio cantando seu clássico “Eu quero botar meu bloco na rua” numa versão mais carnavalesca. Temos O Terço, Raul e Wanderléa. Caetano, Gal e Gil. Aliás, este lp foi também produzido pelo Gilberto Gil! Algumas faixas são inéditas. Pode conferir que vale para além do Carnaval. Muito bom!

boi voador não pode – mpb4
um frevo novo – caetano veloso
cordão do zepelim – nara leão
lá vem salgueiro – jorge ben
muito louco – o terço
vamos passear no astral – gilberto gil
a morena chegou – claudia regina
cordã da raimunda – wilson simonal
dança do cafuné – jair rodrigues
eterno carnaval – raul seixas
sem se atrapalhar – wanderléa
menino do pirulito- quinteto violado
um ano atrás – fagner
eu quero é botar meu bloco na rua – sérgio sampaio
estamos aí – gal costa

Carnaval De Todos os Tempos – Vol. 1 (1974)

Dando sequência às nossoas postagens de Carnaval, tenho para hoje outro álbum bacana. Trata-se de uma coletânea que busca reunir alguns dos melhores momentos musicais dos carnavais do passado. São registros originais, reunidos e relançados em volumes pela Continental, compreendendo o período que vai dos anos 30 até o início dos 70. Não sei informar quantos volumes foram lançados. Eu infelizmente só tenho em mãos o volume 1. Este, talvez o mais interessante, nos apresenta 14 faixas com algumas das clássicas marchinhas que fizeram a folia de 1935 à 48. São composições que se tornaram imortais e todo ano a gente canta. Taí um bom disco para se ouvir, guardar e lembrar 😉

zé pereira – severino araújo e sua orquestra tabajara
implorar – moreira da silva e pixinguinha
pirolito – nilton paz e emilinha borba
eu não te dou chupeta – irmãs pagãs
cai, cai… – joel e gaucho
a dança do funiculí – francisco alves e luciano perrone
helena! helena! – anjos do inferno
aurora – joel e gaucho
nós, os carecas – anjos do inferno
praça onze – trio de ouro e castro barbosa
china pau – castro barbosa
pirata da perna de pau – nuno roland
anda luzia – silvio caldas
a mulata é a tal – ruy rey e orquestra tabajara

Lamartine Babo – E Seus Sucessos – Ride Palhaço (1959)

Falar e postar discos de carnaval sem mencionar o Lamartine Babo é o mesmo que ir a Roma e não ver o Papa. Lalá é sinônimo de carnaval, o rei da marchinha e para muitos o seu inventor. Ele foi um dos mais prolixos compositores brasileiros, se dedicando principalmente às músicas carnavalescas. Foi o autor da maioria dos hinos dos grandes times de futebol e sua música continua sempre muito viva. Muitas se tornaram clássicos do nosso cancioneiro popular. Duas das mais lindas músicas que conheço, “Serra da Boa Esperança” e “No rancho fundo”, por exemplo, são do velho Lalá.
Neste disco temos uma maravilhosa raridade, Lamartine Babo em pessoa. Com sua voz fina e inconfundível, ele canta e nos encanta com algumas de suas mais célebres composições. O repertório se divide em dois momentos. De um lado é formado por dois extensos ‘pot pourri’ com suas mais conhecidas marchinhas de carnaval e do outro, temos seis faixas dos chamados “sambas lamartinescos’, também bastante conhecidos do público. O mais interessante deste disco é o próprio Lamartine. É a sua presença e interpretação que dão ao lp um gostinho especial. No lado das coletâneas de marchinhas, a orquestração e regência de côro é do maestro Lyrio Panicali. Os sambas ficaram à cargo de outro maestro, Carlos Monteiro de Souza, arranjador exclusivo da Sinter. Taí um disco nota 10. Imperdível!

carnaval brasil
aí, heim
uma andorinha não faz verão
rasguei a minha fantasia
boa bola
moleque indigesto
ride palhço
o teu cabelo não nega
história… do brasil..
linda morena
marchinha do grande galo
marcha do amor
grau dez
a tua vida é um segredo
lua cor de prata
minha cabrocha
o sol nasceu para todos
só dando com uma pedra nela
na virada da montanha

Carnaval Copacabana (1955)

Iniciando e anunciando o Carnaval, aqui vamos nós para a folia. Durante a semana, até a próxima terça-feira teremos uma série de raridades carnavalescas. Vamos relembrar os antigo carnavais, os sambas e marchinhas que se tornaram clássicos e continuam sempre na boca do povo.
É interessante notar que a música do carnaval não se limita apenas a esses dias festivos. Músicas como as que fazem parte deste álbum, lançado pelo selo Copacabana, caíram no gosto popular e passaram a fazer parte do nosso cotidiano musical. Como disse, tornaram-se clássicos, mas não apenas dos carnavais. Passaram a fazer parte do nosso cancioneiro popular.
“Carnaval Copacabana de 1955”, reúne alguns dos mais importantes nomes da música brasileira como Jackson do Pandeiro, Blackout, Jorge Veiga, Orlando Silva, Carmen Costa e Gilberto Alves. As músicas que fazem parte do disquinho estão bem estampadas na capa. Não há muito o que falar, melhor recordar… “Recordar é viver”

maria escandalosa – blackout
judas – jorge veiga
o choro do bebê – orlando silva
não vou morrer – jorge veiga
tem nego bebo aí – carmen costa
vou gargalhar – jackson do pandeiro
tira essa mulher da minha frente – jorge veiga
recordar – gilberto alves

Galo – Futebol É Vida E Alegria

Olá a todos! Aqui estou eu novamente, excepcionalmente e obrigatoriamente respondendo aos inúmeros e-mails que pediam a volta do Toque Musical. Eu ainda estou meio perdido, pois a minha intenção era a dar uma desafogada, criando um blog privando e sem interferências. Porém percebi que na modalidade privada, o grupo seria limitado à apenas 100 pessoas. Idéia descartada, parti para outra… Abrir apenas nos fins de semana? É, pelo jeito isso também não vai dar certo (embora para mim, fosse o ideal). Ainda continuo perdidão. O que fazer? Ser ou não ser? Eis a questão…
No momento a única coisa que sei é que o Carnaval está chegando e eu gostaria muito de poder fazer uma semana temática, postando aqui algumas jóias raras que embalaram os muitos bailes e ainda hoje são trilhas para a folia em todo o Brasil.
Assim por enquanto, nos próximos dias, vou mantendo as portas abertas. Enquanto me der na ‘veneta’ ou até quando me for possível. Todos são bem vindos.
Para (re)começar estou trazendo uma seleção musical diferente. Ao ritmo de marchinhas carnavalescas, temos aqui reunidos quatro compactos gravados nos anos 60 com músicas dedicadas ao Clube Atlético Mineiro, um dos mais tradicionais e importantes times de futebol do Brasil. Criado a mais de 100 anos (hoje meio capenga), o Galo foi em Minas Gerais o time das massas. O mais querido das alterosas, como diziam antigamente. É, foi mesmo antigamente… hoje o galinho vai de mal a pior. Ontem mesmo perdeu para o Cruzeiro, seu maior adversário, por 2×1. Em outras épocas o Atlético foi grande em todos os sentidos, não apenas no futebol. Ser mineiro era ser atleticano. Prova disso são esses disquinhos da época de ouro do time, onde podemos constatar sua importância e a paixão de um povo pelo alvinegro das Geraes. Mais que uma simples coletânea destinada aos atleticanos, esta é uma seleção musical histórica que pode despertar o interesse de qualquer um (até cruzeirenses). São sambas e marchas bem carnavalescos. Gravações lançadas pela CBS e Bemol. Muito interessante, vale a pena conferir, independente de qual seja o seu time.
Esta postagem é dedicada aos dois jovens torcedores atleticanos que foram metralhados (um deles morreu) por outros dois da torcida adversária cruzeirense, ontem, algumas horas antes do jogo entre os dois times. Lastimável o espírito esportivo dessa gente.
Por essas e por outras é que o futebol deixou de ser, para mim, uma paixão. Agora, só pela televisão e olhe lá…

hino ao clube atletico mineiro – côro e orquestra cbs
homenagem a minas gerais – côro e orquestra cbs
galo legal – josé dias
o galo está tinindo – josé dias
o mais querido – nely caldeira
galo de todas as raças – nely caldeira
esse galo é um espeto – tony damito e os braza cinco
galinho tu és o maior – tony damito e os braza cinco
PS.: Aos torcedores de outros times, não se preocupem… em breve faremos uma semana com os grandes times do Brasil (primeira e segunda divisão, ok?)

Sergio Ricardo Lindolpho Gaya – Trilha Sonora Original Do Filme Esse Mundo É Meu (1964)

Para quem gosta de cinema e música de qualidade, eis aqui um álbum nota 10. A trilha original do filme de Sérgio Ricardo, “Esse mundo é meu”, de 1964. Não vou entrar em detalhes sobre esse longa, deixando a apresentação para o texto interno, do também cineasta Cacá Diegues. O álbum, em capa dupla, foi produzindo por Roberto Quartin para o selo Forma. A orquestração e os arranjos são do maestro Lindolfo Gaya e as composições de Sérgio Ricardo que, obviamente, participa também cantando e tocando. Um dos raros trabalhos fonográficos da época com ficha completa dos artistas e profissionais envolvidos. Assim é que eu gosto, tudo mastigadinho ;).

Este disco já foi apresentado em outros blogs e não poderia faltar aqui no Toque Musical, que também adora a arte de Sérgio Ricardo. Se você ainda não viu este rodando por aí, aproveita agora… 😉
cabocla jandira
sonho
chorinho da barbearia
nem fome nem eito
tempestade I
pregão
oxalá, meu pai
esse mundo é meu
tempestade II
cabocla jandira

Titulares Do Ritmo – Homenagem Ao Bando Da Lua (1958)

Para esta sexta-feira eu reservei um dos grupos vocais que mais admiro, Os Titulares do Ritmo.
Formado no início dos anos 40 em Belo Horizonte, o grupo se conheceu no Instituto São Rafael para cegos, onde eles eram estudantes. Fizeram suas primeiras apresentações nas rádios da cidade, principalmente na Inconfidência onde estrearam interpretando o samba “Como se faz uma cuíca” de Pedro Caetano. Graças ao requintado trabalho de vocalização e harmonia, os Titulares do Ritmo não demoraram muito para se tornarem conhecidos em todo o Brasil.
Neste lp de 1958 eles prestam uma homenagem a outro grande grupo vocal, o Bando da Lua, regravando alguns de seus maiores sucessos. Um disco muito bacana que vale uma conferida 😉

olha a lua
cansado de sambar
o que que a maria tem
não quero não
maria boa
ora, ora
marchinha do grande galo
menina de lojas
é do barulho
arara
segure na mão
lalá lelé lili

Leal Brito E Seu Conjunto – Noel Rosa Sem Parceiros (1957)

Eis aqui um lp dos mais interessantes lançados pela Sinter em 1957. Após vinte anos da morte de Noel Rosa, a gravadora resolveu produzir este álbum com o pianista Leal Brito (o Britinho) e seu Conjunto executando um repertório de composições do Poeta da Vila sem parceiros. Me parece que na época andaram duvidando da excelência de Noel. Na capa, ao estilo de um jornal, temos o texto de Almirante, também na mesma linha, defendendo o artista. Britinho por sua vez não deixa por menos, criando arranjos que valorizam ainda mais as melodias de Noel. Ele escala um time de feras para tocar com ele além de seu conjunto, formado por Pedro Vidal Ramos (contrabaixo), Hugo Tagnin (bateria) e Tião Gomes (percussão). Tocam também neste disco o sax-tenor Sandoval Dias, José Menezes na guitarra elétrica, Abel Ferreira, Altamiro Carrilho e outros que vocês poderão conferir na contracapa. Maravilha de disco!

palpite infeliz
último desejo
x do problema
eu sei sofrer
não tem tradução
prá esquecer
com que roupa?
mulato bamba
até amanhã
silêncio de um minuto
quando o samba acabou
eu vou pra vila

Waldir Azevedo E Seu Conjunto – Um Cavaquinho Acontece (1960)

Aqui, mais uma jóia que eu trouxe na bagagem. Meu gavetão nessas férias foi cheio e preparado para qualquer eventualidade. Antes de partir fiz questão de selecionar alguns dos álbuns que eu já tinha certeza que iriam dar ‘ibope’.
Falar de Waldir Silva é chover o molhado. Um dos maiores instrumentistas brasileiros de todos os tempos, que só pela autoria do clássico choro “Brasileirinho” já merecia o céu. E com certeza ele deve estar lá agora ao lado de tantos outros bambas, fazendo a cabeça do Divino.
“Um cavaquinho que acontece” foi um lp lançado em 1960. Me parece que este disco é na verdade uma coletânea, pois reúne clássicos gravados por ele em outros momentos. Mas é, sem dúvida, um álbum excelente e recomendadíssimo! Confiram…

delicado
contando tempo
pedacinho do céu
carioquinha
sonhos de criança
na baixa do sapateiro
brasileirinho
catete
meu tempo de criança
vê se gostas
queira-me bem
amigos do samba

Ely Camargo – Canções Da Minha Terra Vol.4 (1964)

Sempre que eu escuto ou vejo a Tetê Espíndola me lembro da Ely Carmargo. Tirando a diferença vocal, acho que as duas tem muito em comum. Hoje cedo, caminhado pela praia, fui seguido pela Tetê cantando “Sertaneja” no rádio. Inevitávelmente acabei cantarolando também algumas músicas que aprendi nos discos da Ely Camargo. Fico as vezes chateado ao perceber que a maioria da pessoas não se lembram dela. As novas gerações então, nem se fala… Sua música não toca mais no rádio e ela nunca mais foi vista pela televisão. É uma pena… Só mesmo programas como os de Rolando Boldrin ou aquele outro da Inezita Barroso, que eu já nem sei se ainda existem, mas que eram muito bons. Ouvir Ely Camargo é ouvir o autêntico Brasil.
O lp que aqui apresento é o último da série “Canções da minha terra”, que compreende uma vasta seleção de canções populares brasileiras, do norte ao sul do país que ela gravou nos anos 60. Ao longo de nossa jornada irei trazendo os outros volumes para que vocês possam também saborear e confirmar a beleza que é a arte desta mulher. As dezessete faixas que compõe este álbum são em sua maioria clássicos que ela interpreta de maneira bastante original. Enriquecendo ainda mais esse trabalho, Ely conta com as participações especiais de Márcio Alencastro Veiga ao violão e Zé do Rancho na viola caipira. A orquestração é regida pelo maestro Zico Mazargão. Discão! Pode conferir!

minha terra
que sodade!
rolete de cana
ao luar
yemanjá
vida marvada
no tempo do onça
amo-te muito
cabôca bunita
reisado
piracicaba
uirapuru
em tudo há uma saudade
leilão
azulão
dança do escorregado
rio grande do sul

Parada De Sucessos Sinter (1951)

Para justificar a permanência do Toque Musical, eis aqui um disquinho bonito e raro. Coisa que só mesmo os blogs poderiam fazer, pois se depender da indústria fonográfica e seus dirigentes, este disco já teria sido varrido da memória. Na verdade ele já foi. Se você for procurar onde estão os arquivos e memória da Sinter, provavelmente muito pouca coisa irá encontrar. Nossos arquivos sonoros (me refiro às fitas masters), os antigos e mais importantes já foram para o lixo ou estão nas mãos de colecionadores (principalmente japoneses). Quem está por dentro dessa “estória” não fala nada, fica de bico calado, pois já ganhou ou mensalmente ganha o seu quinhão. O Brasil, infelizmente, ainda é um país de vendidos. Nos gabamos da nossa cultura, mas ela já não nos pertence. O que nos sobrou foi migalhas e macaquices. Axé Brasil!

Mas voltando ao disco, este pequeno álbum lançado em 1951 foi o segundo ‘LP’ lançado no Brasil. A Sinter foi a pioneira no lançamento de discos de microsulcos. Até então só se ouvia as famosas bolachas de 78 rpm com apenas duas músicas. O surgimento dos microsulcos permitiram a criação de discos com tempo de execução mais longos e assim foi possível introduzir mais faixas ou músicas, no caso. Para este 10 polegadas a Sinter reuniu alguns de seus artistas de maior sucesso na época. A qualidade do áudio aqui supera as expectativas, considerando os 58 anos do vinil e as milhares de rotações na agulha. Mais um bom trabalho de recuperação do Chris para nós. Confiram a baixo a parada de sucessos.

de papo p’ro á – josé menezes
na baixa do sapateiro – orquestra copacabana
senhora tentação – milita meireles
baionando – carolina cardoso de menezes
tim tim por tim tim – os cariocas
não interessa não – josé menezes
afinal – heleninha costa
pedro do pedregulho – geraldo pereira

Bené Nunes – Teclado Fantástico (1968)

O domingo segue tranquilo e eu hoje não quero nem ler as últimas notícias. Quero mais é dar uma relaxada, andar pela praia sozinho e respirar aliviado. Achando um ponto de internet eu paro para publicar esta postagem. Não tenho pressa, pois ninguém vai ler isso hoje.
Estou nesses dias tendo que recorrer aos meus já tradicionais ‘discos de gaveta’. Não tive tempo e nem condições para prepara as postagens da semana. Mesmo assim, com o que tenho à mão já dá para fazer a festa (espero). Começamos convidando o pianista e compositor Bené Nunes para tocar. Contam que ele e seu conjunto faziam a alegria nos melhores bailes dançantes dos anos 60. Não foi atoa que João do Vale criou em 1970 a música “Coroné Antônio Bento”, grande sucesso na voz de Tim Maia. Bené Nunes foi um pianista autoditada. Gravou poucos discos, mas seu trabalho e presença artística serão sempre lembrados. Ele entra para a história da música brasileira como um grande instrumentista e também como uma das figuras que acolheu a turminha da Bossa Nova em seu início. A casa do Bené e sua esposa, a cantora Dulce Nunes, foi palco de muitos encontros da Bossa Nova.
O disco que temos aqui, foi outra boa doação que agora eu estou tendo a oportunidade de postar (Valeu Lucas!). Este álbum não consta na discografia de Bené Nunes porque se trata de uma coletânea lançada nos anos 60, pelo obscuro selo Fantasia, criado especialmente com este propósito. Estão reunidas aqui alguns de seus melhores momentos. Podem conferir…

solfeggietto de bach
canto livre
stella by starlight
rapsódia sueca
sinfonia do rio de janeiro
onde está você
the man i love
me deixa em paz
dindi
feitiço da vila

João Donato – Sambou, Sambou (1965)

Hoje está sendo o primeiro dia em que o nosso blog se coloca fechado para todos. A razão para isso não foi apenas o ‘fuzuê’ criado em torno da postagem da fita do João Gilberto. Devo confessar a vocês que apesar da minha paixão por tudo isso, ando meio cansado. Há tempos venho precisando tirar umas férias, dar uma relaxada e ficar sem compromissos. Gosto muito da minha atividade no blog, a ponto de tê-lo criado com postagens diárias. Fazer uma postagem é algo relativamente simples e rápido, porém, num blog como este a coisa não é bem assim. Carece de um certo preparo e conhecimento sobre o álbum que se está publicando. Isso para não falar do trabalho de bastidores. É mesmo um trabalho complexo, quando buscamos algo consistente. Por essas e por outras, achei que agora foi um bom momento para eu dar uma pausa.
Estou pensando numa maneira diferente de manter o blog sem muitos riscos. Longe dos olhos daqueles que vão contra à minha jornada diária. No que depender de mim, farei o possível para continuar levando até vocês um pouco dos sonhos perdidos.
Apesar dos pesares, não deixarei nos próximos dias de manter diária as nossas postagens.
Para hoje temos o genial João Donato em um álbum importado de 1965. Com ele tocam Tião Neto no baixo, Milton Banana na bateria e Amaury Rodriquez no bongô e pandeiro. Este disco, me parece, foi relançado em cd no Japão em 1994. Por aqui nunca chegou. Alguns blogs já o publicaram, mas o que temos aqui é mais um trabalho de ajuste feito pelo Chris do Rio, realçando ainda mais as qualidades do som. Se você ainda não teve a oportunidade de ouví-lo, sua boa chance está aqui.

muito a vontade
tim dom dom
pra que chorar
sambou… sambou
jodel (café com pão)
vamos nessa
minha saudade
naquela base
olhou pra mim
tema teimoso
só se for agora
caminho de casa

Albertinho Fortuna – Músicas De Novelas

Apesar de toda a confusão e algumas mudanças estratégicas, eu não poderia deixar de trazer a tradicional postagem do dia. Imagino que neste momento apenas aqueles que são seguidores do blog estejam tendo acesso. Logo em seguida enviarei mensagens aos demais avisando da mudança. Acho que de agora em diante farei assim. Quero estar longe dos holofotes. Não quero ser visto como Robin Wood e nem como Barba Negra. Nesta novela eu prefiro estar nos bastidores.
E por falar em novelas, temos para hoje um disco com o cantor Albertinho Fortuna. Um dos intérpretes preferidos para as canções das novelas de rádio dos anos 50 e 60. A Continental reuniu neste lp algumas dessas canções que foram sucesso e ficaram na lembranças daqueles que viveram essa época. Na foto da capa temos o então estúdio de rádio-teatro da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Neste estúdio foram gravadas diversas novelas. Podemos ver em cena os atores Rodolfo Mayer, Celso Guimarães, Daisy Lucidi, Abgail Maia e Isis de Oliveira.
Um aspecto interessante deste repertório, são os arranjos e orquestração de Radamés Gnatalli. As melodias são realmente maravilhosas. Vale a pena ver de novo 😉

lamento árabe
solidão
para toda vida
silencioso
sem ninguém
vidas mal traçadas
magia
deslumbramento
ternura
incerteza
pálida esperança
a canção do fugitivo

Toques Para Quem Se Toca

Algumas pessoas têm estranhado o fato de que os links para a postagem do João Gilberto, às vezes aparecem inválidos. Realmente, os links foram feitos para uma validade de 12 horas. O motivo é muito simples. Diante ao enorme interesse por essa gravação, tivemos espantosamente só no primeiro dia mais de 300 buscas. Depois verifiquei que em outros blogs, sites e comunidades do Orkut, também já anunciavam a raridade. Até aí, maravilha… só que todo mundo estava usando o link fornecido ao Toque Musical. Daí, resolvi adotar o link temporário, motivando as pessoas a criarem os seus próprios. Cheguei inclusive a retirar dos Comentários um outro link. Agradeço a boa intenção da pessoa que o fez, mas prefiro eu mesmo o faze-lo. Espero que em outros blogs esta gravação também seja postada. E que as pessoas entendam de uma vez por todas como foi importante trazer à tona um material escondido por 50 anos. E pensar que nós brasileiros fomos os últimos a ter acesso a este material, enquanto cópias de má qualidade eram vendidas lá fora por um preço absurdo. É o que eu sempre digo, os estrangeiros sabem mais da nossa música do que nós mesmos. Eles valorizam o conteúdo e nós o produto. Por isso estamos sempre pagando mais caro. Por causa dessa postagem alguns poucos (aqueles que lucravam de alguma forma com isso) estão me taxando de pirata. Eu? Só eu? Teve um idiota, figura renomada, que diz que o pirata é aquele que sobe (“são os que sobem é que a gente está de olho”). Teve também um outro, que pelo Orkut, andou distribuindo em doses homeopáticas essas gravações, por sinal muito ruins e justificou sua ação dizendo que não queria ver esse trabalho nas mãos dos blogs piratas. Perfeito! Só que no dia seguinte, entrou anônimo e silenciosamente aqui para baixar. Me mandou um recado dizendo que apesar do ’malware’, tinha conseguido baixar o arquivo. Dá para entender pessoas assim? Quer dizer que o vilão nessa estória sou eu. Aquele que vem no anonimato, entra no blog, baixa tudo que encontra ou interessa, carrega e vai embora, também não é muito diferente do pirata. Aquele acadêmico ou aquele repórter em busca de elementos para seus trabalhos também estão na pirataria. O inocente cidadão que traz em seu celular diversas ‘musiquinhas’ como toques musicais, também e sem saber, participa da pirataria. Em resumo, neste mundo virtual e de novos (pré) conceitos, estamos todos no mesmo barco. O barco do capitão Blackbeard. Como disse um amigo meu, é a necessidade que gera leis e regulamentos. Agora, vai depender de qual necessidade é a mais urgente, a cultural ou a econômica. E você, de que lado vai ficar?
O pior pirata é aquele que não enxerga a realidade, porque usa dois tapa-olhos.

Fred Williams E Dalila (1971)

Ao lado de Edú da Gaita, o carioca Fred Williams, nome artístico de Manoel Xisto, foi um dos grandes gaitistas do Brasil. Autodidata, iniciou-se na harmônica ainda bem jovem. No final dos anos 30 foi para o rádio como integrante de um conjunto musical. Seus primeiros discos vieram a partir dos anos 50. Suas composições faziam muito sucesso. Dominava os diversos tipos de gaita e, veladamente, rivalizava com o célebre Edú. Segundo as escassas e duvidosas fontes, o gaitista gravou dezenas de bolachas em 78 rpm e apenas um lp, encerrando sua carreira no inicio dos anos 60 (eu cá, tenho as minhas dúvidas). Infelizmente não há na rede informações precisas ou detalhas sobre Fred Williams. Acho que só mesmo recorrendo aos universitários e acadêmicos de plantão.
“Fred Williams e Dalila” é um álbum que nos mostra o contrário do que foi dito. Este disco foi lançado em1971 (e eu conheço dele pelo menos mais uns dois lps). O repertório é composto por alguns temas gravados anteriormente, possivelmente regravação, pois o disco ainda nos apresenta coisas inéditas e de outros autores. Quanto à Dalila, não adianta perguntar ou procurar. Ela não toca e nem canta, apenas encanta a capa. Possivelmente seria a esposa do gaitista. (ou não?)

meu pequeno cachoeiro
dorinha meu amor
lampeão de gaz
prá começo de assunto
não vou nessa cascata
maricota do cajú
uma farra em porto alegre
balança tudo
mâezinha do coração
briguinha de amor
viajando pra fazenda
ilusão de um grane amor

Neuza Maria E Britinho – As Favoritas Do Disc-Jockey Haroldo Eiras (1955)

Nos últimos dias tenho acessado com mais freqüência minha conta no Orkut. Eu nunca tive muita paciência e devo admitir que antes havia até um certo preconceito de ‘orkuteiros’. Mas como tudo, com o tempo aprimora, melhora ou piora. Acho que o Orkut tem melhorado e vem se transformando numa ferramenta muito útil de comunicação e divulgação. Passei a acreditar mais nessa via e a adotei como um outro ponto de referência. Tenho feito por lá bons amigos, mas também estranhado algumas comunidades e comportamentos. Só para vocês terem uma idéia, numa dessas comunidades relacionadas à música, encontrei uma distinta figura que disse não disponibilizar seu acervo, para evitar que os blogs piratas os copiem. Seria ético se não fosse céptico, considerando que essa figura teve (e tem) como sua maior fonte de pesquisas os malditos blogs piratas. São esses que trouxeram o que ela vem distribuindo homeopaticamente em sua comunidade. O que essa pessoa não sabe ou não quer saber é que os verdadeiros piratas são aqueles que lucram com a pilhagem. Pirata é aquele que na surdina, oculto e com IP variável entra no meu blog, cata o que quer e depois lá fora, doura ainda mais a pílula, se faz de tutor e lucra com as vendas de suas reciclagens. Hipocrisia… essa é a melhor palavra para definir esses falsos moralistas. Quero dizer mais uma coisa: ladrão não é só aquele que rouba um carro inteiro, mas também aquele que leva um só pneu. No mundo digital todos nós ainda somos pirata.

Desabafos a parte, vamos ao que interessa. Japoneses, americanos… todos a postos! Aqui vai mais um automóvel da década de 50, quer dizer, mais um álbum raro e esquecido.
Hoje temos uma seleção musical feita pelo compositor e ‘disc-jockey’ Haroldo Eiras. Em virtude de sua consagração e premiação como o melhor apresentador musical do rádio em 1955, a Sinter o convidou para esta seleção, interpretada pela cantora Neuza Maria e o pianista Leal Brito (o Britinho). Embora no texto da contracapa nos seja apresentado um disco inédito, me pareceu que essas gravações foram recolhidas de outros discos, tanto de Neuza quanto de Britinho. Alguém saberia esclarecer?

a voz do morro
siga
paraquedista
porque voltei
última canção
pois é
peixe fisgado
adeus querida

Ary Barroso – Nova História Da Música Popular Brasileira (1977) 6

Olá meus caríssimos! Continuo a lembrar, principalmente aos desavisados e desatentos visitantes, que estou recolhendo os contatos de interessados em manter o acesso ao blog, caso venhamos mesmo a nos transferir para um espaço privado. Já temos listado mais de 600 solicitações. Ainda bem que o espaço e virtual 😉
Temos aqui outro campeão de audiência da coleção Nova História da Música Popular Brasileira. Seguindo a ordem alfabética, a semana é de Ary Barroso. Um dos mais férteis compositores brasileiros e mundialmente conhecido, principalmente por sua Aquarela do Brasil. Nasceu em Ubá, Minas Gerais, onde viveu até por volta dos 18 anos. Mudou-se para o Rio de Janeiro e daí começa sua grande caminhada. Foi advogado, jornalista, radialista, vereador, dirigente esportivo, amante do futebol e principalmente compositor de canções que refletem o verdadeiro espírito brasileiro. Sua música sempre foi evocando os valores e costumes de seu país. Ary sempre lutou pela autenticidade da nossa arte maior, a música popular.
Eu sou um cara privilegiado, pois tenho comigo há mais de 20 anos, um óculos que pertenceu ao Ary Barroso. Quando eu conto esta história todo mundo duvida e nem mesmo mostrando ele na minha cara as pessoas se convencem. Na verdade, nem eu acredito, pois a única coisa que tenho é a palavra do antiquário que jurou de pé junto que o óculos era do Ary. Nunca dei muita bola para isso, embora já tivesse visto fotos antigas dele com o tal óculos. A foto da capa deste disco é uma delas e é possível comparar. De puro sarro, resolvi incluir no pacote as fotos do meu óculos do Ary Barroso para vocês também compararem. Infelizmente este não tem como compartilhar, mas está à disposição para aqueles que queiram comprovação.

na batucada da vida – elis regina
no tabuleiro da baiana – carmen miranda e luiz barbosa
como vaes você? – carmen miranda
na baixa do sapateiro – anjos do inferno
aquarela do brasil – silvio caldas
os quindins de iáiá – cyro monteiro
morena boca de ouro – joão gilberto
risque – linda batista

Arena Conta Zumbi (1965)

Interessante… Em pouco mais de uma semana, três pessoas, em situações totalmente distintas, me perguntaram se eu teria no blog o disco Arena conta Zumbi. Eu tinha certo de que já o havia postado, não sei porque razão. Depois me lembrei de outras encarnações e tudo ficou claro. Realmente, eu ainda não o apresentei aqui no Toque Musical. Portanto, hoje vamos a ele 🙂
“Arena conta Zumbi” é uma peça teatral de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri, com música composta por Edú Lôbo. O musical, um marco na trajetória do Teatro de Arena, estreou neste saudoso e emblemático teatro de São Paulo, no dia 1 de maio de 1965. A direção musical foi de Carlos Castilho que também participa tocando violão e a direção geral de Augusto Boal. No elenco, entre outros haviam o Guarnieri, Lima Duarte, Dina Sfat e Marília Medalha.
O texto da peça é baseado no romance de João Felício dos Santos e conta a história do Quilombo dos Palmares e da vinda de Zambi para o Brasil num barco negreiro. Porém, a adaptação de Boal e Guarnieri refletia a realidade do momento, o contexto social, cultural e principalmente político do país naqueles anos. Como exemplo, temos incluído um discurso do General Castelo Branco que na peça é fala do personagem, o governador Dom Ayres.
Esta peça teve várias montagens, não apenas no Brasil, mas também na Argentina, Uruguai, França e América.
Apesar de existir pausa entre falas e músicas no disco, eu achei por bem não separá-las, mantendo inteiros os lados A e B.